1 SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA (SOBRATI

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SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA (SOBRATI)
MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM TERAPIA INTENSIVA
TERESA KARINY PONTES BARROSO
INFARTO E QUALIDADE DE VIDA:
PERSPECTIVAS E IMPLICAÇÕES
SÃO PAULO – SÃO PAULO
2013
1
TERESA KARINY PONTES BARROSO
INFARTO E QUALIDADE DE VIDA:
PERSPECTIVAS E IMPLICAÇÕES
Dissertação
apresentada
ao
Mestrado
Profissionalizante
em
Terapia Intensiva, da Sociedade
Brasileira de Terapia Intensiva
(SOBRATI), como requisito parcial
para obtenção do título de Mestre
em Terapia Intensiva.
Orientadora: Profª Dra. Ana Ruth
Macêdo Monteiro
Coorientadora: Profª Ms. Clarissa
Coelho Vieira Guimarães
SÃO PAULO – SÃO PAULO
2013
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SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA (SOBRATI)
MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM TERAPIA INTENSIVA
INFARTO E QUALIDADE DE VIDA:
PERSPECTIVAS E IMPLICAÇÕES
TERESA KARINY PONTES BARROSO
Aprovada em: ___/___/___
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________________
Profª Dra. Ana Ruth Macêdo Monteiro (Orientadora)
Orientadora
__________________________________________________
Profª Coorientadora Ms. Clarissa Coelho Vieira Guimarães
1º. examinador
__________________________________________________
Profª
2º. examinador
3
Um Meio ou uma Desculpa
"Não conheço ninguém que conseguiu realizar seu sonho, sem sacrificar feriados e
domingos pelo menos uma centena de vezes.
Da mesma forma, se você quiser construir uma relação amiga com seus filhos, terá
que se dedicar a isso, superar o cansaço, arrumar tempo para ficar com eles, deixar
de lado o orgulho e o comodismo.
Se quiser um casamento gratificante, terá que investir tempo, energia e sentimentos
nesse objetivo.
O sucesso é construído à noite!
Durante o dia você faz o que todos fazem.
Mas, para obter um resultado diferente da maioria, você tem que ser especial.
Se fizer igual a todo mundo, obterá os mesmos resultados.
Não se compare à maioria, pois, infelizmente ela não é modelo de sucesso.
Se você quiser atingir uma meta especial, terá que estudar no horário em que os
outros estão tomando chope com batatas fritas.
Terá de planejar, enquanto os outros permanecem à frente da televisão.
Terá de trabalhar enquanto os outros tomam sol à beira da piscina.
A realização de um sonho depende de dedicação, há muita gente que espera que o
sonho se realize por mágica, mas toda mágica é ilusão, e a ilusão não tira ninguém de
onde está, em verdade a ilusão é combustível dos perdedores pois...
Quem quer fazer alguma coisa, encontra um MEIO.
Quem não quer fazer nada, encontra uma DESCULPA."
(Roberto Shinyashik)
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AGRADECIMENTOS
A professora Dra. Ana Ruth Macêdo, pela dedicação e compromisso em
mostrar os caminhos a serem seguidos nesta produção, sempre revelando
sabedoria para sanar todas as dúvidas e limitações que encontrei neste
caminho acadêmico.
A professora Ms. Clarissa Coelho, amiga que sempre compartilhou seu
conhecimento na
constituição desta
pesquisa,
contribuindo de forma
significativa com a elaboração desta produção.
Ao professor Ms. Mirtiel Frankson, por me incentivar a ir à busca de meus
objetivos e reconhecer o meu potencial acadêmico, sempre me instigando ir
além neste âmbito.
A minha mãe Marta Neiva, em princípio por ser a razão de minha existência,
por está sempre ao meu lado em todos os momentos, me dando força para
seguir a caminhada da vida, sem temer os desafios. Ela me inspirar a construir
a cada dia um mundo melhor, valorizando os nossos semelhantes.
Ao meu esperado filho Artur Barroso, por estar sempre nesta produção, dando
sentindo e significado a minha vida e me transformando em mãe, metamorfose
esta que é apaixonante e que me faz compreender sentimentos que outrora
recebia apenas na condição de filha.
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RESUMO
Para uma pessoa ter qualidade de vida é necessário um conjunto de fatores
interagindo entre si (saúde física e mental, moradia, transporte, emprego,
alimentação saudável, atividade sexual satisfatória, atividade física, liberdade,
bom relacionamento social, segurança financeira e não aderência ao fumo e
outras drogas (CAETANO; SOARES, 2007). Esse estudo partiu de diferentes
inquietações que permeiam o estudo da revisão da literatura contemporânea
que trata da temática “pacientes infartados”, tomando como foco e recorte
conceitual a qualidade de vida destes. Desse modo, isso permitiu que viesse
surgir uma série de problemas e questões relacionadas ao tema, que
instigaram o desejo de realizar o presente estudo, dentre as quais podem ser
citadas: Qual a perspectiva de qualidade de vida do paciente após o infarto
agudo do miocárdio? Como lidar com o estresse do evento coronariano? Quais
as mudanças no estilo de vida que o paciente terá de enfrentar? Qual a
contribuição das intervenções de enfermagem para recuperação psicossocial
do mesmo?Baseado no exposto, o propósito desse estudo foi identificar a
perspectiva de qualidade devida dos pacientes infartados, sentimentos e
conflitos emocionais advindos da patologia durante o pós-infarto, assim como
também identificar os fatores de risco que desencadearam o IAM. O estudo
discuti
medidas educativas, por intermédio da revisão da literatura, como
benefícios ao paciente pós-infartado, através de orientações e esclarecimentos
pela
equipe
de
enfermagem,
que
estejam
contidas
no
estudos
contemporâneos, sobre hábitos saudáveis, aspectos emocionais e mitos, e
acompanhamento médico freqüente, para que esse paciente possa voltar ao
convívio de uma vida normal, porém com consciência de necessidade em
mudança nos seus hábitos de vida para manutenção de sua saúde.
Palavras-chave: Infarto do Miocárdio. Qualidade de Vida. Saúde.
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................7
2. OBJETIVOS .................................................................................................10
2.1 Objetivo geral .......................................................................................10
2.2 Objetivos específicos .......................................................................10
3. PERSPECTIVAS, IMPLICAÇÕES E DESAFIOS DA ENFERMAGEM PARA
A QUALIDADE DE VIDA DOS PACIENTES INFARTADOS ......................11
3.1 Infarto Agudo do Miocárdio: aproximações teóricas .......................11
3.2 Assistência de enfermagem no pós-infarto ....................................18
4. METODOLOGIA .........................................................................................20
4.1 Tipo de estudo ..................................................................................20
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................22
5.1 Descrição dos aspectos relacionados à perspectiva de qualidade de
vida desses pacientes após o IAM ....................................................22
CONCLUSÃO ..................................................................................................35
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..............................................................37
7
1. INTRODUÇÃO
Os enfermeiros são constantemente desafiados na busca de
conhecimento científico, a fim de darem ao seu trabalho uma melhor
qualificação. A modernidade científica e tecnológica proporciona a todo instante
uma quantidade crescente e complexa de informações no campo da saúde,
algo que precisam ser absorvidos pelos profissionais como forma de se
manterem atualizados e, assim,prestarem um melhor serviço.
Segundo o Ministério da Saúde, as doenças cardiovasculares
aparecem em primeiro lugar entre as causas de morte no Brasil e representam
quase um terço dos óbitos totais e 65% do total de mortes na faixa etária de 30
a 69 anos de idade, atingindo a população adulta em plena fase produtiva. No
Sistema Único de Saúde (SUS), essas doenças foram responsáveis, em 2002,
por mais de 1,2 milhões de internações, representaram 10,3% do total de
internações e 17% dos gastos financeiros (GODOY et al, 2006).
A Organização Mundial de Saúde (OMS) atribui um terço das mortes
no mundo (15.3 milhões) às doenças cardiovasculares, com os países em
desenvolvimento contribuindo com 86% desses óbitos. Durante os últimos 30
anos, presencia-se um declínio da mortalidade por doenças cardiovasculares
nos países desenvolvidos, enquanto que elevações substanciais têm ocorrido
em países em desenvolvimento, tendo o Brasil como um dos maiores
representantes (HEINISCH; ZUKOWSKI; HEINISCH, 2007).
