A RELAÇÃO ENTRE A FORMAÇÃO DOCENTE E AS CONCEPÇÕES DE LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO: UMA PESQUISA FEITA COM ALUNOS DE LETRAS E DE PEDAGOGIA Helder Santos Rocha (UESB) [email protected] Orientação: Prof.ª Alessandra Cruz (UESB) RESUMO: A alfabetização de um indivíduo deve se constituir dentro de uma prática letrada, em que a imersão, desse, no mundo da leitura e da escrita, faça sentido lhe concedendo a oportunidade de participar da sociedade não somente como mero espectador, mas também como ser atuante. Por isso, o profissional responsável por alfabetizar, deve, além de compreender a especificidade das concepções de alfabetização e de letramento como faces complementares de um grande processo, ter um conhecimento linguístico necessário para orientar um já falante, no uso e reconhecimento das peculiaridades de sua língua materna. É, neste sentido, que este trabalho intentará demonstrar que há uma lacuna no processo de formação docente deste alfabetizador, com relação aos estudos da linguagem, ainda a ser preenchida. Para isto, far-se-á uso, aqui, dos estudos sobre o letramento para referendar esta necessidade da formação docente deste profissional. PALAVRAS-CHAVE: Alfabetização, concepção de letramento, alfabetizador, conhecimento linguístico; prática letrada. INTRODUÇÃO Com a proposta de analisar criticamente a conseqüência da inserção de disciplinas vinculadas ao trabalho específico com a linguagem no currículo e as teorias que subjazem a formação docente do professor responsável por lecionar nas séries iniciais do Ensino Fundamental, ou aquele docente que possui a responsabilidade de alfabetizar o aluno, preparando-o para o seu contínuo processo de desenvolvimento de aprendizado, este texto visa empreender uma análise acerca das concepções de alfabetização e letramento que os alunos dos cursos de Letras e Pedagogia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB (campus de Vitória da ConquistaBA) possuem, tendo em vista que esses se tornam conceitos de grande relevância para a formação do professor alfabetizador. Para esta análise, considerar-se-á o 1 conhecimento/concepção da linguagem como fator preponderante na aquisição de um aprendizado necessário para uma alfabetização efetiva, que não vise apenas o desenvolvimento de uma tecnologia de uso da língua escrita pelos alunos, muito menos a simples decodificação das letras como uma mera relação entre som e grafema, mas que considere a alfabetização como um processo que não está apartado do letramento e, que, se considerados ambos como partes de um grande processo de autonomia do educando em relação ao uso da linguagem (KLEIMAN, 1985), o ensino se tornará deveras produtivo e propiciador de uma educação não mecânica. JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS Cabe, antes de entrar no cerne da questão que se configura como objetivo específico desta análise, relatar detalhes importantes que permearam a caminhada até aqui. A idéia que levou a empreender este tipo de pesquisa, surgiu de uma proposta de trabalho final da Disciplina Práticas de Letramento, oferecida pelo Departamento de Estudos Linguísticos e Literários-DELL da UESB à turma do VII semestre de Letras Vernáculas da mesma universidade, no segundo semestre letivo de 2010. Na referida proposta, os alunos deveriam aplicar questionários elaborados por toda a turma a professores ativos de escolas públicas da cidade de Vitória da Conquista-BA que lecionam nos cursos regulares do Ensino Fundamental, com o propósito de colher informações sobre concepções, opiniões, relatos e exemplos de práticas de letramento. A partir da coleta das respostas, da leitura em sala de aula das mesmas e da aplicação de um olhar crítico sobre os aspectos que despertaram uma atenção maior devido à sua repetitividade ou ao seu estranhamento, os alunos deveriam escolher um dos temas que julgariam relevantes sobre questões do letramento e aprofundar suas pesquisas, visando à produção de um texto acadêmico em forma de artigo para que fosse possível expor e socializar os resultados obtidos. Necessita-se então, mencionar quais foram os aspectos, em particular, que chamaram a atenção a princípio , os quais motivaram uma pesquisa um pouco mais aprofundada sobre o assunto posteriormente. Assim que houve um momento de leitura de algumas respostas dos questionários, pôde-se identificar uma não distinção que professores formados no curso de Pedagogia faziam em relação aos conceitos de alfabetização e letramento, pois, segundo algumas respostas, esses eram nomes 2 diferentes para o mesmo significado, caso que não era detectado com freqüência nas respostas de professores formados em Letras. A primeira e irrefletida hipótese então, foi a que os profissionais da educação infantil formados nos cursos de Pedagogia, à exemplo