SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA VAGNER FERREIRA DO NASCIMENTO PERFIL DE FAMILIARES VISITANTES NUMA UTI ADULTO NO SUDESTE DE MATO GROSSO Brasília-DF 2012 VAGNER FERREIRA DO NASCIMENTO PERFIL DE FAMILIARES VISITANTES NUMA UTI ADULTO NO SUDESTE DE MATO GROSSO Artigo apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Mestre Profissionalizante em Terapia Intensiva pela Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva. Orientador: Dr. Douglas Carneiro Ferrari. Brasília-DF 2012 Resumo O objetivo desse estudo foi conhecer o perfil de familiares visitantes numa UTI adulto no sudeste de Mato Grosso. Realizou-se uma pesquisa do tipo descritiva, utilizando uma abordagem quantitativa, coletando os dados a partir do Livro de Visitantes da UTI, presente na recepção de um hospital público no município de Barra do Garças – MT. A coleta dos dados ocorreu no período compreendido entre dezembro de 2011 a março de 2012. Os dados foram coletados e caracterizados conforme as variáveis, sexo dos familiares, faixa etária, escolaridade, ocupação, renda salarial, religião, procedência, hospedagem no município, conhecimento do setor intensivo. Para análise dos dados utilizamos a estatística descritiva apresentando os achados em gráficos e tabelas, os quais foram organizados em números absolutos e percentuais. Verificou-se que 77% tratava-se de mulheres, com 41 a 50 anos, com ensino médio, em sua maioria Do Lar, com renda mensal de 2 salários mínimos, praticante de crença evangélica, residente no próprio estado e município, porém, 94% desconhecendo o ambiente intensivo. Esses achados nos fizeram crer que a evolução no processo de cuidado ao longo da história, por teorias e métodos inovadores, não alterou o predomínio da feminilidade do cuidado familiar ao doente hospitalizado, independente do grau de parentesco, sexo ou tempo de internação. A dedicação e responsabilidade do cuidado aos usuários da UTI também esteve relacionado com a maturidade e condição ocupacional do familiar. Talvez, a situação da mulher, entendida socialmente como um ser amoroso, de gestos sublimes, responsável pelo equilíbrio das relações afetivas justifique essa realidade. Palavras-chaves: Unidade de Terapia Intensiva, Gerenciamento, Família. Abstract The aim of this study was to understand the profile of family visitors in adult ICUs in southeastern Mato Grosso. We conducted a descriptive survey, using a quantitative approach, collecting data from the Visitors Book ICU, present at the reception of a public hospital in the municipality of Barra do Herons - MT. Data collection occurred during the period from December 2011 to March 2012. Data were collected and characterized according to the variables, sex of family, age, education, occupation, wage income, religion, origin, lodging in the city, industry knowledge intensive. Data analysis used descriptive statistics presented findings in graphs and tables, which were organized in absolute numbers and percentages. It was found that 77% of these were women, 41 to 50 years, with high school, mostly From Home, with monthly income of two minimum wages, practicing evangelical belief, residing within the state and municipality, however, 94% unaware of the intensive environment. The investigation of social and demographic characteristics of the family is important, because through it we can deduce the profile of the family, allowing proper way of understanding each family cope with the problems and to react to a hospitalization of your loved one Keywords: Intensive Care Unit, Management, Family. Introdução A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é um ambiente culturalmente carregado de significados míticos negativos relacionados à morte e/ou a incapacidades permanentes. Possuir um membro da família internado nessa unidade costuma ser diretamente relacionado à possibilidade real de perdê-lo, representando forte ameaça à integridade e à segurança do grupo familiar1. As UTI sempre foram percebidas pela população leiga e mesmo por alguns profissionais de saúde de outras especialidades como lugares de muito sofrimento, frios e pouco acolhedores. A filosofia da humanização das UTI representou um grande avanço para a mudança desta percepção. Entretanto, este processo de “humanização” ainda é bastante tímido, pois a estrutura física e organizacional da maioria das UTI ainda prioriza a conveniência dos profissionais de saúde, deixando as prioridades de pacientes e seus familiares em segundo plano. Poucas são as UTI que dispõem de boxes individualizados, locais reservados para a comunicação com familiares e políticas de flexibilização do acesso ou mesmo de acesso livre aos familiares de pacientes2. Compreendemos que a família, por si mesma, ao deparar-se com esse ambiente estranho e com o aparato tecnológico, não tem meios mais efetivos para convencer-se de que seu ente querido pode se recuperar. Assim, vai em busca daquele