DESENVOLVIMENTO DE IMPLANTES BIODEGRADÁVEIS CONTENDO ETOPOSÍDEO PARA APLICAÇÃO INTRAOCULAR Ana G. R. Solano1,2, Silvia L. Fialho3, Armando Silva-Cunha1, Gustavo O. Fulgêncio1, Gisele R. da Silva2, Gérson A. Pianetti1. 1 Depto. de Produtos Farmacêuticos, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte (MG), Brasil 2 Faculdade de Farmácia, Universidade Federal de São João Del Rei, Divinópolis (MG), Brasil 3 Divisão de desenvolvimento farmacotécnico e biotecnológico, Fundação Ezequiel Dias, Belo Horizonte (MG), Brasil E-mail: [email protected] Resumo. O tratamento quimioterápico do retinoblastoma, tumor pediátrico originário das células da retina, objetiva a redução do volume do tumor intraocular. O etoposídeo, fármaco antitumoral inibidor da enzima topoisomerase II, é amplamente empregado na quimioterapia sistêmica do retinoblastoma. No entanto, seu uso clínico é limitado pela toxicidade sistêmica, reduzido tempo de meia vida e baixa penetração no olho em virtude da existência da barreira hematorretiniana, que dificulta a entrada de substâncias da circulação sanguínea para a retina. A incorporação de etoposídeo em implantes poliméricos intraoculares representa uma estratégia viável para o alcance de níveis terapêuticos no interior do olho e redução dos efeitos adversos associados à administração sistêmica. Visando o desenvolvimento de um sistema polimérico destinado à liberação controlada e prolongada de etoposídeo no segmento posterior do olho, neste estudo foram preparados implantes constituídos por copolímero do acido lático e glicólico (75:25) e etoposídeo, os quais foram caracterizados por espectroscopia de infravermelho por transformada de Fourier (FTIR), uniformidade de conteúdo e perfil de liberação in vitro. Também foram avaliadas a atividade citotóxica do fármaco liberado pelo implante contra células HeLa e a toxicidade in vivo dos mesmos. A partir da caracterização do implante foi possível comprovar que o etoposídeo foi homogeneamente disperso na matriz polimérica e que sua integridade química foi mantida após a dispersão. Alem disso, foi observada liberação controlada do fármaco, a partir dos implantes poliméricos, por período prolongado. O etoposídeo lixiviado dos implantes apresentou atividade citotóxica semelhante a do fármaco puro. O exame clínico dos olhos dos coelhos, nos quais os implantes foram inseridos na cavidade vítrea, evidenciou a ausência de toxicidade local. Os resultados obtidos sugerem que os implantes constituídos por PLGA e etoposídeo representam um potencial sistema de liberação de fármacos para o tratamento do retinoblastoma no futuro. Palavras-chave: Implantes intraoculares, Ácido poli(D,L-lático-co-glicólico), Etoposídeo, Retinoblastoma. 1. INTRODUÇÃO O retinoblastoma é um tumor maligno originário das células da retina e representa aproximadamente 11% dos tumores malignos desenvolvidos no primeiro ano de vida [Dijk et al., 2010]. Atualmente, seu tratamento consiste em uma combinação de quimioterapia sistêmica (para redução do tumor) e terapia focal consolidativa (crioterapia, fotocoagulação com laser, termoterapia, braquiterapia com placas de iodo 125 ou rutênio 106). O tratamento quimioterápico desta doença representa um desafio, uma vez que o olho apresenta barreiras naturais, constituídas pelo epitélio e endotélio da córnea, epitélio da retina e endotélio vascular da retina, que dificultam a penetração dos fármacos no interior do bulbo do olho. Assim, apenas uma pequena fração da dose do fármaco administrada por via intravenosa atinge o tumor e o restante da dose é distribuído aos órgãos e tecidos saudáveis, gerando efeitos indesejáveis como ototoxicidade, alopecia, mielossupressão, episódios febris, infecções posteriores, toxicidade gastrintestinal, nefrotoxicidade e cardiomiopatia [EljarratBinstock et al., 2010]. Os implantes intraoculares representam método alternativo viável para o alcance de níveis terapêuticos de fármacos no interior do olho. Os implantes intraoculares são vantajosos, pois inseridos após a barreira hematorretiniana, liberam o antitumoral diretamente no local de ação; de forma controlada e por tempo prolongado, reduzindo a possibilidade dos efeitos indesejáveis [Choonara et al., 2010]. Os implantes intraoculares podem ser preparados a partir de polímeros reconhecidamente biocompatíveis e biodegradáveis. Esses implantes são vantajosos por não ser necessária a remoção cirúrgica após a liberação total do fármaco, pois o polímero será completamente absorvido pelo organismo [Thrimawithana et al., 2011]. Considerando o exposto anteriormente, este trabalho teve por objetivo desenvolvimento de sistemas poliméricos biodegradáveis de liberação prolongada de etoposídeo, um fármaco citotóxico, para futura aplicação no tratamento de retinoblastoma. 