dos que foram pesquisados, não veriam com clareza uma distinção necessária entre o ato de alfabetizar e o de letrar, pois, segundo Soares (2004, p.40), um indivíduo alfabetizado não é necessariamente um indivíduo letrado; alfabetizado é aquele indivíduo que sabe ler e escrever; já o indivíduo letrado, o indivíduo que vive em estado de letramento, é não só aquele que sabe ler e escrever, mas aquele que usa socialmente a leitura e a escrita, pratica a leitura e a escrita, responde adequadamente às demandas sociais de leitura e de escrita. Distinção essa que, se for ignorada, poderia gerar implicações diversas no processo de aquisição da língua escrita e, consequentemente, um problema para a condução do ensino da linguagem nas séries posteriores à alfabetização. Num outro momento, partiu-se para uma segunda fase em que se procurou colher mais informações a este respeito, aplicando questionários com perguntas mais direcionadas ao foco desta análise, com alunos dos cursos de Letras da UESB do IV e do VII semestres, como também com alunos do VI e VII semestres de Pedagogia da mesma universidade, tendo em vista empreender um estudo comparativo acerca das concepções de alfabetização e letramento dos mesmos. A escolha destes semestres para a aplicação dos questionários tem uma razão particular: no caso de Letras, é no IV semestre de Modernas que os alunos freqüentam as aulas da primeira disciplina de educação do curso, intitulada Didática da Linguagem/Prática em Didática da Linguagem, e no VII semestre de Vernáculas, porque é neste período que se oferta a disciplina Práticas de Letramento que possui uma carga horária de 45h apenas, diga-se de passagem; já em relação ao curso de Pedagogia, o VI semestre, mais precisamente, foi escolhido porque somente neste semestre, que é ofertada a única disciplina voltada para questões do ensino da linguagem em todo o curso, segundo o seu currículo. O referido questionário da pesquisa, continha um espaço para o aluno assinalar o tipo de formação profissional com o curso e o seu respectivo nível, o qual possuía a oportunidade de se preencher mais de uma alternativa como o curso superior incompleto e o magistério, por exemplo, 3 se esse fosse o caso; também continham duas perguntas que eram: 1- Qual a sua concepção de LETRAMENTO? e 2- Para você há uma diferença entre ser letrado e ser alfabetizado? Sim ( ) Não ( ) Explique. Posterior a este estágio de aplicação dos questionários, passou-se à leitura dos mesmos e a uma análise crítica, procurando encontrar indícios e evidências que provassem aquela primeira hipótese. Todavia, logo na leitura dos primeiros questionários coletados com os alunos do IV semestre de Letras, constatou-se que não havia também uma distinção clara do que vem a ser alfabetização e letramento, a partir de respostas que evidenciavam o desconhecimento do termo letramento, como também do seu equivocado entendimento ao dizer que letramento seria “uma espécie de alfabetização para jovens e adultos”, por exemplo. Entretanto, a hipótese inicial foi totalmente vencida no momento da leitura dos questionários coletados na turma do VII semestre de Pedagogia (turno matutino), quando na oportunidade verificou-se que quase todos os alunos (isso corresponde à 90%) distinguem a alfabetização do letramento. Após esta constatação, não era mais possível sustentar aquela hipótese, por isso intentou-se analisar o corpus coletado até então, para proceder a uma segunda investigação, ainda mais minuciosa, que esclarecesse se algo em relação à formação docente de ambos os cursos, demonstraria alguma lacuna em relação aos estudos do letramento e da linguagem, ou uma visão unilateral ou parcial das teorias que sustentam as concepções, tanto do letramento quanto da alfabetização. REFERENCIAL TEÓRICO O termo letramento surgiu a pouco tempo no Brasil, mais precisamente em trabalhos de lingüistas e educadores em meados da década de oitenta do século passado, através de uma importação do termo inglês literacy, que quer dizer de maneira bem rasteira: estado ou condição de letrado. (SOARES, 2004, p.17) Esta condição estaria relacionada à capacidade de uso social das habilidades de leitura e escrita, que são supostamente adquiridas no processo de alfabetização, cuja aquisição costuma ser um pouco mal compreendida e interpretada, por vezes, como um processo dependente da escolarização. Esta tendência em reconhecer a alfabetização como prática exclusiva do ambiente educacional, que é somente mais uma agência de letramento dentre muitas, é despertada por Tfouni (2004, p.18), que diz que “(...) o ato de alfabetizar passa a existir 4 somente enquanto parte das práticas escolares, e ignoram-se sistematicamente as práticas sociais mais amplas para as quais a leitura e a escritura são necessárias, e nas quais serão