Belo Horizonte, 28 de março de 2011 Brasil é modelo para a América Latina, diz BID – Estado de São Paulo Países latino-americanos afinados ao modelo econômico brasileiro se beneficiarão mais das vantagens da nova ordem mundial do que os alinhados ao padrão mexicano. Em tom de profecia, essa constatação emerge no estudo "Uma Região, Duas velocidades", a ser divulgado hoje pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) em sua reunião anual em Calgary, no Canadá. O documento indica a tendência de aumentar ainda mais a brecha econômica entre o México e o Brasil, dois países concorrentes à liderança regional há poucos anos, e entre América do Sul e América Central. O estudo cautelosamente parte de uma constatação sobre a mudança na ordem econômica mundial desde a crise financeira de setembro de 2008. Descreve em números a "deterioração persistente" das posições dos Estados Unidos e da Europa em relação ao período anterior à crise. Nos EUA, a demanda agregada caiu 8%, os investimentos recuaram 29%, e as exportações, 10%. As importações igualmente reduziram em 21%, enquanto o Produto Interno Bruto (PIB), caiu 7%. A arrecadação 22% mais magra acentuou as dificuldades para os EUA enfrentarem o déficit fiscal, de US$ 1,3 bilhão ou 9% do PIB. Na zona do euro, os dados podem ser diferentes, mas o quadro geral mostrou-se similar. Nos últimos dois anos, a economia mundial foi empurrada pelos emergentes, cuja contribuição para o crescimento da demanda mundial saltou de 50%, em 2008, para 75%, em 2010. Assim deverá ocorrer nos próximos anos. Porém, para a América Latina, o estudo prevê dois ritmos diferentes de crescimento econômico. O Brasil, segundo o texto, está "muito bem posicionado em um mundo no qual as economias emergentes são os motores do crescimento". Ou seja, o País mantém uma parceria comercial intensa com os demais emergentes e se beneficia dos preços internacionais mais elevados das commodities e do ingresso de capital produtivo. As exportações brasileiras para Rússia, Índia e China - os demais BRICs - aumentaram 94% entre 2006 e 2009. Antes responsáveis por só 9% dos embarques totais do Brasil ao exterior, esses parceiros passaram a responder por 17%. Os mercados industrializados encolheram de 50% para 44% no mesmo período. Com laços comerciais estreitos com as economias industrializadas - os EUA, em particular - o México está do outro lado da moeda, em "condições bem menos favoráveis para lidar com o novo ambiente mundial". As exportações mexicanas para os BRICs representaram apenas 6% do total, em 2009. Se o fluxo de investimento direto estrangeiro - capital para o setor produtivo - para o México encolheu de 36% do total, em 2006, para 29%, em 2009, a situação mais favorável ao Brasil traz embutidas as preocupações com o superaquecimento da economia, a valorização real da taxa de câmbio e o crescimento rápido do crédito. A projeção de crescimento econômico para 2011 seria uma das comprovações dessa teoria das duas velocidades. O Brasil, com previsão de 4,4%; o México, de 2,7%. Os países alinhados a um ou outro modelo tenderão a seguir os ritmos desses dois emergentes latino-americanos. O brasileiro envolve todos os países da América do Sul, com exceção de Suriname e Guiana, e inclui Trinidad e Tobago. O modelo mexicano se estende aos centro-americanos e às principais economias do Caribe. "Os países que seguem o modelo brasileiro terão de fazer bom uso da bonança externa, com sólida administração da macroeconomia e do setor financeiro, evitando o superaquecimento e mantendo-se atento a qualquer sinal de vulnerabilidade que possa colocá-los em risco, enquanto investem no aumento da produtividade", recomenda o BID. Para os países do modelo mexicano, esse organismo advertiu para a necessária superação dos desafios macroeconômicos, a reconstrução do setor produtivo e a busca de políticas inovadoras para o comércio. O estudo do BID parte do princípio de um inevitável reequilíbrio da economia mundial, dada a necessidade de ajuste progressivo nas contas fiscais e nas contas correntes das economias mais industrializadas. A rigor, essa tarefa será rodeada de riscos para o comércio internacional, em função da necessidade de esses países reduzirem seus déficits com as economias emergentes. CARNE BRASILEIRA MIRA NOVOS COMPRADORES – Zero Hora Projeção de aumento na demanda renova expectativas do segmento Enquanto o mercado acompanha a alta no preço das commodities, a indústria e os pecuaristas