PROVA 16 Exercício 1: A quantidade de chamadas de telefones portáteis (x) na Ilha da Tecnologia é caracterizada pela seguinte expressão: QxD ( Px , Py , M ) 90 2Px aPy 0.01M onde Px representa o preço das chamadas nos telefones portáteis, Py representa o preço das chamadas nos telefones fixos (que são substitutas das chamadas nos telefones portáteis) e M é o rendimento médio dos habitantes da Ilha. a) O bem x é um bem normal ou inferior? Qual o sinal de a. Justifique devidamente as suas respostas. Resolução: O bem x é um bem normal porquanto a elasticidade rendimento da sua procura é positiva. Por outro lado, como os bens x e y são substitutos a elasticidade preço cruzada tem de ser positiva, pelo que a é positivo. b) Na Ilha, a oferta de chamadas em telefones portáteis é caracterizada pela seguinte expressão: Px 2 . Sabendo que Py 2 , M 1000 e que, se Px 6 , a quantidade procurada de x é de 90 unidades, calcule o equilíbrio no mercado de chamadas em telefones portáteis e represente-o graficamente. Resolução: Tendo em conta a informação disponível sobre a procura podemos concluir que: 90 90 2 6 2a 0.01 1000 a 1 . Mas então, o equilíbrio de mercado verifica-se com Px 2 e Q x 90 2 2 2 0.01 1000 98 . Graficamente pode ser ilustrado pelo diagrama que se segue: c) Comente a seguinte afirmação, justificando devidamente a sua posição: “Os operadores de telefones portáteis não estão a maximizar a sua receita.” Resolução: Para maximizar a receita dever-se-ia estar a vender no ponto da procura em que a elasticidade preço fosse igual a –1. Ora a elasticidade é dada por: 1/19 Qx , Px 2 Px , Qx pelo que, para os valores indicados, a elasticidade preço seria unitária quando Px 51 / 2 . 5,0 D 4,0 Px 3,0 S 2,0 1,0 0,0 92 94 96 98 100 102 104 Qx Exercício 2: Considere uma empresa cujo processo produtivo pode ser descrito pela função de produção: 2 1 1 F ( K , L) , L K onde L representa o número de trabalhadores empregues e K representa o número de unidades de capital utilizadas. a) Caracterize os rendimentos de escala desta função de produção. Se a produção, com custo mínimo, de 10000 unidades passar por contratar 200 unidades de cada factor produtivo, que quantidades dos factores se deverão utilizar para, com custo mínimo, aumentar a produção em 1%? Resolução: A função exibe rendimentos crescentes à escala iguais a 2, pois: 2 1 1 2 F (K , L) F ( K , L) . L K Nas condições dadas, dever-se-á utilizar mais 1 unidade (0.5%) de cada factor. 2/19 b) Suponha que o preço do factor K é igual a 4 e o do factor L é igual a 1. Verifique que a TMST de trabalho por capital é dada K / L e que a curva 2 de custos totais da empresa é descrita por CT (Q) 9 Q . Existem economias ou deseconomias de escala? Relacione a sua resposta com a resposta dada na alínea anterior. Resolução: A produtividade marginal de cada factor é dada por: 3 PMgL: F 1 1 2 L 2 ; L L K 3 F 1 1 2 K 2 . PMgK: K L K Portanto a TMST é dada por: 2 TMST dK K . dL L Para determinar a função de custos totais resolvemos então o seguinte sistema (que decorre das condições de primeira ordem para a minimização dos custos de produção): K 2 1 3 Q 4 L K 2 , 2 1 1 L 3 Q Q L K de onde resulta a função de custo total CT (Q) 9 Q . Existem, portanto, economias de escala, as quais se devem à presença de rendimentos crescentes à escala na função de produção. c) Este produtor é monopolista num mercado cuja curva de procura é descrita por Q 144 1 P 2 2 . Determine a quantidade que ele deve produzir (e o preço que deve cobrar) de forma a maximizar o seu lucro. Que quantidades de factores serão utilizadas e que lucro será alcançado? 3/19 Resolução: O monopolista maximiza o seu lucro resolvendo o problema: 1 12 Q 9 Q , max 2 Q de onde vem a condição de primeira ordem: 1 6 9 0Q 9. 