2. MATERIAIS E MÉTODOS 2.1 Materiais. Ácido poli(D,L-lático-co-glicólico) (PLGA) na proporção de 75:25 foi adquirido na Boehring Inselheim (Alemanha). Etoposídeo foi cedido gentilmente pela Quiral Química (Brasil) e a substância química de referência etoposídeo foi obtida na Farmacopéia Americana (EUA). Água ultrapura foi produzida por um sistema de purificação de água Milli-Q® (Millipore, EUA). Acetonitrila grau HPLC foi obtido na Merck® (Brasil). Outros solventes e reagentes utilizados foram de grau analítico. 2.2 Preparo dos implantes constituídos por PLGA e etoposídeo. Foi preparada uma solução, em acetonitrila, de etoposídeo e PLGA na proporção 1:2. O solvente foi eliminado em evaporador rotativo sob pressão reduzida e o filme resultante foi modelado, a quente, para produção de implantes cilíndricos (8 mm de comprimento e 0,4 mm de diâmetro). Também foram preparados implantes sem fármaco usando o procedimento descrito acima [Rabin et al., 2008]. 2.3 Caracterização dos implantes. Os implantes desenvolvidos foram caracterizados por espectrofotometria na região do infravermelho por transformação de Fourier (FTIR) e uniformidade de conteúdo. A FTIR foi realizada em espectrofotômetro Shimadzu®, modelo Prestige 21. Foram obtidos espectros das amostras (etoposídeo, PLGA, mistura física etoposídeo e PLGA e implantes) utilizando a técnica de Reflexão Total Atenuada (ATR), na faixa de 4000 a 650 cm-1, a partir de 20 varreduras com resolução de 4 cm-1. O teste de uniformidade de conteúdo foi realizado de acordo com o método descrito na Farmacopéia Brasileira (2010). De forma resumida, dez unidades foram pesadas individualmente e o conteúdo de fármaco determinado para cada unidade, por cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE). As análises cromatográficas foram realizadas em cromatógrafo Thermo Surveyor System (USA), provido de detector ultravioleta (DAD) a 247 nm. A coluna SB-Phenyl (250 x 4,6 mm; 5 μm) foi utilizada e mantida a 25 ºC. O volume de injeção foi 25 μL. Utilizou-se fase móvel composta por acetonitrila e tampão acetato pH 4,56 (0,05 M), com fluxo de 1,9 mL/min. Os resultados obtidos foram expressos em porcentagem do valor rotulado e a estimativa do desvio padrão relativo foi calculada. 2.4 Esterilização e teste de esterilidade. Os implantes foram esterilizados por exposição à radiação ultravioleta a 254 nm por 30 minutos. O método de inoculação direta descrito na Farmacopéia Brasileira (2010) foi utilizado para testar a esterilidade dos implantes expostos à radiação UV. Durante o desenvolvimento do teste de esterilidade, foram avaliadas a compatibilidade físico-química dos implantes com os meios de cultura e a atividade bacteriostática e fungistática dos mesmos frente a alguns microrganismos para definição das condições adequadas do ensaio. Além disso, foi traçado o espectro FTIR dos implantes submetidos à radiação UV e o conteúdo de etoposídeo nestes implantes foi determinado por CLAE de acordo método descrito anteriormente. 2.5 Perfil de liberação in vitro do etoposídeo a partir dos implantes de PLGA. O perfil de liberação in vitro do fármaco foi realizado sob condições sink, em incubadora a 37 ºC sob agitação (30 rpm). Os implantes desenvolvidos (n = 5) foram colocados em frascos de vidro contendo 5 mL de tampão fosfato pH 7,4. Em intervalos de tempo pré-estabelecidos, amostras do meio foram coletadas e o volume reposto com tampão recém preparado. A quantidade de fármaco liberado foi determinada por CLAE e expressa como porcentagem acumulada de etoposídeo no meio. A média da porcentagem de fármaco liberado a cada tempo foi calculada e utilizada para construir a curva do perfil de liberação in vitro. 