Maria e as três vindas de Jesus Cristo

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Maria e as três vindas de Jesus Cristo
Saiba o que são as três vindas de Jesus Cristo e qual a importância da Virgem Maria
em cada uma delas
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No Tempo do Advento, aprofundamos o tema das três vindas de Jesus Cristo, que está
intimamente ligado a Santíssima Virgem Maria. No entanto, antes de tratar desta ligação, é
importante sabermos com clareza o que são essas três vindas de Jesus. Duas delas são
realizações de promessas de Deus. Mas, uma dessas vindas ainda está por se cumprir e nela,
como nas outras, Nossa Senhora tem uma missão fundamental.
A primeira promessa nos foi dada pelo profeta Isaías: “uma virgem conceberá e dará à luz
um filho, e o chamará Deus Conosco” (Is 7, 14); e se cumpriu no mistério da Encarnação do
Verbo de Deus, no ventre da Virgem de Nazaré (cf. Lc 1, 26-38). A segunda nos foi dada pelo
próprio Cristo, quando disse: “Estai, pois, preparados, porque, à hora em que não pensais, virá o
Filho do Homem” (Lc 12, 40; cf. Mt 24, 44). Há dois mil anos, a Igreja vive na expectativa da
segunda vinda de Cristo. Podemos até pensar que foi perda de tempo viver nessa expectativa,
mas não foi, pois o Senhor também prometeu: “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do
mundo” (Mt 28, 20). Esta é a terceira vinda: Jesus está conosco e nos visita de modo particular,
às vezes nos momentos em que menos esperamos.
A Virgem de Nazaré e a primeira vinda de Jesus Cristo
Na primeira vinda de Jesus Cristo, Maria Santíssima quase não apareceu, para que os
homens daquela época, ainda insuficientemente instruídos e esclarecidos a respeito da pessoa do
Filho de Deus, não se apegassem demais a ela, afastando-se, assim, da verdade. E isto
provavelmente aconteceria, devido aos encantos admiráveis com que o próprio Deus a havia
ornado a sua aparência. “São Dionísio, o Areopagita, o confirma numa página que nos deixou e
em que diz que, quando a viu, tê-la-ia tomado por uma divindade, tal o encanto que emanava de
sua pessoa de beleza incomparável, se a fé, em que estava bem confirmado, não lhe ensinasse o
contrário”[1].
Por disposição da Providência divina, Nossa Senhora permaneceu oculta por toda a sua
vida. Por isso, o Espírito Santo e a Igreja a chamam Alma Mater – Mãe escondida e secreta[2].
“Tão profunda era a sua humildade, que, para ela, o atrativo mais poderoso, mais constante era
esconder-se de si mesma e de toda criatura, para ser conhecida somente de Deus”[3].
Deus Pai consentiu que jamais em sua vida a Virgem Santíssima fizesse milagre algum,
pelo menos um milagre visível e clamoroso, ainda que lhe tivesse dado o poder para isso. Deus
Filho consentiu que sua Mãe não falasse, apesar de ter lhe comunicado a sabedoria divina. Deus
Espírito Santo consentiu que os apóstolos e evangelistas a ela mal se referissem, e apenas no
que fosse necessário, para manifestar Jesus Cristo. No entanto, a Virgem era a Esposa do
Espírito.
Nossa Senhora e a segunda vinda do Filho de Deus
São Luís Maria Grignion de Montfort tem uma intuição teológica que nos ajuda a
compreender a participação de Maria na segunda vinda de Cristo: “Deus quis começar e acabar
suas maiores obras por meio da Santíssima Virgem, depois que a formou, é de crer que não
mudará de conduta nos séculos dos séculos, pois é Deus, imutável em sua conduta e em seus
sentimentos”[4]. Se por meio da Virgem Maria começou a obra da salvação, com a primeira vinda
do Filho de Deus ao mundo, é por ela que deve ser consumada na segunda.
Na segunda vinda de Jesus Cristo, Maria Santíssima deverá ser conhecida e revelada pelo
Espírito Santo, a fim de que por ela o Filho de Deus seja conhecido, amado e servido. Pois, já não
subsistem as razões que levaram o Espírito a ocultar sua Esposa durante a vida e a revelá-la só
pouco depois da pregação do Evangelho.