2 Q 2 Q Estas unidades serão produzidas utilizando 9 unidades de L e 4.5 unidades de K. O lucro assim alcançado será de 4.5. Exercício 3: O Sr. Rogério produz um bem (x) que é vendido a retalhistas que o colocam à venda no mercado. A produção deste bem envolve custos totais que podem ser descritos pela expressão CT(x,K) 0.05x 3 1.45x 2 ( 14.25 K)x 5K 2 onde x é a produção e K a capacidade instalada. a) Sabendo que a expressão acima representa uma família de curvas de custos totais de curto-prazo determine o efeito de uma variação de K nos custos variáveis e nos custos fixos. Verifique que a curva de custos totais de longo-prazo é descrita por CT ( x) 0.05x 3 1.5x 2 14.25x . Resolução: O efeito de uma variação de K nos custos variáveis e fixo é: Custo variável: CV x , K 4/19 o aumento do factor fixo implica uma diminuição do custo variável igual ao número de unidades produzidas; Custo fixo: CF 10 K , K o aumento do factor fixo implica um aumento do custo fixo igual ao decuplo da capacidade instalada. Para determinar o custo total de longo prazo determina-se a capacidade óptima: CT CP 0 K 0.1x , K e substitui-se na função de custo de curto prazo, para obter: CT (q) 0.05 x 3 1.5x 2 14.25 x . b) Dado que o Sr. Rogério produz ao nível mínimo do seu custo médio de longo prazo, determine a quantidade de x produzida. Será que nesse ponto existem economias de escala? Resolução: A quantidade de q produzida é igual a 15, não existindo neste ponto economias ou deseconomias de escala. b) O Sr. Rogério vende o seu produto x aos retalhistas a um preço de 50. Estes por sua vez colocam-no à venda no mercado a um preço de 60. Enquanto consumidor, o Sr. Rogério tem um nível de utilidade descrito pela função 3 U ( x, y ) 2 min 3x, y , 2 c) que depende quer do consumo de x, quer do consumo de um outro bem, y, que pode adquirir ao preço de 25. O único rendimento do Sr. Rogério é o proveniente dos lucros da empresa que produz x. 5/19 i) Verifique que a restrição orçamental é dada pela expressão y 28.2 2 x . Represente-a graficamente e interprete-a. Resolução: A restrição orçamental pode ser escrita por: 25 y 5015 x 45 , onde x e y são as quantidades consumidas de cada bem e 45 é o custo total de produzir 15 unidades de x. Reescrevendo-a, obtemos a expressão indicada na questão, cuja representação gráfica é a seguinte: 30 25 y 20 15 10 5 0 0 5 10 15 x ii) Calcule as quantidades consumidas pelo Sr. Rogério de x e de y, a quantidade vendida do bem x, o rendimento (lucro) e o nível de utilidade alcançada. Represente o cabaz óptimo graficamente. Resolução: Tendo em conta a função de utilidade ter-se-á: 3 x 7.05 3x y , 2 y 14.1 y 28.2 2 x 6/19 pelo que se venderão 7.95 unidades de x, o rendimento será 352.2 e o nível de utilidade será 42.3. Esta situação está representada no seguinte gráfico: 30 25 y 20 15 10 5 0 0 5 10 15 x iii) Suponha que o governo criava um imposto sobre os lucros de 10%. Explique, sem tornar a resolver de novo o problema de maximização, quais serão os novos valores de consumo de ambos os bens. Em quanto é que teria de aumentar o preço de venda do bem x para que o Sr. Rogério mantivesse o mesmo nível de lucro. Resolução: Mantendo-se o preço, o lucro reduzir-se-ia em 10%, pelo que o consumo de cada bem também se reduziria em 10%, isto é: x 6.345 . y 12.69 O lucro só se manteria se o preço de X aumentasse para 59.43 (isto é 9.85%). Exercício 4: Responda brevemente (não mais de uma página por questão) às seguintes questões. 7/19 a) Dê exemplo de dois tipos de investimentos específicos e descreva a forma como estes afectam a actividade das empresas. Resolução: Compra de uma máquina, formação profissional b) Descreva brevemente o que entende por economias de aprendizagem, referindo um sector em que estas pareçam ser importantes. Resolução: Existem economias de aprendizagem quando os custos médios de produção por unidade de tempo vão diminuindo em função da experiência acumulada anterior (normalmente captada pela produção acumulada nos períodos anteriores). c) Um monopolista maximizador do lucro que tenha duas fábricas com a mesma função de custos em cada fábrica, deve produzir a mesma quantidade em cada fábrica. Comente. Resolução: A afirmação é correcta se os custos marginais forem sempre crescentes. Se os custos marginais forem constantes é irrelevante a forma como se distribui a produção pelas duas fábricas. Se os custos marginais forem decrescentes, deve produzir-se apenas numa fábrica. Exercício 5: Uma empresa utiliza dois factores, x1 