O infarto agudo do miocárdio além de causar dor intensa, é
responsável por desencadear vários acontecimentos psicológicos no paciente,
podendo ser vivenciados logo no momento inicial de sua admissão no
ambiente hospitalar, comprometendo o seu bem estar e levando o mesmo a
conflitar-se com essa situação.
A internação hospitalar ocorre de forma súbita e inesperada, motivo
pelo qual o transtorno passa a ser maior, pois essa cardiopatia desencadeia
sofrimento emocional vinculado ao medo da morte, da invalidez, do
desconhecido, da solidão como também, depressão e angústia. Essas
sensações ocasionam muito estresse e são geradoras de ansiedades, o que
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comprometem o quadro clínico, podendo agravar o prognóstico, dificultar e
prolongar o plano terapêutico e assistencial adotado.
Cada pessoa vivencia a experiência do infarto de forma individual,
podendo variar de paciente para paciente, em função do sexo, cultura, papel
social, condição de saúde, ambiente e das perspectivas de vida. Todas essas
variações precisam ser norteadoras, na tentativa de fornecer uma estrutura
significativa do infarto do miocárdio, para o cuidado de enfermagem (SANTOS;
ARAÚJO, 2003).
A enfermagem buscou sempre
atuar no cuidado ao paciente,
preocupando-se com seu bem estar e qualidade de vida. Essa profissão ao
longo de sua trajetória passou por diversas transformações até os dias atuais.
Nesse contexto, o enfermeiro começa a modificar seus conceitos, surgindo um
novo profissional, o qual deixa de focar-se apenas na cura, passando a
preocupar-se também com ações de prevenção, promoção e reabilitação da
saúde. Essas ações incluem uma assistência mais completa, na qual são
repassadas várias orientações educativas tanto individuais como coletivas,
buscando a melhoria da qualidade de vida independente do nível de atenção à
saúde em que o paciente está inserido, já que para a sua manutenção, é
necessário o cuidado (CAETANO; SOARES, 2007).
Para Seidie Zannon,(2004) o interesse pelo conceito de qualidade
de vida na área da saúde é relativamente recente e decorre, em parte, dos
novos paradigmas que têm influenciado as políticas e as práticas do setor nas
últimas décadas. Os determinantes e condicionantes do processo saúdedoença são multifatoriais e complexos. Assim, saúde e doença configuram
processos compreendidos como um continuum, relacionados aos aspectos
econômicos, socioculturais, à experiência pessoal e estilos de vida.
Esse conceito é bastante abrangente e envolve uma série de
condições e sentimento do ser humano. Para uma pessoa ter qualidade de vida
é necessário um conjunto de fatores interagindo entre si (saúde física e mental,
moradia, transporte, emprego, alimentação
saudável, atividade sexual
satisfatória, atividade física, liberdade, bom relacionamento social, segurança
financeira e não aderência ao fumo e outras drogas (CAETANO; SOARES,
2007).
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Esse estudo partiu de diferentes inquietações que permeiam o
estudo da revisão da literatura contemporânea que trata da temática “pacientes
infartados”, tomando como foco e recorte conceitual a qualidade de vida
destes. Desse modo, isso permitiu que viesse surgir uma série de problemas e
questões relacionadas ao tema, que instigaram o desejo de realizar o presente
estudo, dentre as quais podem ser citadas: Qual a perspectiva de qualidade de
vida do paciente após o infarto agudo do miocárdio? Como lidar com o estresse
do evento coronariano? Quais as mudanças no estilo de vida que o paciente
terá de enfrentar? Qual a contribuição das intervenções de enfermagem para
recuperação psicossocial do mesmo?
Baseado no exposto, o propósito desse estudo foi identificar a
perspectiva de qualidade devida dos pacientes infartados, sentimentos e
conflitos emocionais advindos da patologia durante o pós-infarto, assim como
também identificar os fatores de risco que desencadearam o IAM.
O estudo pretende ainda discuti medidas educativas, por intermédio
da revisão da literatura, como benefícios ao paciente pós-infartado, através de
orientações e esclarecimentos pela equipe de enfermagem, que estejam
contidas no estudos contemporâneos, sobre hábitos saudáveis, aspectos
emocionais e mitos, e acompanhamento médico freqüente, para que esse
paciente possa voltar ao convívio de uma vida normal, porém com consciência
de necessidade em mudança nos seus hábitos de vida para manutenção de
sua saúde.
Como relevância, pretende-se que o estudo venha a contribuir como
fonte de conhecimento e pesquisa para futuros profissionais, que tenham
acesso a esta produção científica, umas vez que considera-se relevante a
promoção de investigações científicas sobre a temática em foco, com o objetivo
de melhorar a atuação de enfermagem na assistência ao paciente pósinfartado.
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2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral:
Investigar a qualidade de vida dos pacientes infartados por intermédio da
revisão da literatura dos estudos contemporâneos que tratam dessa temática.
2.2 Objetivos específicos:
Discutir a perspectiva da qualidade de vida dos pacientes infartados,
considerando os sentimentos e conflitos vivenciados por estes.
Analisar medidas educativas da enfermagem que possam trazer benefícios aos
pacientes após o infarto.
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3. PERSPECTIVAS, IMPLICAÇÕES E DESAFIOS DA ENFERMAGEM PARA
A QUALIDADE DE VIDA DOS PACIENTES INFARTADOS
Este capítulo delineia discussões acerca do tema Infarto Agudo do
Miocárdio, refletindo suas definições e concepções, assim como, o diagnóstico,
o tratamento e diferentes aspectos desta patologia. Por último, também serão
analisados elementos relacionados a prática e a ação dos enfermeiros,
considerando como eixo central da reflexão a qualidade de vida dos pacientes
infartados.
3.1 Infarto Agudo do Miocárdio: aproximações teóricas
O Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) é uma patologia isquêmica, das
mais graves, que acontece quando o tecido miocárdico é destruído em regiões
do coração, por onde o fluxo sanguíneo não é suficiente para sua irrigação
devido a uma obstrução no seu trajeto que faz o coração diminuir seu ritmo de
bombeamento (ARAÚJO; MARQUES, 2007).
Para Smeltzer e Bare (2005), o Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) é
um processo no qual ocorre destruição das células miocárdicas de forma
permanente. Esse processo acontece quando o fluxo sanguíneo é reduzido
devido a uma obstrução em uma artéria coronária que pode ser causado por
aterosclerose, trombo, ou por um vaso espasmo (constrição ou estreitamento
de um vaso sanguíneo). Essa obstrução é o principal fator que leva a isquemia,
lesão celular proveniente da redução da oferta de oxigênio. Como
conseqüência dessa isquemia, ocorre um quadro intenso de dor precordial
acompanhada por outros sinais e sintomas.
Estudos
realizados
com
pacientes
acometidos
pela
doença
manifestam como sinais e sintomas do infarto: dor forte no peito, dor que
aumenta gradativamente, que causa a sensação de que a vida está se
acabando, caracterizada pela dificuldade respiratória, pelo suor frio e pela
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irradiação da dor para os membros superiores. A dor se concentra diretamente
abaixo do esterno, que se irradia com freqüência para os braços e pescoço.
Essa dor precordial é contínua e não melhora com a mudança de posição
corporal, apnéia forçada, ou por remédios caseiros que o paciente costuma
fazer uso. Pode aparecer também dor epigástrica acompanhada por náuseas e
vômitos (SANTOS; ARAÚJO, 2003).
O diagnostico do IAM é realizado com base na recomendação da
Organização Mundial da Saúde, segundo a qual, a presença de pelo menos
dois dos três critérios a seguir o estabelece: a) história clínica de desconforto
precordial sugestivo de isquemia; b) alterações em traçados seriados de
eletrocardiograma; e c) aumento e queda das enzimas cardíacas (CK-MB).
(SBC, 2004).
As
formas
de
tratamento
são:
medicamentosa,
diagnóstica
(cateterismo cardíaco), intervencionista e/ou cirúrgica. O mais importante é
administrar oxigenoterapia e iniciar a terapia medicamentosa principalmente
nas primeiras três horas que sucedem o IAM, para dessa forma aliviar a
hipoxemia, a dor e a ansiedade (AVEZUM; et al, 2000).