Nos últimos tempos, o poder da Virgem Maria sobre todos os demônios se manifestará
com mais intensidade, quando Satanás começar a armar insídias ao seu calcanhar (cf. Gn 3, 15),
isto é, aos seus humildes servos, aos seus pobres filhos, os quais ela suscitará para combater o
príncipe das trevas:
Eles serão pequenos e pobres aos olhos do mundo, e rebaixados diante de todos como o
calcanhar em comparação com os outros membros do corpo. Mas, em troca, eles serão ricos em
graças de Deus, graças que Maria lhes distribuirá abundantemente. Serão grandes e notáveis em
santidade diante de Deus, superiores a toda criatura, por seu zelo ativo, e tão fortemente
amparados pelo poder divino, que, com a humildade de seu calcanhar e em união com Maria,
esmagarão a cabeça do demônio e promoverão o triunfo de Jesus Cristo[5].
A terceira vinda de Jesus Cristo
A vinda intermediária de Jesus é aquela que se dá segundo a Sua promessa: “Eis que
estou convosco todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28, 20). Segundo São Luís Maria, “a
conduta das três pessoas da Santíssima Trindade, na encarnação e primeira vinda de Jesus
Cristo, é a mesma de todos os dias, de um modo visível, na Igreja, e esse procedimento há de
perdurar até à consumação dos séculos, na última [segunda] vinda de Cristo”[6]. Dessa forma,
compreendemos que Cristo nos visita constantemente, na oração e na meditação, na Eucaristia e
nos outros sacramentos. Mas, Jesus também nos visita de outras formas, até mesmo através de
sofrimentos e provações. Por isso, devemos estar sempre vigilantes, pois não sabemos o dia nem
a hora que o Senhor virá (cf. Lc 12, 40; Mt 24, 44).
Nessas visitas em momentos de angústia e de dor, no mais das vezes, não reconhecemos
Jesus Cristo. Até mesmo os discípulos mais próximos do Mestre não o reconheceram depois da
Sua paixão e morte, como aconteceu com Maria Madalena e os discípulos de Emaús (cf. Mc 16,
9-11; Lc 24, 13-35). Isto acontece por que não conhecemos o Senhor de fato e nisto nos ajuda a
consagração a Nossa Senhora. Pois, quanto mais nos entregamos a Virgem Maria, mais a
conhecemos e consequentemente mais conhecemos Jesus Cristo e nos entregamos a Ele.
Deus quer que Nossa Senhora seja agora mais conhecida, amada e honrada, como jamais
o foi, para que também Jesus Cristo seja mais conhecido, amado e honrado. Isto acontecerá, sem
dúvida, se os predestinados forem fiéis, com o auxílio do Espírito Santo, à prática interior e
perfeita que é a consagração, ou escravidão de amor, a Jesus por Maria. Se observarmos com
fidelidade as práticas desta devoção, veremos claramente, o quanto nos permite a fé, esta bela
“Estrela do Mar”, e chegaremos ao porto seguro, que é Cristo, depois de vencer as tempestades e
os piratas. Conheceremos as grandezas desta soberana e nos consagraremos inteiramente a seu
serviço, como súditos e escravos de amor. Experimentaremos suas doçuras e bondades
maternais e a amaremos ternamente como seus filhos extremamente queridos. Conheceremos as
misericórdias de que ela é cheia e a necessidade que temos de seu auxílio, e recorreremos a ela
em todas as circunstâncias como à nossa querida Advogada e Medianeira junto de Jesus Cristo.
Por fim, reconheceremos que ela é o meio mais seguro, fácil, rápido e perfeito para chegar ao
Senhor, e nos entregaremos a Virgem Maria de corpo e alma, sem restrições, para assim também
pertencermos a Jesus Cristo.
Assim, “por meio de Maria começou a salvação do mundo e é por Maria que deve ser
consumada”[7]. Que Deus nos dê a graça de reconhecer as visitas de Jesus Cristo, pelas mãos
maternas da Virgem Maria, e de corresponder com generosidade ao amor com que somos
amados.
Nossa Senhora da Anunciação, rogai por nós!
Links relacionados:
PADRE PAULO RICARDO. Consagra-te! Cuiabá 2012.
TODO DE MARIA. A 7ª Campanha de Consagrações a Virgem Maria.
TODO DE MARIA. Começar a preparação para a consagração.
Referências:
[1] SÃO LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT. Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima
Virgem, 49.
[2] Antífona à Santíssima Virgem para o tempo de Natal; hino “Ave Maris Stella”.
[3] SÃO LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT. Op. cit., 2.
[4] Idem, 15.
[5] Idem, 54.
[6] Idem, 22.
[7] Idem, 1.
Natalino Ueda é brasileiro, católico, formado em Filosofia e Teologia. Na consagração a Virgem Maria, segundo o método de São Luís
Maria Grignion de Montfort, explicado no seu livro “Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem”, descobriu o caminho fácil, rápido,
perfeito e seguro para chegar a Jesus Cristo. Desde então, ensina e escreve sobre esta devoção, o caminho “a Jesus por Maria”, que é hoje o seu
maior apostolado.
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