Miliane de Lemos Vieira

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
Comportamentos Mediacionais e a Formação Básica do Professor
orientadora:
- Maria Virginia Machado Dazzani
Salvador -2012
Miliane de Lemos Vieira
Comportamentos Mediacionais e a Formação Básica do Professor.
Anteprojeto de mestrado, em desenvolvimento,
dentro da linha de pesquisa
“Filosofia e Práxis Pedagógica”.
Orientadora:
- Maria Virginia Machado Dazzani
Salvador, março de 2012
SUMÁRIO
1 – INTRODUÇÃO------------------------------------------------------------------ 4
2– PERGUNTA INVESTIGATIVA E HIPÓTESES--------------------------11
3 – OBJETIVOS-----------------------------------------------------------------------12
4 – METODOLOGIA-----------------------------------------------------------------12
5 - REFERÊNCIAS -------------------------------------------------------------------13
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1 – Introdução
Discutir sobre comportamentos mediacionais e Formação do Professor
enquanto aprendiz torna-se extremamente importante na esfera educacional, não apenas pela
abrangência a que o tema se propõe e pelos poucos estudos vinculados ao tema, mas por
destacar a importância do reconhecimento do professor como sujeito histórico/social marcado
muitas vezes por sua história de vida que se faz presente, muitas vezes, inconscientemente,
em sua prática educativa. É importante destacar a possibilidade da investigação do professor
como objeto de estudo e agente educacional, e a criança como ser de direito cujo processo
educacional deve ser o mais consciente possível, primando pela qualidade da sua
formação/vivência educacional, e portanto, aprendizagem. Para tanto, estabelecer um elo
positivo do espaço educativo como um lugar afetivo, criativo, lúdico e propício a
aprendizagens significativas poderá favorecer a aprendizagem de crianças no processo
educacional como um todo, apesar de nessa pesquisa o ambiente ser de crianças em processo
de alfabetização da língua portuguesa e matemática. Desta maneira, a necessidade de
aproximação da pedagogia com a psicologia é imprescindível, visto que a aprendizagem só se
torna verdadeiramente significativa quando a emoção faz parte do processo, bem como a
compreensão de que a vivência educacional não é unilateral; educador e educando se afetam
na busca do conhecimento, seus corpos reagem aos estímulos e se manifestam de forma
favorável e desfavorável à descoberta que nasce à luz do saber, por isso cabe ressaltar uma
compreensão mais abrangente do processo formativo.
A Formação do sujeito é muito mais ampla do que o período compreendido
dentro de classes escolares; seja educação infantil, ensino fundamental, médio ou
universitário. O estágio escolar é apenas um fragmento desse percurso; a formação como um
todo é dada por todas as vivências e agentes interpessoais que se relacionam com o indivíduo
dialogicamente, seja em seu contexto familiar, social, ou mesmo, antes do seu nascimento.
O componente essencial desse processo estruturante é a linguagem, não
apenas a falada, mas, sobretudo, a corporal, pois permeia a relação do ser humano com o seu
meio circundante em todos os instantes. A linguagem falada é apenas um pequeno recorte do
que é sentido e vivido pela via corporal, mas muito mais limitada, pois o mundo das
percepções, sentimentos e sensações não pode ser fragmentado, nem tampouco estancado
como o mundo das idéias o é; entretanto, a educação ainda supervaloriza os ideais
conteudistas e iluministas, o que é extremamente limitante, principalmente, se a análise for
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feita com crianças pequenas.
O lugar da Instituição Educativa e do Professor como vinculação da criança
A escola é, quase sempre, a segunda instituição social onde a criança
ingressa estabelecendo laços; contudo, antes de estabelecer uma relação social mais
abrangente, a criança que está adentrando esse território, precisa vincular-se primeiramente
com o adulto que estará estabelecendo um vínculo mais estreito com ela, nesse caso, o
professor. Essa relação, se bem construído, poderá proporcionar uma maior adaptação à
escola, seu grupo escolar e ao processo de aprendizagem.
O brinquedo também assume um papel fundamental nessa fase de
adaptação, pois é a principal forma de representar da criança; por meio do brinquedo e do
brincar, a criança estabelece contato com o mundo, formula hipóteses, amplia as dimensões
do seu corpo.