e x2 , para produzir o seu produto, q, segundo a função de produção q x1x2 . A empresa vende o seu produto num mercado competitivo cujo preço de equilíbrio é igual a 32. O factor x1 é adquirido num mercado em que a empresa é monopsonista sendo a oferta descrita pela relação p X 1 x1 . Por outro lado, o factor x2 é adquirido num mercado competitivo sendo p X 2 o preço de equilíbrio . a) Suponha que a quantidade procurada de x2 está fixa e é igual a 64. Determine a quantidade que esta empresa deve procurar de x1 . Resolução: A empresa decide a quantidade de x1 de modo a maximizar o seu lucro, tendo em conta a sua posição em cada mercado: Max 32 64 x1 x1 64 pX 2 , 2 8/19 de onde decorre a condição de primeira ordem: 128 2 x1 0 x1 16 . x1 b) Suponha agora que podia escolher a quantidade do factor x2 . Qual teria de ser o preço deste factor para que a solução que encontrou na alínea anterior fosse ainda a solução óptima? (Cotação: 1.5 valores) Resolução: Nesse caso teria de se satisfazer a condição: 16 16 64 pX 2 0 pX 2 8 . c) Estude os efeitos que a introdução de um preço mínimo para o factor x1 igual a 20 teria na procura de ambos os factores, na produção e no lucro da empresa. Comente. (Cotação: 2 valores) Resolução: Com a introdução de um preço mínimo a procura e o custo marginal de contratação do factor x1 passarão a ser: 20 pX1 x1 se x1 20 20 e CMgX 1 se x1 20 2 x1 se x1 20 se x1 20 . Tendo em conta o que sabemos da introdução do preço mínimo, a procura óptima do factor x1 deve ser igual a 20. A nova solução deverá satisfazer as condições: x2 40 20 16 20 x2 80 . 16 20 8 0 x2 Portanto, aumentam as quantidades procuradas de ambos os factores. O efeito no próprio factor já era conhecido mas estende-se ao outro factor, porque o aumento de um factor aumenta a produtividade marginal do outro. O lucro nesta situação seria 240, enquanto que na alínea anterior era de 256, isto é, o lucro caíu. Exercício 6: Considere uma economia com dois sectores cujas funções de produção são, respectivamente: 9/19 Sector X: X 12 LX K X ; Sector Y: Y min 2LY ,3KY . A dotação total de factores é K 6 e L 12 . a) Represente a curva de contrato na Caixa de Edgeworth. Verifique que ela pode ser escrita como: 0 KX 2 3 LX 2 se LX 3 se LX 3 . Resolução: Tendo em conta que a tecnologia do sector Y é descrita por uma função Leontief, a curva de contrato pode deduzir-se de: KY 2 L 3 Y 6 KX 2 2 K X LX 2 , K X KY 6 3 L L 12 12 LX 3 X Y expressão que é válida desde que LX >3. Caso contrário, K X 0 . b) Tendo em conta a alínea anterior, mostre que a fronteira de possibilidades de produção desta economia é descrita por: X 2424 Y 18 Y . Resolução: A fronteira de possibilidades de produção pode ser deduzida a partir de: 10/19 X 12 LX K X 1 KY 3 Y 1 1 1 X 12 12 Y 6 Y 2424 Y 18 Y . LY Y 3 2 2 K X KY 6 LX LY 12 c) Qual terá de ser a taxa marginal de substituição para que numa situação de equilíbrio geral se produzam 72 unidades de X e 6 unidades de Y? Justifique devidamente. Resolução: Em equilíbrio a taxa marginal de substituição tem de ser igual à taxa marginal de transformação. Esta pode ser calculada a partir da expressão da fronteira de possibilidades de produção: TMT dX 24 42 2Y . dY 2 24 Y 18 Y Ora, se em equilíbrio se produzirem 72 unidades de X e 6 unidades de Y ter-se-á TMT 5 , isto é, o preço relativo do bem Y será igual a 5. d) Nesta economia existem dois agentes com preferências estritamente convexas. Se o equilíbrio competitivo implicar que o agente A consuma 31 unidades de X e 4 unidades de Y e o agente B consuma 41 unidades de X e 2 unidades de Y, será essa uma afectação justa? Justifique Resolução: Em virtude de se tratar de equilíbrio competitivo, a afectação será eficiente. Podemos concluir que respeita a ausência de inveja, uma vez que a despesa de ambos os cabazes é a mesma, pelo que qualquer um dos agentes poderia ter procurado o cabaz do outro agente. Portanto, será uma afectação justa. Exercício 7: Um determinado bem público é consumido por três indivíduos cujas curvas de procura são, respectivamente: Agente A: pA 10 2 xA ; Agente B: pB 16 4 xB ; Agente C: pC 15 xC . a) O que é um bem público? Quais as suas propriedades? 