estudam caminhos para atender a uma crescente demanda pela proteína animal. Mesmo com a tragédia no Japão, o país está na mira dos produtores brasileiros. Um dos grandes trunfos da produção de carne no Brasil é a competitividade, segundo o vice-presidente de Finanças da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Ademar Silva Junior. O dirigente alerta, no entanto, que para aproveitar o potencial da produção agroindustrial brasileira, será preciso ampliar o número de países importadores. Desde o ano passado, apenas no Estado deixaram de ser exportadas cerca de nove toneladas de carne para o Egito, devido à preocupação do mercado com uma possível crise no país, segundo Zilmar José Moussale, diretor do Sindicato da Indústria da Carne no Estado (Sicadergs). O Brasil já exporta cerca de 1,23 milhão de toneladas de carne bovina. Para aumentar esse mercado, o país deve disputar a preferência de países como Canadá, China, México e até o Japão, que hoje não compram a proteína produzida aqui. – O Japão precisará importar mais alimentos e não deve abrir mão da qualidade, o que indica que buscarão preços mais competitivos do que os praticados pela União Europeia e Estados Unidos. O Brasil passa a ser um potencial exportador – projeta Silva Junior. Além disso, o setor precisará investir na ampliação da produção, de olho na projeção de crescimento na demanda por carne bovina, que deve aumentar 34% até 2030, segundo dados da FAO (órgão da Organização das Nações Unidas para a agricultura e alimentação). – Se o Brasil não conseguir ao menos dobrar a sua produção, é provável que haja uma disparada nos preços – analisa Silva Junior. No mercado interno, a alta nos preços já causa desaceleração no consumo. Moussale acredita que a partir do aumento da oferta de gado para a indústria, a tendência é que o preço estabilize para o consumidor. Para discutir mercados e o consumo, será realizado em junho. em Mato Grosso Sul, o Congresso Internacional da Carne 2011. O evento foi lançado ontem, na Capital. AFTOSA – CNPC News Veterinários e pecuaristas do centro do País estão solicitando ao Ministério da Agricultura que proiba a importação de vacinas contra a Febre Aftosa provenientes da Argentina Veterinários e pecuaristas do centro do País estão solicitando ao Ministério da Agricultura que proiba a importação de vacinas contra a Febre Aftosa provenientes da Argentina. Segundo denúncia do veterinário Sebastião Costa Guedes, membro do Grupo Interamericano para Erradicação da Febre Aftosa e ex-presidente do Conselho Nacional da Pecuária de Corte, um fabricante argentino também produz vacinas para a China manipulando o vírus exótico O1 Taiwan, desconhecido no Brasil e para o qual, se houvesse contaminação, nosso rebanho não teria defesa. De cordo com normas e acordos internacionais, fornecedor de vacina para um país sul-americano não pode manipular, em sua fábrica, vírus que seja exótico ao continente. Costa Guedes publicou artigo-denúncia no blog sobre agronegócio de Richard Jakubaszko. Produtores mineiros modernizam a produção leiteira – Agrolink Projeto Educampo mostra como planejamento pode ser sinônimo de mais lucro e menos gastos Em dois anos, pecuaristas da região Sete Lagos conseguiram aumentar a produtividade e reduzir os custos com ajuda do Educampo, projeto do Sebrae-MG que oferece consultorias gerenciais e tecnológicas a mais de 3 mil produtores em todo o estado. Nessa região, a iniciativa tem o apoio da Itambé. Há quatro anos, a assistente social e funcionária pública aposentada, Mônica Pereira Mascarenhas resolveu dar continuação a atividade do pai. Sem conhecimento sobre o setor agropecuário, em 2008, ficou sabendo do projeto no município de Jequitibá e não teve dúvidas em participar. “Herdei a Fazenda Barra do Jequitibá e tinha pouco conhecimento de como tocar o negócio, o Educampo veio em uma boa hora e com ele pude organizar o meu trabalho e o meu futuro”, conta Mônica. Mônica e outros dezesseis produtores da região de Sete Lagoas recebem orientações de um técnico especializado, que avalia e sugere melhorias na qualidade, produção, rentabilidade e produtividade da fazenda, desde a escolha do adubo ao armazenamento do leite. Entre os resultados do grupo de oito empresários de Jequitibá está o aumento da produção média que saltou de 556,47 litros de leite/dia para 631,49 litros/dia. Houve também a ampliação de 9% no número do rebanho e a diminuição em 24% dos custos com a produção. Com mais