Tantos objetos estruturados quanto não estruturados entram nessa via
imaginária da criança, atuando como mediador de aprendizagem e relação consigo e com o
mundo.Winnicot (apud Bleichmar e Bleichmar, 1992) define objeto transicional como algo
que por não estar nem dentro, nem fora da criança, fica em zona intermediária; ou seja, a
criança sente como parte de si mesmo, daí a criança começa a marcar seus próprios limites
mentais em relação ao externo e ao interno, exercitando-se na relação com objetos, até chegar
ao professor como agente relacional do processo, e ao grupo.
Tanto quanto qualquer sujeito, o professor também possui os seus registros
inconscientes. Além da questão estrutural dos primeiros agentes familiares, soma-se uma
herança histórica cartesiana de separação do corpo e da mente.
Os professores ainda
segmentam essas duas esferas, distanciando-se muitas vezes de sua sensorialidade e, portanto,
de sua via de aprendizagem mais espontânea.
Ainda hoje, muitos professores distanciam-se do afeto e de sua
possibilidade de interação com os alunos, percebendo a aprendizagem dentro de uma
construção tradicional de educação que a vislumbra a um sistema de leitura e escrita, cadeiras
e livros. Uma possível explicação para esse fato pode estar em uma construção histórica de
segregação corpo/mente que impacta na formação do professor.
Formação – conceitos; formação básica
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História da Escolarização:
Na História do pensamento ocidental vários filósofos buscaram investigar
a questão do conhecimento. Eles perceberam que antes de buscar compreender as coisas, era
necessário questionar sobre a própria capacidade do conhecimento; em outras palavras, eles
sentiram a necessidade de entender primeiro a sua própria capacidade de entender.
De acordo com a resposta dada a esse problema, pode-se destacar o racionalismo com uma
importante doutrina filosófica que influenciou e influencia o sistema educacional. O
racionalismo como forma de compreender o mundo ganhou força no renascimento, onde os
intelectuais burgueses buscaram se inspirar na visão de mundo grego-romana. Um dos seus
objetivos era questionar as crenças religiosas medievais da época difundidas pela Igreja
Católica. Com a revolução cientifica do século XVII, onde os principais expoentes foram
René Descartes, Jonh Locke e Isaack Newton, novas descobertas cientificas foram realizadas,
e a razão consolidou-se como principal instrumento de compreensão do mundo. No Séc XVIII
os pensadores burgueses inspirados com o desenvolvimento da ciência, organizaram um
movimento que ficou conhecido como Ilustração ou Iluminismo, no qual eles passaram a
defender e divulgar os valores do racionalismo, além da concepção deista, que significa
acreditar em um Deus sem que este esteja atrelado alguma instituição religiosa. Naquele
contexto histórico o racionalismo foi muito importante, pois, possibilitou o desenvolvimento
da tecnologia e da ciência e a superação dos limites do Antigo Regime. Contudo, ele
contribuiu para a formação de uma visão de mundo reducionista e fragmentada. Essa visão de
mundo levou o homem à destruição dos recursos naturais, ao etnocentrismo, ao
individualismo, a um saber excessivamente disciplinado dissociado da arte, da ética e da
filosofia, a divisão do corpo e da mente e conseqüentemente, a divisão “conhecimento x
movimento”, que vem promovendo em nossos sistemas de ensino um verdadeiro apartheid
neuronal. Na contemporaneidade as nossas práticas de ensino, avaliação e gestão escolar,
bem como as nossas noções sobre o corpo, a mente e o conhecimento ainda são muito
influenciados pelo racionalismo. Por conseguinte, cabe uma quebra dessas visões separatistas
e uma busca e promoção da concepção integral do ser humano que visa superar dicotomias
desse Paradigma, possibilitando a construção de uma educação que desenvolva todos os
níveis de consciência.
É certamente a época das luzes que, pela preponderância da razão pura, vai
subordinar a sensibilidade (corpo, imagem e símbolo) à compreensão. Em
seguida, o século XIX só prosseguirá essa via, reduzindo o conhecimento
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aos critérios da ciência, tal como é elaborada pelos positivistas: só é real o
que é racional, todo o resto não passa de baboseiras perigosas das quais
convém se livrar, ou pelo menos relegar às esferas particulares da existência
(poesia, infância, jogo, divertimentos), que não devem presta-se a
conseqüências. O Esquema é bem pouco cavalheiresco, mas a caricatura
pode permitir compreender como as formas sensíveis da existência acabam
por escapar totalmente à ordem do pensamento (MAFESSOLI, 1944, p.70).
