Tratamento das complicações hemorrágicas da febre amarela Samila Araujo Santana - Médico Hematologista / Hemoterapeuta – Fundação Hemominas janeiro de 2017 Conhecimento dos hemocomponentes Indicação dos hemocomponentes Uso do concentrado de complexo protrombínico Diferenças entre hemocomponentes e hemoderivados • Hemocomponentes: Segregação do sangue por meios físicos. • Hemoderivados: Produção industrial partir do plasma fresco congelado de proteínas humanas. Concentrado de Hemácias • O concentrado de hemácias é obtido por meio da centrifugação de sangue total ou aférese. • Seu volume varia entre 220ml e 330ml. • Validade de 35 e 42 dias • Testes: a cada 72 horas. ABO RhD PAI: pesquisa de anticorpos irregulares PC: prova cruzada Plaquetas O concentrado de plaquetas pode ser obtido a partir de sangue total e por aférese. Há três produtos disponíveis: • Randômica, um doador. Volume de 50-60ml • POOL conjunto de 4 a 5 doadores, utilizando uma técnica com maior aproveitamento e plaquetas, volume médio de 250 ml • Aférese coleta de 1 doador, volume médio de 300 ml Tipos de Plaquetas produzidos pela F. Hemominas Transfusão • Testes: a cada 72 horas ABO RhD Pesquisa de Anticorpos irregulares. • Deve ser utilizado do mesmo grupo, mas podem ser utilizados outros grupos. Plasma fresco congelado • O plasma fresco congelado (PFC) consiste na porção acelular do sangue obtida por centrifugação a partir de uma unidade de sangue total ou por aférese. • É constituído basicamente de água, proteínas (albumina, globulinas, fatores de coagulação), carboidratos e lipídios. • Volume de 180ml a 200 ml • Validade 1 ano • Testes: iguais aos da plaquetas Crioprecipitado • O crioprecipitado (CRIO) é a fração insolúvel do plasma • Fonte de fibrinogênio, Fator VIII, Fator XIII e Fator von Willebrand. • Volume de 10 a 15 ml • Validade de 1 ano • Testes: iguais aos da plaquetas e PFC Guia de Orientação Transfusional em Febre Amarela Janeiro de 2014 Guia de Orientação Transfusional em Febre Amarela A transfusão de hemocomponentes é mais um arsenal terapêutico no suporte clinico dos pacientes com arboviroses, em estado crítico. Deve ser utilizada considerando seus riscos e benefícios. Classificação dos pacientes quanto à urgência e ao nível de complexidade do atendimento: Manifestações Sinais de alerta Sinais de gravidade Hemorragia Plaquetas Hematócrito Leucócitos Transaminases Uréia/creatinina Lactato HCO3TAPβ Grupo A Ambulatorial Não Não Não >100000 Normal >2500 <5x VR$ < 50/1.3 N/A N/A N/A Grupo B Internação Sim Não Leves* <100.000 >10%& < 2500 >5x VR > 50/1.3 <VR# >18 >60% Grupo C T. intensiva Independe Sim Sim <50.000 Independe Independe >1000 > 100/1.5 >VR <18 <60% TRANSFUSÃO DE CONCENTRADO DE HEMÁCIAS • Pacientes GRUPO A: sem indicação. • Pacientes GRUPO B e C: as transfusões de concentrado de hemácias seguirão os critérios habituais baseados nas condições hemodinâmicas do paciente. Indicação para pacientes hemodinamicamente estáveis para manter Hb > 7g/dL e Hct > 21% Baseados em sintomas clínicos de anemia Transfusão de hemácias Paciente instáveis hemodinamicamente manter Hb próximo a 10g/dl e Hct próximo a 30%, principalmente nas primeiras horas do choque não hemorrágico • Sempre investigar a presença de hemorragia Choque hemorrágico • CH deve-se transfundir associado a plasma fresco congelado (PFC) numa proporção de CH:PFC = 1:1 ou 1,5:1 • Avaliar também a necessidade de transfusão de crioprecipitado (CRIO) e de concentrado de plaquetas (CP). • Consulte ou