planejamento, Mônica que tinha uma produção de 400 litros de leite/dia passou a tirar 750 litros/dia. “Com o projeto descobri que tenho condições de produzir 3 mil litros de leite/dia. Ainda tenho muito o que melhorar, mas os resultados já são significativos”, admite. De acordo com a produtora, o Educampo também ajudou na redução de gastos com insumos e concentrados da fazenda, assim como a adoção de um sistema de vacinação permanente que ajuda na prevenção de doenças do rebanho. Com essas medidas o custo de produção chegou a cair 15%. “Com o projeto evitei muitos prejuízos. Hoje tenho condições de avaliar o custo-benefício de tudo que pretendo fazer”, afirma Mônica. Para o produtor Alexandre Gontijo Gonzaga, proprietário da Fazenda Colorado, com a análise dos dados da fazenda é possível verificar os pontos críticos do negócio e os investimentos a serem feitos. Como meta para os próximos dois anos ele espera dobrar a produção de leite. “Antes de participar do projeto não tinha nenhum tipo de planejamento, agora posso tomar decisões rápidas, identificar em que pontos posso melhorar o que devo reduzir de custos e como fazer”, explica o produtor. Atualmente, no rebanho de Alexandre são mais de 200 animais que produzem cerca de 1.800 mil litros de leite/dia. “Uma grande produção que exige planejamento para não ter surpresas desagradáveis, e o projeto oferece instrumentos de controle de gestão para que eu tenha bons resultados”, diz Alexandre. Tecnologia diminuirá gastos para o produtor rural - Agrolink Os produtores rurais vão poder reduzir os gastos no plantio de milho, cana-de-açúcar, arroz e trigo, com o emprego de tecnologia à base de inoculante - bactérias que fixam nitrogênio no solo. Esse tipo de produto é empregado com sucesso no cultivo da soja desde a década de 70. A Instrução Normativa Nº 13, publicada no Diário Oficial da União (DOU) nesta sexta-feira, 25 de março, moderniza o registro desses produtos no Brasil, melhorando as regras existentes para produção, pesquisa e importação. De acordo com o coordenador do Departamento de Fiscalização de Insumos Agrícolas do Ministério da Agricultura, Hideraldo Coelho, os inoculantes diminuem bastante a quantidade de fertilizantes nitrogenados usada na lavoura. “No cultivo de soja, por exemplo, os agricultores chegam a gastar, em média, R$ 15 por hectare. Entre os que não aderem à tecnologia, os custos podem chegar a aproximadamente R$ 700,00 por hectare, calculam os especialistas da área”, diz Hideraldo Coelho. Diferentemente da adubação mineral, os inoculantes têm como base material biológico. Além de mais baratos, os produtos não causam danos ao meio ambiente. “A fixação biológica de nitrogênio pelas plantas leguminosas pode suprir a adubação mineral dependendo da espécie e sistema de cultivo”, explica o coordenador. As novas normas para o registro do material produzido, importado e comercializado em território nacional incluem os micro-organismos aprovados para uso e as orientações para embalagens. “O pedido de registro deverá conter a relação das matérias-primas utilizadas na fabricação e as suas funções, bem como a espécie de micro-organismo utilizado e a qual cultura se destina”, informa Coelho. Saiba mais Após a fotossíntese, a Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN) é considerada o mais importante processo biológico fundamental para a vida. A FBN é o processo que captura o nitrogênio presente na atmosfera e o converte em formas que podem ser utilizadas pelas plantas. Em termos de agricultura, a simbiose entre bactérias fixadoras de nitrogênio (denominadas rizóbios e bradirizóbios) e plantas leguminosas (família à qual pertencem a soja, o feijão e a ervilha) é a mais importante. Após a formação de nódulos nas raízes dessas plantas, a bactéria passa a fixar o nitrogênio atmosférico e a planta o transforma em compostos orgânicos, diminuindo uso de adubos nitrogenados. No Brasil, graças ao processo de FBN, a inoculação substitui totalmente a necessidade do uso de adubos nitrogenados nas lavouras de soja. A disseminação desta técnica é uma das ações previstas no Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC) do Ministério da Agricultura. O objetivo do programa é promover ações na agropecuária nacional para atingir as metas acordadas na conferência de Copenhague, em 2009. O uso de inoculantes evita a contaminação da água pelo nitrato existente nas fórmulas de adubo nitrogenado e contribui para reduzir a emissão de gases