COMUNICADO DA CONFERÊNCIA EPISCOPAL DE MOÇAMBIQUE ÀS COMUNIDADES CRISTÃS E A TODOS OS HOMENS E MULHERES DE BOA VONTADE 1. Os Bispos da Conferência Episcopal de Moçambique e o Administrador Apostólico da Diocese de Tete, reunidos no Seminário Maior de Santo Agostinho, na Matola, para a segunda sessão ordinária anual da sua Assembleia Plenária, saúdam no Senhor Jesus, cujo nascimento nos preparamos para celebrar, a todas as comunidades cristãs, aos sacerdotes, diáconos, pessoas consagradas e a todos os homens e mulheres de boa vontade do nosso País. 2. Para acompanhar e avaliar o andamento e a vida da Igreja que está em Moçambique e da nossa sociedade, estivemos reunidos na Matola, de 30 de Novembro a 5 de Dezembro do ano em curso. Dos membros da Conferência esteve ausente Sua Excelência Senhor D. BERNARDO FILIPE GOVERNO, por motivos de saúde. Sua Eminência Senhor Cardeal D. ALEXANDRE JOSÉ MARIA DOS SANTOS esteve ausente no primeiro Dia de trabalhos, pois, se encontrava em viagem a Roma, para o recente Consistório. No segundo dia dos nossos trabalhos o Senhor Núncio Apostólico, como é habitual, veio saudar os senhores Bispos, dar algumas informações sobre a Igreja e trocar impressões com a Conferência Episcopal. 3. Esta segunda sessão foi preenchida com a leitura dos relatórios anuais das Dioceses e das Comissões Episcopais, que nos informam sobre o trabalho levado a cabo nas Dioceses e nos diversos sectores da vida da Igreja em Moçambique, ao longo do Ano Pastoral de 2010, prestes a terminar. Vida da Igreja nas Dioceses Aspectos positivos 4. Os relatórios informam sobre a vitalidade da Igreja, nas Dioceses, vitalidade esta que se traduz na participação cada vez mais consciente e activa dos fiéis nos actos litúrgicos (culto), na vida sacramental, na qual se salientam os milhares de baptismos realizados ao longo do ano, em cada Diocese, notando-se ainda o aumento dos matrimónios católicos. A vitalidade manifesta-se ainda no exercício dos diversos ministérios, laicais. A actividade catequética é outro aspecto importante 02 que se reflecte nos relatórios, cujo fruto é o movimento sacramental aqui referido (baptismos, confirmações, profissão de fé, Primeiras comunhões, etc.). Actividade dos Bispos 5. Como sempre, a actividade de cada Bispo foi marcada, ao longo deste ano, pelas visitas pastorais, muito concorridas e muito vividas pelas comunidades. As visitas são caracterizadas, sobretudo, pela catequese dada pelo Bispo e pela celebração do Sacramento da Confirmação e do da Penitência, em muitos casos. Foi também ocupação dos Bispos a participação em encontros a nível diocesano, nacional e internacional, dos organismos em que a Igreja de Moçambique está integrada e participa. Actividades diversas 6. A formação de agentes pastorais é uma actividade dominante na vida das Dioceses (formação básica inicial e reciclagens), isto para aumentar o número e a capacidade dos animadores das comunidades e ministros para os diversos serviços eclesiais e sociais. 03 Algumas Dioceses estão empenhadas na organização (criação) de tribunais eclesiásticos, instituições muito necessárias e importantes para a vida dos fiéis. Outras estão celebrando os Sínodos Diocesanos; outras ainda lançando o Dízimo, como uma das formas de se caminhar para uma Igreja auto-sustentável. Como sinal da vitalidade e do crescimento numérico e qualitativo das comunidades cristãs, em algumas Dioceses estão também a surgir novas Paróquias. Dificuldades 7. Ainda sobre a vida da Igreja, ao lado dos aspectos consoladores e motivos de esperança, não faltam preocupações e dificuldades. Em cada Diocese há zonas de primeira evangelização, zonas de difícil acesso, sem presença missionária. Esta realidade revela outra face não boa, a da falta e insuficiência dos agentes pastorais: sacerdotes, religiosos/as e leigos preparados e comprometidos. Isto faz da formação dos agentes uma prioridade entre as prioridades. A pobreza da Igreja, que se traduz na falta de capelas e outros meios, para garantir o apostolado, é outro nó de estrangulamento muito sério. 04 Na Vida Social Aspectos positivos 8. A expansão da rede escolar, das unidades sanitárias, da rede eléctrica constitui uma realidade que saudamos e encorajamos a sua continuação. É notória a preocupação do Estado em melhorar as vias de comunicação, com a reabilitação das estradas antigas e abertura de novas, a construção de pontes, o melhoramento físico das cidades e a facilitação na prestação dos serviços públicos ao cidadão, o melhoramento das cadeias e a busca da aceleração dos processos dos detidos e a concretização de vários empreendimentos públicos. São todos passos importantes, porque significam o alívio da pobreza e meio caminho andado rumo ao desenvolvimento. Mas é de reconhecer que ainda estamos longe do mínimo desejável. Com efeito, temos bolsas de fome no País, a falta de água, sobretudo de água potável. As vias de comunicação ainda são um constrangimento grave. Apesar de que está sendo feita a expansão da rede escolar, neste domínio, sobretudo do ensino secundário, a rede é ainda insuficiente e a qualidade do ensino, a todos os níveis, é preocupante. Leva-nos até a nos 05 interrogarmos sobre o valor dos diplomas e das graduações que são conferidas aos alunos e estudantes. O problema da desflorestação, da eliminação espécies faunísticas, da pilhagem das espécies marítimas é muito grave. 