que, ao manipular, de certo modo, a vida de seu paciente, pode prestar-lhe esclarecimento: o profissional da saúde3. Nesta perspectiva, os profissionais devem se doar na busca da construção de vínculos fortes com o familiar, se comprometendo e se responsabilizando por ações que visam a melhoria do cuidado4. A melhor forma de estar trabalhando a família nos serviços de saúde, em especial na UTI, é a reformulação de estratégias de acolhimento e humanização, em que a equipe interdisciplinar por meio de atividades didáticas poderá contemplar as necessidades do cidadão, enquanto usuário do serviço5. Na hospitalização, como forma de apoio, preocupação e gesto de solidariedade, surge os momentos de visita. Muitas vezes, essas visitas pro familiar se torna momento de surpresa e tensão, por não estarem inseridos naquela realidade e não serem esclarecidos de tal6. Dessa forma, a comunicação torna-se ferramenta indispensável nesse trabalho, devendo ser feita de modo claro e com a utilização de termos que sejam compreensíveis pelos familiares, pois a utilização de expressões técnicas ou do uso do jargão médico pode impedir que o significado e a intenção de algumas assertivas não sejam assimilados adequadamente, o que pode gerar conflitos e sensações de “abandono” no cuidado do paciente e dos próprios familiares7,8. A visita é uma extensão do paciente e cuidar dele também requer cuidar das pessoas queridas. De várias formas os visitantes sofrem muito das mesmas crises que os pacientes hospitalizados na UTI, frequentemente mostram-se ansiosos, temerosos e sentem-se muito desamparados em suas capacidades de contribuir e ajudar ao paciente9. Os visitantes sofrem porque se separam do paciente, pela ansiedade em relação a doença e pelo que possa acontecer em virtude da pouca informação e contato (horário de visita limitado e pouca disponibilidade de conversar com a equipe que presta o atendimento)10. Entretanto conviver com os familiares parece tarefa difícil para alguns profissionais intensivistas e suas justificativas sempre baseiam-se na sobrecarga de trabalho e sua incessante continuidade, e o manuseio não autorizado de equipamentos, representando riscos aos clientes e posterior aumento da mão de obra profissional. Pensamos que o cuidar em terapia intensiva, sem dúvida, exige conhecimentos técnico-científicos que deem conta de responder às alterações hemodinâmicas do paciente crítico. Entretanto, tais conhecimentos, isoladamente, não são suficientes para apreender o ser humano, em suas múltiplas facetas de existir; ao mesmo tempo, não são suficientes para um lidar mais efetivo com a família3. Em virtude disso, a assistência de enfermagem deve atender às necessidades dos pacientes e familiares, ajudando-os a compreender, a aceitar e a enfrentar a doença, o tratamento e as consequências que essa nova situação impõe à vida familiar11. Situação, que merece maior atenção e esforço dos profissionais por refletir o nível de qualidade do cuidado realizado. E, a fim de facilitar a visão gerencial sobre esses indivíduos não profissionais que transitam no ambiente intensivo, e consequentemente melhorar a assistência ofertada a ambos usuários do serviço, seja enquanto cliente hospitalizado ou enquanto familiar visitante, pensou-se em desenvolver esse estudo, com o objetivo de conhecer o perfil de familiares visitantes numa UTI Adulto de um hospital no sudeste de Mato Grosso. De forma, a contribuir com a sistematização do processo de trabalho e adequar as normas e rotinas, conforme as especificidades12. Metodologia Trata-se de um estudo descritivo, com abordagem quantitativa. Nas pesquisas descritivas, o objetivo primordial é a descrição dos detalhes de determinada população ou fenômeno, ou o estabelecimento de relação entre variáveis. Os estudos que podem ser classificados sob este título possui características significativa, por utilizarem técnicas padronizadas de coleta dos dados13. A análise quantitativa se efetua com toda informação matemática resultante da investigação, que se apresentará como um conjunto de quadros, tabelas e medidas13. O estudo foi realizado em um hospital municipal no sudeste de Mato Grosso, denominado Hospital Municipal Dr. Kleide Coelho de Lima, popularmente conhecido como Pronto Socorro Municipal – PSM, na Unidade de Terapia Intensiva – UTI adulto. A equipe intensivista é composta por 25 profissionais, sendo 12 técnicos de enfermagem, 04 enfermeiros, 02 fisioterapeutas, 01 nutricionista e 07 médicos, que se rodiziam conforme plantão mensal estabelecido. Cada categoria profissional possui uma chefia interna, com exceção dos profissionais nutricionista e fisioterapeutas. Conforme Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde – CNES, a instituição foi cadastrada em 19 de novembro de 2001, se enquadrando como hospital geral, com esfera administrativa municipal. Encontra-se no nível de média e alta complexidade, tanto ambulatorial como