do efeito estufa. Terras: A era dos estrangeiros – Agrolink Capital internacional está cada vez mais presente na produção mato-grossense. Aquisições ditam tendência e provocam espanto Números oficiais apontam para menos de 1 milhão ha em mãos estrangeiras, mas a realidade pode ter outra dimensão MARCONDES MACIEL Custos elevados de produção, aliados às dificuldades dos produtores em administrar grandes propriedades, estão levando a uma expansão do domínio estrangeiro em áreas de produção agrícola em Mato Grosso. Oficialmente, segundo o Sistema Nacional de Cadastro Rural do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), 844 mil hectares estão sob o controle dos “gringos”, seja através de arrendamento ou mesmo de aquisições feitas por empresários rurais, grupos ou corporações internacionais. Considerando que área sob uso das atividades agrícola e pecuária ocupa cerca de 36 milhões de hectares, temos atualmente pouco mais de 2% saindo de mãos mato-grossenses. O percentual pode parecer pequeno, mas a velocidade com que os negócios se dão é que assusta. O produtor local não vislumbra nenhum cenário a curto e médio prazo de rentabilidade capaz de frear, o que para muitos, se mostra como “tendência”, diante de um segmento descapitalizado. Na maior parte das vezes, o capital externo destina-se a subsidiar atividades ligadas ao agronegócio, como a produção de grãos (soja e milho), além de algodão e cana-de-açúcar. O montante de terras sob o controle estrangeiro revela a fragilidade do sistema brasileiro, que não possui limitações quanto à ocupação no território nacional, apesar de uma lei recente proibir aquisições de terras por estrangeiros. O levantamento do Incra mostra que as terras “internacionalizadas” estão distribuídas entre 1,23 mil propriedades em Mato Grosso. A preferência pelo Estado colocou-o em uma posição absoluta. Em outros estados, apesar do total de propriedades ser maior, suas áreas são menores. "Muitos estrangeiros enxergam no Brasil a única alternativa de crescimento da agricultura e pecuária mundial. Com isso, estão acelerando os investimentos em regiões de fronteiras, que ainda têm potencial de valorização", explica o analista Paulo Henrique Dias. O processo de “internacionalização” das terras, em Mato Grosso, é confirmado pelo Instituto Matogrossense de Economia Agropecuária (Imea), apontando que em 2010 a participação estrangeira somou 4% de todas as terras agricultáveis do Estado. Otávio Celidônio, superintendente do Instituto, não revelou o total da área ocupada pelos estrangeiros na região, alegando que o estudo ainda não foi concluído. “Notamos, porém, uma mudança no perfil da posse das propriedades. Nos Estados Unidos, por exemplo, o maior produtor de soja é um fundo de investimentos. E, na América Latina, isso também já vem acontecendo. A participação estrangeira vem crescendo porque o interesse em investir aqui é cada vez maior”, frisa Celidônio. Ele revela que 20% da safra mato-grossense têm participação direta ou indireta de capital estrangeiro. “Mato Grosso é o estado com a maior densidade de investimentos internacionais no país. A concentração é uma tendência mundial e não fugimos à regra”, diz ele. O levantamento do Incra aponta também que Mato Grosso é o que apresenta maior concentração de terras por proprietários de fora do país. Isto quer dizer que, com o passar do tempo, o interesse pelo território aumentou e a introdução do capital de outros países estabeleceu uma competição com os produtores nacionais. “Esta concentração é explicada pela necessidade dos produtores expandirem seus investimentos, diluindo custos e responsabilidades em um sistema de gestão profissionalizada”, ressalta o superintendente do Imea. Ele diz que um produtor com até 1 mil hectares consegue administrar bem a sua propriedade. “Quando esta área é ampliada para cinco mil ou dez mil hectares, a situação muda completamente e, na maioria das vezes, o produtor perde o controle e não consegue administrá-la com a mesma eficiência. É isso que faz a diferença e que está levando a este processo se expandir mais rapidamente”. Programa de distribuição de sêmen melhora genética do gado - Agrolink Um programa gratuito de melhoramento genético, da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando, em parceria com a Embrapa Gado de Leite, ajuda produtores de leite a aumentar a produtividade do rebanho. Os técnicos visitam as fazendas uma vez por ano para inseminar e coletar dados das