Os três níveis de análise da Macroeconomia Explicação Com base em dados estatísticos, a macroeconomia permite, associada a técnicas econométricas*, encontrar justificativas para os fenômenos ocorridos no passado. É através dela que se pode verificar se os argumentos econômicos se comportam conforme o previsto ou, ao contrário, porque apresentaram disfunções e as razões para que isso ocorresse. *Econometria é um conjunto de ferramentas estatísticas com o objetivo de entender a relação entre variáveis econômicas através da aplicação de um modelo matemático. Previsão A Previsão, por sua vez, permite aos economistas, também através de técnicas econométricas, simular o comportamento das variáveis agregadas para o futuro, sempre em função das observações ocorridas no passado. Com a utilização de duas ou mais variáveis agregadas, a análise de previsão poderá mostrar os caminhos que a economia poderá percorrer em busca do seu equilíbrio. Ação Política Esta nas mãos do Governo e esta calcada nas simulações das previsões; A interpretação dos dados faz da macroeconomia uma teoria especulativa com grandes controvérsias; Apesar de trabalharem sobre um mesmo conjunto de dados, a análise da conjuntura econômica de um economista pode ser totalmente divergente de outro. Cinco problemas básicos fundamentais que justificam os três níveis de análise a) Flutuação do nível de utilização dos recursos b) c) d) e) produtivos (emprego e desemprego); Nível geral de preços (deflação e inflação); Taxa de crescimento da capacidade produtiva ao crescimento vegetativo da população; Papel do governo como elemento de controle da atividade econômica; e Funcionamento de uma determinada economia e sua relação com a economia internacional. Política fiscal, política monetária, política cambial, política comercial internacional e política de rendas. Política fiscal: Ação do Governo com relação aos gastos e receitas (impostos e taxas). Crescimento e emprego: aumento dos gastos públicos e/ou redução da carga tributária, com finalidade de estimular o consumo e o investimento; Redução da Inflação: redução dos gastos governamentais e aumento da carga tributária, com finalidade de inibir o consumo e o investimento, diminuindo, assim, a demanda agregada da economia. Política monetária: Principais instrumentos Controle direto da quantidade de dinheiro em circulação (emissões); Operação no mercado aberto; Fixação da taxa de reservas: Custódia pelo BACEN sobre depósitos; Fixação de taxa de redesconto: BACEN como banco dos bancos; e Controle seletivos de créditos. Objetivos dessa política Se for crescimento econômico: o governo aumenta o estoque monetário. Ex: compra títulos públicos ou diminui a taxa de reserva. (maior liquidez da economia); (aumenta a margem de créditos/empréstimo) Se for controle da inflação: o governo deve diminuir o estoque monetário. Ex: aumentando a taxa de reserva compulsória ou vendendo títulos no open market*. (menor liquidez da economia); (reduz a margem de créditos/empréstimo) *Operações de mercado aberto. Política cambial Baseia-se na administração da taxa (ou taxas) de câmbio e no controle de operações cambiais. Apesar de estar indiretamente ligada à política monetária, se destaca desta por atuar mais diretamente sobre todas as variáveis relacionadas às transações econômicas com o exterior. Política comercial internacional Ações do governo que estimulam ou inibem o comércio exterior, podendo ser de ordem: Fiscal: aplicação de tarifas sobre o preço internacional dos produtos importados; Quantitativas: fixação de cotas de importação. Burocráticas: certificados de origem e vistos consulares. Política de rendas Política de interferência do governo na formação de preços por meio de congelamento de preços e salários, fixação de reajustes salariais, etc. O Produto Nacional Bruto (PNB) é dado pelo valor de mercado de todos os bens e serviços finais produzidos na economia em um dado período de tempo (geralmente um ano). O PNB é a medida básica da atividade econômica. Inclui itens como roupas, serviços médicos e etc. Para o bem-estar geral de uma nação, depende basicamente... a) da quantidade de recursos disponíveis; b) da eficiência na utilização desses recursos na produção de bens e serviços. A razão para isso é... Quanto maior a quantidade de recursos disponíveis e a eficiência na utilização dos mesmos maior será o Produto Nacional gerado e, consequentemente, maior