2.6 Estabilidade do etoposídeo durante a elaboração dos implantes. O conteúdo de etoposídeo e a identificação de produtos de degradação foram determinados nas diferentes etapas do processo de obtenção dos implantes. As amostras utilizadas para essas análises foram: matéria-prima etoposídeo, PLGA incorporada de etoposídeo e implantes cilíndricos constituído por PLGA e etoposídeo. O método de CLAE para avaliação de substâncias relacionadas descrito na Farmacopéia Japonesa [Japanese..., 2006] foi empregado para identificação de produtos de degradação do etoposídeo. 2.7 Atividade citotoxicidade dos implantes de PLGA com e sem etoposídeo. O ensaio de citotoxicidade foi realizado com a linhagem de célula de carcinoma de colo de útero (HeLa) cultivada em RPMI suplementado com soro bovino fetal 10%, a 37 ºC em atmosfera umidificada de CO2 (5%) e ar (95%). A viabilidade das células HeLa em contato com as soluções teste foi avaliada através do ensaio colorimétrico baseado na conversão mitocondrial do sal de tetrazólio (MTT). Para preparo das soluções teste, os implantes de PLGA com e sem etoposídeo foram incubados em meio de cultura a 37 ºC por sete dias. Amostras deste meio de cultura foram colocadas em contato com as células HeLa e a viabilidade celular foi determinada em 24 horas. Os resultados foram expressos em porcentagem de viabilidade celular. 2.8 Tolerância in vivo dos implantes de PLGA com e sem etoposídeo. O estudo in vivo foi realizado empregando-se coelhos albinos Nova Zelândia de acordo com a resolução da Association for Research in Vision and Ophthalmology (ARVO) para o uso de animais em pesquisa. O estudo foi aprovado pela Comissão de ética no uso de animais da Fundação Ezequiel Dias (Belo Horizonte, MG). Os animais foram divididos em dois grupos: grupo controle que recebeu implantes de PLGA e grupo tratado, no qual foram inseridos implantes de PLGA incorporado com etoposídeo. Os coelhos foram anestesiados utilizando-se injeção intramuscular de Cloridrato de Ketamina 30 mg/Kg e Xilasina 4 mg/Kg e instilação tópica de Cloridrato de Tetracaína 100 mg/mL e Cloridrato de Fenilefrina 1mg/mL. Os implantes foram inseridos na cavidade vítrea por meio de uma esclerotomia na cavidade vítrea, utilizando um trocater transescleral de 25G da Alcon. Não houve necessidade de sutura. A avaliação clínica dos animais foi realizada semanalmente durante seis semanas. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1 Caracterização dos implantes. Os implantes poliméricos incorporados de etoposídeo apresentaram peso médio de 1,78 ± 0,06 mg, comprimento de 8,04 ± 0,17 mm, e diâmetro de 0,42 ± 0,02 mm (n=10) (Fig. 1). Figura 1. Implante de PLGA contendo etoposídeo. Na Figura 2 estão apresentados os espectros FTIR típicos do etoposídeo, PLGA, mistura física de etoposídeo e PLGA, e implantes constituídos por PLGA e etoposídeo. Absorções típicas do etoposídeo foram observadas no espectro das Figuras 2a, 2c-d, tais como: 1760 cm-1 referente ao estiramento da carbonila do anel lactona e 1600, 1500 e 1450 cm-1 correspondente ao estiramento de C=C de grupos aromáticos. As Figuras 2b-d apresentaram uma banda a 1100 cm-1 e outra a 1750 cm-1 devido, respectivamente, ao estiramento da ligação C–O e do grupo carbonila de éster presentes no copolímero PLGA [Ngian et al., 2009]. Os espectros FTIR indicaram que as absorções típicas dos grupos funcionais do etoposídeo e PLGA foram preservadas após a mistura física destes compostos e depois da incorporação do fármaco ao sistema polimérico, sugerindo que a integridade química do etoposídeo foi mantida. (a) (b) (c) (d) Figura 2. Espectros FTIR de etoposídeo (a), PLGA (b), mistura física etoposídeo+PLGA na proporção 1:2 (c) e implantes constituídos por etoposídeo e PLGA (1:2) (d). Os resultados do teste de uniformidade de conteúdo comprovaram que o etoposídeo foi homogeneamente disperso nos implantes de PLGA, uma vez que o limite de variação de conteúdo de etoposídeo das unidades testadas (8,73%) foi inferior à especificação farmacopéica (15%) [Farmacopéia..., 2010]. 