bezerras nascidas. O carro que apontou no meio da estrada de terra levava uma encomenda bastante aguardada na fazenda. No botijão, que a pecuarista Maria Inês Cruvinel ajudou a levar até o curral, estavam 50 doses de sêmen de touros girolando, que iriam inseminar 25 matrizes da mesma raça. Ela faz parte de um programa da Associação dos Criadores de avaliação genética que utiliza o chamado teste de progênie. “Fez diferença no resultado. Eu tive boas vacas”, conta Maria Inês. A pecuarista tinha poucos recursos para investir em genética. Mas em 1998, descobriu que poderia melhorar o rebanho sem gastar nada a mais. O processo não tem custo para a pecuarista porque a fazenda foi incluída em um programa de distribuição de sêmen da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando. A propriedade se transformou em um rebanho colaborador. É uma espécie de centro de estudos que ajuda a mapear o melhoramento genético da raça. O girolando surgiu do cruzamento da raça gir, que é zebuína, com a holandesa, que é europeia. Do gir os animais herdaram a rusticidade e a resistência ao calor. Da holandesa, veio a boa capacidade leiteira. Para melhorar ainda mais a nova raça, a Associação de Criadores começou a aplicar, a partir de 1997, um teste para selecionar os melhores reprodutores e matrizes. Os estudos começam nas centrais genéticas. “Existem alguns requisitos para o touro entrar no programa. Dentre eles, está a lactação da mãe e das avós. Procuramos lactações superiores, de animais filhos de mães produtores com lactações altas”, explica o veterinário Marcello Cembranelli. A seleção é feita uma vez por ano. Na última vez, dos 65 touros inscritos, apenas 19 foram selecionados. Na central em Uberaba, em Minas Gerais, estão os animais que já se habituaram a passar pelo processo de coleta de sêmen. Com a ajuda de uma vaca, chamada de "manequim", os tratadores estimulam a monta e em poucos minutos o material está dentro do frasco. Tudo começa com a contagem dos espermatozóides. “Eu avalio a qualidade do sêmen para fertilidade. Nós avaliamos a motilidade, o número de espermatozóides que se movimentam para frente, retilineamente. Eu avalio a morfologia para verificar se o sêmen não tem defeitos de cabeça ou de cauda. Tudo isso é importante porque quanto melhor essa qualidade de sêmen, melhor será a fertilidade na hora da inseminação”, explica o gerente do laboratório, Neimar Severo. Os técnicos visitam as fazendas uma vez por ano para inseminar e coletar dados das bezerras nascidas. A única exigência do programa é que o dono da propriedade fique com os animais até o fim da primeira lactação, ou seja, por pelo menos quatro anos. Depois de quase 13 anos dentro do programa, a pecuarista Maria Inês Cruvinel têm bons números para mostrar. Atualmente, a produção diária de leite na fazenda é de 1,6 mil litros, com uma média de 20 litros por vaca. Com esses resultados, ela não hesita em recomendar o programa para outros pequenos criadores. “Primeiro porque o criador vai ter uma genealogia nova no rebanho dele. Segundo porque eu acho que todo mundo que mexe com gado tem que dar a sua parcela de colaboração. Se a gente não recebe o sêmen do teste de progênie, como que vamos provar que o touro e bom? Não tem outra maneira”, justifica ela. O programa de melhoramento da raça girolando é feito em parceria com a Embrapa Gado de Leite. AGRONEGÓCIO: SEAPA E MAPA PROMOVEM CURSO DE EXTENSÃO SOBRE AGROTÓXICOS – Suíno.com Crimes ambientais e destinação de embalagens vazias de agrotóxicos, além de receituário agronômico, são alguns dos temas abordados no Curso de Extensão sobre Agrotóxicos que se realiza no próximo dia 4 de abril, na Faculdade de Agronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). A extensão é uma promoção da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Agronegócio (Seapa) e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O curso é destinado à engenheiros agrônomos, técnicos agrícolas e estudantes, oferecendo um total de 80 vagas. A taxa de inscrição custa R$ 30,00 e pode ser feita pelo www.enfisa.com.br/regional-sul-sudeste-centro-oeste. Mais informações também podem ser obtidas pelo e-mail [email protected]. Este ano, Porto Alegre sedia o 9 Encontro Regional de Fiscalização de Agrotóxicos das regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e o Distrito Federal, de 5 a 7 de abril próximos. As conferências regionais debatem os temas que serão levados ao seminário nacional, o Encontro