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AGENESIA RENAL UNILATERAL EM CÃO (Canis familiaris) DA RAÇA BULLDOG FRANÇÊS RELATO DE CASO
BÁRBARA GALVÃO1; MARIANA COSTA1; VICTÓRIA DO CARMO1
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Acadêmicas de Medicina Veterinária - Universidade Estácio de Sá.
ABSTRACT: GALVÃO, B.1; COSTA, M; DO CARMO, V. RENAL AGENESIS IN A FEMALE DOG – CASE
REPORT. Congenital defects absence of the right kidney called renal agenesis which was found through an
ultrasonography in a female bulldog.
KEY WORDS: renal, agenesis, bulldog
INTRODUÇÃO
O sistema urinário origina-se a partir da diferenciação coordenada de dois tecidos: o epitélio do ducto e o
mesênquima nefrogênico, ambos derivados da mesoderma intermediária do embrião. O primeiro dá origem ao trato
genital, ureteres e rins (sistema ducto coletor), enquanto que componentes mesenquimais sofrem transformação
epitelial para formar os néfrons em ambos os mesonéfricos (embrionários) e metanéfrons (definitivo) nos rins¹. O
conhecimento do processo de formação do sistema urinário é importante para a compreensão das anormalidades que
envolvem as suas estruturas. Defeito congênito é toda anomalia estrutural ou funcional de um órgão, podendo ou não
ser identificada imediatamente após o parto². Diversas anomalias congenitas afetam o trato urinário dos animais
domesticos. Estas anormalidades incluem distúrbios obstrutivos completos ou parciais resultantes do estreitamento
e/ou não formação de um segmento anatomico. Os rins são dois órgãos simétricos situados na parte mais alta e
posterior da cavidade abdominal com papel extremante importante para um funcionamento correto do organismo,
regular o equilíbrio dos líquidos e sais no organismo e filtrar o sangue de modo que libere os resíduos do
metabolismo cuja acumulação se tornaria toxica.
A agenesia renal é a ausência congênita de um ou ambos os rins. Quando bilateral, é incompatível com a vida, se
unilateral o paciente pode ser assintomático por toda a vida³.
A agenesia renal unilateral é relativamente comum e ocorre na proporção de 1:1.000 em recém nascidos.
Outras anomalias urológicas são frequentemente observadas associadas com agenesia renal, como hipoplasia de
bexiga e desordens na formação dos ureteres4. A hipoplasia renal é uma anomalia congênita, na qual há
desenvolvimento incompleto do rim. Este apresenta quantidade reduzida de néfrons, lóbulos e cálices 5. A agenesia
renal pode estar acompanhada de agenesia unilateral do corno uterino. Essa relação pode ser explicada devido à
origem embriológica destas estruturas, pois rins e cornos uterinos são oriundos dos ductos paramesonéfricos6. Os
exames de diagnostico por imagem são a principal ferramenta para a detecção do problema, onde a ausência do
órgão é evidenciada. Desde uma radiografia simples até uma ressonância magnética podem ser uteis. Os exames por
imagem não avaliam a função renal, portanto é necessário também seja avaliada, pois há casos em que uma
insuficiência renal pode se instalar e se isso ocorrer é necessário que um tratamento adequado seja realizado, visando
tanto à restauração da função renal ou a melhor qualidade de vida do paciente, nos casos de insuficiência renal
crônica. Testes laboratoriais como a mensuração sérica de ureia e creatinina podem avaliar a função renal, porém
possuem baixa sensibilidade, já que a azotemia renal está presente quando cerca de 75% dos néfrons estiver
comprometido, não havendo especificidade com relação â função individual dos rins. Outros testes como a urinálise
são importantes na precocidade da detecção de lesão renal, com a dosagem de proteinúria, microalbuminúria e
determinação da proteína/creatinina urinária7.
MATERIAL E MÉTODOS
Uma cadela Buldogue francesa, com 10 anos de idade, pesando 25 kg, foi avaliada através de ultrassonografia após
30 dias de inseminada artificialmente, para verificação de possível gestação, em uma clínica veterinária no Rio de
Janeiro, capital. O exame foi inconclusivo na avaliação morfofuncional do sistema urinário, o que motivou
investigação por cintilografica renal com DTPA marcado com Tecnécio 99m no serviço de medicina nuclear de uma
universidade publica no Rio de Janeiro, Capital.
Exame Ultrassonografico.
seta verde escuro: Bexiga.
seta verde claro: Rim Esquerdo
setas vermelhas: Ausencia do Rim Direito
Exame de Cintilografica renal com DTPA marcado com
Tecnécio:
setas verdes: Cabeça
setas roxas: Tronco
setas amarela: Baso
setas azuis: Presença do Rim Esquerdo..
Exame de Cintilografia renal com DTPA marcado com Tecnécio:
setas: rim único.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Durante o exame ultrassonográfico não foi constatada gestação, além disso, não se visualizou o rim direito. O animal
não apresentou ao longo da vida qualquer sinal de comprometimento do sistema urinário que pudesse sugerir
anormalidades anatomicas ou funcionais relacionadas a esse sistema, sendo a ausencia do rim um achado
ultrassonografico em função da investigação de gestação. Ao exame físico, a fêmea apresentava-se bem e com peso
normal. A partir dessa descoberta, o animal foi avaliado pela cintilografia com DTPA marcado com Tecnécio-99m
para avaliação da morfofisiologia renal, que revelou captação em rim esquerdo e não captação em topografia de rim
direito, o que é compativel com presença e funcinalidade do rim esquerdo. A não captação do rim direito associada
com o laudo ultrassonografico é compativel com agenesia renal unilateral. A esterilização dos animais portadores de
agenesia renal ou sua retirada da vida reprodutiva é recomendada, pois, apesar de não ter sido comprovada a
hereditariedade da agenesia renal, há suspeita de que se constitua em defeito congênito hereditário.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Veterinary
Medicine.
2010.
Disponível
em:
<http://veterinarymedicine.dvm360.com/vetmed/article/articleDetail.jsp>.
2. HOROVITZ, D.D.G., et al. Atenção aos defeitos congênitos no Brasil: um panorama atual. Cad. Saúde
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3. BERNSTEIN, M. et al . Agenesia renal unilateral em um cão – relato de caso. Medvep - Revista Científica
de Medicina Veterinária - Pequenos Animais e Animais de Estimação 2009; volume 7, n. 21; p. 140-142.
4. AQUT, A. et al. Unilateral renal agenesis associated with additional congenital abnormalities of the urinary
tract in a Pekingese bitch. National Institues of Health. 2002. Disponível em:
<http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11837226.>
5. MAUÉS, T. et al. Hipoplasia renal em cadela. In: CONBRAVET, 35. 2008, Gramado. Anais eletrônicos.
6. PINTO FILHO, S.T.L. et al. Agenesia unilateral de corno uterino em cadela – relato de caso. Arq. Ciên.
Vet. Zool.
7. JARETTA, G. B., BOMBONATO, P. P., DE MARTIN, B. W. Estudo do tempo de excreção renal pela
cintilografia. Disponível em: http://www.revistasusp.sibi.usp.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141395962010000100002&lng=pt&nrm=iso>.
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