De tempos em tempos, o mundo se encontra em algumas encruzilhadas e que se tornaram “divisoras de água” na história dos países, dos trabalhadores e das nossas vidas pessoais. Essas encruzilhadas, principalmente no séc. XX, foram marcadas por guerras, crises e revoluções. Foi assim com com a crise de 29 a Revolução Russa com a Queda do Muro de Berlim. com a 2ª. Guerra mundial Estamos vivendo na atualidade guerras, crises e revoluções: Guerras coloniais no Oriente Médio , crise econômica cujo epicentro está nos países centrais sucessivas greves gerais na Europa grandes mobilizações sociais nos EUA revoluções democráticas no mundo árabe lutas da juventude em praticamente todos os continentes. Uma combinação de crise econômica, crise dos países imperialistas e crises políticas. Em função disso, devemos nos fazer algumas perguntas: Nesta encruzilhada, qual o caminho que o mundo está tomando e por quê? Qual a situação do Brasil neste novo cenário, particularmente no serviço público? O que nós, trabalhadores, podemos e devemos fazer? O epicentro da crise econômica é a Europa. Mas qual é a crise que a Europa está passando? Os bancos estão falindo, como ocorreu em 2008-2009? Os grandes executivos estão pulando dos arranha-céus, como na crise de 29? Nada disso está ocorrendo. Os executivos voltaram a ter elevados bônus e os bancos e as empresas voltaram a ter elevados ganhos, mas a Europa caminha para uma recessão prolongada e está com altíssimos níveis de desemprego. A crise por tanto, sofreu uma metamorfose. Aliás, duas grandes metamorfoses. A primeira delas foi a transformação da crise econômica em crise da dívida pública. Os Estados socorrem as empresas que foram as maiores responsáveis pela crise de 2008-2009, estima-se que destinaram cerca de R$ 13 trilhões de dólares para salvar o grande capital. Com isso, aumentaram o endividamento público e agora são os Estados que estão em crise. A política não foi aumentar os investimentos públicos e privados, expandir o consumo, conter o desemprego, adotar políticas de distribuição de renda e retomar o crescimento econômico. Ao contrário. Eles adotaram uma política de sangria dos Estados, que tornou o endividamento público o principal mecanismo de valorização do capital. Para garantir o pagamento da dívida pública, estão aplicando medidas de “ajuste” que estão sendo devastadoras para os trabalhadores da periferia da zona do Euro, principalmente para a juventude e os servidores públicos. Medidas adotadas pelo último pacote 1) Rebaixamento do salário mínimo em 25%, e para os menores de 25 anos rebaixamento de 32%; 2) Fim do décimo terceiro (eles tinham 14º, que foi perdido em 2010); 3) Demissão de 15 mil funcionários públicos dentro de um plano que prevê a demissão de 150 mil (a população da Grécia é do tamanho da cidade de SP); 4) Novos cortes na saúde e congelamento dos salários até que o desemprego, que hoje é de mais de 20%, chegue a 10%. Já ocorreram outros , com mais cortes de salários, de gastos sociais, privatizações, aumento de impostos etc. Não devemos pensar a Grécia apenas como o caso mais grave, mas como um modelo para o restante da Europa. A Grécia é a forma que o capitalismo alemão encontrou de exportar a crise para além de seus muros e a Alemanha está disposta a transformar toda a periferia da Agora é um “neoliberalismo 2.0 ”, que é ainda mais drástico do que aquele dos anos 80 e 90. Qual o modelo de capitalismo que está se firmando na Europa? 1) Baixo crescimento econômico; 2) altíssimo desemprego; 3) capitais parasitários sobre a dívida pública; 4) “Estados policiais” (bonapartistas); 5) fim do Estado de Bem-estar social ; 6) e colonização da periferia da Zona do Euro. A segunda metamorfose foi a transformação da crise econômica também em crise política. À exceção da Alemanha, que ainda vive uma relativa estabilidade política, todos os países europeus estão vivendo um período de muitas e intensas lutas. O governo Dilma está fazendo um ajuste preventivo, antes da crise ter um impacto maior no país. É por esta perspectiva que devemos entender a Reforma do