hospitalar. Atendendo demanda espontânea e referenciada, com os seguintes atendimentos: ambulatorial, internação, serviço auxiliar de diagnóstico e terapia - SADT e urgência. Possui 104 profissionais ativos, entre a área administrativa e assistencial. Possui 59 leitos SUS, sendo 10 leitos de UTI adulto 14. Figura 1: Vista aérea por satélite do Hospital Municipal Dr. Kleide Coelho de Lima. (Fonte: Google Earth 2011) O hospital se localiza a dois quilômetros do centro da cidade, de fácil acesso e fluxo de automóveis controlado, em área próxima ao Parque Estadual da Serra Azul, com vegetação nativa nas redondezas e clima peculiar, diferenciando de outras regiões da cidade. Os usuários podem optar pelas seguintes vias de acesso até a unidade hospitalar: Opção A: Pela Rua Goiabeira, que liga os bairros Santo Antonio, Jardim Maria Lúcia (Dermat) e Mangueiras. Opção B: Pela Rua Cinco, que liga o Centro diretamente ao bairro Mangueiras, desviando do trânsito de caminhões e carretas que transitam até o Frigorífico próximo. Opção C: Pela Av. Marechal Rondon, que liga os bairros Recanto das Acácias, Morada do Sol, Ancheita, Jardim Amazônia II e dá acesso as cidades de Araguaiana – MT e Cocalinho – MT. Opção D (Principal): Pela Av. Ana Izabel B. Aguiar canalizando todo fluxo do Centro da cidade até o bairro Mangueiras onde se localiza o hospital. Figura 2: Vista aérea por satélite das vias de acesso ao Hospital Municipal Dr. Kleide Coelho de Lima. (Fonte: Google Earth 2011) Dentre os dez leitos disponíveis nessa UTI, um é do tipo isolamento. Nesse setor não é permitido acompanhantes. As visitas normais são realizadas em horário fixo, uma vez por dia, acompanhadas por profissional médico. Nessa unidade de terapia intensiva não existe visitas extraordinárias de familiares, apenas de prestadores de serviços. Abre-se exceção as visitas oficiais, representadas por órgãos públicos ou entidade civil que, no exercício de suas atividades, necessitam ter acesso às dependências do setor. Essa unidade é usada como suporte para outros clientes não adultos que necessitam do cuidado intensivo, como por exemplo, neonatos, crianças e adolescente, até serem regulados para outra instituição. Embora este público fora da faixa etária adulto não seja tão significativo no setor, como vemos nas estatísticas do próprio hospital em relatório mensal. Tabela 1: Faixa etária dos clientes internados na UTI adulto do Hospital Municipal Dr. Kleide Coelho de Lima. Julho de 2011. Barra do Garças- MT Idade Frequência Absoluta Frequência Relativa (%) < 5 anos 1 2,17 5 a 15 anos 3 6,52 16 a 20 anos 1 2,17 20 a 30 anos 2 4,34 30 a 40 anos 3 6,52 40 a 60 anos 12 26,09 60 a 80 anos 15 32,62 > 80 anos 9 19,57 Total 46 100,00 (Fonte: Serviço de estatística do Hospital Dr. Kleide Coelho de Lima 2011) Tabela 2: Faixa etária dos clientes internados na UTI adulto do Hospital Municipal Dr. Kleide Coelho de Lima. Agosto de 2011. Barra do Garças- MT Idade Frequência Absoluta Frequência Relativa (%) < 5 anos 0 0 5 a 15 anos 0 0 16 a 20 anos 1 3,33 20 a 30 anos 3 10 30 a 40 anos 2 6,67 40 a 50 anos 5 16,67 50 a 60 anos 6 20 60 a 70 anos 3 10 70 a 80 anos 7 23,33 > 80 anos 3 10 Total 30 100,00 (Fonte: Serviço de estatística do Hospital Dr. Kleide Coelho de Lima 2011) Tabela 3: Faixa etária dos clientes internados na UTI adulto do Hospital Municipal Dr. Kleide Coelho de Lima. Setembro de 2011. Barra do Garças- MT Idade Frequência Absoluta Frequência Relativa (%) < 5 anos 1 2,38 5 a 15 anos 0 0 16 a 20 anos 1 2,38 20 a 30 anos 3 7,14 30 a 40 anos 2 4,76 40 a 50 anos 8 19,05 50 a 60 anos 7 16,67 60 a 70 anos 8 19,05 70 a 80 anos 7 16,67 > 80 anos 5 11,90 Total 42 100,00 (Fonte: Serviço de estatística do Hospital Dr. Kleide Coelho de Lima 2011) Embora a demanda por outras faixas etárias não adulto seja humilde, não exclui a necessidade de ampliação do serviço intensivo, estruturando unidades neonatal e especializadas, a fim de qualificar a assistência ofertada ao cliente e família. Acompanhando as estatísticas mensais da unidade pesquisada verificou-se que, em relação a procedência dos clientes internados, em sua maioria, são do próprio município. Dando atenção aos municípios que fazem parte dessa regional de saúde, identificou que em todos os meses houve internações de clientes oriundos de outras regionais de saúde e outros estados. Tabela 4: Procedência de clientes internados na UTI adulto do Hospital Municipal Dr. Kleide Coelho de Lima. Julho de 2011. Barra do Garças- MT Cidade Barra do Garças Aragarças Nova Xavantina Água Boa Iporá Canarana Gaúcha do Norte Ribeirãozinho Campinápolis Novo São Joaquim Total Frequência Absoluta 25 10 4 1 1 1 1 1 1 1 46 Frequência Relativa (%) 54,34 21,76 8,71 2,17 2,17 2,17 2,17 2,17 2,17 2,17 100,00 (Fonte: Serviço de estatística do Hospital Dr. Kleide Coelho de Lima 2011) Tabela 5: Procedência de clientes internados na UTI adulto do Hospital Municipal Dr. Kleide Coelho de