Escatologia e Criação

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Escatologia e
Criação
Frei Arno Frelich, OFM
Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana
Porto Alegre, RS
2011
Trabalho baseado em RUIZ DE LA PEÑA, J. L. La pascoa de la creación. Madrid: BAC, 2002.
Por que a teologia conta, em seu fazer, com uma disciplina
escatológica?
Por causa do existencial
humano:
Abertura ao
futuro
Por causa do modo específico de os/as
cristãos/ãs o viverem:
A esperança
A teologia continua pensando o futuro, em diálogo com o pensamento
social sobre o mesmo. Não se pode esquecer também o abalo sofrido
pelas esperanças nos últimos tempos. Decepções que influenciarão
também no pensamento cristão.
O SER HUMANO E O TEMPO
• Gn 2,7: Então, formou o SENHOR
Deus ao homem do pó da terra e
lhe soprou nas narinas o fôlego de
vida, e o homem passou a ser alma
vivente.
• O existencialismo (corrente
filosófica) coloca o ser
humano como um ser-notempo.
• Gn 1,26-28: Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem,
conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do
mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a
terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra. Criou Deus, pois,
o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher
os criou. E Deus os abençoou...
O ser humano tem um jeito próprio
de viver a temporalidade (presente,
passado, futuro): a transcendência.
O ser humano fascina por sua
capacidade de transbordar a
diacronia do tempo físico,
“O ser humano é agora por algo
alargando e engrossando
(pelo que foi) e para algo (para o que horizontes.
será). Isto quer dizer que seu
passado per- -vive nele realmente,
estrutura-o no seu atual semblante,
não foi aniquilado, não desapareceu;
o seu futuro per-vive nele, mobilizao, estimula-o, orienta-no nesta ou
naquela direção“ (RUIZ DE LA PEÑA,
2002, p. 4).
“Dies septimus nos ipsi erimus,
dizia Santo Agostinho e repete,
citando-o, Bloch: seremos nós
mesmos, não no primeiro, mas no
sétimo dia da criação” (RUIZ DE
LA PEÑA, 2002, p. 5).
Atenção!!!
Não é qualquer concepção de
futuro que serve ao ser humano!
Somente serve um modo de
compreender o futuro como
continuidade e novidade!
O futuro terá sempre uma dose
de continuidade, para não
correr o risco de perder a
consciência e a identidade.
"Não há projeto válido de futuro
sem recordação ativa do
passado; não há utopia concreta
sem história, nem esperança sem
memória" (RUIZ DE LA PEÑA,
2002, p. 6).
Mas!!!
O ser humano é uma
magnitude de múltiplas
passibilidades!
Deve-se sempre contar
com a novidade!
“Pois bem, não basta reivindicar o elemento novidade para o
futuro humano; é necessário mostrar que este elemento é possível
porque há um fator capaz de produzi-lo; porque no mundo está
em jogo uma capacidade de criação entendida como surgimento
de algo inédito, irreduzível – enquanto autenticamente novo – ao
antigo mais ou menos desenvolvido, ao já incluído no potencial
tecnológico, nas leis físico-químicas ou nos códigos biogenéticos.
O elemento novidade, em suma, entranha o postulado do salto
qualitativo, da ruptura do processo, e com isso coloca a questão
da heterogeneidade de seus fatores constituintes” (RUIZ DE LA
PEÑA, 2002, p. 6).
“Assim, pois, a validade dos modelos de futuro elaborados
pelas diversas ideologias dependerá de sua aptidão para
integrar harmonicamente os elementos continuidadenovidade, sem os quais – segundo se viu – não é possível o
futuro humano autêntico. Em última instância, o que jaz sob
este binômio é a dialética presente-futuro; um futuro sem
novidade é mera extrapolação do presente, e um presente
sem continuidade é a negação pura e simples do futuro.
Somente na correta resolução desta dialética é creditada a
solvência das futurologias, sejam estas leigas ou religiosas”
(RUIZ DE LA PEÑA, 2002, p. 7).
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