Estado e o papel do serviço público. O governo Dilma tem adotado, no que se refere à Reforma do Estado, o modelo grego, ou seja: o neoliberalismo 2.0. É dentro deste cenário internacional que devemos pensar o Brasil. Se a Europa se latinoamericaniza, o que acontece com a América Latina e com o Brasil? A América Latina também vivencia um processo de recolonização e que vai se aprofundar com o desdobramento da crise. Se a Europa se latino-americaniza, a América Latina se orientaliza. Esta é a nossa encruzilhada. com um PIB de US$ 2 trilhões de dólares em 2010. Ainda morrem 74 mil crianças menores de cinco anos por doenças relacionadas com a desnutrição (UNICEF, 2008). Segundo a ONU, nosso país tem a terceira pior distribuição de renda do mundo. No índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o Brasil é o 73º. no ranking mundial. “Os bancos brasileiros são provavelmente os mais seguros do sistema financeiro global hoje. Os melhores balanços de bancos do mundo hoje estão no Brasil.” Entre os 19 bancos mais rentáveis do Continente Americano, o primeiro, o segundo e o terceiro são bancos brasileiros: Em 2010 o BB teve um retorno sobre o patrimônio de 26,4%, o Bradesco com 22,3%, e o Itaú Unibanco com 20,5%. Para se ter uma ideia, o primeiro banco dos Estados Unidos a aparecer na lista tem uma rentabilidade de 12,9%, a metade da brasileira. O Citibank nem aparece na lista. Em 2008/2009 o mundo passou por uma grave crise econômica internacional. Aqui no Brasil, apesar de sofrer efeitos menores, a crise incidiu na economia brasileira, que se expressou em uma recessão em 2009, em que o PIB ficou negativo (queda -0,6%). Essa crise atingiu igualmente as 500 maiores empresas brasileiras, que se expressou na queda de vendas e lucros. Porém, os 5 maiores bancos brasileiros passaram incólumes pela crise e suas receitas e lucros cresceram de forma continuada. No Contra–Corrente/ILAESE, número 4, de 1 de julho de 2011: “De janeiro a abril de 2011, já no governo Dilma, a dívida interna atingiu a histórica marca de R$ 2,3 trilhões de reais. Se considerarmos a dívida externa, que em janeiro de 2011 ficou em cerca de R$ 571 bilhões, a dívida pública total alcançou R$ 2,9 trilhões em abril de 2011, equivalente a 209% de tudo que o governo federal arrecadou em 2010.” A dívida brasileira já supera os R$ 3 trilhões. . Já pagamos mais de R$ 12 trilhões de reais desta dívida e cada vez ela aumenta mais. O pagamento do juros da dívida absorve, todo ano, cerca de 20% do PIB> Para se ter uma idéia comparativa, 10% do PIB reivindicado pela Educação no Brasil será, mais ou menos, R$ 390 bilhões, 2 vezes menos do que se pagou com dívida em 2011. Dentre os setores industriais e de serviços que mais cresceram estão a sólida base empresarial do governo: banqueiros, construção civil, mineração, energia e agronegócio: O modelo de capitalismo brasileiro tem um forte componente “rentista”, em que parte importante da riqueza nacional é usada para render juros na ciranda financeira. Setores importantes da burguesia retiram parte dos investimentos produtivos para ganhar somas fabulosas especulando com títulos da dívida ou com ações nas bolsas, inclusive diminuindo o potencial de crescimento do país. São estimativas baseadas nos lucros já realizados em 9 meses de 2011: Lucro da Vale em 2011: R$ 37 bilhões (maior lucro da história); Lucro da Petrobras em 2011: R$ 33 bilhões (maior da história); Lucro dos 5 maiores bancos (nacionais e estrangeiros) no Brasil em 2011: R$ 46 bilhões; Lucro das grandes empresas do Agronegócio em 2010: R$ 10 bilhões. Em 2011, a economia brasileira desacelerou.De um crescimento de 7,5% do PIB, em 2010, caiu para 2,7% em 2011. As grandes montadoras no Brasil têm lucros em torno de R$ 1 bilhão de reais. Juntas realizarão um lucro líquido de R$ 137 bilhões de reais em 2011 (ou 67% de todo o lucro das 500 maiores empresas). Ou seja, a base empresarial do governo petista está de vento em popa, privilegiando a inserção subordinada do Brasil no mundo. A perspectiva para 2012, segundo analistas da burguesia e do imperialismo, diz