Lima. Agosto de 2011. Barra do Garças- MT Cidade Frequência Absoluta Frequência Relativa (%) Barra do Garças 16 53,33 Aragarças 4 13,34 Bom Jardim de 2 6,67 Goiás Novo São Joaquim 2 6,67 General Carneiro 1 3,33 Campinápolis 1 3,33 Araguaiana 2 6,67 Nova Xavantina 1 3,33 Canarana 1 3,33 Total 30 100,00 (Fonte: Serviço de estatística do Hospital Dr. Kleide Coelho de Lima 2011) Tabela 6: Procedência de clientes internados na UTI adulto do Hospital Municipal Dr. Kleide Coelho de Lima. Setembro de 2011. Barra do Garças- MT Cidade Frequência Absoluta Frequência Relativa (%) Barra do Garças 25 59,53 Aragarças 2 4,76 Bom Jardim de 2 4,76 Goiás Pontal do Araguaia 1 2,38 Nova Xavantina 5 11,91 Canarana 2 4,76 Araguaiana 1 2,38 Água Boa 1 2,38 Torixoréu 1 2,38 Querência 1 2,38 Poxoréu 1 2,38 Total 42 100,00 (Fonte: Serviço de estatística do Hospital Dr. Kleide Coelho de Lima 2011) A predominância do sexo masculino é identificado em todos os meses. Observa-se que o quantitativo do sexo feminino vem oscilando nesses períodos, mas mantêm o segundo lugar nas internações. Tabela 7: Sexo de clientes internados na UTI adulto do Hospital Municipal Dr. Kleide Coelho de Lima. Julho de 2011. Barra do Garças- MT Sexo Frequência Frequência Relativa (%) Absoluta Feminino 21 45,65 Masculino 25 54,35 Total 46 100,00 (Fonte: Serviço de estatística do Hospital Dr. Kleide Coelho de Lima 2011) Tabela 8: Sexo de clientes internados na UTI adulto do Hospital Municipal Dr. Kleide Coelho de Lima. Agosto de 2011. Barra do Garças- MT Sexo Frequência Frequência Relativa (%) Absoluta Feminino 8 26,67 Masculino 22 73,33 Total 30 100,00 (Fonte: Serviço de estatística do Hospital Dr. Kleide Coelho de Lima 2011) Tabela 9: Sexo de clientes internados na UTI adulto do Hospital Municipal Dr. Kleide Coelho de Lima. Setembro de 2011. Barra do Garças- MT Sexo Feminino Masculino Total Frequência Absoluta 19 23 42 Frequência Relativa (%) 45,24 54,76 100,00 A coleta dos dados ocorreu no período compreendido entre dezembro de 2011 e março de 2012, por meio do Livro de Visitantes - LV da UTI, presente na recepção do hospital pesquisado. A unidade hospitalar não possui impresso específico para o Controle de Acesso às Dependências do Hospital – CAH, restringindo a coleta dos dados apenas ao LV. O Livro de Visitantes é uma ferramenta gerencial voltada para o controle e organização do fluxo de pessoas no ambiente hospitalar. A entrega de crachás de visitantes e posterior liberação para entrada no setor, depende obrigatoriamente desse registro. Os profissionais que manuseiam e alimentam diariamente o Livro, são auxiliares administrativos e vigias. Ficando sob responsabilidade do profissional auxiliar administrativo a guarda e a preservação desse instrumento de trabalho no setor adequado. O pesquisador foi o único que realizou o processo de levantamento dos dados, todos os dias da semana ao longo dos meses pesquisados na própria recepção do hospital pesquisado. Nos finais de semana que eventualmente houvesse imprevistos relacionados a viagens ou indisponibilidades por mudanças na escala de trabalho do pesquisador, os dados foram colhidos no próximo dia da semana, sem interrupção da pesquisa. O livro de registro não foi retirado do setor administrativo durante a coleta dos dados, como forma de segurança e garantia para instituição. Para realização da pesquisa foi tomado todos os cuidados em relação aos procedimentos éticos e legais sob orientação da Lei Federal Nº. 9610 de 19 de Fevereiro de 1998 e da Resolução Nº. 196 de 10 de Outubro de 1996. Dessa forma ao utilizar os dados do setor de estatísticas da unidade hospitalar e de periódicos científicos, foi assegurado a citação da titulação original, das fontes informativas e o ano de publicação desses. Para o uso das dependências da instituição de saúde tal qual o manuseio do LV, fonte principal de levantamento de dados da pesquisa, foi formalizado documento junto à Secretaria Municipal de Saúde de Barra do Garças – MT, Setor de Responsabilidade Técnica e Direção Geral do Hospital Municipal Dr. Kleide Coelho de Lima, solicitando o desenvolvimento do estudo, e somente após recebimento de parecer favorável de ambos iniciou a coleta dos dados. Foi assegurado o sigilo e anonimato nos nomes dos familiares contidos no LV, fazendo uso apenas das iniciais, que serviram para identificar duplicidade de familiar pesquisado, sem que houvesse prejuízos e riscos à esses. Para análise dos dados utilizou-se a estatística descritiva apresentando os achados em gráficos e tabelas, os quais foram organizados em números absolutos e percentuais. Resultados Ao término da pesquisa, o pesquisador recolheu os formulários de coleta de dados preenchidos com as informações dos visitantes e reorganizou- os por mês, compreendendo os meses de dezembro/2011 a março de 2012, no intuito de facilitar a análise do dados. Analisando os dados, foi encontrado uma população de 123 visitantes