O objetivo proposto nesse tópico, não é promover uma discussão
aprofundada acerca da teoria do conhecimento, mas demonstrar como a teoria racionalista
acabou influenciando as práticas educacionais vigentes, fazendo com que elas priorizassem
determinados tipos de conhecimentos em detrimento de outros, além de contribuírem para a
construção de uma concepção reducionista acerca do conhecimento, onde este é concebido
sem uma relação sistêmica com os múltiplos movimentos da vida, que revelam toda a
dinâmica e harmonia do ambiente e o conjunto de relações complexas deste com o ser
aprendente.
Lacunas educacionais
No mundo antigo a criança recebia aulas de um pedagogo em sua residência,
sendo assim, entrava em contato com a educação em seu sentido mais amplo, voltada para o
ensinamento de valores e condutas sociais básicas. Essa mesma criança frequentava a escola
para aprender habilidades instrumentais básicas, a saber: ler, escrever e calcular. Portanto, o
ensino foi dividido em educação e instrução. Com o movimento da ilustração ou iluminismo,
a escola passou a exercer mais a função de instrução do que educação e no decorrer do século
XIX e XX, o ensino já passava a ser obrigatório na maioria dos países. Dessa forma, a escola
passou a receber mais estudantes, todavia, ela, de um modo geral, não estava preparada para
essas transformações.
Historicamente elitista, a instituição escolar não poderia transformar-se
rapidamente, e sem a devida preparação, numa escola democrática. Por conseguinte, a evasão
escolar foi conseqüência natural, oriunda, possivelmente de dificuldades de aprendizagem,
formato inadequado, excesso de normas e outras lacunas educacionais relacionadas à
expansão do ensino.
Ainda
hoje
o
sistema
educacional
vigente
no
Brasil
estabelece
metas/parâmetros do que deve ser aprendido pelos alunos em diversas etapas do seu
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desenvolvimento. Além de uma atitude paternal e universalizadora (de estabelecer a educação
da estrutura vigente considerada correta para que esta chegue até os alunos), as escolas ainda
sofrem um enquadre ou estrutura totalmente convencional, com quadros/lousa, cadeiras,
pranchetas e livros...
Ainda que possam haver momentos estruturais nesse formato e, longe de
desconsiderar o papel dos livros e de recursos modernos como data shows e outros, cabe aos
poderes públicos e esferas formativas, junto com os educadores, uma atitude investigativa, de
contextos, subjetividades e escuta sensível às diferenças.
As escolas e instituições de ensino, em sua grande maioria, permanecem
fundamentadas na norma, sem uma compreensão ampliada para as diferenças existentes em
cada ser.
Os temas transversais em educação foram um avanço, entretanto, os métodos
utilizados e o lugar que esses tem no currículo ainda são pouco relevantes e permanecem
fragmentados para o aluno caso não seja feita uma articulação dentre as diferentes formas de
conhecimento como ética, meio ambiente, sexualidade que não estão ,de forma alguma
desconectados das outras matérias exigidas nos componentes curriculares das instituições
educacionais.
A cisão entre corpo x mente
O racionalismo como forma de compreender o mundo ganhou força no
renascimento, onde os intelectuais burgueses buscaram se inspirar na visão de mundo gregoromana. Um dos seus objetivos era questionar as crenças religiosas medievais da época
difundidas pela Igreja Católica. Com a revolução cientifica do século XVII, onde os principais
expoentes foram René Descartes, Jonh Locke e Isaack Newton, novas descobertas cientificas
foram realizadas, e a razão consolidou-se como principal instrumento de compreensão do
mundo.
No Séc XVIII o iluminismo surgiu por um grupo de pensadores burgueses que
passou a defender e divulgar os valores do racionalismo, calcados na visão científica e
tecnológica. Nesse momento, a razão pura assume uma supremacia sobre o corpo, a arte e
sensibilidades.
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No mundo antigo a criança recebia aulas de um pedagogo em sua residência,
sendo assim, entrava em contato com a educação em seu sentido mais amplo, voltada para o
ensinamento de valores e condutas sociais básicas. Essa mesma criança frequentava a escola
para aprender habilidades instrumentais básicas, a saber: ler, escrever e calcular. Portanto, o
ensino foi dividido em educação e instrução. Com o movimento da ilustração ou iluminismo,
a escola passou a exercer mais a função de instrução do que educação e no decorrer do século
XIX e XX, o ensino já passava a ser obrigatório na maioria dos países. Dessa forma, a escola
passou a receber mais estudantes, todavia, ela, de um modo geral, não estava preparada para
essas transformações.