efetivamente colocadas em uso.” Portanto, a alfabetização, neste sentido, se configuraria como uma distância em relação ao processo de letramento do indivíduo, excluindo suas experiências linguísticas do cotidiano e seus conhecimentos prévios à escolarização. O contrário do que afirma Ribeiro, o qual esclarece que o exercício efetivo e competente da tecnologia da escrita denomina-se Letramento que implica habilidades várias, tais como: capacidade de ler ou escrever para atingir diferentes objetivos (2003, p. 91). No entanto, uma concepção de alfabetização dissociada inteiramente da concepção de letramento pode causar danos sérios em relação ao uso da linguagem, se no processo de escolarização inicial do indivíduo, a língua for apresentada como um produto entre relações sonoras e gráficas que se enquadram em inúmeras seqüências lineares, criadas a partir de regras gramaticais arbitrárias e abstratas somente. Com isso, a dimensão total da linguagem estaria sendo podada por um processo mecânico de escolarização em que as práticas escolares seriam as únicas manifestações possíveis, excluindo todo um mundo a sua volta. Recorre-se novamente à Soares (2004, p.47), quando esta assim afirma: Precisaríamos de um verbo “letrar” para nomear a ação de levar os indivíduos ao letramento... Assim, teríamos alfabetizar e letrar como duas ações distintas, mas não inseparáveis, ao contrário: o ideal seria alfabetizar letrando, ou seja: ensinar a ler e a escrever no contexto das práticas sociais da leitura e da escrita, de modo que o indivíduo se tornasse, ao mesmo tempo, alfabetizado e letrado. (grifo do autor) Portanto, somente com uma formação docente sustentada e alicerçada num amplo e necessário leque de especialidades do conhecimento lingüístico, aliado a uma prática metodológica bem orientada, é que se torna possível dotar o futuro professor responsável pela alfabetização, de uma visão mais plena sobre a linguagem nas suas minúcias. Sobre isso, Silva (2008, p.44) diz que “(...) o planejamento das práticas de alfabetização e letramento objetiva o desenvolvimento das habilidades linguísticas que são próprias dos conteúdos dessa área de conhecimento: compreensão e valorização da 5 cultura escrita, apropriação do sistema de escrita; leitura; produção de textos e desenvolvimento da oralidade.” Sendo assim, como ultrapassar um processo de reconhecimento linguístico necessário e arremessar o aluno direto nas práticas sociais de leitura e escrita? Deve-se lembrar antes, que tais processos são interdependentes e não podem ser separados em virtude de usos exclusivos de práticas sociais voltadas apenas para exercícios escolares. Entretanto, ainda cabe aqui um alerta explicitamente referendado pela observação direta da realidade do ensino público: nem sempre apenas um conhecimento teórico dos aspectos da linguagem garante uma prática efetiva. A postura crítico-reflexiva e contextualizada do profissional da área de linguagem é que poderá definir a qualidade do seu fazer pedagógico. Frente a esta situação, Maciel e Lúcio (2008, p.16) advertem que “ciente da complexidade do ato de alfabetizar e letrar, o professor é desafiado a assumir uma postura política que envolve o conhecimento e o domínio do que vai ensinar.” Só assim, será possível produzir uma práxis pedagógica que leve os seus sujeitos educandos a entrar de fato na sociedade, não só fazendo parte dela como também interferindo-na. Levando em consideração que para a formação docente do alfabetizador é necessário a aquisição de um mínimo conhecimento linguístico, não se pode também separar a teoria da prática, mas procurar fazer o seu saber pedagógico unindo-as. Neste sentido, volta-se a atenção para uma necessidade de o professor definir uma concepção de linguagem clara, na qual a sua intervenção pedagógica a partir das atividades planejadas, revelem um aprendizado sólido e seguro acerca dos conteúdos programados de leitura e escrita. O que se está tentando demonstrar é que não há maneira de exigir do alunado um uso social da linguagem, se o educador considera essa uma produção individual, que exclui totalmente a interação do seu desenvolvimento. Por um outro lado também, não se pode ter uma concepção sociointeracionista da linguagem e trabalhar de maneira isolada, de modo que a prática alfabética seja o desenvolvimento individual de cada aluno. Em relação a este saber prioritário de um professor que lida com a linguagem, cuja responsabilidade não é somente a do professor de língua materna formados nos cursos de Letras, mas também do alfabetizador, Matencio (1994, p.80) adverte que, 6 (...) a questão que deveria estar sendo focalizada nas reflexões sobre a escrita, e não só aí, é basicamente uma: que concepção de linguagem adotar? E digo a razão. É fundamental o papel que a linguagem exerce para a