9. A malária continua a matar, sobretudo no interior do País, apesar das estatísticas optimistas; o mesmo se diga da pandemia do HIV/SIDA, ao ponto de se pode dizer que a devastação escapa ao controle das estatísticas. Achamos que para a situação da fome estará contribuindo o abandono da produção da comida a favor das culturas de rendimento: algodão, tabaco, cana-deaçúcar e plantas para bio-combustível. Outros aspectos sociais muito preocupantes são o tráfico de seres e órgãos humanos. Quando a Igreja Católica, em 2004 e 2005, denunciou os primeiros casos conhecidos, muito se fez e muito se disse para afirmar que era falso e não faltou quem gostasse de ver a Igreja Católica no banco dos réus e punida, como boateira. Hoje, a imprensa quotidiana está confirmando, com casos, um fenómeno de dimensão planetária! Outra ferida social é o banditismo, com contornos particulares: grupos de 10, 12 e mais indivíduos, que assaltam residências e instituições, na calada da noite ou em pleno dia. Enfim, os linchamentos parecem um 06 mal sem remédio. Serão um mal sem remédio enquanto não se descobrir, não se quiser reconhecer e eliminar as suas causas. Temos ainda o problema do impacto negativo dos mega-projectos, um impacto já sentido ou previsível: degradação e poluição do meio ambiente. Tais projectos expropriam terras das populações, obrigando-as a deslocarem-se para zonas desfavoráveis; ocupam áreas próprias para certas actividades favoráveis à vida das populações, deixando-as sem nenhum meio para o seu sustento. 10. O dia-a-dia nos faz intuir uma tendência muito forte ao mono-partidarismo no País. Isto leva-nos a reconhecer que a revisão da Constituição seja um momento e um exercício delicado. Acreditamos, no entanto, que a maturidade e a honestidade dos políticos prevaleçam e façam desse exercício uma oportunidade para Moçambique dar um verdadeiro exemplo de democracia. Se houver alguma tentação para o contrário, que a amarga experiência do monopartidarismo no passado persuada todos os políticos a desistir dos seus maus intentos. Outros assuntos 11. No desenvolvimento da agenda previamente 07 estabelecida, os Bispos trataram de outros assuntos internos da Conferência Episcopal e do interesse de toda a Igreja. Assim, apreciaram e aprovaram o Plano Pastoral da Igreja em Moçambique, para os próximos anos, que visa uma pastoral de conjunto a nível nacional. Os Bispos ocuparam-se, ainda, da revisão dos Estatutos da CEM e trataram dos assuntos administrativo-financeiros do Secretariado. Prepararam conjuntamente a próxima Assembleia Plenária da IMBISA, a ter lugar em Pretória na próxima semana, de 6 – 13 de Dezembro. Na linha de acompanhamento, os Bispos debruçaram-se sobre a situação dos Seminários Maiores, de Santo Agostinho e de S. Pio X. 12. Os trabalhos desta II sessão ordinária e última do ano terminaram no dia 5 de Dezembro. No dia 6 os Bispos seguiram a caminho de Pretória, capital da África do Sul, para participar na Assembleia Plenária da IMBISA, excepto o Senhor D. ADRIANO LANGA, Bispo de Inhambane, que teve de voltar para atender à celebração do Iº Centenário da Paróquia de São João de Deus de Homoíne. 08 Saudação Final 13. Muito estimados irmãos e irmãs no Senhor, ao terminar os nossos trabalhos, aproveitamos esta comunicação e nos voltamos para vós, bendizendo ao Deus Altíssimo e Previdente pela vossa fé em Cristo e pelo testemunho dessa mesma fé, posta ao serviço dos irmãos e de todos os homens, para que todos cheguem ao conhecimento e à obediência a Cristo. Rogamos ao Senhor para que ninguém desfaleça na sua vida espiritual e no seu empenho apostólico, apesar de todas as dificuldades da vida e da missão de anunciar Jesus Cristo, cujo nascimento nos preparamos para celebrar. Deus quis que, com o nosso testemunho e com a nossa acção apostólica, colaborássemos para que o Filho de Deus nasça em cada pessoa, em cada lugar e em cada sociedade, ontem, hoje e sempre. Com o nosso coração transbordante de alegria pela vossa fé e à vista da chegada do Senhor, vos abençoamos, com votos de um Santo Advento, de um Santo Natal e de um Ano Novo de 2011, repleto de abundantes graças do mesmo Senhor. Maputo, 05 de Dezembro de 2010 Pela Conferência Episcopal de Moçambique + LÚCIO ANDRICE MUANDULA Bispo de Xai-Xai e Presidente da CEM COMUNICADO DA CONFERÊNCIA DOS BISPOS CATÓLICOS DE MOÇAMBIQUE ÀS COMUNIDADES CRISTÃS E A TODAS AS PESSOAS DE BOA VONTADE CONFERÊNCIA EPISCOPAL DE MOÇAMBIQUE Av. Paulo Samuel Kankhomba, 188-1º C. P. 286 Tel. 21 49 07 66 Fax. 21 49 21 74 MAPUTO–MOÇAMBIQUE MAPUTO, 05 DE DEZEMBRO DE 2010