Introdução. A aprendizagem em matemática, conforme Duval (2004), constitui um campo bastante peculiar e propicio para a análise das atividades congnitivas fundamentais. A peculiaridade e propicialidade, refletem-se pela própria constituição da Matemática que, por ser composta de objetos abstratos, somente nos permite acesso através de representações e, portanto, o auxilio das tecnologias (microscópio, computador, etc.), bem com dos sentidos odor, paladar, audição e tato, não estão disponíveis a esse acesso. Restando-nos, assim, a visão. Para a compreensão da Matemática, é determinante que os elementos postos por Duval (2004) sejam compreendidos de uma forma tão clara que não nos permita divagar por interpretações. Infelizmente Duval deixa vários elementos base de sua teoria, sem uma apresentação clara a nível de leitor e pesquisador iniciantes: o não pesquisador de alto nível. Desta forma os pesquisadores iniciantes, entre eles os alunos de trabalho de conclusão de curso, TCC, de Monografia de cursos de Especialização, de tese de Mestrado e até mesmo de Doutorado, usam mão do que está escrito por Duval muitas vezes em conflito com o próprio Duval. Isto provoca equívocos. Dentre os elementos postos por Duval (2003,2004) fazemos foco, para este trabalho, em duas questões. Uma tentando explicar de forma mais didática o que vem a ser Correspondência Semântica das Unidades de Significado; Unidade Semântica Terminal e; conservação da ordem das unidades. A razão para tal se dá em virtude destes três elementos ditarem a existência da congruência ou não-congruência que vem a ser a natureza cognitiva própria. Quanto a outra questão, respondendo por que, em pesquisa de Duval (1988, p.136), há considerável diferença na relação numero de acertos e número de erros nas questões: a) Sombrear o conjunto de pontos que tem uma abscissa positiva X > 0 e; b) Sombrear o conjunto de pontos que tem uma ordenada negativa? Y < 0. Em tese, a relação entre acerto e erro deveria ser equivalente. No entanto, no primeiro caso, há uma diferença de 16% (67% de acertos contra 21% de erros), enquanto no segundo caso esta diferença cai para 6% (67% de acertos contra 61% de erros). Temos aí uma diferença entre os percentuais de erros de 40%. Em termos de aprendizagem, é significativa. 1.1. – Sobre fatores que determinam a Congruência ou não-Congruência. Para compreender a matemática de uma forma eficaz e duradoura, conforme Duval (2003,2004), vários pontos necessitam ser observados. Dentre estes pontos destacamos três para este trabalho: 1 Não se pode confundir o objeto (Os números, as funções, as retas, etc.) com suas representações (as escrituras decimais ou fracionarias, os símbolos, os gráficos, os traçados das figuras) - Duval (2004, p. 14); 2 Somente podemos ter acesso aos objetos matemáticos através de suas representações - Duval (2003, 2004) e; 3 Para o acesso de que trata o item 2 acima, se faz necessário, pelo menos, duas representações do mesmo objeto. – Duval (2003,2004). Estes pontos, ou condições para a condução da aprendizagem em matemática, de modo direto ou indireto, compõem o que Duval (2003,2004) chama de Transformação. Esta Transformação pode se dá por Tratamento ou por Conversão. Estamos interessados, neste trabalho, na Transformação por Conversão porque, conforme Duval (2003, p. 16) “... Do ponto de vista cognitivo, é a atividade de conversão que, ao contrario, (da conversão por tratamento – nota nossa) aparece como a atividade de transformação presentacional fundamental, aquela que conduz aos mecanismos subjacentes à compreensão”. Para discutirmos a Transformação por Conversão, necessitamos observar as condições a serem satisfeitas para sua existência. Duval in Machado (2003, p. 19), nos diz que as condições a serem satisfeitas para que dois sistemas semióticos de representação sejam congruentes são (na realidade compreendemos Representações no lugar de Sistemas – Nota nossa): a) Correspondência Semântica das Unidades de Significado (ou Correspondência entre as Unidades Significantes que Constituem a Representação); b) Unidade Semântica Terminal (ou Igual ordem de dificuldade possível na compreensão das duas representações ); c) conservação da ordem das unidades (ou converter uma unidade significante da representação de partida em uma só unidade significante na unidade de chegada). Em pelo menos dois artigos Duval exemplifica estas condições: Duval in Machado (2003, p.19) e Duval (1988, p. 136) - GRAFICAS Y ECUACIONES: la articulación de dos registros. No primeiro artigo Duval (ibidem) nos apresenta a seguinte tabela: Tabela 1- figura 4, Duval in Machado (2003, p.19) O conjunto dos pontos cuja ordenada é superior a abscissa. y>x O conjunto dos pontos que tem uma abscissa positiva x>0 O conjunto dos pontos cuja abscissa e ordenada têm o mesmo sinal X.Y>0. O produto da abscissa e da ordenada é maior que zero Correspondência das unidades de significado Sim A unidades de semântica Terminal Sim Conservação da ordem das unidades Sim Não. “maior do que zero é uma perífrase” (um só significado para várias palavras. Não Sim Sim Não Não. Globalização descritiva (dois casos) Observemos que Duval não apresenta uma justificativa empírica. Neste caso cabe a busca de esclarecimento quanto aos seguintes pontos: O que duval chama de Correspondência entre as Unidades Significantes que Constituem a Representação (ou Correspondência Semântica das Unidades de Significado)? E quanto a Igual ordem de dificuldade possível na compreensão das duas representações (ou Unidade Semântica Terminal)? E quanto ao converter uma unidade significante da representação de partida em uma só unidade significante na unidade de chegada (ou conservação da ordem das unidades)? 1.2. – Correspondência Semântica das Unidades de Significado. Importante Gráfico e equações