11/19 Resolução: Um bem público é um bem em que existe não rivalidade no consumo e impossibilidade de exclusão. c) Admita que o custo de provisão do bem público é de 6 por unidade e o bem é não rejeitável. Qual a quantidade que seria eficiente prover do bem público? Resolução: Atendendo a que é um bem público não rejeitável, a valorização social do bem é descrita por: p 41 7 x . Portanto a provisão eficiente satisfaz: 41 7 x 6 x 5 . c) Se existir um mercado competitivo para a provisão deste bem público, em equilíbrio, que quantidade irá cada agente prover do bem público e qual a quantidade total? Compare-a com a quantidade eficiente e explique a relação entre as duas. Resolução: A provisão por parte de agentes individuais levaria a que apenas o agente que mais valoriza o bem o iria adquirir, pelo que seria o agente C a prover o bem na quantidade que satisfaz: 15 x 6 x 9 . Ter-se-ia portanto uma sobreprovisão do bem público, resultado distinto do habitual, em virtude de neste caso o bem público ser não rejeitável e para a quantidade de 9 os agentes A e B terem já valorizações negativas. Isto é, a provisão do bem público neste caso impõe externalidades negativas sobre os agentes A e B. d) Admita agora que a provisão seria realizada por uma entidade que utilizaria preços de Lindahl. Qual a quantidade que seria provida? Qual o preço que seria pago por cada agente? Resolução: Nesse caso ter-se-ia a provisão eficiente, isto é, de 5 unidades. O preço a ser pago por cada agente seria igual à sua valorização marginal para esta quantidade: Agente A: t A 10 2 5 0 ; Agente B: t B 16 4 5 4 ; 12/19 Agente C: tC 15 5 10 . Exercício 8: Comente brevemente cada uma das seguintes afirmações. a) O Teorema da Impossibilidade de Arrow, impede-nos de apresentar resultados objectivos para a escolha social. b) Resolução: O Teorema da Impossibilidade de Arrow mostra que não é possível ter um critério de escolha social que satisfaça as seguintes condições: ser completa, ser transitiva, respeitar o critério de Pareto, ser independente de alternativas irrelevantes e não permitir um ditador. Isso não quer dizer que não se possam apresentar resultados objectivos e gerais para a escolha social, como por exemplo, a de que, perante convexidade das funções e conjuntos de possibilidade, a maximização de uma função de bem estar social que atribua peso positivo à utilidade de qualquer dos agentes nos leva necessariamente a um óptimo de Pareto. b) A existência de externalidades é um caso de falha do mercado competitivo que exige a intervenção do governo. Resolução: É um erro concluir que externalidades implicam a falha do mercado competitivo. De facto, a existência de externalidades tem antes a ver com a inexistência de um mercado específico, pelo que é natural que os mercados existentes não permitam alcançar afectações eficientes. A intervenção dos poderes públicos pode justificar-se no sentido de promover a criação dos mercados necessários (o que, em virtude de custos de transacção, tem por vezes dificuldade em ser feito apenas por iniciativa dos agentes envolvidos). c) A colocação de um salário mínimo num mercado monopolizado por um sindicato, nunca pode implicar o aumento do emprego. Resolução: Esta afirmação está correcta. Quando a oferta está monopolizada o salário é sempre determinada na curva de procura. Ora sendo a curva de procura negativamente inclinada, ou o salário mínimo não afectaria o equilíbrio ou levaria a um aumento do salário e portanto uma redução da quantidade procurada. Exercício 9: Considere uma economia com dois sectores cujas funções de produção são, respectivamente: 13/19 Sector X: X 12 LX K X ; Sector Y: Y min 2LY ,3KY . A dotação total de factores é K 6 e L 12 . a) Represente a curva de contrato na Caixa de Edgeworth. Verifique que ela pode ser escrita como: 0 KX 2 3 LX 2 se LX 3 se LX 3 . Resolução: Tendo em conta que a tecnologia do sector Y é descrita por uma função Leontief, a curva de contrato pode deduzir-se de: KY 2 L 3 Y 6 KX 2 2 K X LX 2 , K X KY 6 3 L L 12 12 LX 3 X Y expressão que é válida desde que LX >3. Caso contrário, K