mediação entre “eu”, um lugar de locutor e de sujeito que assume uma posição, o “outro”, um lugar de interlocutor/sujeito com uma posição imaginária, e um quadro e referências/conhecimento de objetos do mundo, o referente aqui como configurado por práticas discursivas e sociais. (grifo do autor) Enfim, construir um currículo coerente e coeso do professor alfabetizador com relação à sua formação essencial de professor das séries iniciais e de profissional responsável por outras funções educacionais, tais como supervisão e coordenação pedagógica por exemplo, não se apresenta como tarefa fácil. Mas o que se pretende chamar a atenção, aqui, é para uma necessária conscientização sobre a importância do conhecimento da linguagem na sua formação docente e na sua prática pedagógica principalmente. Segundo Kleiman (2008, p.512), (...) é o professor familiarizado com as práticas de letramento acadêmicas (entre outras) quem determina quais são os limites e as possibilidades dos saberes teóricos que subsidiam sua disciplina de ensino. Sem os demais saberes, perceberá constantemente os limites dos saberes especializados; munido de outros saberes, multiplicará as possibilidades acenadas pelo saber teórico, em função da segurança decorrente de seu conhecimento sobre o funcionamento da linguagem. (grifo nosso) Esta assertiva reforça ainda mais a necessidade de um saber linguístico sólido e maduro por parte dos profissionais de ensino, tanto das séries iniciais quanto os de língua materna das séries subsequentes também. Pois, aqui já se prevê uma autonomia docente com relação a sua práxis pedagógica e a sua sustentação teórica desde, é claro, que este docente mencionado, possua com clareza, uma concepção de linguagem condizente com o método de alfabetização implantado. 7 MATERIAL E MÉTODOS A presente pesquisa foi realizada com a aplicação de dez questionários com alunos do IV semestre de Letras Modernas e dez alunos do VII semestre de Letras Vernáculas da UESB e, paralelamente, houve a aplicação dos mesmos questionários com dez alunos do VI e dez do VII semestres de Pedagogia da mesma universidade e do mesmo campus, perfazendo um total de 40 questionários, para posteriormente, proceder a uma breve análise qualitativa do corpus selecionado. Houve também um levantamento do material correspondente ao fluxograma1 do curso de Pedagogia da UESB, além das ementas2 de disciplinas responsáveis pelos conhecimentos linguísticos no mesmo curso. Como subsídio para orientar a condução desta pesquisa, foi realizado um outro levantamento, agora teórico, da bibliografia básica sobre as questões da alfabetização e do letramento, além de referenciais sobre a linguagem e sua aquisição, como também sobre currículo e formação docente. ANÁLISE DOS DADOS E DISCUSSÃO Com o intuito neste momento de aprofundar a discussão sobre os saberes produzidos nos cursos de formação de professores alfabetizadores, mais precisamente no curso de Pedagogia da UESB (campus de Vitória da Conquista-BA), com relação às concepções de alfabetização e de letramento, procede-se a uma análise crítica dos questionários colhidos com os alunos. Além disso, far-se-á, também, uma pequena análise do currículo e das ementas das disciplinas na graduação em Pedagogia, que são responsáveis pelo conhecimento linguístico e que se tornam requisitos necessários no processo de ensino-aprendizagem da leitura e da escrita nas séries iniciais do Ensino Fundamental regular. Além desta breve análise qualitativa dos dados obtidos, haverá uma pequena discussão acerca do que foi encontrado, procurando suscitar algumas indagações pertinentes ao caso. Analisando criticamente as respostas concedidas pelos alunos do VII semestre de Pedagogia à primeira questão, que diz respeito à concepção pessoal sobre o 1 Fluxograma disponível no site da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia-UESB: <www.uesb.br>. 2 Localizado no ementário geral, que está também no site da UESB. 8 letramento, pôde-se verificar que a maioria, cerca de 80%, entende que o termo possui relação com a “compreensão” e a “interpretação” do que se lê e do que se escreve, além de fazer da leitura e da escrita uma “relação com o mundo” em que vive, como características marcantes do ser que é letrado, evidenciando que o letramento seria um estágio “além da alfabetização” do indivíduo. Em consequência disso, as respostas da segunda questão, que se referem à possível diferença entre alfabetização e letramento, demonstram que é quase unanimidade (90%) esta distinção, afirmando que o aluno alfabetizado apenas é capaz de “decodificar” letras, sílabas e símbolos gráficos, mas que não consegue entender ou compreender o que lê nem o que escreve. No entanto, uma resposta, apenas, que diz que não há uma diferença entre os termos, chama a atenção para algo bastante