Nacional de Fiscalização e Seminário sobre Agrotóxicos -Enfisa. A realização deste curso antecedendo um dos encontros regionais sobre agrotóxicos, os quais ocorrem anualmente no Brasil, é inédita. Serão abordados, entre outros títulos, o desenvolvimento de agrotóxicos, da molécula à formulação comercial, por Luís Ribeiro, da Andef e agrotóxicos e crimes ambientais, por Rodrigo Gonçalves dos Santos, do Batalhão Ambiental. Com informações da assessoria de imprensa da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Agronegócio do Rio Grande do Sul (SEAPA). (AB)] Biogénesis – Bagó divulga Nota de Esclarecimento – Agrolink Em virtude de informações desconexas, disseminadas no mercado brasileiro sobre a manipulação de vírus exótico para fabricação de vacina contra febre aftosa, o laboratório Biogénesis-Bagó esclarece que: Desde fevereiro de 2008 a empresa não manipula, em seu laboratório, na Argentina, o vírus vivo de febre aftosa da cepa O-Taiwan. Esta informação foi auditada e certificada em distintos momentos pelas autoridades regulatórias do Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentar (SENASA), na Argentina e do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), no Brasil. Quanto ao produto comercializado em Taiwan, a empresa esclarece que, como banco de antígenos de febre aftosa, possuia estoque de vírus inativado, inócuo, da cepa O-Taiwan, aprovado pelo laboratório do SENASA - Argentina, laboratório de referência internacional para febre aftosa da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). Este antígeno foi produzido e inativado previamente à destruição da vírus vivo. A existência desse banco de antígenos foi corroborada por autoridades regulatórias do Brasil e da Argentina durante auditorias realizadas pelo MAPA do Brasil e pelo SENASA da Argentina, constando em atas de registro arquivadas na empresa, bem como nas agências governamentais de ambos os países. Para o Brasil, a empresa iniciou o processo de elaboração da vacina a partir de junho de 2008, sendo que em agosto do mesmo ano, o MAPA inspecionou o processo de elaboração do primeiro lote da vacina. Nesse processo, o MAPA avaliou que todas as normas exigidas pelo órgão governamental estavam sendo cumpridas e também confirmou que a empresa não possui e não manipula nenhum vírus exótico, como O-Taiwan. A empresa declara que, como banco de antígenos destinado a atender diversos países do continente americano, desenvolve vacinas para o combate à febre aftosa a partir de antígenos previamente armazenados, elaborados com o vírus inativado, ou seja, o vírus morto, o qual não apresenta nenhum risco sanitário, sendo incapaz, técnica e cientificamente, de causar a doença. A resolução da Comissão Sul-Americana para a Febre Aftosa - COSALFA, organizada pelo PANAFTOSA, do Brasil, órgão de referência regional para a febre aftosa, declarou em sua 29ª. edição, realizada em março de 2002, no Brasil, que os antígenos inativados para formação de banco de vacinas, previamente certificados pelos órgãos governamentais de cada país, são considerados seguros e não representam nenhum risco no que tange a biossegurança. Desde 1996, a Biogénesis-Bagó é certificada pelo SENASA como laboratório de biossegurança habilitado a manipular o vírus da Febre Aftosa. Durante este período, a sua atuação tem sido irrepreensível, em conformidade com as normas regulatórias de todos os países onde está presente. A empresa é fornecedora da vacina de combate à febre aftosa para diversos países da América do Sul e tornou-se banco de antígenos e vacinas da América do Norte (EUA, México e Canadá). Tudo isso ressalta o papel fundamental e o compromisso da empresa no apoio à luta contra a febre aftosa em todo o Continente Americano. Técnica mata germes em alimentos – O Globo Método de irradiação é aplicado em pelo menos 40 tipos de produtos Sabe aquele franguinho de sua dieta? Ele pode ser irradiado; uma prática comum na indústria de alimentos e na agricultura, autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), com critérios rígidos. Essa técnica melhora a conservação e evita que o consumidor use produtos, embalados ou a granel, contaminados por germes como bactérias do tipo salmonela e do cólera. A irradiação expõe o alimento a alguma energia ionizante, como raios gama e feixe de elétrons, e ataca bactérias, parasitas, leveduras e fungos, impedindo, ainda, reações que levam o alimento a apodrecer. E, ao contrário da radiação nociva, que