O tratamento medicamentoso do infarto é realizado com o sulfato de
morfina, poderoso analgésico, nitratos, ácido acetilsalicílico, betabloqueadores,
e heparinas. Para o tratamento da dor precordial deverá ser administrado o
sulfato de morfina (2mg a 8mg) por via endovenosa, podendo ser repetido de 5
a 15 minutos, desde que não ocorra queda da pressão arterial. Para tanto, a
mesma deverá ser monitorada. Esse fármaco além de aliviar a dor, diminui o
estresse e a ansiedade. Em casos de ausência dessa medicação ou de
hipersensibilidade a sua fórmula, poderá ser administrada o sulfato de
meperidina (SBC, 2004).
Os nitratos deverão ser utilizados na formulação sublingual
(nitroglicerina, mononitrato de isossorbida ou dinitrato de isossorbida), para
reversão de eventual espasmo e/ou para alívio de sintoma doloroso. Também
estão recomendados para controle da hipertensão arterial ou alívio da
congestão pulmonar, se presentes. Estão contraindicados na presença de
hipotensão arterial (pressão arterial sistólica < 100 mmHg) ou uso prévio de
sildenafil nas últimas 24h. A dose sublingual preconizada é de: nitroglicerina,
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0,4 mg; mononitrato de isossorbida, 5 mg; ou dinitrato de isossorbida,5 mg.
Devem ser administradas no máximo três doses, separadas por intervalos de
5minutos (SBC, 2004).
O ácido acetilsalicílico é indicado rotineiramente para todos os
pacientes com suspeita de IAM, eventualmente como automedicação, exceto
nos casos de contra-indicação (alergia ou intolerância ao medicamento,
sangramento ativo, hemofilia, úlcera péptica ativa). Ele é o antiplaquetário de
escolha para o IAM (SBC, 2004).
Os betabloqueadores diminuem a freqüência cardíaca, a pressão
arterial e a contratilidade miocárdica, reduzindo, assim, o consumo de oxigênio
pelo miocárdio. Essas ações são responsáveis por reduzir as taxas de ruptura
miocárdica, limitar o tamanho do IAM, melhorar a função cardíaca e diminuir a
mortalidade tanto precoce como tardia. As ações antiarrítmicas são importantes
na fase aguda do infarto do miocárdio. Na ausência de contra-indicações, essa
classe de medicamentos deve ser iniciada imediatamente, de preferência por
via oral, após a admissão do paciente (SBC, 2004).
A heparina pertence ao grupo dos antiplaquetários e tem função
coadjuvante no tratamento do infarto, impede a agregação plaquetária e
deposição de fibrina que da estabilidade ao trombo. Ela também aumenta a
potência coronariana e evita o reinfarto. Esse fármaco é disponibilizado em
heparina não – fracionada e em várias heparinas de baixo peso molecular
(SBC, 2004).
Existem atualmente novos agentes trombolíticos que proporcionam
taxas de reperfusão coronarianas superiores aos esquemas citados acima e
com menos complicações hemorrágicas, menor incidência de reoclusão e que
podem ser utilizados através de bollus venoso, sem necessidade de infusão
contínua. (MARTINS; SOUTO, 2004). Estão incluídos nessa classe: o TNKTPA (tenecteplase), a reteplase e a lanoteplase. Contudo, vale ressaltar que o
método mais eficaz de reperfusão coronariana no IAM é o da angioplastia
transluminal percutânea primária (introdução de um cateter provido de um
balão em sua extremidade, até o local obstruído, permitindo assim, o
restabelecimento do fluxo de sangue).
14
O referido procedimento quando adotado, é realizado nas primeiras
24 horas de início do IAM, sem uso prévio de trombolíticos, principalmente nos
pacientes de alto risco (idosos, contra-indicação a trombolíticos, grandes
infartos
anteriores
e/ou
choque
cardiogênico.
No
entanto,
a
pouca
disponibilidade de laboratórios de hemodinâmica capazes de realizar
angioplastia primária em tempo integral, limita muito o seu uso. Não obstante,
quando disponível, é o procedimento de escolha em vez do trombolítico.
Outro recurso de fundamental importância na reperfusão percutânea
do
miocárdio
é
a
utilização
em
alguns
casos,
de
stents
intracoronários(pequenas próteses metálicas que podem ser implantadas nas
coronárias (entre outros vasos). Os stents forneceram importante melhora nos
resultados, com estenose, reduzindo drasticamente a ocorrência de isquemia
recorrente e de reinfarto na fase hospitalar e a necessidade de novos
procedimentos de revascularização para o tratamento da artéria relacionada ao
IAM, ao final dos primeiros seis meses, provocados pela ocorrência de
reestenose coronária (MIYAKE; FERREIRA, 2000).
A cirurgia é realizada quando a área afetada pela isquemia no
músculo cardíaco é muito extensa, porém, deverá ser precedida por uma
avaliação diagnóstica criteriosa. Atualmente, o exame mais indicado é o
cateterismo cardíaco, que embora eleito como um método diagnóstico e
terapêutico eficaz apresenta potencialmente risco de algumas complicações
tais como: o hematoma no local da punção, traumatismo decorrente da
cateterização, formação de coágulo, vaso espasmo e infarto agudo do
miocárdio (LIMA; PEREIRA; CHIANCA, 2006).
O cateterismo cardíaco é realizado num ambiente cirúrgico
hospitalar (laboratório de hemodinâmica), com anestesia local, seja do membro
superior (artéria braquial) ou inferior (artéria femoral), dependendo da situação
de cada paciente, embora o local privilegiado seja o braço direito. São
introduzidos guias e cateteres na artéria, que avançam até aorta e ao ventrículo
esquerdo, a injeção do contraste é responsável pela projeção das imagens das
coronárias, sendo possível observarem as condições das mesmas se
encontram-se abertas ou obstruídas, parcial ou totalmente (FREITAS,
OLIVEIRA, 2006).
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Essa doença é multifatorial, entre os fatores, podemos citar a
hereditariedade, ansiedade, depressão, o não controle da pressão arterial
sistêmica, o diabetes mellitus, o aumento nos níveis de colesterol e
triglicérides, a obesidade, o uso abusivo do tabagismo, o consumo de álcool e
outras
drogas
e
a
falta
de
exercícios
físicos
podem
contribuem
significativamente para o surgimento da doença coronariana. Entretanto não é
necessária a ocorrência de todos esses fatores para o infarto acontecer (SBC,
2004).
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) representa grave problema de
saúde no país. Isso não se deve apenas à elevada prevalência, mas também à
grande parcela de indivíduos hipertensos não diagnosticados, não tratados
adequadamente ou, ainda, pelo alto índice de abandono ao tratamento.
Acredita-se que a HAS pode ser desenvolvida por diversos fatores, entre eles,
os ambientais, comportamentais e genéticos. A epidemiologia dessa doença
crônica tem demonstrado várias características sócio demográficas (faixa
etária, grupo étnico, nível socioeconômico), consumo de álcool, ingestão de
sódio, estresse e sedentarismo. Essa doença é um dos principais fatores de
risco para o desenvolvimento do infarto agudo do miocárdio e de outras
doenças coronarianas (NASCENTE, et al , 2010).
O diabetes mellitus é uma doença crônica e silenciosa que pode
desencadear junto a outras doenças crônicas como a hipertensão e a
obesidade eventos cardiovasculares. Estima-se que o risco de um paciente
diabético desenvolver a doença coronariana é duas a três vezes maiores do
que um indivíduo não-diabético e que apesar de ter sido descrita redução da
mortalidade geral em eventos agudos coronarianos, estes índices de
mortalidade referentes ao diabetes estão se elevando.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) a
associação entre o diabetes e a doença cardiovascular tem sido demonstrada
não somente nos pacientes que apresentam a forma clínica da doença,
definida por glicemias de jejum superiores a 126 mg/dL ou glicemias casuais
superiores a 200 mg/dL, mas também em fases mais precoces e
assintomáticas da história natural da doença, cujas glicemias de jejum estão
alteradas (entre 100 mg/dL e 126 mg/dL) ou apresentam elevação das
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glicemias pós-prandiais (entre 140 mg/dL e 200 mg/dL), denominadas
respectivamente de pré-diabetes e intolerância à glicose (LERARIO, et al,
2008). “Os pacientes com neuropatia diabética podem ter IAM sem dor (IAM
silencioso).