interessante: o discente foi o único que afirmou a “dependência” entre alfabetização e letramento, revelando que é a partir do ato de aprender a ler que o aluno se apropria da leitura para então aprender mais. Já com os alunos do VI semestre de Pedagogia, turma do noturno, as respostas aos questionários apontaram que a concepção de letramento está atrelada a uma capacidade de “interpretação de textos” e ao “uso consciente e social da leitura e da escrita”. No entanto, algumas respostas chamaram a atenção, como por exemplo, no sentido de indicar que o “letramento seria um processo de alfabetização que tem como objetivo a aprendizagem da leitura e da escrita”; e também apontando que o ser letrado seria aquele que “conhece as letras e a norma culta da língua”. Em relação à segunda questão, os alunos, em sua maioria (70%), afirmaram a distinção entre os termos letramento e alfabetização, dizendo que a alfabetização não confere às pessoas a capacidade de fazer interpretações das leituras ou de fazer usos das habilidades de leitura e escrita socialmente. Ademais, cabe acrescentar que as respostas afirmativas com relação a tal distinção são divergentes acerca da dependência ou não de se obter a alfabetização primeiro, para que se alcance o letramento num estágio posterior, pois algumas demonstram que esse seria possível, somente depois de ter o conhecimento dos “códigos gráficos”, contrariamente à outras respostas, que afirmam que “existem pessoas letradas sem, necessariamente, serem alfabetizadas”. Dentre as poucas respostas que dizem não haver uma distinção entre alfabetização e letramento, o que corresponde à 30% dos questionários desta turma, uma em especial desperta um maior interesse, pelo fato de colocar em igualdade tais concepções. A resposta em questão, aponta para um sentido único de aquisição de saberes com relação à “escrita”, à “leitura” e ao “uso 9 consciente”, além de “crítico e profundo” destas habilidades no “mundo em que vive”. Portanto, nota-se a primeira resposta que concorda com a ideia de Soares (2004, p.47), de que deva existir um processo único em que se alfabetize letrando. Com relação aos questionários aplicados com as turmas de Letras da UESB, foi verificado que há uma pequena pluralidade em relação às concepções de alfabetização e letramento dos alunos do IV semestre de Letras Modernas, devido a muitas confissões de incerteza ou desconhecimento do significado preciso de letramento, além de afirmarem que essa é uma palavra nova para eles. Por este motivo, foi possível encontrar respostas que dizem que o letramento é a “alfabetização de jovens e adultos”; que é o domínio de todas as “modalidades de uma língua” ou que tem a ver com os “conhecimentos linguísticos e literários” de um indivíduo. Não obstante, surgiram respostas também, que se aproximam daquelas encontradas nos questionários da turma do VII semestre de Pedagogia, afirmando que o letramento seria a prática da leitura e da escrita, só que num sentido “mais amplo” do que o da alfabetização. Em virtude desta pluralidade de respostas à primeira questão, as da segunda questão também irão divergir um pouco com uma ligeira vantagem para a distinção entre os termos alfabetização e letramento. Para os alunos que afirmaram que não há uma distinção (30%), novamente eles explicam que o letramento seria a “alfabetização de jovens e adultos”, portanto teria o mesmo significado. Já para a maioria que diz que os termos são diferentes sim (70%), alguns alegam que a alfabetização é o “conhecimento das técnicas de leitura e escrita” e o letramento seria o “aprofundamento” deste saber; já para outros, a alfabetização estaria para a “habilidade de decodificar e decifrar códigos linguísticos”, enquanto que o letramento seria a “capacidade de ir além” disso, ou seja, um ser letrado seria aquele capaz de “interpretar qualquer texto”, seria aquele que possui o “total domínio de uma língua”. E houve uma resposta que foi considerada especial por afirmar que a alfabetização é a “ferramenta básica para se alcançar o letramento”, afirmação essa, que se assemelha muito àquela resposta única também da turma de Pedagogia do VII semestre, que afirma que há uma dependência entre os termos. Com relação ao corpus parcial destinado à turma do VII semestre de Letras Vernáculas, constatou-se que o letramento para a maioria (80%) consiste nas práticas sociais de leitura e escrita. Algumas respostas não apontam, claramente, que seria o uso social, mas afirmam que o letramento é a condição que um indivíduo tem de fazer uso da língua “criticamente”. De um modo geral, as respostas à primeira questão apontam 1 0 para uma segurança no conhecimento do termo à exemplo da turma do mesmo semestre de Pedagogia. Em relação à segunda questão, os alunos indicam, com unanimidade, que há sim uma