se acumula por toda parte, a irradiada não permanece no alimento e é inócua ao ser humano, explica o pesquisador Murillo Freire, da Embrapa e um dos autores do livro "Microbiologia de alimentos: qualidade e segurança na produção e consumo" (Universidade Federal de Viçosa). Ele conta que as autoridades de vigilância sanitária e de segurança alimentar de 37 países aprovam a irradiação de 40 tipos diferentes de alimentos, com aplicação de variadas doses, em GRÃOS, carnes, frutos e legumes. Além de matar ou inativar micro-organismos nocivos, a técnica inibe ou retarda brotamento em raízes e tubérculos, como cebola, batata, alho, e o amadurecimento (especialmente de banana, mamão, manga, goiaba e melão), aumentando significativamente a vida útil. - Mesmo o uso de baixas doses, de até 1 kGy (Gray), elimina insetos, ovos e larvas de produtos. A aplicação é também uma opção ao perigoso uso da fumigação com o brometo de metila - comenta o pesquisador. - Carnes bovina e suína, frangos, frutos do mar e crustáceos também são tratados com a técnica, que, por sua eficácia e segurança, também é recomendada pela Organização Mundial de Saúde e Organização para Alimentos e Agricultura das Nações Unidas (FAO). Em irradiadores, os alimentos são transportados dentro de caixas metálicas apoiadas sobre esteiras ou suspensas por um sistema de ganchos móveis. Eles ficam expostos durante um tempo a um campo de radiação ionizante proveniente de uma fonte (cobalto-60 ou feixe de elétrons). Essas instalações não são nucleares (não contêm combustível nuclear) e não produzem lixo radioativo. E ainda são construídas de forma que toda radiação fique confinada no interior do irradiador, nunca influenciando os níveis normais de radioatividade da vizinhança da instalação. (Antonio Marinho) Problema para os amantes do café – O Globo Suprimento de GRÃOS cai, e demanda global cresce TIMBÍO, Colômbia - Nos últimos anos, a produção de café despencou aqui e em muitas outras regiões produtoras de café da América Latina. O aumento das temperaturas e as chuvas mais intensas e imprevisíveis são os culpados, fenômenos que muitos cientistas ligam parcialmente ao aquecimento global. Mas, enquanto os estoques de alguns dos melhores GRÃOS diminuem, a demanda global cresce rapidamente, com a ascensão das classes médias em economias emergentes como Brasil, Índia e China, que desenvolvem o hábito de tomar café. As plantas de café exigem uma mistura certa de temperatura, chuva e períodos de seca para que os GRÃOS amadureçam adequadamente e mantenham o sabor. As pragas dos cafeeiros prosperam em clima mais quente e úmido. A maioria dos pequenos proprietários de terra na luxuriante região montanhosa de Cauca, na Colômbia, prosperou por décadas fornecendo o café Arabica, cultivado à sombra da floresta tropical, para marcas como Nespresso e Green Mountain. A escassez do grão Arabica está sendo sentida em Nova York e Paris, enquanto os clientes se assustam com a escalada dos preços. Os analistas temem que a produção de Arabica na Colômbia não se recupere. Em 2006, a Colômbia produziu mais de 12 milhões de sacas de 60 quilos de café e estabeleceu a meta de 17 milhões para 2014. No ano passado, a safra foi de 9 milhões de sacas. As grandes marcas aumentaram os preços no varejo de muitas variedades em 25% ou mais. Os lucros das redes de café como Starbucks e Green Mountain diminuíram. Os futuros do café Arabica aumentaram mais de 85% desde junho, para US$ 2,95 por meio quilo, em parte por causa das preocupações sobre o suprimento, o clima e a futura qualidade, segundo George Kopp, analista do International Futures Group em Chicago. "A produção de café está sendo ameaçada pelo aquecimento global, e a previsão para o Arabica em particular não é boa", disse Peter Baker, especialista em café do grupo de pesquisa CABI, no Reino Unido, que se concentra em agricultura e meio ambiente, notando que as mudanças climáticas prejudicaram as plantações nas Américas Central e do Sul. Os cafés das variedades Arabica e Robusta representam virtualmente todo o consumo. Com seu sabor mais delicado e menor conteúdo de cafeína, o Arabica é mais popular e mais caro, embora mais sensível ao clima. A produção de Robusta predomina na Ásia e na África. A Colômbia é o segundo exportador de Arabica depois do Brasil, cuja produção, mais centrada em fazendas maiores e mecanizadas, continua crescendo. As temperaturas médias nas regiões cafeeiras aumentaram quase 1 grau em 30 anos