3.2 Esterilização e teste de esterilidade. Os implantes contendo etoposídeo foram esterilizados por radiação UV e foi verificado que a exposição à radiação não promoveu alteração na estrutura química do etoposídeo e PLGA presentes no implante, uma vez que nenhuma alteração foi observada no espectro FTIR dos implantes estéreis. Além disso, não foi observada diferença significativa (p > 0,05) entre o conteúdo de etoposídeo presente nos implantes estéreis e não estéreis. Não foi verificado crescimento microbiano em nenhum tubo contendo o implante e meio de cultura, confirmando a esterilidade dos implantes expostos à radiação UV. O teste de esterilidade foi realizado conforme descrito na Farmacopéia Brasileira (2010), não havendo necessidade de alterações das condições de ensaio, uma vez que os constituintes do implante não apresentaram incompatibilidade físico-química com os meios de cultura e nem atividade antimicrobiana frente a alguns microrganismos padrão. 3.3 Perfil de liberação in vitro do etoposídeo a partir dos implantes de PLGA. Liberação acumulada de etoposídeo (%) O perfil de liberação in vitro do etoposídeo a partir dos implantes poliméricos foi obtido na forma de porcentagem acumulada de liberação do fármaco em função do tempo em dias (Fig. 3). 8 6 4 2 0 0 10 20 30 Tempo (dias) Figura 3. Perfil de liberação in vitro do etoposídeo a partir dos implantes de PLGA. Resultados apresentados como média ± desvio padrão (n=5). No primeiro mês de incubação dos implantes poliméricos, foi verificada a liberação de aproximadamente 5,8% do fármaco presente no sistema polimérico. 3.4 Estabilidade do etoposídeo durante a elaboração dos implantes. Os resultados das análises cromatográficas permitem concluir que as etapas de preparo dos implantes poliméricos não interferem na estabilidade do etoposídeo, uma vez que os produtos de degradação não foram observados nos cromatogramas da PLGA incorporada de etoposídeo e dos implantes cilíndricos. Além disso, não houve diferença significativa (p < 0,05) no conteúdo de etoposídeo da mistura de PLGA e etoposídeo antes e depois da etapa de moldagem. 3.5 Atividade citotóxica dos implantes com e sem etoposídeo. As amostras contendo implante constituído apenas por PLGA não apresentaram um efeito citotóxico significante sobre as células HeLa, como era esperado, uma vez que o polímero PLGA é reconhecidamente biocompatível. As amostras contendo o etoposídeo lixiviado dos implantes poliméricos após sete dias de incubação em meio de cultura apresentaram atividade citotóxica significante. A fim de comparar a atividade observada com a esperada para o sistema polimérico após sete dias de incubação, baseado no perfil de liberação in vitro do fármaco, calculou-se a concentração de etoposídeo presente no meio e testou-se a atividade citotóxica desta solução. Não foi verificada diferença significativa (p>0,05) entre atividade da solução de etoposídeo (14 µg/mL) recém-preparada e do fármaco lixiviado dos implantes (Fig. 4). Este resultado comprova que o etoposídeo se mantém ativo após o processo de preparo dos implantes e por um período de sete dias de incubação em meio de cultura. Viabilidade Celular (%) 100 80 Implante PLGA Implante PLGA+Etoposídeo Etoposídeo 60 40 20 0 Figura 4. Viabilidade de células HeLa frente a diferentes amostras: meio de cultura no qual os implantes de PLGA e de PLGA incorporado com etoposídeo foram incubados por sete dias, e solução de etoposídeo a 14 µg/mL. Dados apresentados como média ± DP de três experimentos independentes. 3.6 Tolerância in vivo dos implantes de PLGA com e sem etoposídeo. O exame clínico dos olhos dos coelhos, nos quais os implantes foram inseridos na cavidade vítrea, evidenciou a ausência de toxicidade local. Uma semana após a cirurgia, foi observada hiperemia conjuntival discreta no olho de dois animais que receberam o implante polimérico incorporado de etoposídeo. Nas semanas seguintes, não foram verificadas alterações significantes nos olhos dos animais dos grupos tratado e controle. Considerando os resultados obtidos, pode-se considerar boa a tolerância aos sistemas poliméricos implantados. 4. CONCLUSÃO Os resultados demonstram que os implantes de PLGA incorporados de etoposídeo são sistemas bem tolerados pelo organismo vivo e que promovem a liberação controlada do fármaco. Portanto, podem ser considerados como uma alternativa promissora para o tratamento do retinoblastoma. