capítulo 30

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Unidade 6 - Obstetrícia
Transfisão no Ciclo Gravídico Puerperal
CAPÍTULO 30
TRAnSFUSÃO nO CICLO GRAVÍDICO PUERPERAL
1. ADApTAçÕES HEMODINâMICASNA GRAvIDEz
(Visando o desenvolvimento fetal e a proteção materna dorisco associado ao parto)
» Aumento do débito cardíaco
» Redução da resistência vascular sistêmica
Aumento da prostaciclina endotelial
Aprimoramento da produção de óxido nítrico
Redução da rigidez da aorta
» Expansão do volume corporal total com retenção de sódio (900 a 1000
mEq) e água (6 a 8 litros)
Ganho total de 1100 a 1600 ml, 30 a 50% acima do volume
plasmático anterior a gravidez
Sistema renina-angiotensina-aldosterona
Peptídeo natriurético atrial
» Aumento da frequência cardíaca (15 a 20/ minutos)
2. ALTERAçÕES HEMATOLóGICAS NA GRAvIDEz
Hemácias
A massa eritrocitária aumenta 250 a 450 ml,20 a 30% com suplemento de
ferro,ou 15 a 20% sem suplemento de ferro.
Redução leve na vida média das hemácias.
Elevação dos níveis de eritropoetina em 50%.
Aumento do consumo de oxigênio devido a alta demanda metabólica.
Ocorrência de anemia dilucional e redução da viscosidade sanguínea,
facilitando a perfusão placentária.
OMS deine anemia como Hb< 11 g/dl e Ht< 33%
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Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas
Maternidade Escola Assis Chateaubriand
Anemia severa < 7 g/dl (requer tratamento agressivo com transfusão
de concentrado de hemácias se sinais de hipoxemia fetal)
Anemia muito severa < 4 g/dl
Atenção: perdas no parto vaginal 300 a 500 ml
Perdas no parto abdominal 600 a 1000 ml
Após o parto,cerca de 500 ml de sangue sequestrado no útero e
placenta é auto-transfundido na circulação materna,minimizando
as perdas do parto.
Risco de Hb <6 g/dl (redução do líquido amniótico,vasodilatação
cerebral fetal,risco de prematuridade,aborto espontâneo,recém
nascido de baixo peso,morte fetal e risco de mortalidade materna)
Plaquetas
Ocorre uma trombocitopenia moderada na gravidez(Trombocitopenia Gestacional)
que é assintomática e apresenta-se em 2/3 dos casos com plaquetas>130.000/mm³,podendo
em alguns casos atingir níveis até 70.000/mm³.Tem como diagnóstico diferencial préeclâmpsia grave,Síndrome de HELLP,PTT,PTI e Síndrome Hemolítico urêmica.
Leucócitos
Leucocitose de 9.000 a 29.000/mm³ com neutroilia.
Fatores de coagulação e inibidores
Ocorre aumento dos fatores pró coagulantes e da atividade ibrinolítica (redução
da proteína S,aumento da resistência a proteinaC,aumento de ibrinogênio,aumento
dos Fatores II,VII,VIII,X,XII e XIII,aumento do fator de Von Willebrand)
3. CHOQUE
Inadequada perfusão tecidual,com desequilíbrio entre oferta e consumo
de oxigênio,ocasionando distúrbios hemodinâmicos e disfunções orgânicas,sendo
a hemorragia a causa mais frequente.
Resposta isiológica: aumento da frequência cardíaca; vasoconstricção e
aumento da contratilidade ventricular.
Classiicaçao do choque hemorrágico:
Classe I- perda de volemia menor que 15%
Classe II- perda de volemia entre 15 e 30%
Classe III- perda de volemia entre 30 e 40%
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Classe IV- perda de volemia acima de 40%
Manifestações clínicas:
Classe I
Sem manifestações clínicas
Classe II
» FC 100 – 120/min
» PAS > 90 mmhg
» FR 20 – 24\ min
Classe III
• FC > 120/ min
• PAS < 90 mmhg
• FR > 24/ min
• Oliguria
• Ansiedade
Classe IV
» FC >120/ min
» PAS < 90 mmhg
» FR > 24\ min
» Anuria
» Sonolência,torpor ou coma
Obs: hipertensão arterial prévia,ocorte da PAS é 110mmhg.
4. CONDUTA
Restaurar volume intravascular
» dois acessos vasculares periféricos com cateter curto e largo (18 gauge
ou maior) ou acesso vascular central com cateter 8 French.
» Administrar 3 litros de solução isiológica 0,9% para cada 1 litro de perda
estimada de sangue.
» Grandes volumes de solução isiológica 0,9% produz acidose metabólica
hiperclorêmica(>10 L)
» Grandes volumes de Soro ringer lactato produz alcalose metabólica
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Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas
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(>10 L)
» Após 50 ml\kg de solução isiológica 0,9%, razoável iniciar Soro ringer
lactato.
» Transfusão de hemácias é realizada caso não se mantenha a PAS com
infusão de cristaloides.
Manter a oferta adequada de oxigênio
» Oxigênio úmido 3 a 5 L\min,estabilizar as vias aéreas e respiração se
necessário.
*Limitar as perdas sanguineas
» Tratar as causas identiicáveis do sangramento.
* Obter amostras de sangue para exames laboratoriais e para agência
transfusional.
5. TRANSfUSãO NO CHOQUE HEMORRÁGICO
» Instabilidade hemodinâmica ápos infusão de 50 ml\kg de solução
isiológica 0,9%.
» Evidência de necessidade de transfusão maciça:
* 4 ou mais concentrados de hemácias em 1 hora
*10 ou mais concentrados de hemácias em 12-24 hrs
6. TRANSfUSãO MACIçA
» Protocolo 1: 1 plasma fresco congelado para cada concentrado de
hemácias a partir da sexta unidade de concentrado de hemácias.
» Protocolo 2: 2 unidades de plasma fresco congelado para cada 6
concentrados de hemácias.
» Protocolo 3: para cada 6 unidades de concentrado de hemácias, 4
unidades de plasma fresco congelado e 6 unidades de plaquetas.
OBS:10 unidades de crioprecipitado se ibrinogênio < 200 mg\ dl. 6
concentrados de plaquetas se plaquetas < 50.000\ mm³
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Transfisão no Ciclo Gravídico Puerperal
Produto
Volume (ml) Conteúdo
Concentrado de 240
Hemácias, glóbulos
hemácias
brancos e plasma.
Plasma fresco
congelado
250
Concentrado de 50
plaquetas
Crioprecipitado 40
Efeito
Aumento de 3% no
hematócrito e 1,0 g/dl
na hemoglobina
Fibrinogênio, fator V e Aumento de
VIII e antitrombina III. ibrinogênios em
10 mg/dl
Plaquetas, hemácias,
Aumento de plaquetas
plasma e glóbulos
de 5000 a 10000/mm3
brancos.
Fibrinogênio, fator
Aumento no
VIII e XIII e fator Von ibrinogênio de
Willebrand.
10 mg/dl
Objetivos do tratamento do choque
PA média > 65 mmhg
lactato < 2,1 mmol\l
FC entre 60-100 \min
Hb> 7 g\dl
Saturação arterial oxigênio > 94%
plaquetas > 50.000\ mm³
Saturação venosa oxigênio >70%
INR < 2
Débito urinário >5 ml\kg\hora
Fibrinogênio > 100 mg\dl
PVC entre 8-12 mmhg
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