Aproximadamente
25%
dos
IAMs
são
silenciosos.”
(SWEARINGEN;KEEN, 2005, p.316).
A obesidade e o sobrepeso vêm crescendo de forma acelerada no
mundo inteiro, inclusive no Brasil. Essa incidência está relacionada às
mudanças sociais, culturais, ambientais e comportamentais, expressos
especialmente nas mudanças no padrão alimentar e estilo de vida da
população, que se caracterizam pela redução da atividade física, prática do
tabagismo, consumo excessivo de bebidas alcoólicas e pelo aumento da taxa
de urbanização. O excesso de gordura corpórea tem sido tradicionalmente
diagnosticado pelo indicador antropométrico índice de massa corporal (IMC),
traduzido pela razão do peso pela altura ao quadrado. Esse indicador
antropométrico apresenta uma boa correlação com a gordura corporal e com
as alterações metabólicas associadas à obesidade. Entretanto, a circunferência
da cintura, que expressa à concentração de gordura abdominal, em especial a
gordura visceral, é apontada como importante preditor de risco para as
doenças cardíacas (OLIVEIRA, et al, 2009).
O consumo de tabaco é o maior fator de risco cardiovascular isolado
na população mundial e constitui um fator de risco independente para o IAM.
Conseqüentemente, seu abandono também tem o maior potencial de
benefícios na prevenção da doença cardíaca. O abandono do fumo reduz a
mortalidade e a morbidade secundárias a causas cardiovasculares em mais de
35% em todas as populações. Indivíduos fumantes apresentam alterações em
marcadores inflamatórios e hematológicos e nos componentes da coagulação.
O IAM ocorre com mais antecedência nos fumantes em relação aos nãofumantes, o que proporciona menor acúmulo de outros fatores de risco e maior
tendência à obstrução coronariana trombogênica e menos aterosclerótica
(SBC, 2004).
O consumo de drogas ilícitas, como a cocaína também pode
desencadear um episódio de infarto. A fisiopatologia da isquemia e do infarto
do miocárdico relacionados com o consumo de cocaína é provavelmente
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multifatorial e decorre de eventos isolados ou da combinação entre aumento da
demanda de oxigênio do miocárdio em situações de suprimento limitado ou
fixo, vasoconstrição arterial prolongada e agregação plaquetária com
subseqüente formação de trombo. Em seu mecanismo de ação, a cocaína
produz estimulação adrenérgica central e periférica, bloqueando a recaptação
pré-sináptica de noradrenalina e dopamina, aumentando, assim, suas
concentrações pós-sinápticas (POTT JUNIOR; FERREIRA, 2009).
Estima-se que em torno de 18% a 20% dos pacientes após IAM ou
com doença coronariana, possuam transtorno depressivo. Em doenças
cardíacas mais graves, esse percentual é elevado para 50%. Vários estudos
têm identificado que a depressão e a ansiedade se comportam como fatores de
risco, tanto para o surgimento da doença cardíaca como para uma maior
morbidade e mortalidade cardiovascular naqueles que já se encontram com
doença cardíaca. Esses pacientes têm dificuldades em aderir às mudanças nos
hábitos e estilo de vida, como por exemplo, a realização de atividades físicas,
abandono do tabagismo e redução do consumo de alimentos calóricos. Isso
acontece porque para o indivíduo ele deixará de fazer coisas que lhe dão
prazer,
resultando
em
conflitos
emocionais
(ALVES;
FRÁGUAS;
WAJNGARTEN, 2008).
Nesses pacientes verifica-se uma desregulação do eixo hipotálomohipofise-adrenal que pode estar relacionada à maior risco cardíaco. Em
resposta ao estresse, há uma liberação de hormônio liberador de corticotrofina
(CRH) pelo hipotálamo, o que determina aumento na secreção de hormônio
adrenocorticotrófico (ACTH) pela hipófise. O aumento da secreção de cortisol
determina alterações tissulares no endotélio e a elevação do cortisol matinal
relaciona-se com aterosclerose coronariana. Portanto, a ansiedade e a
depressão são fatores importantes em pessoas que apresentam infarto do
miocárdio (ALVES; FRÁGUAS; WAJNGARTEN, 2008).
De acordo com Vacanti; Caramelli2005 a atividade sexual é um
importante componente na qualidade de vida dos seres humanos e vem sendo
estudada há décadas pela psiquiatria, isso se deve a ocorrência de distúrbios
psicológicos advindos de alterações nas relações sexuais. Não há faixa etária
específica para o surgimento desses distúrbios, todavia há uma associação
18
com eventos cardiovasculares e com outras comorbidades. O IAM é
diferenciado das demais enfermidades pela abrupta modificação na rotina de
vida das pessoas. O indivíduo encontra-se inserido em sua trajetória de vida,
economicamente ativo e engajado socialmente. Repentinamente é acometido
pela doença, tendo que passar por um período de internação, geralmente nas
emergências cardiológicas ou em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde
sofre privação sensorial, sendo retirado do convívio familiar. Tudo isso altera
sua auto-estima e sua capacidade de recuperação (SANTOS; ARAÚJO, 2003).
3.2 Assistência de enfermagem no pós-infarto
Cabe à equipe de enfermagem, em especial ao enfermeiro que atua
em emergências cardiológicas, ou em unidades coronarianas, estabelecer uma
relação de confiança com o paciente e seus familiares. Fazer com que esse
cliente e sua família se sintam acolhidos, pois é o acolhimento que gera as
relações mais humanizadas entre quem cuida e quem é cuidado. Quando esse
vínculo não é estabelecido, pode haver dificuldade na adesão do paciente ao
tratamento proposto, prolongar o seu tempo de internação e impossibilitar o
seu retorno as atividades laborativas e sociais o mais breve possível
(SCHNEIDER; et al, 2008).
A assistência de enfermagem direta ao paciente infartado sem
complicações inclui monitorização dos sinais vitais, manter cabeceira do leito
elevada, oxigenoterapia adequada, realização de eletrocardiogramas diários
e/ou a critério médico, administração de medicamentos por via oral ou
parenteral, promover repouso em ambiente tranqüilo, quando indicado,
preparar o paciente para realização de exames diagnósticos, como o
cateterismo e/ ou qualquer outro procedimento intervencionista ou cirúrgico,
bem
como
esclarecer
dúvidas
e
questionamentos
relacionados
aos
procedimentos propostos (SMELTZER; BARE, 2005).
Promover uma assistência de qualidade direcionada a esses
pacientes depende de vários fatores, para tanto é importante entendermos
primeiro o conceito de qualidade de vida. Segundo um estudo realizado acerca
19
desse tema, esse conceito sofreu duas tendências, a primeira relacionada à
conceituação do termo na área de saúde, sendo identificadas: qualidade de
vida como um conceito mais genérico, e a segunda, como qualidade de vida
relacionada à saúde. (SEIDI; ZANNON, 2004).
O enfermeiro deverá realizar educação em saúde com paciente e
seus familiares, orientando-o na redução de atividades físicas que produzam
dor torácica, dispnéia ou fadiga indevida; evitar extremos de calor e frio,
quando indicado, perder peso, cessação do tabagismo, desenvolvimento de
padrões alimentares mais saldáveis, adesão ao tratamento medicamentoso,
controle da hipertensão e/ ou diabetes quando presentes.
Em relação aos sentimentos e emoções relatadas pelo cliente e
família, avaliar a necessidade de aconselhamento espiritual e religioso, permitir
que paciente e família verbalizem seus medos e dúvidas buscando estratégias
para minimizar o estresse e ansiedade manifestada. Todos esses cuidados e
orientações, quando seguidos, contribuem efetivamente para um padrão de
qualidade de vida após o infarto (SMELTZER; BARE, 2005).
20
4. METODOLOGIA
Esta pesquisa é de natureza qualitativa, porque lida com aspectos
que não podem ser quantificados e considera dimensões de sentidos e
significados formativos sobre o tema em estudo. Para isso, adota como ponto
de investigação a revisão integrativa do que é discutido nos estudos
contemporâneos sobre o tema Infarto Agudo do Miocárdio, elegendo como
categoria de discussão a qualidade de vida, a partir da perspectiva e das
práticas da enfermagem.