distinção entre alfabetização e letramento, explicando, na maioria das vezes, que o ser alfabetizado é aquele que adquiriu o “sistema de escrita”, enquanto que o ser letrado é aquele que faz uso deste sistema na sociedade de modo crítico. Dentre as respostas que explicam o porquê que há a distinção, uma chamou a atenção, de maneira específica, por dizer que “todo aquele que sabe ler e escrever é alfabetizado”, mas que pode “uma pessoa ser letrada e não alfabetizada”. Algo que vai de encontro com aquelas duas respostas destacadas anteriormente na turma de Pedagogia do VII semestre e a outra na turma de Letras Modernas, que apontam para uma dependência entre os termos; mas que concorda com algumas respostas encontradas nos questionários da turma do VI semestre de Pedagogia. Paralelo a isso, também foi realizado um levantamento do fluxograma do curso de Pedagogia da UESB recente, que explicita a distribuição das disciplinas e das suas respectivas carga horárias, para que se pudesse compreender melhor qual é a base de conhecimento sobre a linguagem que os discentes possuem ao longo de sua graduação. O que se encontrou no currículo do curso é que somente duas disciplinas relativas à linguagem são ofertadas obrigatoriamente. Todavia, destas duas disciplinas ofertadas, uma é Português Instrumental que diz respeito ao ensino da produção de textos acadêmicos para os alunos ingressos na universidade, sem possuir nenhum tipo de relação com a teoria e/ou o ensino da linguagem e da alfabetização. Neste caso, sobra apenas uma disciplina intitulada Conteúdo e Metodologia do Ensino Fundamental da Língua Portuguesa de 60h, para apresentar toda a extensão do conhecimento linguístico para o ensino de língua materna. A ementa (DELL 313), desta disciplina mencionada, aponta o seguinte conteúdo: Concepção de ensino de língua portuguesa: abordagem tradicional e interacionista. A pedagogia do oral e a pedagogia da escrita: ensino de língua oral e de língua escrita. As habilidades de ensino de português: ouvir, falar, ler e escrever e a integração com as Práticas de Ensino de Língua Portuguesa: prática de leitura, de escrita e de análise lingüística. Planejamento e sistematização de proposta de ensino. 1 1 Há também no fluxograma do curso de Pedagogia da UESB, a possibilidade de se matricular numa disciplina optativa, de 60h também, denominada Linguística Aplicada à Alfabetização, que contêm, segundo sua ementa lotada pelo código (DELL 105), outros seguintes conteúdos: Estrutura e funcionamento do sistema de uma língua. A noção de competência lingüística e o processo de alfabetização. As relações fonológicas e a aquisição da escrita: a realidade fonológica da língua. O uso da fala e da escrita no processo de alfabetização: aspectos psicolingüísticos, sociolingüístico e textuais no processo de alfabetização. Sistematização da teoria lingüística para o processo de alfabetização. Após a explicitação destes dados, surgem, agora, algumas indagações pertinentes à exemplo de: Como é possível um trabalho com a linguagem de forma introdutória e metodológica, em que todos estes conteúdos que estão previstos na disciplina obrigatória sejam inteiramente e eficazmente contemplados em apenas um semestre, numa carga horária de 60h? Por que a disciplina Linguística Aplicada à Alfabetização que prevê o trabalho com conteúdos, quiçá, até mais relevantes para um trabalho em relação ao saber pedagógico, que é necessário à educação infantil e às séries iniciais do ensino fundamental acerca da linguagem, é colocada no currículo como optativa? Como se deseja alcançar um processo de letramento no fazer pedagógico dos futuros professores alfabetizadores, se o currículo em questão desprivilegia o ensino e a discussão de base dos estudos linguísticos, que são os que irão respaldar as modernas teorias do letramento? Em relação à primeira das indagações proferidas acima, deve-se levar em conta ainda, que a disciplina obrigatória em questão, possui um caráter metodológico, ou seja, prevê o preparo do futuro professor alfabetizador em relação ao ensino de língua materna. Deste modo, a implantação desta disciplina parece deixar pressuposto que o aluno de Pedagogia já possui o conhecimento necessário sobre a língua que ele irá ensinar e alfabetizar, sem ao menos ter tido nos primeiros cinco semestres da graduação, alguma outra disciplina específica sobre os estudos da linguagem sequer. Entretanto, “(...) é fundamental termos em mente que ensinar não é a mesma coisa que aprender, 1 2 pois são processos diferentes, o primeiro dos quais permite uma avaliação explícita, porque é feito para o outro, o segundo realizado internamente, sem que se possa categorizar diretamente os processos pelos quais se dá”. (MATENCIO, 1994, p.19) Neste viés, torna-se imprescindível adquirir uma consciência plena acerca das particularidades de cada atividade, para que não se cometa equívocos comprometedores em relação à formação docente do alfabetizador. Sobre isso ainda, Libâneo (2002, p.85) afirma que “(...) os professores de educação infantil e de 1ª a 4ª precisam de um sólido domínio dos conteúdos específicos e das práticas investigativas que lhe são conexas.” Isso quer dizer que “não é suficiente tratar apenas das metodologias específicas como tem sido feito em boa parte dos cursos. Obviamente, isso significa ampliar o peso dos conteúdos específicos no currículo (...)”