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem à Quiral Química do Brasil S.A. pela doação do fármaco etoposídeo, e ao Centro Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) e Farmacopéia Brasileira pelo apoio financeiro. REFERÊNCIAS Choonara, Y.E., Pillay, V., Danckwerts, M.P., Carmichael, T.R. e Toit, L.C. (2010) “A review of implantable intravitreal drug delivery technologies for the treatment of posterior segment eye diseases”, Journal of Pharmaceutical Sciences, 99, 2219-2239. Dijk, J.; Oostrom, K.; Huisman, J.; Moll, A.C.; Cohen-Kettenis, K.; Ringens, P.; Imhof, S.M. (2010) “Restrictions in daily life after retinoblastoma from the perspective of the survivors”, Pediatric Blood Cancer, 54, 110-115. Eljarrat-Binstock, E.; Peer, J.; Domb, A.J. (2010) “New Techniques for Drug Delivery to the Posterior Eye Segment”, Pharmaceutical Research, 27, 530 – 543. Farmacopéia Brasileira (2010), 5ª ed., Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Brasília, vol.1. Japanese Pharmacopoeia (2006), 15th ed., Society of Japanese Pharmacopoeia, Tokyo, 653-654. Ngian, M., Liao, S., Patil, A.J., Cheng, Z., Chan, C.K. e Ramakrishna, S. (2009) “The fabrication of nanohydroxyapatite on PLGA and PLGA/collagen nanofibrous composite scaffolds and their effects in osteoblastic behavior for bone tissue engineering”, Bone, 45, 4–16. Rabin, C., Liang, Y., Ehrlichman, R.S., Budhian, A., Metzger, K.L., Majewski-Tiedeken, C., Winey, K.I. e Siegel, S.J. (2008) “In vitro and in vivo demonstration of risperidone implants in mice”, Schizophrenia Research, 98, 66-78. Thrimawithana, T.R., Young, S., Bunt, C.R., Green, C. e Alany, R.G. (2011) “Drug delivery to the posterior segment of the eye”, Drug Discovery Today, 16, 270-277. DEVELOPMENT OF BIODEGRADABLE IMPLANT CONTAINING ETOPOSIDE FOR INTRAOCULAR APPLICATION Ana G. R. Solano1,2, Silvia L. Fialho3, Armando Silva-Cunha1, Gustavo O. Fulgêncio1, Gisele R. da Silva2, Gérson A. Pianetti1 1 Departament of Pharmaceutical Products, Federal University of Minas Gerais, Belo Horizonte (MG), Brazil 2 Pharmacy School, Federal University of São João Del Rei, Divinópolis (MG), Brazil 3 Pharmaceutical and Biotechnological Development, Fundação Ezequiel Dias, Belo Horizonte (MG), Brazil E-mail: [email protected] Abstract. The chemotherapy treatment of retinoblastoma, a pediatric tumor originating in the retinal cells, promotes the reduction of the intraocular tumor volume. Etoposide, a antitumor drug, and topoisomerase II inhibitor, is widely used in the systemic chemotherapy of retinoblastoma. However, the clinical use of etoposide is limited by systemic toxicity, reduced half-life and low penetration in the eye because of the existence of bloodretinal barrier, which hinders the entry of substances from the blood circulation to the retina. The incorporation of etoposide in the polymeric intraocular implants represents a viable strategy for reaching therapeutic levels within the eye, and reducing the adverse effects associated with the systemic administration. Then, the objective of this study was to development a polymer system for the controlled and prolonged release of etoposide in the posterior segment of the eye. The implants were prepared with poly(lactide-co-glyciolide) (75:25) and etoposide, which were characterized by Fourier Transform Infrared Spectroscopy (FTIR), content uniformity and in vitro release profile. We also evaluated the cytotoxic activity of the drug released from the implant against HeLa cells and the in vivo toxicity of the implants. The results of the implants characterization proved the etoposide was homogeneously dispersed in the polymer matrix, and the chemical integrity of drug was maintained after the dispersion. Furthermore, there was controlled release of drug from the polymeric implant. The etoposide leached of the implants showed cytotoxic activity similar to the pure drug. The clinical examination of the eyes of the rabbits in which the implants were inserted into the vitreous cavity, showed the lack of local toxicity. The results suggest that etoposide-loaded PLGA implants represent a potential delivery system of drugs for the treatment of retinoblastoma in the future. Keywords: Intraocular implant, Poly(lactide-co-glyciolide), Etoposide , Retinoblastoma.