que cresceremos em torno de 3,5% em 2012, mas é pura adivinhação. Tivemos crescimento nos últimos 8 anos, agora começará uma desaceleração da economia brasileira, que significará demissões importantes em alguns setores. Iniciou-se a crise no Brasil e será mais ou menos pesada de acordo com o desenrolar da economia mundial em geral e da economia chinesa em particular. Provavelmente, ainda no governo Dilma, veremos a crise na China, provocada pela recessão na Europa e a estagnação nos EUA e uma forte recessão no Brasil. PRIVATIZAÇÃO DOS AEROPORTOS MAIS MOVIMENTADOS DO PAÍS PRIVATIZAÇÃO DE JAZIDAS DE PETRÓLEO, INCLUSIVE DO PRÉ-SAL PRIVATIZAÇÃO DE RODOVIAS PRIVATIZAÇÃO DE HOSPITAIS UNIVERSITÁRIOS PRIVATIZAÇÃO DE FLORESTAS PRIVATIZAÇÃO DA PREVIDÊNCIA DOS SERVIDORES PÚBLICOS Expandiu as universidades públicas, mas manteve e expandiu os incentivos para as universidades privadas (PROUNI). ILAESE Instituo Latino-americano de Estudos Sócio-econômicos eceitadosPlanosdePrevidênciaPrivada R $bilhões) (R 25 20 15 10 5 0 1996199719981999 200020012002 2003200420052006 Fonte: ANAPP Fonte: ANAPP A privatização da Previdência dos Servidores Públicos, o FUNPRESP deverá ser um dos maiores fundos de pensão do mundo. Com a aprovação da privatização da previdência do funcionalismo público, ditada pelo Banco Mundial,reduzindo a participação estatal a um benefício mínimo, como alerta Osvaldo Coggiola, em seu artigo “A Falência Mundial dos Fundos de Pensão”: “Com este esquema, o que se quer é reduzir a aposentadoria estatal de modo a diminuir o gasto em aposentadorias e aumentar os pagamentos da dívida do Estado.” PRIVATIZAÇÃO DA SAÚDE, EDUCAÇÃO, SEGURANÇA, e muitos outros serviços Essenciais, que recebem cada vez menor quantidade de recursos haja vista a luta de 20 anos pela implantação do piso salarial dos trabalhadores da Educação ,, ausência de reajuste salarial para os servidores em geral, entre vários outras necessidades não atendidas, como a falta de moradia,etc, Enquanto o volume destinado ao pagamento de Juros e Amortizações da Dívida Pública continua crescendo cada vez mais Qual a justificativa para a entrega de áreas estratégicas ao setor privado? Por que criar um mega fundo de pensão para os servidores públicos do país quando os fundos de pensão estão quebrando no mundo todo, levando milhões de pessoas ao desespero? Por que leiloar jazidas de petróleo se a Petrobrás possui tecnologia de ponta? Por que abrir mão da segurança nacional ao entregar os aeroportos mais movimentados para empresas privadas e até estrangeiras? Por que privatizar os hospitais universitários se esses são a garantia de formação acadêmica de qualidade? Por que privatizar florestas em um mundo que clama por respeito ambiental? Por que deixar que serviços básicos, sejam automaticamente privatizados, a partir do momento em que se corta recursos destas áreas? Corte dos gastos sociais e de investimentos (inclusive da Petrobrás). Usa a dívida pública como mecanismo de valorização do capital financeiro internacional e promover ajustes fiscais e reformas do Estado para conseguir manter estes altos níveis de lucratividade dos credores da dívida. 1)Manutenção da DRU; 2)Criação da previdência complementar do serviço público; 3) corte de R$ 60 bi em 2011 e R$ 50 bi em 2012; 4)Suspensão dos concursos públicos; 5) Arrocho salarial dos servidores públicos. O governo Dilma não é nosso aliado e o movimento sindical que defende que confiemos e apoiemos este governo está traindo os trabalhadores. Precisamos construir uma campanha salarial unificada. Fortalecer uma ação sindical que seja combativa e autônoma: autonomia em relação ao Estado, ao governo e às direções das repartições públicas, empresas estatais etc. Participando do o congresso da CSP-Conlutas é um caminho para fortalecer a construção de um movimento combativo e independente dos governos e patrões. ILAESE Instituto Latino-americano de Estudos Sócio-econômicos www.ilaese.org.br CONTATOS Praça Padre Manuel da Nóbrega, 16, 4º andar, Sé – CEP 01015-000 - São Paulo (11) 7552-0659 (Nazareno) [email protected]