A Mãe de todos Estes dias tocou-me viver afogado na miséria, assediado pelo miserável que não tem nada, absolutamente nada. Aonde vai hoje o homem que tenha fome e não tenha o que comer? Ontem uma mulher jovem, decentemente vestida, dizia-me: «Padre, não jejuei esta manhã, pediram-me o quarto, tenho cinco filhos, aonde vou?…». Um pobre, preso por desocupado, a sociedade não lhe dá teto nem trabalho e encerra-o por ir vagando. Estamos empapados numa miséria que chegou ao último extremo. Conheço gente que passa três ou quatro dias sem comer. A nossa devoção à Virgem, não deveria levar-nos a perguntar como podemos solucionar este problema? Nossa devoção vazia e piedade estéril, em vão a vossa Mãe aparece aos pobres se vós não dais caridade. A primeira manifestação de amor que seja caridade em palavra, juízos, desprendimento, em obras de justiça. O mundo tem seus olhos postos sobre nós. Lembremo-nos que somos cristãos e que o mundo nos olha. Temo que a nossa piedade seja em grande parte só sentimental, promessas vãs, e não a misericórdia de Cristo. Caridade em honra da Virgem Santíssima. Vós funcionárias públicas, vais ao topo da vossa caridade? Tão «passivos» somos os católicos, tão adormentados, tão pouco inquietos pela solidariedade social. Todas dificuldades, tropeços, escândalos… Oxalá que a nossa devoção à Virgem traga-nos ternura de olhar para o Céu e trabalhar na terra para que haja caridade e amor. Deus queira levar-nos ao Céu por meio dela, a Mensageira do Pai, a Mãe de todos, especialmente dos que sofrem. Pregação pronunciada no Mês de Maria de 1950