X 0 . b) Tendo em conta a alínea anterior, mostre que a fronteira de possibilidades de produção desta economia é descrita por: X 2424 Y 18 Y . Resolução: A fronteira de possibilidades de produção pode ser deduzida a partir de: 14/19 X 12 LX K X 1 KY 3 Y 1 1 1 X 12 12 Y 6 Y 2424 Y 18 Y . LY Y 3 2 2 K X KY 6 LX LY 12 c) Qual terá de ser a taxa marginal de substituição para que numa situação de equilíbrio geral se produzam 72 unidades de X e 6 unidades de Y? Justifique devidamente. Resolução: Em equilíbrio a taxa marginal de substituição tem de ser igual à taxa marginal de transformação. Esta pode ser calculada a partir da expressão da fronteira de possibilidades de produção: TMT dX 24 42 2Y . dY 2 24 Y 18 Y Ora, se em equilíbrio se produzirem 72 unidades de X e 6 unidades de Y ter-se-á TMT 5 , isto é, o preço relativo do bem Y será igual a 5. d) Nesta economia existem dois agentes com preferências estritamente convexas. Se o equilíbrio competitivo implicar que o agente A consuma 31 unidades de X e 4 unidades de Y e o agente B consuma 41 unidades de X e 2 unidades de Y, será essa uma afectação justa? Justifique Resolução: Em virtude de se tratar de equilíbrio competitivo, a afectação será eficiente. Podemos concluir que respeita a ausência de inveja, uma vez que a despesa de ambos os cabazes é a mesma, pelo que qualquer um dos agentes poderia ter procurado o cabaz do outro agente. Portanto, será uma afectação justa. Exercício 10: Um determinado bem público é consumido por três indivíduos cujas curvas de procura são, respectivamente: Agente A: pA 10 2 xA ; Agente B: pB 16 4 xB ; Agente C: pC 15 xC . 15/19 a) O que é um bem público? Quais as suas propriedades? Resolução: Um bem público é um bem em que existe não rivalidade no consumo e impossibilidade de exclusão. b) Admita que o custo de provisão do bem público é de 6 por unidade e o bem é não rejeitável. Qual a quantidade que seria eficiente prover do bem público? valor) Resolução: Atendendo a que é um bem público não rejeitável, a valorização social do bem é descrita por: p 41 7 x . Portanto a provisão eficiente satisfaz: 41 7 x 6 x 5 . c) Se existir um mercado competitivo para a provisão deste bem público, em equilíbrio, que quantidade irá cada agente prover do bem público e qual a quantidade total? Compare-a com a quantidade eficiente e explique a relação entre as duas. Resolução: A provisão por parte de agentes individuais levaria a que apenas o agente que mais valoriza o bem o iria adquirir, pelo que seria o agente C a prover o bem na quantidade que satisfaz: 15 x 6 x 9 . Ter-se-ia portanto uma sobreprovisão do bem público, resultado distinto do habitual, em virtude de neste caso o bem público ser não rejeitável e para a quantidade de 9 os agentes A e B terem já valorizações negativas. Isto é, a provisão do bem público neste caso impõe externalidades negativas sobre os agentes A e B. d) Admita agora que a provisão seria realizada por uma entidade que utilizaria preços de Lindahl. Qual a quantidade que seria provida? Qual o preço que seria pago por cada agente? Resolução: Nesse caso ter-se-ia a provisão eficiente, isto é, de 5 unidades. O preço a ser pago por cada agente seria igual à sua valorização marginal para esta quantidade: Agente A: t A 10 2 5 0 ; Agente B: t B 16 4 5 4 ; Agente C: tC 15 5 10 . Exercício 3: 16/19 A sua empresa tem até agora sido a única a vender um certo produto. Existe apenas um cliente, que é price taker, e cuja procura é descrita pela função 2 Q ( p ) 18 p . A sua tecnologia é descrita pela função de custos C (q) 3q . Entretanto, perspectiva-se a entrada de uma nova empresa neste negócio, produzindo um produto homogéneo e com uma estrutura de custos igual à da sua empresa. a) Suponha que as duas empresas competirão em quantidades, escolhendoas em simultâneo. Qual será o lucro da sua empresa? (NOTA: Tenha em conta que em equilíbrio as empresas vão produzir quantidades iguais) (Cotação: 2 valores) Resolução: Teremos então um caso de duopólio de Cournot. O objectivo da empresa 1 será: Max 18 q1 q2 q1 3q1 , de onde resulta a condição de primeira ordem: 1 18 q1 q2 q1 3 0 . 