O estudo foi desenvolvido de forma sistemática e processual, a partir
de uma análise criteriosa de diferentes artigos científicos, coletados em
diferentes fontes acadêmicas que subsidiam fontes de pesquisa sobre diversos
temas da área da saúde. A partir daí, deu-se a interpretação das categorias
teóricas mais pertinentes no estudo, em destaque cita-se o Infarto Agudo do
Miocárdio, a qualidade de vida e a prática de enfermagem.
4.1 Tipo de estudo
A revisão integrativa aparece como a metodologia adequada, por
proporcionar a síntese do conhecimento e a incorporação da aplicabilidade de
resultados de estudos significativos na prática. A revisão integrativa é a mais
ampla abordagem metodológica referente às revisões, permitindo a inclusão de
estudos experimentais e não-experimentais para uma compreensão complexa
do fenômeno analisado. Combina também dados da literatura teórica e
empírica, além de incorporar um vasto leque de propósitos: definição de
conceitos, revisão de teorias e evidências, e análise de problemas
metodológicos de um tópico particular (SOUZA, et al, 2008).
No presente estudo, optou-se pela revisão integrativa porque reduz
incertezas sobre recomendações práticas, permite generalizações precisas
sobre o fenômeno a partir das informações disponíveis limitadas e facilita a
21
tomada de decisões com relação às intervenções que poderiam resultar no
cuidado mais efetivo e de melhor custo/benefício (MENDES, et al, 2008).
Para elaborar uma revisão integrativa eficiente no sentido de
subsidiar a construção de conhecimento e intervenções eficazes por parte de
enfermeiros no cuidado aos pacientes, é necessário o estabelecimento de
etapas, que devem estar claramente descritas e bem definidas. No geral, para
a construção da revisão integrativa é preciso percorrer seis etapas distintas,
semelhantes àquelas utilizadas para a pesquisa convencional. (MENDES, et al.
2008). A seguir, apresenta-se as etapas, que serão utilizadas no presente
estudo.
•
•
•
•
•
•
1ª Etapa: Identificação da questão de pesquisa.
2ª Etapa: Estabelecimento de critérios para a seleção de amostras.
3ª Etapa: Coleta de dados.
4ª Etapa: Avaliação dos estudos incluídos na revisão integrativa.
5ª Etapa: Interpretação dos resultados.
6ª Etapa: Apresentação da revisão
22
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Neste momento serão apresentados os resultados e as discussões
referentes ao tema Infarto do Miocárdio e Qualidade de Vida, com enfoque em
diferentes aspectos dos pacientes que são acometidos desta patologia.
5.1 Descrição dos aspectos relacionados à perspectiva de qualidade de
vida desses pacientes após o IAM
No decorrer deste item procuraremos discutir as categorias “infarto
do miocárdio”, “qualidade de vida” e “prática de enfermagem”, a fim de
compreender qual como elas se articular no pleno desenvolvimento e a
qualidade de vida dos pacientes infartados, com base na revisão da literatura
integrativa contemporânea, referente a esta temática.
Percebemos que na atualidade é bastante recorrente nas pesquisas
do âmbito da saúde estudos mais sistemáticos e categoriais sobre as doenças
cardiovasculares, em virtude de sua perspectiva conceitual e necessidade de
abordar suas perspectivas e implicações. O interesse por esta discussão não é
centrada somente no Brasil, pois é um tema de ordem mundial, abordado em
diferentes pesquisas internacionais, dada sua abrangência e significado no
contexto hospitalar e dos indicadores de mortalidades destes campos
geográficos. Frente isso, consideramos que os estudos sobre este enfoque
merecem ser aprofundados e divulgados no âmbito científico.
Em relação ao exposto, Gallani defende que “as doenças
cardiovasculares (DCV) têm apresentado expressiva prevalência nos quadros
de morbi-mortalidade na maioria dos países do ocidente, inclusive em países
da América do Sul, como o Brasil. [...].” (ET AL, 2003, p.40). No tocante a estas
patologias, reconhecemos como foco de interesse e tema pertinente a este
estudo o Infarto Agudo do Miocárdio (IAM), a qual nos chama atenção e
merece
maiores
aprofundamentos
nestes
resultados
e
discussões.
23
Identificados, desse modo, que o campo da enfermagem precisa assumir o
interesse e a responsabilidade com a contribuição de melhorar a oferta de vida
com qualidade aos pacientes que já sofreram o infarto.
No tocante a este infarto, o mesmo pode ser concebido como “[...]
uma doença que resulta quase sempre da aterosclerose coronariana com
oclusão trombótica das artérias coronárias [...].” (ALCÂNTARA, ET AL, 2007, p.
118). Atrelado a isso, Melo complementa que esta doença:
Trata-se de um evento agudo, que sempre requer internação
hospitalar e, pela sua magnitude e pela existência de
procedimentos terapêuticos capazes de
melhorar o
prognóstico do paciente, tem sido apontado como um agravo
importante no desenvolvimento de indicadores para o
monitoramento da qualidade da assistência. (2004, p.4).
Desta maneira, identificamos no proposto que esta patologia é muito
grave, com isso, requer atenção especial por todos aqueles que integram as
equipes hospitalares, assim como, pelos sujeitos que são acometidos desta, no
intuito de terem manifestações ou reincidências de infartos. Frente a isso, é
preciso desencadear trabalhos educativos, ou melhor, formativos no âmbito da
saúde, que promovam a redução de infartos para pacientes que já tenham sido
acometidas destes. Logo, nesse contexto, é preciso apontar a relevância do
profissional de enfermagem neste âmbito, porque ele poderá promover ações
que instiguem e desencadeiem melhor Qualidade de Vida para os pacientes
que já enfartaram por intermédio de múltiplas ações.
Em adição, é preciso salientar que o estudo da Qualidade de Vida
assume uma centralidade quando se põem em discussão o tema Infarto do
Miocárdio, porque entendemos que as pessoas que passam por tal situação
necessitam dispor de condições favoráveis de vida saudável. Sobre estas
discussões, Gallani ressalta que “a importância da avaliação da QV junto a
pacientes coronariopatas tem sido ratificada pela ampla utilização de diferentes
instrumentos que permitam sua mensuração, nas diferentes áreas da saúde.”
(ET AL, 2003, p.40). Significa afirmar que a qualidade de vida é algo
fundamental para a progressão em saúde dos referidos pacientes.
Conforme fora apresentado na fundamentação teórica e supracitado
nos parágrafos anteriores, são muitas as pesquisas sobre o Infarto do
24
Miocárdio, e em decorrência disso, existem estudos mais específicos acerca
das consequências, dos sintomas e das prevenções desta doença. Inclusive, “
estudos que relacionam exercícios físicos e saúde têm contribuído para a
compreensão da influência de hábitos sedentários com a incidência de
doenças cardiovasculares.” (BENETTI; ARAUJO; SANTOS, 2010, p.399).
Complementando o exposto, destacamos que “o nível da atividade
nervosa simpática é um dos mais importantes determinantes prognósticos em
pacientes com insuficiência cardíaca.” (PÊGO-FERNANDES, ET AL, 2010, p.
685). Sendo assim, as pessoas que sofreram de depressão ou, então, que já
tiveram infarto, que por sua vez, também têm em consonância a depressão,
isso se constitui como agravante no processo de recuperação do paciente. Tal
situação é agravada principalmente porque eles passam a não dispor de
qualidade de vida, o que compromete drasticamente a vida do paciente.
Inclusive, enfocamos que:
A associação entre transtorno depressivo maior e doenças
cardiovasculares, em particular infarto agudo do miocárdio, e
frequente, levando a pior prognostico tanto da depressão como
da doença cardiovascular, com maiores taxas de reinfarto e
maior morbidade e mortalidade. [...]. (ALVES; FRÁGUAS;
WAJNGARTEN, 2008, p.88)
Os profissionais da área de saúde, no caso em estudo,
precisamente os da área da enfermagem necessitam dispor de formação
científica para saber agir diante deste contexto de depressão deste tipo de
paciente. Os enfermeiros são os sujeitos que podem atuar diretamente no
combate desta patologia que vem agravar ainda a que estamos a estudar nesta
pesquisa, contribuindo desta forma para a reincidência de infartos. Há que ser
considerado nesta discussão, além disso, que:
Nos últimos anos, observou-se um crescimento dos estudos
epidemiológicos de depressão e a investigação da associação
com comorbidade cardiovascular. Na população geral, a
prevalência de transtorno depressivo maior para um período de
seis meses e em torno de 6%. [...] (Ibidem, p.89).