A Educação, como um todo, não pode desta forma, colocar-se distante de
uma das faces do processo educativo, o educando, nem tampouco o professor pode perceberse como distante desse processo, como ente não investigável. O conceito é dialógico, pois a
aprendizagem acontece entre todas as esferas, o professor é agente participativo no processo,
ele ensina e aprende constantemente, não há fragmentação; a criança também aprende e
ensina ao professor; entretanto, o agente da relação é o professor, por ter um conhecimento
prévio, planejamento e objetivos educacionais definidos, mas nem por isso ele pode ser visto
como alguém inatingível, distanciado e neutro.
Cabe ao professor, portanto, uma consciência da sua história educacional em
consonância com a necessidade da criança, para que essa vinculação seja positiva do ponto
de vista afetivo/educacional. Por isso cabe uma investigação de como esses comportamnetos
mediacionais acontecem em sala de aula e como interferirá na aprendizagem e
desenvolvimento educacional da criança.
Conceito de mediação:
Martins, J(apud, Luaiza,2009) aponta para uma série de características que
definem o campo educativo, evidenciando a educação enquanto atividade(ação), sendo
necessário uma atitude de planejamento frente ao processo objetivado.
É extremamente relevante a percepção mais ampla da atividade processual
do educar, aí está sua seiva. Não se pode falar em educação retirando dela sua prática, nem
tampouco os atores inseridos no processo, como os inúmeros elementos que a compõem.
Educação é, portanto, movimento e conhecimento, transformação e vida.
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“ Se para a velha psicologia toda a questão das relações interfuncionais era
um campo inteiramente inacessível à pesquisa, hoje ele está aberto aos
pesquisadores que desejem aplicar o método da unidade e substituir por ele o
método dos elementos. Quando falamos da relação do pensamento e da
linguagem com os outros aspectos da vida da consciência, a primeira questão
a surgir é a relação entre o intelecto e o afeto. Como se sabe, a separação
entre a parte intelectual da nossa consciência e a sua parte afetiva e volitiva
é um dos defeitos radicais de toda a psicologia tradicional. Neste caso, o
pensamento se transforma inevitavelmente em uma corrente autônoma de
pensamentos que pensam a si mesmos, dissocia-se de toda a plenitude da
vida dinâmica, das motivações vivas, dos interesses, dos envolvimentos do
homem pensante e, assim se torna ou um epifenômeno totalmente inútil, que
nada pode modificar na vida e no comportamento do homem, ou uma força
antiga original e autônoma que, ao interferir na vida da consciência e na vida
do indivíduo, acaba por influenciá-las de modo incompreensível. Quem
separou desde o início pensamento do afeto fechou definitivamente para si
mesmo o caminho para a explicação das causas do próprio pensamento,
porque a análise determinista do pensamento pressupõe necessariamente a
revelação dos motivos, necessidades, interesses, motivações e tendências
motrizes do pensamento, que lhe orientam o movimento nesse ou naquele
aspecto. De igual maneira, quem separou o pensamento do afeto inviabilizou
de antemão o estudo da influência reflexa do pensamento sobre a parte
afetiva e volitiva da vida psíquica, uma vez que o exame determinista da
vida do psiquismo exclui, como atribuição do pensamento, a força mágica de
determinar o comportamento do homem através do seu próprio sistema,
assim como a transformação do pensamento em apêndice dispensável do
comportamento, em sua sombra impotente e inútil. A análise que decompõe
a totalidade complexa em unidades reencaminha a solução desse problema
vitalmente importante para todas as teorias aqui examinadas. Ela mostra que
existe um sistema semântico dinâmico que representa a unidade dos
processos afetivos e intelectuais, que em toda idéia existe, em forma
elaborada, uma relação afetiva do homem com a realidade representada
nessa idéia. Ela permite revelar o movimento direto que vai da necessidade e
das motivações do homem a um determinado sentido do seu pensamento, e o
movimento inverso da dinâmica do pensamento à dinâmica do
comportamento e à atividade concreta do indivíduo. O método que
aplicamos permite não só revelar a unidade interna do pensamento e da
linguagem como ainda estudar, de modo frutífero, a relação do pensamento
verbalizado com toda a vida da consciência em sua totalidade e com as suas
funções particulares.”(VIGOSTKI, 2011, p.15 a 17)
Zoia e Vigotski- Tradução e conceito
Alguns esquemas conceituais ilustrativos são trazidos por Andrew Pollard(1994), in Vygostky
em foco: pressupostos e desdobramentos:
1) Quando o autor conceitua sobre o desenvolvimento da identidade e expõe do controle
social como essencial para a formação desses conceitos:
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Self
___________
Outros
Controle de
Aprendizagem
Esse esquema vem mostrar o principal enfoque interacionista simbólico,
onde a relação entre o self e os outros conduz ao controle da aprendizagem.