durante os quatro meses de pesquisa. Ressaltamos que não foi incluso nesse quantitativo, aqueles visitantes que se apresentaram mais de uma vez para visitação, não havendo assim, a duplicidade de dados. Na construção da tabela com as ocupações dos visitantes, reuniu as situações/ocupações em comum em 9 grupos, com a intenção de melhorar a distribuição dos dados na tabela e dinamizar a interpretação desses. Gráfico 1: Sexo dos visitantes da UTI Adulto. Dezembro/2011 a Março de 2012. Barra do Garças – MT. No Gráfico 1, ao investigar o sexo dos visitantes, encontramos 77% (n=95) de mulheres e 23% (n=28) de homens. Mostrando a superioridade do sexo feminino nas visitas da referida UTI. 35 35 30 29 25 21 20 Mulheres 15 10 5 Homens 10 10 8 4 6 0 dez/11 jan/12 fev/12 mar/12 Gráfico 2: Distribuição dos sexos dos visitantes da UTI Adulto por mês pesquisado. Dezembro/2011 a Março de 2012. Barra do Garças – MT. No Gráfico 2, detalhando o sexo dos visitantes por mês, encontramos no mês de dezembro 72% (n=10) mulheres e 28% (n=4) homens. Em janeiro 68% (n=21) mulheres e 32% (n=10) homens. Em fevereiro 81% (n=35) mulheres e 19% (n=8) homens. Em março 83% (n=29) mulheres e 17% (n=6) homens. Observamos que o total de visitantes do sexo feminino quanto masculino oscilou nos meses pesquisados, porém as mulheres foram àquelas que mais visitaram o setor. Faixa etária dos visitantes < 5anos 1; 1% 5 a 15 anos 9; 7% 53; 43% 16 a 20 anos 32; 26% 21 a 30 anos 31 a 40 anos 28; 23% 41 a 50 anos 51 a 60 anos 61 a 70 anos 71 a 80 anos > 80 anos Gráfico 3: Faixa etária dos visitantes da UTI Adulto. Dezembro/2011 a Março de 2012. Barra do Garças – MT. No Gráfico 3, observa-se que a faixa etária de menores de 5 anos a 15 anos não teve participação. Os visitantes com maior representatividade situaram-se nas faixas etárias de 31 a 40 anos com 23% (n=28); os de 21 a 30 anos com 26% (n=32) e os com 41 a 50 anos em maior volume com 43% (n=53). Percebeu-se que com o avançar da idade dos visitantes, após os 50 anos se reduziu a zero a visitação, mostrando um comportamento inversamente proporcional a faixa etária dos internos do setor. Gráfico 4: Escolaridade dos visitantes da UTI Adulto. Dezembro/2011 a Março de 2012. Barra do Garças – MT. No Gráfico 4, apresenta-se a escolaridade dos visitantes, distribuídos em quatro níveis de estudo: não alfabetizado, ensino fundamental, ensino médio e ensino superior. Desses níveis, o ensino médio correspondeu 63% (n=78), seguido do ensino superior com 31% (N=38) e com pouca representatividade o ensino fundamental e os não alfabetizados com 4% (N=5) e 2% (N=2), respectivamente. Tabela 10 – Renda mensal e ocupação dos visitantes. Dezembro/2011 a Março de 2012. Barra do Garças – MT. Renda mensal < 1 salario mínimo 1 salario minimo 2 salários mínimos > 2 salários mínimos Total F - 07 24 06 37 % - 19 65 16 100 F - 03 03 - 06 % - 50 50 - 100 F - - - 08 08 % - - - 100 100 F - 11 - - 11 Tipos de ocupação Do lar Autônomo Serviços de Transportes Serviços gerais Aux. Adm. Costureira Servidor público Aposentado/ pensionista Desempregado _____________ Total % - 100 - - 100 F - 07 22 - 29 % - 24 76 - 100 F - 04 - - 04 % - 100 - - 100 F - - 07 05 12 % - - 58 42 100 F - 03 01 02 06 % - 50 17 33 100 F - 10 - - 10 % - 100 - - 100 F - 45 57 21 123 % - 37 46 17 100 Na Tabela 10, percebe-se que não houve nenhum visitante que possuísse renda mensal inferior a 1(um) salário mínimo, mesmo na situação de desemprego. Em relação aos visitantes com renda mensal de 1(um) salário mínimo verificamos 37% (n=45), seguidos em ordem crescente os visitantes com renda igual a 2(dois) salários mínimos correspondendo à 46% (n=57). Os visitantes com rendimentos superior à 2(dois) salários mínimos constituiu 17% (n=21), concentrando-se principalmente nas profissões ligadas aos serviços de transportes e funcionalismo público. Dentre as ocupações citadas pelos visitantes, Dona de Casa ou simplesmente Do lar ocupou o primeiro lugar com 30% (n=37), acompanhado por Auxiliar Administrativo com 23% (n=29), sendo proporcional também à renda mensal. Religião dos visitantes 9; 7% 1; 1% 15; 12% 53; 43% Evangélica Católica Espírita 45; 37% Orientais Sem religião Gráfico 5: Religião dos visitantes da UTI Adulto. Dezembro/2011 a Março de 2012. Barra do Garças – MT. No Gráfico 5, quanto às práticas religiosas/espirituais dos visitantes, verificou-se que 43% (n=53) se tratava do segmento evangélico, 37% (n=45) representava a comunidade católica, 12% (n=15) se declararam espíritas, 7% (n=9) de movimentos orientais e 1% (n=1) sem religião. Conhecimento do setor intensivo 7; 6% Não 116; 94% Sim Gráfico 6: Conhecimento do setor intensivo pelos visitantes da UTI Adulto. Dezembro/2011 a Março de 2012. Barra do Garças – MT. No Gráfico 6, sobre o conhecimento do setor intensivo, foi encontrado 94% (n=116) dos visitantes afirmando ser a primeira visita nesse tipo de ambiente. Os demais 6% (n=7) já possuíam