A depressão pode agravar ainda mais os efeitos e transtornos
ocasionados pelo infarto, instigando reincidências de seus efeitos e
25
consequências no organismo humano. Portanto, é fundamental que os
pacientes que estejam com depressão venham ser acompanhados por
profissionais diversos, que estudem e atuem sobre os casos de depressão,
para que os índices de infarto não sejam agravados. Compreendemos,
inclusive, os enfermeiros podem promover palestras educativas sobre esta
temática, e isso deve ser transporto principalmente para os pacientes, no intuito
destes, identificarem os efeitos da depressão sobre o seu próprio organismo.
Com efeito, é relevante que os pacientes que sofreram infartos
percebam a necessidade de superar outros possíveis problemas de saúde,
seja física e/ou mental, que possam agravar o Infarto do Miocárdio. No que se
refere ao exposto, pode ser situado que as diferentes formas de atividades
físicas contribuem para o desenvolvimento da saúde do paciente e também
para reduzir os indicadores de depressão. Complementa-se ainda que
A melhora da capacidade funcional e da qualidade de vida é
mais expressiva quando há prescrição de exercícios com maior
intensidade. A prática de exercícios, independentemente da
intensidade, proporciona melhora na percepção da qualidade
de vida. (BENETTI; ARAUJO; SANTOS, 2010, p.403).
Quanto a isso, é significativo elucidar que “estudos que relacionam
exercícios físicos e saúde têm contribuído para a compreensão da influência de
hábitos sedentários na incidência de doenças cardiovasculares. [...].” (Ibidem,
402). Logo, os pacientes necessita dispor de continuas atividades físicas que
estimulem o pleno funcionamento do organismo, uma vez que através destas
eles poderão obter melhor desempenho da estrutura corporal. Os referidos
autores, inclusive, destacam que:
Parece que o exercício físico aeróbio de alta intensidade
melhora a função endotelial e a circulação coronária associada
à aterosclerose coronária não estenótica e que a provável
causa seria o recrutamento de vasos colaterais e o possível
aumento do fluxo sanguíneo nas áreas isquêmica do
miocárdio. [...]. (Ibidem, p.403).
Os enfermeiros podem estimular que os seus pacientes tenham o
hábito de praticar exercícios físicos, os quais devem ser realizados
continuamente e sob o acompanhamento de profissionais com formação
26
especifica para este, no caso, pode ser citado os educadores físicos. No caso
dos enfermeiros, é recomendando que estes disponham de conhecimentos
acadêmicos sobre os efeitos e implicações das atividades físicas para os
pacientes que já sofrem infartos, para que possam tirar possíveis dúvidas
destes, sobre estes aspectos contidos na citação acima, assim como, dentre
outros elementos desta natureza.
Os exercícios físicos promovem e instigam a motivação dos citados
pacientes, sendo considerados como pontos vitais de fortalecimento da autoestima e
do interesse pela busca do conforto de saber que a estão bem de saúde, combatendo
assim a depressão, que geralmente acomete diversos pacientes. Durante a realização
dos exercícios físicos os pacientes podem dialogar com diferentes pessoas,
compartilhar suas vidas pessoais e profissionais com os amigos e companheiros de
academia, por exemplo, e isso pode instigá-los a ter uma vida mais saudável. No que
se refere à depressão, é notório explicitar que ela pode acometer pessoas que já
tiveram infartos. Ou então, ao mesmo tempo, poderá ocasioná-los, em virtude do
quadro debilitado fisicamente e emocionalmente em que o paciente pode se encontrar.
Dessa forma,
Embora seja frequente, mesmo em pacientes com doença
cardiovascular,
o
transtorno
depressivo
continua
subdiagnosticado e, consequentemente, sem tratamento. As
manifestações clínicas dos transtornos depressivos em
pacientes com cardiopatia diferem dos transtornos depressivos
nos pacientes não cardiopatas e podem se confundir com a
gravidade da própria doença clinica de base. (ALVES;
FRÁGUAS; WAJNGARTEN, 2008, p.90).
Neste contexto, o profissional da enfermagem também poderá atuar,
promover palestras sobre este enfoque, para que os pacientes compreendam
que situações de depressão instigam e agravam os problemas relacionados ao
Infarto do Miocárdio. O trabalho educativo no âmbito da saúde também pode
ser
promovido
pelos
enfermeiros,
desde
a
atenção
básica
até
ao
acompanhamento e a recuperação de determinadas patologias mais
específicas. Em complemento, ressaltamos que:
A associação entre depressão e comprometimento do sistema
cardiovascular pode ocorrer em três direções. A depressão
pode ser desencadeada pelo estresse psicológico de um
evento cardíaco, a depressão pode direta ou indiretamente
27
acarretar um impacto cardiovascular negativo ou uma
predisposição genética comum pode aumentar o risco para a
ocorrência de ambas. (Ibidem, p.89).
Neste contexto, o profissional da enfermagem também poderá atuar,
promover palestras sobre este enfoque, para que os pacientes compreendam
que situações de depressão instigam e agravam os problemas relacionados ao
Infarto do Miocárdio. O trabalho educativo no âmbito da saúde também pode
ser
promovido
pelos
enfermeiros,
desde
a
atenção
básica
até
ao
acompanhamento e a recuperação de determinadas patologias mais
específicas. Em complemento, ressaltamos que:
A associação entre depressão e comprometimento do sistema
cardiovascular pode ocorrer em três direções. A depressão
pode ser desencadeada pelo estresse psicológico de um
evento cardíaco, a depressão pode direta ou indiretamente
acarretar um impacto cardiovascular negativo ou uma
predisposição genética comum pode aumentar o risco para a
ocorrência de ambas. (ALVES; FRÁGUAS; WAJNGARTEN,
2008, p.89).
Conforme pode ser identificado nas discussões acima, existem
diversas doenças que são ocasionadas e associadas ao processo de Infarto do
Miocárdio, uma vez que os pacientes ficam propensos a adquirir outras
patologias, porque o seu organismo fica fragilizado. Associado a isso, há que
ser considerado que a depressão estimula e ocasiona maiores índices de
fragilidade dos indivíduos, o que pode instigar maiores incidências de infarto.
Frente a isso, tais pacientes não dispõem de boa qualidade de vida, e isso é
também fator negativo para o seu processo de recuperação e ao mesmo tempo
para o agravamento de possíveis casos. Diante disso, é fundamental que os
pacientes busquem desencadear boa qualidade de vida para que não venham
ocasionar novos casos de infarto. Sobre esta categoria, concebe-se que:
O conceito de qualidade de vida é relativamente recente e
decorre, em parte, de novos paradigmas que têm influenciado
as políticas e as práticas de saúde nas últimas décadas.
Consoante a essa mudança de paradigma, a qualidade de vida
passou a ser um dos resultados esperados tanto das práticas
assistenciais quanto das políticas públicas para o setor da
promoção de saúde e da prevenção de doenças. (CAETANO;
SOARES, 2007, p.31).
28
Os estudos sobre o que se concebe e o que caracteriza a qualidade
de vida são bastante contemporâneos, pois não havia o interesse e o foco por
este interesse de pesquisa. Este tema passou a dispor de maior atenção em
diferentes focos de discussões e investigações científicas, porque isso passou
a ser visualizado em diferentes contextos, tanto no âmbito das políticas
públicas da saúde como dos próprios profissionais desta área. Reforça-se
ainda que a “qualidade de vida é um conceito abstrato, altamente subjetivo,
influenciado por valores pessoais e culturais, crenças, auto-conceitos,
objetivos, idade e expectativa de vida. [...].” (GALLANI, ET AL, 2003, p.40).
Dessa forma, a concepção de qualidade de vida é bastante subjetiva
e relativa, é influenciada pelo contexto em que é situada e concebida, porque
está relativizada pelos sujeitos que a definem. Ou seja, identificada por meio do
que o paciente compreende por qualidade de vida, que varia de indivíduo para
indivíduo, com isso, envolve valores e percepções intersubjetivas, que são
modificáveis de contexto para contexto.