e, em algumas áreas de montanha, o dobro disso, segundo a Cenicafé, o centro de pesquisa do café da Colômbia. A chuva nessa área foi mais de 25% acima da média nos últimos anos. Com temperaturas mais altas, os brotos das plantas abortam ou seus frutos amadurecem depressa demais. O calor também traz a ferrugem do café, um fungo devastador. As chuvas fortes danificam as flores do Arabica, e os períodos de seca de duas semanas que levam a planta a produzir GRÃOS ocorrem com menos frequência, dizem os plantadores. Os pesquisadores da entidade estão trabalhando duro sobre esse problema. Agrônomos ensinam os plantadores no controle das pragas que chegaram com a mudança climática. Os geneticistas estão produzindo plantas híbridas mais resistentes a doenças ou que suportam chuvas torrenciais e mais calor. A federação de cafeicultores aconselhou os agricultores a mudar para uma nova variedade de Arabica mais rija, que foi desenvolvida pela Cenicafé. Os agricultores resistem porque não podem passar sem a renda enquanto as novas plantas amadurecem. Eles temem que a mudança possa afetar o sabor. Sabor, qualidade e suprimento são questões delicadas para uma indústria cujos aficionados são notoriamente detalhistas. A federação de cafeicultores está criando um programa de certificações de "origem do produto" semelhante ao que protege o queijo parmesão da Itália. Dessa maneira, os importadores não serão tentados a substituir o café do Brasil ou da Indonésia. Na fazenda Garzón, na região de Cauca na Colômbia, a produção caiu 70% em relação a cinco anos atrás. O fungo da ferrugem do café matou campos inteiros. Hoje, a família planta a nova variedade Arabica, mais rija. Luis Garzón, 80, disse: "Aprendemos a lição". GOVERNO VAI VISTORIAR LABORATÓRIO ARGENTINO – Valor Econômico O Ministério da Agricultura do Brasil já prepara uma nova vistoria na fábrica de vacinas para febre aftosa da Biogénesis-Bagó, na Argentina O Ministério da Agricultura do Brasil já prepara uma nova vistoria na fábrica de vacinas para febre aftosa da Biogénesis-Bagó, na Argentina. A última análise do governo brasileiro ocorreu em maio do ano passado e a expectativa é que a próxima visita ocorra ainda no primeiro semestre deste ano. A vistoria passou a ser ainda mais esperada, depois que passaram a circular no mercado fotos feitas em Taiwan, de embalagens de vacinas contra febre aftosa com rótulos da Biogénesis, para combater a espécie "O Taiwan", cepa exótica ao continente americano. Fontes do setor que viram as imagens, disseram que elas sugerem que a empresa estaria manipulando o vírus para fabricar a vacina. Segundo Rodolfo Bellinzone, diretor de operações do laboratório argentino, a empresa não manipula o vírus vivo em sua unidade. Ele informa que a destruição da cepa ocorreu em 2008, condição para que a empresa passasse a exportar para o Brasil. Em nota enviada ontem, a empresa reforça que o Ministério da Agricultura "avaliou que todas as normas exigidas pelo órgão governamental estavam sendo cumpridas e também confirmou que a empresa não possui e não manipula nenhum vírus exótico". A produção das vacinas destinadas ao mercado asiático, segundo Bellinzone, é feita a partir do antígeno do vírus inativo. O estoque desse antígeno foi formado, segundo Bellinzone, antes da destruição da cepa do vírus e vem servindo de matéria-prima para a produção das vacinas. "O banco de antígeno para a vacina asiática chegou ao fim. Os últimos lotes foram produzidos e exportados no início deste ano", disse Bellinzone. Fontes da área técnica de alguns dos maiores laboratórios veterinários do mundo informam que banco de antígeno, ao longo do tempo, vai perdendo sua capacidade de imunizar. Segundo essas fontes, o que é comum no segmento é promover em curtos espaços de tempo o banco de antígeno, para manter um elevado grau de imunização do material. Para realizar essa substituição, no entanto, é preciso utilizar a cepa do vírus. Segundo especialistas em saúde animal, manter um banco de antígeno inativo é algo comum, desde que os prazos de validade sejam levados em conta. No caso brasileiro, para uma vacina contra aftosa entrar no país, o Ministério da Agricultura exige que o antígeno usado tenha, no máximo, seis meses. As regras de cada país variam, mas existe uma recomendação da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) de o antígeno congelado não tem um prazo de validade definido, desde que a vacina produzida seja utilizada em até seis meses.