Pós-Graduação em Gramática e Uso Módulo: Regência OS VERBOS DE MOVIMENTO E A TRANSITIVIDADE “...todo verbo de movimento é acompanhado, na estrutura profunda, dos lugares: de onde, por onde e para onde, sob a forma de sintagmas preposicionados, embora na estrutura superficial, a preposição possa atualizar-se ou não.” (p.100) Exemplos: - Andou pela rua, o dia todo. - Atravessou pelo rio. - Subiu a ladeira. - Venha logo. “É no enunciado que os semas da lexia verbal se relacionam com os semas da preposição, havendo a atualização da preposição que tem um ou mais semas em comum com o verbo.” (p. 100) “Com relação aos verbos de movimento sem deslocamento espacial, a análise do corpus nos permitiu constatar que eles só apresentam a atualização de um sema.” (p. 101) Exemplos: - Sentou-se no chão. - Levantou-se da cadeira. “ Com relação aos verbos de movimento com deslocamento espacial pudemos observar que: nos casos em que já existe uma preposição justaposta ao verbo, ocorre a construção sem preposição expressa, somente quando há atualização do sema extensividade (lugar por onde).” (p. 102) Exemplos: - Atravessou a ponte. (preposição justaposta trans: através) -Desceu a rua. (preposição justaposta de: afastamento, movimento de cima para baixo) -Subiu a escada. (preposição justaposta sub: movimento de baixo para cima) “Com relação à transitividade, nos posicionamos junto àqueles que consideram como complementos verbais: o alvo do processo, o beneficiário, bem como a origem, a meta e o itinerário do movimento. Nesta perspectiva consideramos os sintagmas preposicionados que expressam lugar junto ao verbo de movimento como complementos verbais. As dificuldades surgidas com o problema do apagamento dos complementos na estrutura superficial, e com o dos verbos intransitivos na base e transitivos na estrutura superficial, podem ser minimizadas; levando-se em consideração o texto.” Só assim a identificação da função de alguns termos (no caso da transitividade, por ex) será sanada e também a análise deixa de ser um ato mecânico e enfadonho, transformando-se ‘num trabalho de reflexão, de descoberta, de entendimento das articulações das várias estruturas para a composição da mensagem que o emissor pretende transmitir.’”[1] [1] Fávero, L. Lopes; Barian, E. M. A frase no texto/contexto. Série: A Gramática Portuguesa na pesquisa e no ensino, v.3, São Paulo, Cortez Edit., 1980, p.10.