2)
Crianças
Experiência
Atividade Negociada
Adultos
Experiência
Fazer Sentido
ZDP
(ZDI,correçãoZoia,2010)
Agente Reflexivo
Avaliação Negociada
Esse esquema mostra o modelo social construtivista do processo
ensino/aprendizagem. Nesse modelo, as atividades são mediadas pelo adulto que possibilitará
a experiência e provocará/intencionalizará por meio da mediação e do conhecimento do
processo de aprendizagem do aprendente, a reflexão. Isso possibilitará a reestruturação do
pensamento do aprendiz no decorrer de outra experiência próxima. Nesse modelo, percebe-se
a importância do adulto/professor como mediador de aprendizagem.
3)
Self
---------------------Outros
Identidade e
Postura de
Aprendizagem
Controle da
Aprendizagem
Resultados de
Aprendizagem
O modelo de apendizagem e identidade representado acima evidencia a importância de fatores
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contextuais para os resultados de aprendizagem e o desenvolvimento da identidade e postura
de aprendizagem.
Cabe ao professor o papel de mediador, sendo o que planeja e tem os objetivos educacionais;
entretanto, o educador está distante de ser um elemento neutro e principal do processo; é um
elemento participativo direto que afeta o mundo subjetivo do aluno e é afetado pelo mesmo
em uma cadeia discursiva infinita, como conceitua Bakhtin.
O educando também está distante de ser um elemento passivo, é ele que atua
como sujeito de desejo dando ao professor a percepção diagnóstica de seu método. O
aprendente é aquele que dá ao professor as respostas sobre como deverá ser conduzido o seu
processo dentro das suas peculiaridades de aprendizagem. O processo avaliativo de aulas mais
palpável para o professor é o interesse de seus alunos.
Precisamente por ser o educando o objetivo principal do professor, cabe a
este a sensibilidade e a diversidade metodológica necessária para que a aprendizagem tenha
um caráter real, vivo e dinâmico no psiquismo do ser que aprende. A concepção de sujeito
que é vislumbrado nesse projeto é, portanto, de ser integral, processual, co- participe, atuante
e transformador.
Percebe-se que é fundamental para o Professor de Educação infantil e
alfabetização, buscar a compreensão dessa necessidade de acolhimento e libertação da
criança; sendo de extrema relevância para a aprendizagem infantil a brincadeira, o corpo, os
processos interativos e singulares trazidos por Vigotsky; isso passa pela consciência do
professor quanto as suas limitações e dificuldades no seu processo de aprendizagem. Ao se
reconhecer
no seu processo de formação, sendo capaz de reviver as sensações e
aprendizagens da criança que existe dentro dele, o professor poderá conseguir estabelecer uma
mensagem que favorecerá uma prática docente mais qualitativa e, portanto, uma
aprendizagem mais significativa no ambiente escolar.
2 – Perguntas de Investigação e Hipóteses
Dentro do levantamento feito na introdução e da necessidade de compreensão do exposto, a
seguinte pergunta merece ser investigada:
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Quais são os comportamentos mediacionais utilizados pelos professores em situação de sala
de aula e em que medida esses comportamentos são determinados pela sua formação básica e
acadêmica?
A seguinte hipótese foi levantada:
A formação do professor é determinante para uma mediação de qualidade.
3– Objetivos
3.1 – Objetivo Geral
 Avaliar os comportamentos mediacionais de professores da rede pública municipal de
SSA em situação de sala de aula
3.2 – Objetivos Específicos
1. Observar e avaliar a qualidade da interação professor-aluno, utilizando a escala
de comportamentos mediacionais de Vectore (1999- 2001);
2. Investigar aspectos da formação educacional dos professores e sua relação com
a qualidade dos comportamentos mediacionais;
3. Investigar aspectos da trajetória de vida dos professores e sua relação com a
qualidade dos comportamentos mediacionais em sala de aula;
4. Compreender os significados de mediação entre os professores;
5. Analisar os significados de mediação entre professores e sua relação com os
comportamentos mediacionais observados em sala de aula;
4 – Métodos
Participantes:
Participarão do estudo 10 professores de escolas públicas municipais da cidade de
Salvador vinculados ao Projeto PACTO (Secretaria.....). de ambos pos sexos. Os participantes
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serão selecionados por acessibilidade. Os professores vinculados ao projeto trabalham
diretamente com turmas de 1º ano, em processo de alfabetização.