vivência anterior em UTI. Gráfico 7: Sexo de visitantes que já conheciam uma UTI Adulto. Dezembro/2011 a Março de 2012. Barra do Garças – MT. No Gráfico 7, verificou-se que dos 94% dos visitantes que não conheciam uma UTI, 73% (n=90) são do sexo feminino e 21% (n=26) do sexo masculino. Enquanto dos 6% que já conheciam, 4% (n=5) são sexo feminino e (n=2) sexo masculino. Gráfico 8: Procedência (estado) dos visitantes e serviço de hospedagem que utilizaram durante o tempo de internação. Dezembro/2011 a Março de 2012. Barra do Garças – MT. No Gráfico 8, foi identificado 76% (n=93) dos visitantes como sendo do estado de Mato Grosso; 17% (n=21) de Goiás; 1% do Distrito Federal; 2% de Tocantins; 2% do Pará; 1% (n=1) de Mato Grosso do Sul; 2% (n=2) de Minas Gerais; 1% (n=1) de Rondônia. Sobre o serviço de hospedagem utilizados pelos visitantes, 82% (n=101) por serem do próprio município ou de município vizinho, informaram utilizarem sua própria casa; 15% (n=18) usam as acomodações das casas de familiares/amigos; 2% (n=4) optam por serviços de hospedagem particular, hotel/pousadas. Discussão A assistência ao paciente e familiar é considerada um aspecto fundamental, pois quando um membro da família é hospitalizado, o equilíbrio e os papéis ocupados pelos familiares são afetados15. Ocorre então, novas designações e adoção de outras responsabilidades. A investigação das características sociais e demográficas dos familiares é importante, porque através dela pode-se deduzir a identidade dos familiares, permitindo entender o modo próprio de cada família enfrentar os problemas, bem como de reagir diante de um processo de hospitalização15. No estudo identificou-se que 77% dos visitantes tratava-se de indivíduos do sexo feminino, reafirmando resultados de outros estudos, no qual demonstraram as mulheres como as maiores visitantes de familiares no ambiente intensivo11,16,17,18,19. A mulher é a principal cuidadora quando um membro da família adoece; essa ação de cuidar assumido principalmente no âmbito domiciliar, estende-se ao espaço hospitalar por meio de visitas ou permanência contínua18. A mulher acaba assumindo o compromisso com a saúde de sua família, principalmente em determinadas situações, por exemplo, quando mãe levando seus filhos para consultas, quando esposa cuidando do tratamento e possíveis internações de seu marido, quando filha auxiliando para levar conforto pros pais doentes ou internados20. Questões culturais justificam esses achados, como apresentado por Pavarini21 que argumenta que as visitas realizadas por homens são afetivamente menos intensa do que aquelas realizadas por mulheres mesmo na presença de pai ou mãe hospitalizados. E, que normalmente à escolha por pessoas do sexo masculino só recairá, quando o cuidado a ser prestado estiver relacionado às Atividades Instrumentais da Vida Diária, principalmente, atividades relacionadas às negociações, finanças e transportes. Quanto ao fator faixa etária verificou-se que 43% dos visitantes possuíam de 41 a 50 anos, assim como levantado em outras pesquisas nacionais e internacionais. Por exemplo, na pesquisa de Teixeira19 junto a 90 familiares, encontraram uma média de idade de 47 anos. Neves 17 com 53 familiares revelou uma média de 44 anos. Lucchese16 trabalhando com 47 familiares constituíram uma média de 45 anos. Beuter18 investigando 23 familiares obteve uma média de idade de 42 anos. No estudo de Gomes15 com 14 familiares identificou indivíduos com média de idade de 46 anos. No entanto, ao contrário de visitantes/acompanhantes de outros setores hospitalares, como em clínicas pediátricas, onde a média de idade concentra-se entre 24 e 35 anos22,23. Entre os quatro níveis de escolaridade levantados na pesquisa, 63% encontravam-se no ensino médio, assim como demonstrado em outras pesquisas15,16,24. Diferenciando do estudo desenvolvido em Salvador - BA, no qual apresentou 58,5% dos visitantes, como graduados ou cursando o ensino superior17; e do estudo realizado num hospital público na região sul do país, que mostrou 82,6% de familiares com ensino fundamental incompleto18. Nos demais níveis de escolaridade observados nessa pesquisa, houve a similaridade de achados em investigações com mesmo cunho científico15,16,24. A família vivencia o processo de hospitalização de seu ente querido de acordo com a classe social a qual está inserida, com seu nível de intelectualidade e seu meio cultural15. Podendo, o nível de escolaridade influenciar nos comportamentos durante a visitação, no entendimento das orientações que antecedem a entrada do visitante e na resposta a assistência oferecida nesse momento de contato familiar-paciente. Sobre a ocupação dos visitantes, 30% foram donas de casa, levando ao entendimento que essa função é dominante, como revelado em pesquisas15. Em relação a renda mensal, 37% relataram ter rendimentos de 1(um) salário mínimo e 46% de 2 salários mínimos. Esses resultados difere de outros