RESUMO CRÍTICO CASTRO, A.B. e SOUZA, F.E.P. A Economia Brasileira em Marcha Forçada. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985. O autor apresenta a experiência brasileira de ajustamento: descreve, interpreta, questiona e caracterizam as mudanças ocorridas na economia brasileira em meados da década de 80. Nesta discussão descreve os fenômenos da economia, as intervenções e interpretações do estado, o que julga confusas e falsas. Correlaciona os fatos ocorridos no início da década de80 com os fatos econômicos ocorridos em 1974, o que vem a chamar de racionalidade econômica de 1974 – Apresenta como se deu a deterioração dos termos de intercâmbio, substituição das importações do período e as prioridades do governo – tendência a fomentar acumulação de capital industrial. Trata do tema desenvolvimentismo e sua relação com a “fracassada estratégia social”. Faz todo approach teórico demonstrando o funcionamento das relações comerciais, da queda de ritmo de crescimento da economia e as influências das crises do petróleo. Define como inconsistente a política econômica de Delfim Netto em 1979. E, Conclui este ponto com a convicção que o ocorrido no Brasil constitui um ajuste recessivo, e caracteriza a interpretação feita do passado como um equívoco, que este, vem a prejudicar as perspectivas no período que se abre.Os fenômenos econômicos são definidos como mutantes, principalmente nos países de desenvolvimento tardio. Traz relações destas economias com a de outros países, como também explicita as políticas econômicas exercidas por cada governo brasileiro assim como o referencial teórico de cada ministro da fazenda do período. Dando sequência a Barros de Castro, referenciando-se a Kaleck, Simonsen, Keynes, Ideias cepalínas e outros autores, o autor utiliza ainda vários dados extraídos do Banco Central,relatórios da SEPLAN, IBGE, e do Ministério de Governo. Contextualiza historicamente a dívida, faz balanço comparativo, até meados da década de 80 e na segunda metade da década de 80 e conclui caracterizando a transferência de recursos ao exterior. Para completar os recursos domésticos e elevar a formação de capital os países subdesenvolvidos justificam a absorção de capitais externos – teoria da dinâmica do endividamento: gerar poupança a um nível superior ao investimento. Primeiro estágio da dívida: insuficiência de poupança. O choque do petróleo e a crise internacional muda a percepção deste fenômeno. Mutação dos fenômenos, a justificativa da dívida: de insuficiência de poupança vai a, financiar o déficit no balanço de pagamentos e, em 80, com Delfim Netto, o enfoque volta a ser a poupança. O autor apresenta as linhas da política econômica brasileira até chegar ao exercício das altas taxas de juros reais, que, seria para incentivar a poupança e acaba por desestimular o investimento: superávit no balanço de pagamentos com recessão. A poupança cai e o investimento mais ainda. Trata também a relação externa e suas influências internas. Pires observar o crescimento acentuado da dívida 1974-1978 até se estabilizar em 1984.Concordando com diversos autores, concluiu que a grande massa de dívida contraída para financiar as importações, requeridas pelo desenvolvimento acelerado (crescimento a qualquer custo) foi desnecessária. Identificando com clareza a mutação dos fenômenos, ano a ano, deste período, ver a incapacidade administrativa dos governos perante a estagnação que se dava, sempre com uma característica nova. A população, os efeitos: recessão, estrangulamento, déficits, altas de juros, que se acentua ainda mais no colapso do mercado de créditos internacionais. A dívida e seu papel na segunda metade da década de 80 - a dívida externa não é mais um obstáculo ao crescimento, identifica agora o cenário internacional. Apresenta de forma bem evidente fatores macroeconômicos: PIB, Transações Correntes, PNB, Exportação, importação, Política Cambial e Taxa Juros. O autor chega a conclusão do seu trabalho, utilizando forte arcabouço gráfico, apresenta as Transferências externas, pagamento da dívida. Identifica o quanto o bom momento externo falseia a realidade interna do Brasil, discutindo o impacto macroeconômico pela ótica do Balanço de Pagamentos. O esforço de pagamento da dívida recai sobre o trabalho - reduzindo a competitividade com a produção externa. Os autores trazem de forma clara e numa nova perspectiva uma explicação da evolução econômica do Brasil desde a crise do "milagre" até os momentos que antecederam a fase dos pacotes de estabilização econômica. Nesta obra eles descrevem a recente história econômica brasileira, que consegue, por vezes ludibriar os observadores mais atentos – o processo inflacionário do pré e do pós-64, o "milagre" e sua crise, o retorno à estabilidade, a recessão de 1983 e a retomada do crescimento.” É uma produção literária de fácil leitura, bem ilustrada gráfica e matematicamente; recheada de análises e críticas conjunturais distribuída numa lógica que evidencia approach teórico dos autores. É uma leitura necessária aos estudiosos que pretendem compreender o funcionamento dos mercados e das políticas públicas no âmbito da macroeconomia brasileira nos dias atuais. Recomendo a leitura desta obra, pois ela contribui para a compreensão da história do desenvolvimento econômico brasileiro, um importantíssimo recorte temático que se completará com a leitura de Francisco Oliveira, com o livro uma Crítica e Econômica Brasileira, no debate sobre o desastroso papel dos governos brasileiros das na construção da miséria deste país.