Outro aspecto a ser considerado é que este conceito é
significativamente também cultura e envolve elementos de ordem subjetiva e
pessoal. Para tanto, a definição global de qualidade de vida “[...] leva em conta
as condições externas de vida e as experiências subjetivas do indivíduo. Não é
tarefa fácil quantificar qualidade de vida. Para tanto, existem várias propostas
de instrumentos que foram validados por diversos estudos.” (MORIEL, ET AL,
2010, p.691). Nesse sentindo, não é tarefa fácil especificar de forma objetiva e
direta o que o que vem ser qualidade de vida, mas é evidente que existem
alguns parâmetros a serem seguidos, considerados e especificados. Com isso,
o profissionais da área da saúde necessitam conhecer em profundidade o que
pode ser identificado como elementos que dão sentindo e significado ao que se
compreende por qualidade de vida, as quais serão especificadas a seguir. De
todo modo, é fundamental salientar que:
Qualidade de vida (QV), em seu sentido geral, aplica-se ao
indivíduo aparentemente saudável do ponto de vista físico e diz
respeito ao seu grau de satisfação com a vida nos múltiplos
aspectos que a integram: moradia, transporte, alimentação,
lazer, satisfação/ realização profissional, vida sexual e
29
amorosa, bom relacionamento com outras pessoas, liberdade,
autonomia e segurança financeira. A qualidade de vida pode
estar vinculada ao estilo de vida, incluindo padrão de
alimentação, prática de atividades físicas, não-aderência a
hábitos, como o cigarro, e a forma como encara o trabalho, a
família e as chamadas “tensão de vida moderna” (CAETANO;
SOARES, 2007, p.31).
Partindo do exposto na citação acima, compreende-se que a
satisfação de vida pessoal e profissional é elemento preponderante na
explicitação do que se compreende por qualidade de vida, contemplando
diferentes aspectos, tais como estilo de vida e padrão alimentar. Além disso,
segundo Alcântara, a qualidade de vida é relativa “[...] à saúde é definida como
a mensuração de percepção do estado funcional, impacto, limitação, condições
de tratamento e perspectiva que os pacientes com doenças crônicas e doenças
do coração têm num contexto cultural e sistema de valores.” (ET AL, 2007, p.
118). Significa afirmar que a qualidade de vida é uma condição preexistente
para promover o pleno desenvolvimento e funcionamento do organismo. No
que se refere, a Infarto do Miocárdio, os aspectos relacionados ao bem estar
dos indivíduos é fator significativo para desencadear uma real perspectiva de
vida saudável.
De outro modo, identificamos que:
Experiências vividas, como doenças, tratamentos, relações
interpessoais e suporte social também exercem influência
sobre a qualidade de vida. Os instrumentos que visam
mensurar a QV procuram incluir questões que abordem as
funções física, emocional e social, desempenho de papel, dor,
sono e sintomas específicos de doença. (GALLANI, et al, 2003,
p.40).
Os aspectos sociais influenciam diretamente na qualidade de vida,
porque agem diretamente sobre os tipos de alimentos consumidos, aspectos
que abordam os elementos de ordem física, psicológica e motora dos
indivíduos. A concepção de uma boa qualidade envolve diversas dimensões e
superação de várias patologias. Em geral, há preocupação com as diferentes
patologias e a dimensão integrativa do que fundamenta a qualidade de vida,
assim como, boas condições de sono, de alimentação e de superação do que
venha ocasionar futuros problemas patológicos. No que se refere às patologias,
30
Estudos recentes sobre qualidade de vida (QV) têm sido
realizados em pacientes portadores de várias condições
mórbidas objetivando aferir as diferentes medidas terapêuticas
destinadas a melhorar as condições clínicas e também a
qualidade de vida dos pacientes. Incluída nessa condição, a
doença arterial coronariana (DAC), considerada uma das mais
importantes causas de morbidade e mortalidade na população
adulta, tem um cenário com probabilidades de não se modificar
nos próximos anos. (TAKIUTI, 2007, p. 538).
Os estudos científicos revelam que a concepção e a compreensão
da qualidade de vida não é fácil de ser explicitada, porque conjuga uma série
de fatores de ordem pessoal e subjetiva, associando-se a elementos diversos
que influenciam sobre a saúde dos pacientes. Inclusive é notório que o termo
qualidade de vida “[...] é amplo e inclui uma variedade maior de condições que
podem afetar a percepção do indivíduo, seus sentimentos e comportamentos
relacionados com o seu funcionamento diário, incluindo a sua condição de
saúde e as intervenções médicas.” (CAETANO; SOARES, 2007, p.31).
Nesse sentindo, a qualidade de vida do paciente que já sofrera
infarto passa por aspectos de ordem psicológicas como de ordem física e
fisiológica. Para isso, é necessário que o paciente tenha compreensão dos
diferentes fatores que influenciam em seu processo de recuperação e no
estado de controle das diferentes reações e consequências do infarto, porque
“indivíduos que sofreram infarto agudo do miocárdio (IAM) apresentam déficits
de condições fisiológicas, sociais e laborativas, com consequente baixa
qualidade de vida [...].” (BENETTI; ARAUJO; SANTOS, 2010, p.400). Tais
fatores explicitam que este paciente não dispõe de fatores propensos a uma
boa qualidade de vida, pelo contrário, estes são acometidos de inúmeras
condições que podem lhes levarem a situações de depressão ou outra
problemática de saúde. Para a qualidade de vida deste tipo de paciente, não
diferente das demais, precisa de atenção por todos os sujeitos e profissionais
que atuam direntamente em seu processo de acompanhamento.
Compreendemos que o estilo de vida dos paciencientes que já
sofreram infarto não pode ser tal qual as demais pessoas, porém, estes não
podem ser ezimidos de terem um vida normal, com uma boa qualidade de vida.
Um dado a ser considerado nesta discussão é que “estudos mostraram uma
31
maior incidência de eventos cardiovasculares na população com sintomas
depressivos ou baixos escores de indicadores de qualidade de vida.”
(MORIEL, ET AL, 2010, p.691). Para tanto, a qualidade de vida destes
pacientes, geralmente, não é satisfatória e plena, pelo contrário, requer uma
maior atenção, porque é sujeita a frequentes alterações, semelhantes das
demais pessoais, mas no caso deles, exige maior atenção, porque:
A satisfação com a vida e sensação de bem-estar pode, muitas
vezes, ser um sentimento momentâneo. Porém, acreditasse
que o investimento na conquista de uma vida com qualidade
pode ser construído e consolidado em um processo que inclui a
reflexão sobre o que é definitório para sua qualidade de vida e
o estabelecimento de metas a serem atingidas, tendo como
inspiração o desejo de ser feliz. (CAETANO; SOARES, 2007,
p.31).
O alcance do pleno exito da qualidade de vida requer uma série de
fatores, dentre estes pode ser acentuado que é fundamental o paciente
inicialmente conhecer em profundidade dimensões específicas da patologia
que porta, situando seus limites e possibilidades. Em continuidade, é
importante também que este identifique quais são os aspectos da área da
saúde que podem lhes proprocionar uma melhor qualidade de vida. De outro
modo, é fundamental a ocorrência de avaliações sobre diferentes aspectos e
perspectivas do que pode estruturar qualidade de vida para esses pacientes.
Sobre esta reflexão, pode ser complementado que:
Entendemos que a avaliação da qualidade de vida em
pacientes com infarto do miocárdio tem a ver mais com os
benefícios do que com os eventuais prejuízos da intervenção
terapêutica. O que se vai medir é o quanto a insuficiência
cardíaca impede ou dificulta a vida do paciente, pois esses
portadores desenvolvem mecanismos para tentar diminuir os
desconfortos que o tratamento lhes ocasiona e, dependendo da
intensidade, acabam por afetar o seu estilo de vida. A escolha
de um instrumento holístico para avaliar a QV nesta clientela é
importante. A Escala de QV de Flanagan5 é um dos
instrumentos de avaliação. (Ibidem, p.31).