dois documentos científicos, onde predomina 1(um) salário mínimo entre os visitantes entrevistados15.18. Os modos de ser da família relacionam-se com o seu nível socioeconômico, como por exemplo, na fala de um enfermeiro que atua numa instituição pública, atendendo pacientes de “classe média e média baixa”, nas suas palavras, refere que a maioria dos clientes expressam pouco ou quase nenhum interesse por seu familiar internado (muitos são andarilhos, alcoólatras, drogados ou problemas psiquiátricos) demonstrando frieza e desatenção no momento da visita3. Em relação aos profissionais, os usuários de ala particular, manifestam-se de maneira mais agressiva, apesar de visivelmente terem padrão sociocultural melhor. Já os da ala pública, em sua maioria, reagem com mais segurança, confiança e menos hostilidade, aparentando até mesmo eterno agradecimento3. Acredita-se que, sem dúvida, no contexto de saúde atual, exigir direitos é ainda restrito a pessoas socialmente privilegiadas. Aos pobres parece ainda prevalecer a idéia de que já ter acesso ao serviço é uma grande dádiva que não deve ser desprezada3. Tobias25 enfoca a importância do atendimento indiscriminado à família enquanto aspecto que pode contribuir para a humanização da assistência em terapia intensiva. No estudo, verificamos que 99% dos visitantes possuíam alguma crença, não necessariamente uma religião, mas uma prática e fé espiritual, refletindo de alguma forma na maneira de interagir-se no ambiente intensivo e diante das repercussões no estado de saúde seu ente querido. Sabe-se que as situações que antecedem e envolvem os processos de morte e morrer estão entre aquelas em que a espiritualidade e a necessidade de conforto espiritual são mais evidentes2. Embora estejam relacionadas, espiritualidade e religião não são equivalentes. A espiritualidade é uma característica humana que, dentre outros aspectos, possibilita ao indivíduo encontrar significado e propósito para a sua vida26. Existem evidências frequentes e crescentes de que a espiritualidade está ligada com a saúde das pessoas. Num estudo de revisão foi mostrado uma associação positiva de 50% dos casos e negativa em 25% deles. Nessa revisão, a espiritualidade foi considerada como um fator protetor para o suicídio, abuso de drogas e álcool, comportamento delinquente, satisfação marital, sofrimento psicológico e alguns diagnósticos de psicose funcionais27. Outras pesquisas, revelaram que na relação entre espiritualidade e tempo de internação, os pacientes e familiares religiosos permaneceram menos tempo internados, em relação aos não religiosos28,29. A compreensão do aspecto religioso na UTI pode melhorar a comunicação e o relacionamento dos profissionais com os pacientes e seus familiares, já que esses indivíduos tratam a religiosidade como sendo seu ambiente seguro, de esperança, saúde e prosperidade 30. Em estudo realizado por WAll31, com familiares de pacientes em situação de terminalidade na UTI, o grau de satisfação com o cuidado geral dos pacientes foram altamente correlacionados à satisfação com o cuidado espiritual. Dentre os aspectos avaliados, a disponibilidade ou a presença de um religioso (do hospital ou trazido pelo familiar) durante a visita na UTI foi o principal fator apontado. A visão de muitos intensivistas de que os cuidados médico e espiritual não sejam complementares é no mínimo insensível nas situações de terminalidade. Citando Robert Nelson: “A nossa (dos intensivistas) habilidade de atender as necessidades espirituais e religiosas na UTI não significa a fusão das funções de um representante religioso com as de um médico. Na verdade, ela requer uma capacidade de reflexão e atenção dos nossos próprios valores, sentimentos e crenças sobre como nós nos esforçamos para encontrar algum significado para o sofrimento que presenciamos”32. A Afiliação religiosa pode apoiar o desenvolvimento de diretrizes para condução de práticas e cuidados intensivos. E, a adesão dos visitantes à essas práticas pode ser embalada principalmente se os profissionais compartilharem das mesmas crenças e participarem das mesmas redes sociais30. O achado de 94% dos visitantes que ainda não conheciam uma UTI, reforçou a necessidade da equipe em realizar atividades educativas junto a esses, de forma a orientá-los, propondo uma prévia socialização, momento para ampliar seus conhecimentos sobre esse setor e amenizar possíveis tensões sobre o novo. Sobre a procedência dos visitantes, verificou-se que 76% eram de cidades do próprio estado e 18% do estado de Goiás. Esse índice considerável de público goiano deve-se a posição geográfica no qual a cidade de Barra do Garças - MT se encontra. O município é fronteira com o estado de Goiás, tendo como divisor apenas a ligação de duas pontes, o que favorece o acesso facilitado dessa clientela a instituição de saúde, mesmo sabendo que a referência desses clientes é Goiânia – Capital de Goiás-GO. Acredita-se