2 q1 q2 Para determinar o equilíbrio podemos levar em conta que ambas as empresas produzirão a mesma quantidade, que satisfará: 1 18 2q q 3 0 q 72 . 2 2q portanto, cada empresa produzirá 72 unidades, sendo o preço igual a p 18 144 6 . O lucro de cada empresa será 6 72 3 72 216 . b) Admita que tinha possibilidade de ser líder escolhendo a quantidade antes da outra empresa. Teria daí algum vantagem em termos de lucro, quando comparado com a situação anterior? (Cotação: 2 valores) Resolução: Certamente que teria uma vantagem. O problema do líder pode ser escrito como: Max 18 q1 q2 q1 3q1 . 1 s.a. 18 q1 q2 q2 3 0 2 q1 q2 Ora, da função de reacção do seguidor pode obter-se: dq2 2q q2 , 1 dq1 4q1 3q2 pelo que no equilíbrio de Cournot esta derivada é igual a 3 7 . Tomando agora a função lucro do líder e diferenciando-a totalmente temos: d 1 1 1 dq2 . dq1 q1 q2 dq1 Usando o resultado anterior e o teorema do envelope, no ponto de equilíbrio de Cournot tem-se: d 1 1 q1 dq1 2 q1 q2 q 1 q 2 3 9 , 7 7 72 pelo que se conclui que a empresa líder irá produzir mais e ter mais lucro. 17/19 c) Supondo que existia incerteza sobre a procura, que afectava igualmente ambas as empresas, e que os gestores da outra empresa eram avessos ao risco, dar-lhe-ia esse facto alguma vantagem adicional em termos de lucro? Justifique devidamente. (Cotação: 1.5 valores) Resolução: Em geral, se existisse incerteza que afectasse igualmente ambas as empresas, a resolução anterior faria sentido enquanto descrição de um cenário esperado, com neutralidade ao risco por parte dos agentes. Caso o competidor fosse avesso ao risco, ele seria certamente mais cauteloso nas suas decisões, colocando em média menor pressão competitiva sobre a nossa empresa. Exercício 11: Responda brevemente a três das seguintes quatro questões. a) No final de Março o Governo decidiu aumentar o preço dos combustíveis. A política do Governo tinha até então sido defendida com o desejo de manter a estabilidade dos preços. Tendo em conta que as funções de utilidade indirecta e de lucro são convexas nos preços, será que os agentes valorizam positivamente a estabilidade dos preços? Resolução: Dado que as funções de lucro e de utilidade indirecta são convexas nos preços, os agentes são propensos ao risco nos preços, pelo que prefeririam que o preço flutuasse. b) Descreva brevemente o modelo de procura quebrada do oligopólio. Comente-o Resolução: O modelo de procura quebrada pretende representar uma situação em que, dado um certo comportamento para os concorrentes, um oligopolista possa ter interesse em, perante variações limitadas no custo marginal, não alterar o preço nem a quantidade oferecida. O principal problema deste modelo reside no facto de as hipóteses quanto ao comportamento dos outros oligopolistas (seguir descidas mas não subidas de preço) não ser deduzido em equilíbrio. c) Um estudo recente sobre a população desempregada verificou que o tempo médio de permanência no desemprego das pessoas que se viram desempregadas em virtude do encerramento da empresa em que trabalhavam é inferior ao tempo global médio de permanência no desemprego. Comente a razoabilidade deste facto, à luz de argumentos de economia de informação. Resolução: Este facto é perfeitamente compreensível se considerarmos que no mercado de trabalho existe assimetria de informação entre empregadores e empregados. Entre os trabalhadores que se viram desempregados por a sua empresa ter encerrado existirão trabalhadores competentes e incompetentes, enquanto que nos outros deverá haver uma maior representatividade de trabalhadores incompetentes. Essa diferença justifica uma diferença ao nível do tempo médio de permanência no desemprego. d) A colocação de um salário mínimo num mercado monopolizado por um sindicato, nunca pode implicar o aumento do emprego. Comente. 18/19 Resolução: Esta afirmação está correcta. Quando a oferta está monopolizada o salário é sempre determinada na curva de procura. Ora sendo a curva de procura negativamente inclinada, ou o salário mínimo não afectaria o equilíbrio ou levaria a um aumento do salário e portanto uma redução da quantidade procurada. 19/19