providencie o protocolo de transfusão maciça no seu serviço. Dose de concentrado de hemácias • Em adultos, transfusão de 1 unidade de concentrado de hemácias e reavaliar clinicamente a necessidade de novas transfusões. • Crianças de 10 a 15 mL/kg/dose de concentrado de hemácias. • Infusão deve ocorrer 2 a 4 horas em acesso exclusivo. TRANSFUSÃO DE CONCENTRADO DE PLAQUETAS • Em geral, não há indicação de transfusão profilática de plaquetas na Febre Amarela. • O mecanismo de sangramento é multifatorial, principalmente associado à lesão endotelial. • O Grupo A e B geralmente não necessitam de transfusão de plaquetas. Dose de Plaquetas • 1 UI randômica de plaquetas: Dose de adulto 1 UI para cada 7 a 10 Kg de peso. • 1 Pool ou aférese: 1 unidade por adulto • Crianças: 5 a 10 ml/kg/dose (crianças até 30 kg) Repetida de 6/6 horas nos casos de sangramento ativo que mantém plaquetas abaixo do padronizado na tabela 01. • A infusão pode ser realizada em até 2 horas TRANSFUSÃO DE CONCENTRADO DE PLASMA FRESCO CONGELADO • Objetivo: Reposição de fatores de coagulação • Deve ser utilizada na falência hepática ( grupo C) quando há uma menor produção dos fatores associada ou não a um consumo dos mesmos. • A transfusão está indicada em caso de sangramento com distúrbios de coagulação. • Nas transfusões maciças onde há uma necessidade de corrigir ou prevenir coagulopatias dilucionais. • Necessidade de procedimento invasivos nos pacientes com alteração no coagulograma. Confirmar se há coagulopatia Transfusão de crioprecipitado • Objetivo: reposição de fibrinogênio • Grupo C: pacientes com sangramento e/ou necessidade de realizar procedimentos invasivos • Fibrinogênio >100mg/dL em adultos e crianças. Fibrinogênio >200 mg/dL em gestantes • No caso da dosagem de fibrinogênio indisponível: fazer empírico, nos casos: • No sangramento mantido após reposição adequada de PFC, nos quadro de CIVD, nos choques hemorrágicos Dose de crioprecipitado • Dose no adulto: 1 a 1,5 UI a cada 7 a 10 Kg de peso. • Crianças: 10 ml/kg • Infusão livre, não podendo exceder 1 hora. Uso do concentrado de complexo protrombínico - CCP • Não há na literatura o uso do CCP nas coagulopatias induzidas por falência hepática da febre amarela. • O CCP possui normalmente 4 fatores II, VII, IX e X de coagulação além de proteínas C e S. Características do CCP • É um concentrado preparado a partir do plasma humano na forma liofilizada • Os fatores II, IX e X são os componentes da via de coagulação intrínseca. Fator VII é um componente da via extrínseca, então consegue fazer uma ponte de ativação desta via também. • Meia vida de 6 a 60 horas. Indicação do uso de Complexo protrombínico: • Nos pacientes grupo C que mantiverem sangrando por coagulopatia ou preparando para realização de procedimentos cirúrgicos, que receberam dose adequada de PFC. • Excluídas outras causas de coagulopatias (plaquetas <50.000 e fibrinogênio <100mg/dl) • No desabastecimento de PFC na instituição ou na contraindicação formal do receptor receber grande quantidade de volume. Dose do complexo protrombínico • Dose :25 a 50 UI/ kg de Fator VII. • Checar sempre a bula • Podendo ser repetido a cada 6/6 horas, se persistência do sangramento por coagulopatia. Complicações do complexo protrombínico • Eventos trombogênicos venosos e arteriais. Obrigada Contato: [email protected] Telefone: 31-3768.4602 Horário de atendimento no hemocentro: Segunda feira: 07:00-13:00 horas, Quinta-feira: 08:00 as 16:00 horas Sexta –feira: 14:00 as 19:00 horas