que foi encontrado 82% de visitantes utilizando a hospedagem de suas casas próprias por serem do próprio município ou de municípios vizinhos. Mesmo o município não dispondo de casas de apoio ou albergues para acolher visitantes de outras regiões, a demanda de visitantes de fora da cidade foi pequena não comprometendo a permanência destes durante o período de internação de seu ente querido. Uma das alternativas para evitar o desgaste do deslocamento e o investimento financeiro em hospedagem comercial dos visitantes seria a redefinição da cultura organizacional do hospital, em especial da UTI. Estabelecendo medidas para a permanência de acompanhantes no setor, como já vem sendo estudado por várias unidades intensivas do país 33,34,35. Os parentes sentem falta de um espaço adequado para socializarem e descansarem, mais atualmente as UTI carencem dessas vantagens estruturais. Há necessidade de dispertar os gestores para investimento maior no serviço de hotelaria hospitalar para beneficiar e promover o conforto desses familiares, já que esse aspecto é tratado com pouco interesse por muitos19. A hotelaria hospitalar não fazia parte do contexto dos hospitais brasileiros até pouco tempo atrás. Anteriormente, se o profissional médico fosse competente e o hospital aparentemente limpo, nada mais importava para o paciente e seu familiar. Agora, eles vão à procura de solução para seus problemas e sentem-se com direito de ser bem atendidos. É um cliente que vai comprar um produto, que é o tratamento e a assistência que o hospital oferece36. A partir desse momento, o hospital começa a perceber que precisa corresponder não só às necessidades do cliente, mas também às expectativas dos familiares. Para que seus medos sejam minimizados e proporcione ao invés do ambiente frio e impessoal, um ambiente agradável e humanizado, causando-lhe menos estresse36. Com o objetivo principal, de aproximar a hospitalidade de sua casa às dependências desse local. Conclusão Os familiares por mais que se mostrem, figuras isoladas ou pouco envolvidas nas rotinas hospitalares, são pivôs de qualquer tratamento estabelecido para seus semelhantes. Na internação hospitalar, a saúde do doente tem repercussões na vida de seu familiar, de tal maneira que a assistência oferecida ao doente deve estar de acordo com o esperado por esse familiar para satisfazer sua educação emocional - departamento psíquico ativado nesses momentos. Sendo assim, tratar nosso cliente principal é incluir sua família também, tratando-a honestamente e dignamente, para que nossas ações enquanto profissionais cuidadores desfaça o rótulo de passividade comum de muitos acompanhantes e visitantes. A UTI por ser, por definição um ambiente para tratamento intensivo, com fluxo restrito e controlado de pessoas, utiliza superficialmente as potencialidades dos familiares a favor de seus clientes, às vezes por não reconhecerem a família como instrumento terapêutico do tratamento intensivo. Com isso, negligenciando a saúde da família, que de igual maneira, precisa de cuidados especiais, de cuidados intensivos. O estudo sobre esses familiares da UTI, revelou algumas peculiaridades, possibilitando após análise, traçar um perfil, composto em sua maioria por indivíduos do sexo feminino, no término da idade reprodutiva entre 41 e 50 anos, com ensino médio, do lar, com renda mensal de 2 salários mínimos, com religião evangélica, residente no próprio município e estado, visitando uma UTI pela primeira vez. Esses achados nos fizeram crer que a evolução no processo de cuidado ao longo da história, por teorias e métodos inovadores, não alterou o predomínio da feminilidade do cuidado familiar ao doente hospitalizado, independente do grau de parentesco, sexo ou tempo de internação. A dedicação e responsabilidade do cuidado aos usuários da UTI também esteve no estudo, relacionado com a maturidade e condição ocupacional do familiar. Talvez, a situação da mulher, entendida socialmente como um ser amoroso, de gestos sublimes, responsável pelo zelo habitacional e pelo equilíbrio das relações afetivas justifique essa realidade. Ao término do estudo verificou-se que algumas variáveis importantes deixaram de ser analisadas por não constarem no livro de visitantes, fonte principal de dados da pesquisa. Sugerindo assim, pesquisas futuras incluindo além de investigação documental, a entrevista, para averiguação e levantamento de características que emirja os custos sociais e emocionais desses visitantes. Referências 1. Oliveira LMAC, Munari DB, Medeiros M, Brasil VV. Análise da produção científica brasileira sobre intervenções de enfermagem com a família de pacientes. Acta Sci. Health Sci. Maringá. 2005;27(2):93-102. 2. Soares M. Cuidando da família de pacientes em situação de terminalidade internados na Unidade de Terapia Intensiva. Revista Brasileira de Terapia Intensiva. 2007, 19(4):481-484. 3. 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