. (LIBÂNEO, 2002, p.85) Não obstante, não se trata de uma questão simples, se levar em consideração que existe uma gama de especialidades de conhecimento que devem ser introduzidos no currículo do pedagogo como Matemática, Geografia, História e outros, além desse conceder, também e obrigatoriamente, espaço para disciplinas destinadas aos saberes referentes à gestão, supervisão e demais funções educacionais, que a graduação em Pedagogia determina e deve contemplar3. Enfim, essas são, de fato, questões de ordem bastante complexas, mas que precisam cada vez mais ganharem espaço nos centros acadêmicos, por se tratarem de aspectos fundamentais para uma efetiva formação do educador de base, responsável pelo alicerce educativo do indivíduo, que deve sempre estar vinculada a uma ética profissional. RESULTADOS E ALGUMAS CONSIDERAÇÕES FINAIS Com base no corpus coletado e na sua análise qualitativa, constatou-se alguns aspectos implicativos referentes à formação de professores de língua materna com relação aos conhecimentos linguísticos necessários para que seja possível alfabetizar letrando, principalmente na formação daqueles que serão os responsáveis por alfabetizar os alunos na educação infantil e nas séries iniciais do Ensino Fundamental, como determinam as Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de Pedagogia e como está 3 Sobre a questão envolvendo a real formação do pedagogo, ler também Libâneo (Pedagogia e Pedagogos, para quê?, 1998) e Pimenta (org.) (Pedagogia e Pedagogos: caminhos e perspectivas, 2002). 1 3 bem explicitado na resolução do Parecer CNE/CP: 05/2005 (BRASIL, 2006, p.19), que foi aprovado pelo ministro da educação em dezembro do mesmo ano, ao dizer que: Art. 2º As Diretrizes Curriculares para o Curso de Pedagogia aplicam-se à formação inicial para o exercício da docência na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, nos cursos de Ensino Médio de modalidade Normal e em cursos de Educação Profissional, na área de serviços e apoio escolar, bem como em outras áreas nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos. (grifo nosso) Tendo esta exigência dos DCNs de Pedagogia sido exposta, não se pode de maneira nenhuma negar que a alfabetização é uma obrigação dos profissionais de educação formados nestes cursos. O que cabe agora, é discutir e deixar claro, que alfabetizar é inserir o aluno numa prática linguística, que necessita do conhecimento que esse já comporta em si, porque esse é um falante da língua, para apresentar-lhe todas as peculiaridades da língua que ele já fala, até porque tal saber e domínio é que irá proporcionar a apreensão dos demais conhecimentos ensinados na escola. Sem um bom domínio de leitura e escrita, como será o aprendizado da matemática por exemplo, em que o aluno irá se deparar, constantemente, com exercícios de leitura e interpretação de sentenças e problemas que exigirão uma resolução prática? Não se pode fechar os olhos para esta realidade. Neste sentido, ainda com base na resolução do Parecer 05/2005 (BRASIL, 2006, p.13) sobre o DCN de Pedagogia, esse assevera que: É importante ainda considerar, que nos anos iniciais do Ensino Fundamental os alunos devem ser introduzidos nos códigos instituídos da língua escrita e da linguagem matemática com a finalidade de desenvolverem o seu manejo. Desta forma, o Licenciado em Pedagogia precisa conhecer processos de letramento, modos de ensinar a decodificação e a codificação da linguagem escrita, de consolidar o domínio da linguagem padrão e das linguagens da matemática. 