Colégio Auxiliadora 11 de Março de 2015 Sociologia – 3º. ano Folha 02 A reunião dos homens em sociedade trouxe benefícios. Ainda que o termo civilização seja questionável, posto que carrega consigo uma carga etnocêntrica, no final de contas, o saldo é positivo, ainda que tensões, conflitos, desigualdade social, violência etc convivam com as benesses produzidas por esta mesma sociedade, como o conforto, inovações tecnológicas, transmissão de conhecimentos, reflexão, abrigo, fartura de alimentos dentre outros. A sociedade é uma entidade contraditória, mesmo assim, deve ser preservada (NA SUA PLURALIDADE!). É uma conquista. A sociologia a tem como objeto de estudo. Não é uma disciplina prescritiva, ou seja, que tenha a função primordial de mudar algo. Mas seu estudo pode, sim, corroborar para descobertas inúmeras, e o consequente aperfeiçoamento da vida dos homens. A especialização de tarefas é algo extremamente interessante e benéfico. Mas, por outro lado, gera desigualdade social, principalmente em sociedades do mundo em desenvolvimento. *Quanto ao Etnocentrismo* Fenômeno pelo qual vemos a nossa própria cultura como a melhor, e o “outro” como inferior. O século XX é cheio de exemplos desse tipo, o mais gritante, sem dúvida, o nacionalismo alemão. Em séculos anteriores, poderíamos citar a escravidão, o imperialismo, a colonização, dentre infinitos outros exemplos. PARA CASA: PESQUISAR SOBRE O AUTOR RUDYARD KIPLING (1865 – 1936), E COMENTE, BREVEMENTE, SOBRE O LIVRO “The Jungle Book”, O LIVRO DA SELVA. HÁ TRADUÇÕES DISPONÍVEIS NA INTERNET. Os sociólogos, etnógrafos, antropólogos, historiadores, economistas etc, tem como matéria-prima de seus estudos a sociedade, em seus respectivos ESPAÇOS DE SOCIALIZAÇÃO. A cidade é um espaço de socialização, as universidades, as bolsas de valores, as igrejas, empresas, hospitais, e mesmo os ambientes virtuais também são considerados espaços de socialização. *Quanto ao “Habitus” dos homens/mulheres e sociedades/comunidades* Atenção: o termo “Habitus”, “hábito”, é desenvolvido pelo sociólogo francês Pierre Bourdieu (1930 – 2002). O “Habitus” é toda uma estrutura de comportamento, modo de ser – falar andar, comunicar-se, enxergar o mundo, emitir opiniões, citações etc, condicionadas pelo ambiente onde se nasce, e, principalmente, se desenvolve e se escolhe (ou não) viver. A estrutura social é tão incorporada no indivíduo, que ele passa a ser o que é, sem reflexão sobre seu próprio modo de ser. É possível, por exemplo, saber-se exatamente, ou com boa margem de certeza, a região de onde a pessoa provém, se rica ou pobre, pelo modo de falar, vestir-se, andar etc. não confunda, jamais, este conceito sociológico com preconceito! O mesmo exemplo poderia funcionar para um cidadão do Texas em diálogo com um nova-yorkino, mesmo que ambos tenham a mesma condição financeira, apenas o sotaque diferenciado já poderia ser um indicativo da diferenciação entre os dois. O que foi dito acima a respeito da Sociologia corresponde uma forma de conceituação, uma teoria. A Teoria de Bourdieu sobre o Habitus. Logo, você já sabe, a Sociologia se utiliza de conceitos, métodos investigativos, uma estrutura e linguagem que lhe são próprias, tudo isso reunido a define como ciência. Embora outros sociólogos e estudiosos possam reformular a teoria de Bourdieu, ou mesmo contestá-la. Observa a fórmula que trata do conceito de habitus: “São estruturas estruturadas predispostas a funcionar como estruturas estruturantes”. Parece até uma espécie de “trava língua”. Mas não é bem assim. O que Bourdieu quis dizer com este palavrório é que