deverá ser o nível de bem-estar geral da nação, já que maior será o conjunto de opções oferecidas aos consumidores no atendimento de suas necessidades. Em linhas gerais... O Produto Nacional é um indicador, ainda que discutível, do bem estar da sociedade. Além disso o cômputo* do PNB é importante porque permite avaliar o desempenho da economia em diferentes período. *cômputo: cálculo; contagem; conta; soma. Medindo o Produto Total: Soma de coisas heterogêneas O objeto central para possibilitar a soma dos diversos bens e serviços produzidos na economia é o preço de cada um deles, expresso em unidades monetárias. Calcula-se o valor monetário de cada bem para depois somar o total desses valores, chegando, dessa forma, ao conceito de Produto Total para um determinado ano. Em sínteses... O valor da produção de automóveis será dado pela quantidade produzida de automóveis multiplicada pelo seu preço. O mesmo raciocínio deve ser estendido aos outros bens. Exemplificando: Suponhamos uma economia bastante simples que produza apenas cinco tipos de bens. O quadro a seguir fornece o tipo de produto, a unidade de medida, a quantidade produzida e o respectivo preço de mercado. MEDINDO O PRODUTO NACIONAL BRUTO Bem Unidade de Medida Preço ($) Quantidade A Litros R$ 50,00 200 B Dúzia R$ 10,00 3 C Galões R$ 30,00 60 D Quilos R$ 0,50 500 E Metros R$ 8,00 120 O PNB nessa economia hipotética será dado por: PNB = (PaxQa) + (PbxQb) + (PcxQc) + (PdxQd) + (PexQe) Substituindo as siglas da expressão acima por seus respectivos valores. Obtemos: PNB = (50,00x200) + (10,00x3) + (30,00x60) + (0,50x500) + (8,00x120) PNB = 10.000,00 + 30,00 + 1.800,00 + 250,00 + 960,00 PNB = 13.040,00 O cálculo do PNB feito para essa economia simples pode ser utilizado em uma economia mais complexa, incluindo bens, como livros e camisas, e serviços, como transporte ou uma consulta médica, desde que tenham preços e, portanto, possam ser somados, como foi apresentado acima. O problema da dupla contagem Ao medirmos a produção de um país, surge um grande problema, que é a possibilidade de computarmos mais de uma vez um bem no Produto Nacional, acabando por superestimá-lo. Devemos, portanto, excluir os chamados bens intermediários do nosso cálculo, uma vez que eles já estão incluídos no valor do produto final. Exemplificando... Devemos considerar apenas o valor do automóvel como parte do PNB. O valor de todos os componentes utilizados em sua montagem, tais como, pneus, aço, vidro produzidos por outras empresas, já está incluído no preço do veículo. Se incluíssemos o valor dos bens intermediários no cômputo do PNB, estaríamos incorrendo no erro da dupla (mais precisamente, da múltipla) contagem. PNB Per Capita O PNB per capita é obtido dividindo-se o PNB pela população: PNB per capita = PNB = população PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB) Refere-se ao valor agregado de todos os bens e serviços finais produzidos dentro do território econômico do país, independentemente da nacionalidade dos proprietários da unidades produtoras desses bens e serviços. Exclui as transações intermediárias, isto é, ele é medido a preço de mercado. Renda líquida dos fatores externos (RLFE) A RLFE dividi-se em Renda Enviada ao Exterior (RE) e Renda Recebida do Exterior (RR) Diferença entre PIB e PNB: RLEE é desconsiderada do calculo do PIB e considerada para o calculo do PNB A Renda Enviada ao Exterior (RE) é o resultado das transferências de rendas de estrangeiros obtidas no Brasil e enviadas a seus países de origem, sob forma de remessa de lucros, royalties, juros e outras remessas técnicas. A Renda Recebida do Exterior (RR) diz respeito à renda que recebemos devido à produção de nossas empresas no exterior. Assim, temos: RLFE = RR – RE Assim, PNB = PIB + RLFE Desta forma, se: RR > RE RLFE > 0 então PNB < PIB; ou se RR < RE RLFE < 0 então PNB > PIB A origem e a evolução da moeda Seis fases diferentes Era da troca de mercadorias Vegetação, caça... trocas entre comunidades Era da mercadoria-moeda Um único produto como referencial de troca Era da moeda metálica Metais: cobre, bronze, ferro, ouro, prata. Era da moeda-papel Certificado que representava os metais A moeda fidunciária (ou papel-moeda) Emissão independente do metal A moeda bancária Depósitos à vista e a curto prazo, cheque ou ordens de pagamento. As funções da moeda Meio ou instrumento de troca: função mais importante, dias de hoje: mão-de-obra