Na citação acima são apresentados diferentes aspectos da
interelação da qualidade de vida com os problemas ocasionados pelos efeitos
e as consequências do infarto. Em destaque, pode ser citado que é
32
imprescindível reconhecer o que precisa ser evitado na rotina do paciente,
assim como, o que ele poderá fazer para conviver de forma saudável com
possíveis resultados e efeitos do infarto. Nesse âmbito, surge o profissional da
enfermagem que poderá estimular e propagar a educação em saúde,
principalmente em seu local de trabalho, em destaque cita-se ações contínuas
com os próprios pacientes, divulgando o que é necessário para que estes
tenham predisposição e efeitos positivos para uma melhor qualidade de vida.
Para tanto,
A enfermagem sempre teve e terá grandes preocupações com
os cuidados prestados a uma pessoa em uma variedade de
situações relacionadas à saúde, como o estado geral, o bemestar, a qualidade de vida, dentre outras. Esse cuidado inclui
papéis significativos na educação para a saúde, dentro da
promoção da saúde, e a prevenção de doenças, bem como o
cuidado individual do paciente, visto que este é o maior
responsável pela manutenção de sua saúde e prevenção das
doenças. (CAETANO; SOARES, 2007, p.31).
Com efeito, situamos que a enfermagem age de forma direta em
processos e ações básica (iniciais) frente à promoção da educação em saúde
e, principalmente, no enfoque direto e sistemática em propagar múltiplos
conhecimentos sobre aspectos, implicações e perspectivas da qualidade de
vida. No que tange ao desenvolvimento pleno do potencial da pessoa que tem
predisposição ou mesmo manifestado o infarto, porque
A enfermagem é co-participante direta na difusão de medidas
preventivas à população, por incluir, em suas principais
atribuições, a atenção primária à educação em saúde,
atividades educativas, informativas e interativas direcionadas à
população. Por tanto, a implementação de estratégias
baseadas na promoção de um estilo de vida saudável requer
esforço coordenado entre os provedores de cuidados com a
saúde, tais como médicos, enfermeiros, nutricionistas e
fisioterapeutas, odontólogos, o sistema escolar, outros órgãos
governamentais,a indústria como a de alimentos e a
farmacêutica. (Ibidem).
Os enfermeiros podem promover ações e procedimentos que
instiguem os pacientes a se cuidarem melhor, em destaque cita-se os que
tiveram infarto do miocárdio, para que eles possam alcançar e conceber um
33
estilo de vida mais saudável e condizente com as condições de saúde. Tais
procedimentos nao são de responsabilidade somente dos enfermeiros, mas de
todos os profissionais do âmbito da área da saúde, porque são os sujeitos que
mais podem contribuir com a promoção da qualidade de vida dos pacientes
que já sofreram infartos. Especificamente compete aos enfermeiros uma
melhor atuação neste contexto porque são os profissionais, em destaque, que
buscam agir integramente com os citados pacientes, possibilitando atenções
básica e primárias, que se interligam a propagação da qualidade de vida. Por
tanto, “a literatura preconiza o papel do enfermeiro como de provisão,
promoção, manutenção e restauração do conforto.” (MUSSI, 2004, p.752).
Em adição, entende-se que o conforto pode ser situado como a zona
e o período em que as pessoas acomitadas de doenças cardiacas buscam
intigar altos índices de qualidade de vida, que favoreçam uma vida saudável e
ao mesmo tempo, que evitem situações propensas de reincidencias de infarto.
Logo, “os indicadores da categoria bem-estar físico, bem-estar psicológico,
bem-estar espiritual e interações pessoais são coerentes com as definições
atribuídas aos, contextos em que o paciente experimenta conforto [...].”
(MUSSI; FRIEDLANDER; ARRUDA, 1996, p. 34).
As situações de conforto e de qualidade de vida precisam ser
instigadas frequentemente, estimulando a propensão desta no contexto
familiar, psicológico e comportamental dos pacientes acometidos de infarto do
miocárdio. O trabalho dos enfermeiros deve ser apoiado no cenário da ação
educativa, desencadeando realmente a promoção da qualidade de vida, no
intuito de romper com qualquer incidência de desconforto. Neste contexto, cabe
salientar que ao pensar numa proposta educativa, é preciso “[...] lembrar que o
controle dos fatores de risco depende tanto do treinamento quanto da
conscientização e participação ativa do indivíduo na mudança para um estilo de
vida mais saudável.” (MUSSI, 2004, p.757).
Ainda no que compete ao prática da enfermagem, reforça-se que:
Sem dúvida, a única forma de evitar todo esse desconforto é
evitar o próprio infarto: não há outra estratégia senão a
prevenção, que pode incidir em diversos níveis, nos quais a
enfermagem tem importante papel a desempenhar. E, o estudo
34
acima relatado, pode contribuir para iluminar a ação possível e
desejável de enfermeiros nessa prevenção. (Ibidem).
.
Partindo do que fora apresentando acima, por intermédio do
desenvolvimento
da
explicitação
dos
resultados
e
discussões
desta
investigação, fica evidente que o infarto do miocário é uma patologia bastante
grave em diferentes contextos geográficos e econômicos. Esta doença
acomete muitas pessoas, ocasionando e instigandos as taxas de mortalidade,
porém, muita pessoas podem conviver de forma saudável, e com boa
qualidade de vida, após serem acometidas de infarto, desde que tenham
atenção e cuidado com suas respectivas condições de vida. Nesse âmbito,
pode ser situado elementos de ordem alimentar, emocional, da saúde e de
outras naturezas, que são indubitavelmente revantes para a vida em sociedade
de forma satisfatória e que promovam campos de conforto.
Os
enfermeiros
são
chamados
a
atuarem
neste
contexto,
promovendo, assim, boa qualidade de vida para os pacientes e instigando-os a
se cuidarem plenamente. Para isso, é interessante que eles disponham de
formação de qualidade e tenham compromisso com a profissão, porque
entendemos que os mesmos podem desencadear ricas e oportunas melhorias
nas condições de saúde para muitos pacientes, em destaque podemos citar os
que já sofreram infarto e que poderão ser acometidos desta patologia de forma
mais intensa e grave.
35
CONCLUSÃO
A partir do que já foi exposto no capítulo anterior e na própria revisão
da literatura, fica explicito que a Qualidade de Vida no paciente infartado,
pressupõem de diversos fatores dentre eles: pratica de atividade física (e para
pacientes não sedentários o exercício de alto impacto),vida sexual de
qualidade,prevenção da depressão, hábitos saudáveis com: ausência de
tabagismo, álcool e droga. Tais aspectos precisam ser considerados no âmbito
da enfermagem, principalmente porque entendemos que os profissionais deste
campo têm a possibilidade de promover ações significativas no campo da
educação em saúde, para promover melhores condições de vida para este
público. Para tanto, evidenciamos que a qualidade de vida deste pacientes é
atrelada a uma série de cuidados e implicações hospitalares.
Qualidade de Vida (QV), em seu sentido geral, aplica-se ao indivíduo
aparentemente saudável do ponto de vista físico e diz respeito ao seu grau de
satisfação com a vida nos múltiplos aspectos que a integram: moradia,
transporte, alimentação, lazer, satisfação/ realização profissional, vida sexual e
amorosa, bom relacionamento com outras pessoas, liberdade, autonomia e
segurança financeira.
Estes fatores
são fundamentais para
o pleno
desenvolvimento dos seres humanos, considerando como elemento central a
qualidade de vida. A qualidade de vida pode estar vinculada ao estilo de vida,
incluindo padrão de alimentação, prática de atividades físicas, não-aderência a
hábitos, como o cigarro, e a forma como encara o trabalho, a família e as
chamadas “tensão de vida moderna” (CAETANO; SOARES, 2007, p.31).
Desse modo, que o campo da enfermagem precisa assumir o
interesse e a responsabilidade com a contribuição de melhorar a oferta de vida
com qualidade aos pacientes que já sofreram o infarto. Frente isso, este
profissionais podem atuar em diversos contextos e realidades, vivenciando
dinâmicas diversas e se predispondo a desenvolver com êxito ações da
enfermagem que promovam o desempenho favorável de qualidade de vida. Os
enfermeiros necessitam atentar para os aspectos contemplados neste estudo,
no intuito de compreenderem como podem contribuir com uma melhor
36
qualidade de vida dos pacientes que sofreram ou que podem sofrer enfarto do
miocárdio. Mas, para isso, é fundamental falar e oferecer formação de
qualidade para que estes sujeitos possam desempenhar com êxito suas
atribuições neste contexto.
37
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