1 4 Talvez, o grande problema então, estaria na interpretação desta determinação com relação à introdução do alfabetizando aos códigos da língua escrita, que poderia ser mal compreendida como uma mera apreensão mecânica dos símbolos gráficos, como apontam a maioria das respostas sobre a concepção de alfabetização dos alunos de Pedagogia e de Letras. Mas por um outro lado, há a presença nessa afirmação, também, da necessidade de se conhecer os processos de letramento, fato que também não pode ser ignorado. O que talvez pode estar faltando, seria a aliança destas duas práticas, a da alfabetização e a do letramento, num intenso processo de ensino da língua materna e da sua usualidade social. Desta forma, o que se faz necessário para que isso aconteça? Acredita-se que a formação docente deste profissional não deva desprezar os conhecimentos necessários para que se tenha uma base solidamente fundamentada sobre a linguagem; no entanto, considerando as duas disciplinas únicas que são ofertadas para os discentes pesquisados, dentre as quais só uma é obrigatória, parece que, infelizmente, é isso que vem acontecendo no Curso de Pedagogia em questão. Pois como apresentar e fixar saberes essenciais sobre: modalidades e concepções de linguagem, fonética e fonologia, sociolínguística e demais ciências que estudam o fenômeno linguístico em apenas uma disciplina de 60h, cuja ementa exige que ainda seja trabalhada a metodologia do ensino de língua portuguesa? Ademais, foi constatado, também, que as respostas aos questionários de um modo geral, exibem concepções não muito claras sobre os processos de alfabetização e letramento. Embora a maioria de todo o corpus coletado (82,5%) tenha apontado para uma distinção entre os processos, o que foi defendido e supracitado por Soares (2004, p.40); acredita-se que estes mesmos processos devam ser contínuos e complementares de um grande desenvolvimento cognitivo e social do ser humano. Para os alunos de Letras, os quais possuem uma imensa carga horária de disciplinas relacionadas ao conhecimento linguístico, falta, talvez, um conhecimento mais claro e profundo dos estudos do letramento, já que esses possuem apenas uma disciplina de 45 horas, ofertada no penúltimo semestre da graduação, a qual já foi mencionada aqui. Isso é perfeitamente compreensível quando se comparam os alunos deste curso da seguinte maneira: os que estão chegando à metade da graduação com os que estão próximos da finalização da mesma, cuja aplicação dos questionários aos alunos do IV e do VII semestres puderam indicar este resultado. Isso acontece porque somente a partir do III semestre (em Vernáculas) e do IV (em Modernas) é que se iniciam as disciplinas da 1 5 área de educação e que o aluno de Letras começa a ter uma dimensão um pouco mais abrangente da realidade escolar e das aplicações práticas dos conteúdos linguísticos. Algo que também ainda não se apresenta como ideal. Em contrapartida, os alunos de Pedagogia possuem um aparato científico e metodológico maior em áreas do conhecimento na discussão de questões mais voltadas para os estudos sociais, em detrimento do pouco e não aprofundado(com base no fluxograma) estudo das questões da linguagem, cuja relevância foi explicitada ao longo deste texto para a formação docente do alfabetizador. No que isto implica de fato? Assim como foi possível verificar nos documentos legais que regulamentam e fundamentam os cursos de Pedagogia no Brasil, os profissionais formados nesta graduação serão os responsáveis por criar um primeiro contato dos indivíduos com a escola e, portanto, os primeiros educadores à apresentar os códigos e os usos sociais da leitura e da escrita, de modo que o alunado se torne autônomo com relação à língua que esse já é falante. É neste sentido, então, que se torna ainda mais relevante a prioridade em se ter, com clareza, as concepções de alfabetização e letramento aliadas a uma sólida concepção de linguagem, por parte dos alunos de Pedagogia, para quando adentrarem nos ambientes escolares onde deverão exercer suas profissões de alfabetizadores, não cometerem um equívoco na dissociação completa destes processos que devem ser complementares, como já foi mencionado, que é o alfabetizar letrando. Pois, “conduzir o trabalho de alfabetização na perspectiva do letramento, mais do que uma decisão individual, é uma opção política, uma vez que estamos inseridos num contexto social e cultural em que aprender a ler e escrever é mais do que o simples domínio de uma tecnologia”. (MACIEL E LÚCIO, 2008, p.31) Desta forma, os resultados desta atitude inconsequente poderiam ser desastrosos ao futuro desenvolvimento intelectual das pessoas, sejam essas crianças ou jovens e adultos, como o retardamento ou o aniquilamento das possibilidades de inserção social por meio das plenas capacidades de uso das habilidades de leitura e escrita. 1 6 REFERÊNCIAS Brasil. Ministério da Educação do. Resolução do Parecer 05/2005 sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Pedagogia. Clélia Brandão Alvarenga Craveiro e Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva (Relatoras.). Publicado no Diário Oficial da União de 15/05/2006. (Versão online). Acessado em: <www.mec.gov.br/cne_05/2005>, 10/2010. KLEIMAN, A. B. (org.) Os significados do letramento: uma nova perspectiva sobre a prática social da escrita. Campinas, Mercado das Letras, 1995. ______________. O estudos de letramento e a formação do professor de língua materna. 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