moeda bens e serviços. Medida de valor: bens e serviços assumem a forma de preço, moeda como ponto de referência para avaliação dos bens. (registros contábeis) Reserva de valor: quando retida de circulação torna-se entesouramento, estoque de riqueza. (depósitos) Padrão de pagamento diferido: vendas a crédito, produto entregue sem pagamento imediato, valor de pagamento futuro. (produto entregue ao comprador sem pagamento imediato, deixando expresso o valor do pagamento futuro) INFLAÇÃO Processo persistente de aumento do nível geral de preços, o que resulta em perda do poder aquisitivo da moeda. A inflação é considerada um fenômeno generalizado, pois os aumentos dos preços não ocorrem apenas sobre um conjunto de preços ou sobre um setor específico da economia. Altas esporádicas de preço devido, por exemplo, a flutuações sazonais não podem ser confundidas com inflação. A inflação significa aumento simultâneo de um grande número de preços. O problema inflacionário não ocorre apenas em economias em desenvolvimento, como a brasileira. Nos dias de hoje é um fenômeno universal, que traz grandes consequências políticas, econômicas e sociais. EFEITOS DA INFLAÇÃO Distribuição de renda: redução do poder aquisitivo dos seguimentos da população que dependem de rendimentos fixos, com prazo legal de reajuste. Ex: assalariados, proprietários de imóveis (perde no rendimento / ganha na valorização do imóvel). Quem possui renda livre, como firmas e especuladores são beneficiados. Fatos que contribuem para um distribuição de renda injusta. Alocação de recursos: modifica o perfil de investimentos dos agentes econômicos, podendo trazer sérias implicações de cunho social. Isso ocorre em função da resistência que os investidores têm em alocar seus recursos em projetos de longa maturação, preferindo os de curto prazo e, até mesmo, os especulativos. Balanço de pagamentos: se a elevação dos preços internos se dá em um ritmo superior aos aumentos de preços internacionais, os produtos produzidos internamente podem ficar mais caros do que os bens produzidos externamente. Isso pode dificultar as exportações e estimular as importações, diminuindo o saldo da balança comercial (exportações menos importações). Exportações < Importações O Governo poderá promover desvalorizações cambiais, objetivando aumentar as exportações e reduzir as importações. Tal procedimento, entretanto, pode encarecer importações de produtos essenciais, tais como o petróleo. O encarecimento desses produtos acaba por elevar os custos de produção, podendo essa elevação de custos ser repassada para os preços. IMPORTAÇÕES Renda nacional: aumento da produção e renda, crescimento do país, maior demanda de importados. (relação direta: RN importações) Taxa de Câmbio (R$/US$): desvalorização cambial importadores pagará mais caro, desestimulo das importações. (relação inversa: desvalorização cambial importações) Preços externos (US$): elevação de preços em (US$) dos importados diminuição das importações brasileiras. (relação inversa: preço em US$ dos importados importações) Preço dos produtos produzidos internamente (R$): elevação dos preços dos produtos internos substituição por similares importados, mais importações. (relação direta: preços internos importações) Barreiras tarifárias e não tarifárias às importações: imposição de barreiras tarifárias e não-tarifárias às importações diminuição de produtos importados. (relação direta: imposição de barreiras tarifárias e não tarifárias importações) EXPORTAÇÕES Renda mundial: aumento na renda mundial estimula o comércio internacional aumento das exportações nacionais. (relação direta: renda mundial exportações) Taxa de câmbio (R$/US$): desvalorização cambial estimula exportações. (relação direta: desvalorização cambial exportações) Preços externos (US$): elevação nos preços externos dos produtos por nós exportados eleva as exportações. (relação direta: preços externos dos produtos nacionais exportações) Preços internos (R$): aumento nos preços internos dos produtos exportáveis estimula o aumento das vendas no mercado interno diminui importações. (relação inversa: preços internos exportações. Incentivos às exportações: incentivos às exportações, sejam de ordem fiscal (isenções de impostos), creditícios (o produtor nacional consegue financiamento a juros subsidiados), ou de natureza burocrática estimula as exportações. (relação direta: aumento de incentivos exportações)