o comportamento do indivíduo está profundamente enraizado em si mesmo, e tudo quanto faz, age ou pensa, é acionado, previamente, pelo comportamento adquirido em sociedade. Isto é um método de análise, um conceito, em uma palavra: ciência. ATENÇÃO: Como dito na Folha 01, anterior, o cientista social, ou sociólogo, não deixa, ele mesmo, de estar inserido em sociedade, não deixa de ser partícipe de uma nacionalidade, ou mesmo de estar constrangido pelo habitus adquirido de sua comunidade, ainda na infância. Nesse sentido, o trabalho do sociólogo é deveras complexo. Porque ele tem de lidar com seus próprios preconceitos a fim de entender uma comunidade, uma tribo, um Estado Nacional, por exemplo. O sociólogo, tanto quanto possível, deve despir-se de seus próprios preconceitos, caso contrário, seus estudos contaminar-se-ão com suas expectativas pessoais. Nesse caso, ele não estará produzindo ciência, mas apenas emitindo uma opinião pessoal. COMO O SOCIÓLOGO REALIZA O SEU TRABALHO? Através, basicamente, de duas formas possíveis: Pesquisar o objeto de estudo quantitativa ou qualitativamente. Está claro, pois, que, quantitativamente, o sociólogo desenvolve questionários com perguntas a serem respondidas por um determinado e delimitado número de pessoas. Há que se obedecer um certo padrão na escolha dessas pessoas. Ex.: O que pensa a classe média sobre o governo Dilma Rouesseff. Pronto. Delimitei o espaço no qual a pesquisa se dará. Em geral, as respostas, dependendo do nível educacional, da região, e da renda, não variarão muito. Prova de que as comunidades obedecem a um padrão. É quase como se o sociólogo, através do conhecimento dos padrões, pudesse prever como determinada pessoa pensa, age, quais são suas expectativas, e quais os pontos específicos de insatisfação. Portanto, classe constitui, sim, um CONCEITO SOCIOLÓGICO. Nenhum outro sociólogo definiu tão bem este conceito quanto o alemão Karl Marx (1818 – 1883). QUANTO À PESQUISA QUALITATIVA Esta se dá através da inserção do sociólogo, antropólogo, etnógrafo, cientista político, no próprio espaço de convívio dos “objetos”. Ou seja, o sociólogo quer realizar uma pesquisa sobre as greves das fábricas de automóveis do Grande ABC, em São Paulo. Deve, portanto, ir até à fábrica, conversar com os funcionários, anotar seus anseios, hábitos e costumes, onde gastam seu dinheiro, de onde nascem suas reivindicações, o que desejam, e por que desejam etc. Na Antropologia, este tipo de estudo tem o nome de “observador participante”. CLAUDE LÉVI-STRAUSS Um dos maiores nomes das Ciências Sociais, pois seu trabalho transcende os limites da sociologia ou da antropologia. Seu grande objetivo foi provar que havia uma espécie de CONDIÇÃO HUMANA (NÃO CONFUNDIR COM A “NATUREZA HUMANA”, DE NICOLAU MAQUIAVEL (1469 – 1527). Esta condição humana constrange os indivíduos a agir, em essência e última análise, de forma parecida. Ainda que a variabilidade da ação seja infinita. Exemplo simples: a maioria absoluta das sociedades possuem deuses ou louvam um Deus. Isto significa, portanto, dizer, que há uma teoria que pode ser construída acerca da existência da “cultura do sagrado” na maioria das comunidades humanas. Para Casa: Pesquise quem foi o autor britânico Rudyard Kipling (1865 – 1936), e responda ao questionamento, é possível existir um humano que seja criado por lobos? Este ser sobreviveria? Que consequências para a sua humanidade, partindo-se do pressuposto que a ficção de Kipling, em “O livro da Selva” fosse factível, traria para este homem? Faça os exercícios da apostila referentes à primeira unidade.