Implantes odontológicos funcionam em pacientes soropositivos

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São Paulo, 20/abr/2007 08h15
Brasil
Saúde
Implantes odontológicos funcionam em pacientes
soropositivos
Pesquisa comprova sucesso no tratamento de implantes odontológicos em
pacientes portadores do vírus HIV
Por Carolina Amgarten
13/04/2007
São Paulo (AUN - USP) - Pacientes soropositivos ainda enfrentam muitos
preconceitos de profissionais na área da saúde, que hesitam em atendê-los por
falta de informação. Com a finalidade de reverter esse quadro, o dentista Márcio
Augusto Oliveira, especialista em atendimento a pacientes com necessidades
especiais, se dispôs a pesquisar a respeito de alterações sobre a osseointegração
de implantes em pacientes portadores do vírus HIV em uso de anti-retrovirais.
A pesquisa é feita no Centro de Atendimento a Pessoas Especiais (CAPE) da
Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo, que realiza atendimentos
gratuitos a pacientes portadores de HIV, de distúrbios neuropsicomotores e de
doenças sistêmicas crônicas. Ela é financiada pelo Instituto Professor Doutor David
Serson, com o auxílio pesquisa da FAPESP. O grande objetivo do estudo é atestar
se o acompanhamento do implante colocado em um paciente soropositivo para o
HIV é o mesmo do que para um paciente não-portador do vírus. Márcio, orientado
pela professora Karen Lopes Ortega, iniciou a pesquisa em 2005 e prevê terminá-la
no final desse ano ou no início de 2008.
Os medicamentos anti-retrovirais, implementados no coquetel para o tratamento de
soropositivos, quando são aplicados, apresentam resultados iniciais animadores. No
entanto, com o passar do tempo, são a causa para efeitos colaterais adversos. A
imunossupressão causada pela doença expõe os pacientes a inúmeras lesões bucais
e os medicamentos anti-retrovirais, principalmente os inibidores de protease,
alteram significativamente o metabolismo ósseo do paciente, podendo causar
osteopenia e osteoporose. Márcio sentiu a necessidade de acompanhar a adaptação
dos implantes nos pacientes, observando se as alterações de metabolismo ósseo
iriam afetar o tratamento.
O método utilizado para a pesquisa foi o atendimento a pacientes encaminhados
até o CAPE entre 18 e 60 anos, submetendo-os primeiramente a uma triagem de
avaliação radiográfica, clínica e de exames pré-operatórios. A pesquisa não avaliou
pacientes fumantes, diabéticos, nem aqueles sob tratamentos de quimioterapia,
radioterapia e de corticóides. Todos receberam implantes pagando em torno de R$
201,00 somente pela confecção da prótese, algo que custaria em média de R$
2000,00 em consultórios particulares. Diante dos resultados obtidos até o
momento, Márcio explica que o estudo comprova que o implante não sofre
alterações com os medicamentos anti-retrovirais e que pode ser aplicado
normalmente em um paciente soropositivo.
A pesquisa permite o esclarecimento das dúvidas recorrentes a dentistas que
atendem pacientes portadores do vírus HIV. “Antes dessa pesquisa, não havia um
acompanhamento contínuo para a aplicação de implantes nesses pacientes. Havia
somente estudos de casos isolados”, afirma Márcio. A possibilidade do tratamento
informa dentistas e permite o atendimento e o conhecimento à comunidade
portadora do vírus.
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