Procedimentos
Os participantes serão convidados a participarem da pesquisa. Todos aqueles que
aceitarem participar do projeto deverão assinar o Termo de Consentimento livre e
esclarecido. Desse modo, serão aplicados os procedimentos usuais de proteção dos
participantes.
Após preenchimento do Termo de Consentimento livre e esclarecido em duas vias e
o preenchimento da Ficha de Dados Sociodemográficos os professores serão participarão de
entrevistas semi-estruturadas. Em seguida, serão marcadas as visitas institucionais para
observação e registro da avaliação dos comportamentos medicacionais em situação de sala de
aula. (Vectore., XXXX).
Na escala de comportamentos medicacionais cinco itens serão avaliados Vectore (1999;
2001):
1) Focaliação – Intencionalidade do professor para manter o foco do aluno
2) Expansão – Ir além do foco, ultrapassar, compreender, associar, abstrair
3) Afetividade – Energia emocional dispensada pelo adulto na relação educacional com a
criança.
4) Recompensa – elogios e satisfação pelo professor para com o aluno
5) Regulação – conduzir a criança a planejar, pensar, assegurando uma direção para sua
aprendizagem.
Instrumentos e materiais
1) Consentimento livre e esclarecido: este documento visa informar aos participantes, de
forma sucinta, os objetivos e procedimentos da pesquisa, bem como o nome e o telefone do
pesquisador responsável. Será assinado pelos professores em duas vias, permanecendo uma
com o grupo de pesquisa e a outra com os participantes(Dazzani,___)
2) Ficha de dados sociodemográficos: Será elaborada uma ficha de informações do
professor-educador para a coleta de dados tais como: idade, sexo, problemas de saúde, renda
familiar, nível de instrução, instituições de formação básica, memorial sobre esse período de
formação, etc.
3) Escala Vectore: elaborada por Vectore(1999; 2001), investiga os comportamentos
mediacionais nos cinco itens descritos acima que se subdividem em itens mais específicos de
cada bloco. Vide anexo.
5.
Cronograma de Execução:
As atividades obedecerão ao seguinte cronograma:
1.
Consentimento livre e esclarecido: março de 2013
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2. Aplicação de ficha de dados sociodemográficos: março de 2013
3.
Entrevistas: março a maio de 2013
4. Observação e análise dos comportamentos mediacionais em situação de prática
pedagógica: maio e julho de 2013
5. Análise dos dados: julho e agosto de 2013
6. Elaboração da dissertação final: agosto a dezembro de 2013
7. Defesa da dissertação: verificar com Virgínia.
6- Referências
DANIELS, Harry(ORG). Vygotsky em foco: Pressupostos e Desdobramentos. Papirus,
Campinas: São Paulo,1994.
FREUD, Sigmund. O Ego e o ID. In Obras Completas. Vol XIX .Imago, Rio de Janeiro,1975.
FREUD, Sigmund. Obras Completas. Artigo de Sigmund Freud sobre a transferência na
relação aluno-professor. Madrid: Biblioteca Nueva, 1995.
LAPIERRE, André. A educação psicomotora na escola maternal.São Paulo: Manole, 1986.
LAPIERRE, A. O adulto diante da criança. São Paulo: Ed. Manole, 1986.
LAPLANCHE e PONTALIS. Vocabulário de Psicanálise. Martins Fontes, São Paulo,1994.
LEVIN, Esteban. A clínica Psicomotora:o corpo na linguagem. Editora Vozes. Petrópolis,
Rio de Janeiro, 1995.
LEVIN, Esteban. A infância em cena. RJ, Vozes, 1997
LUCKESI, Cipriano Carlos, Estados de consciência e atividades lúdicas, em Educação e
Ludicidade, Ensaios 03: ludicidade onde acontece?, publicado pelo Gepel, FACED/ UFBA,
2004, pág. 11-20.
MAFFESOLI, M. 1998. Elogio da razão sensível. Rio de Janeiro, Vozes, 207 p.
MOLCHO, Samy. A Linguagem corporal da criança. Editora Gente.São Paulo,2007.
16
PIAGET, Jean. Psicologia e Pedagogia. Companhia Editora Forense. São Paulo, 1970.
VYGOTSKY, L. S. A Construção do Pensamento e Linguagem. Livraria Martins Fontes
Editora LTDA. São Paulo, 2001.
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