RELATO DE CASO CLÍNICO BONJORNO, L. P.¹ ; BORGES, S. G.¹ ; DELFINO, G. F. L.¹ ; NEGRETTI, F. ² ¹Acadêmicos do Curso de Medicina da UNIOESTE; ²Coordenador da Liga de Estudos em Medicina Diagnóstica e Anatomia Patológica e Docente do Curso de Medicina da UNIOESTE. ID • R. O. , feminino, 19 anos, solteira, natural de Umuarama, auxiliar de costura. QP • Paciente queixa-se de contrações uterinas, dor no baixo ventre • IG= 21 semanas HMA • PA= 120/70 mmHg • BCF= 140 bpm • Toque= dilatação total do colo uterino, bolsa íntegra; cefálico • Sem febre HMA • Dinâmica uterina= efetiva • USG= 21 semanas, polidrâmnio, MFC cerebral • Parto normal • Menos de 6 consultas pré- natal EVOLUÇÃO CLÍNICA • Entrada: 24/08/2008 • 16:30h: amniotomia, líquido amniótico claro, sem grumos, em grande quantidade +/- 3000 ml • 17:15h: Parto normal, sem intercorrências. RN natimorto, masculino, 540 g. Dequitação placentária completa VDRL negativo • Alta hospitalar: 26/08/2008 AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA • Paciente bastante triste, chorando, angustiada pelo fato ocorrido, consciente, informada do ocorrido. • Após conversar com a psicóloga, aparentou-se mais tranquila. HIPÓTESES DIAGNÓSTICAS HIPÓTESES DIAGNÓSTICAS • Mola hidatiforme • Infecção bacteriana • Eclampsia ou pré- eclampsia • Corangioma • Coriocarcinoma • Pressão arterial transitória • Pressão arterial crônica antes da gravidez • Superposição PA e eclampsia ou pré- eclampsia LAUDO ANATOMOPATOLÓGICO • MACROSCOPIA: PLACENTA • Tamanho: 16 x 11 x 4 cm • Peso: 495 g • Formato discóide • Coloração acastanhada • Aspecto carnoso LAUDO ANATOMOPATOLÓGICO • Âmnio liso, brilhante, transparente • Parênquima difusamente isquêmico • Formação tumoral nodular, medindo 7,5 x 7,3 x 4 cm, acastanhado, não capsulado. Aos cortes: áreas amareladas, hemorrágica • Cortes adicionais: áreas de infarto LAUDO ANATOMOPATOLÓGICO • MACROSCOPIA: CORDÃO UMBILICAL • 28 x 1,5 cm, 3 vasos, coloração esbranquiçada LAUDO ANATOMOPATOLÓGICO • MICROSCOPIA: PLACENTA • Tecido placentário com proliferação neoplásica de vasos sanguíneos capilares, com arranjo lobular, luzes em forma de fenda e sinais ectásicos • Moderada celularidade, sem mitoses LAUDO ANATOMOPATOLÓGICO • Áreas de lesão em processo de evolução nos quais os núcleos das células sinciciais são picnóticos e exibem cariorrexe. • Nota-se presença de trombo oclusivo e fase de recanalização LAUDO ANATOMOPATOLÓGICO MICROSCOPIA: CORDÃO UMBILICAL • Apresenta vasos com paredes espessadas com acúmulo de material mineralizado, semelhante a cálcio e infiltrado por grandes quantidades de neutrófilos e piócitos DIAGNÓSTICO • Corioangioma em placenta com característica de terceiro trimestre ANATOMIA, EMBRIOLOGIA E FISIOLOGIA DA PLACENTA CORIOANGIOMA TUMORES PLACENTÁRIOS - ORIGEM Placentária Extrínseca Trofoblástica NãoTrofoblástica Metástases Doença Trofoblástica Gestacional Teratomas CORIOANGIOMAS CORIOANGIOMA • Classificação: neoplasia benigna x hamartoma • Sinonímia é rica e confusa: corangioma, angiomixoma, coriangiomixoma, fibromixoma, fibrossarcoma, mixoangioma¹ e hemangioma placentário² • Localização mais recorrente: próximo ao cordão umbilical e à placa coriônica • Prognóstico depende do tamanho tumoral • Risco de recorrência: ainda não é conhecido, mas parece ser pequeno CORIOANGIOMA • Estudo macroscópico: • Tumorações arredondadas, lobuladas ou ramificadas, simples ou múltiplas, de dimensões variadas (mm a cm) • São vistos tanto na parte materna como fetal, ou apenas por meio dos cortes, na intimidade do parênquima • Consistência firme e coloração avermelhada. As vezes, coloração mais clara e também regiões cinzas a amareladas (fibrose e necrose) • Contorno irregular ou bem definido (semelhante à cápsula conjuntiva) • Superfície lisa ou granulomatosa CORIOANGIOMA • Estudo microscópico: • Hemangioma celular tecido mesenquimatoso rico em células e pobre em vasos mal formados • Hemangioma capilar vasos calibrosos) noviformação vascular (capilares ou • Hemangioma degenerado há regiões de necrose, calcificação, hemorragia e hialinização CORIOANGIOMA: EPIDEMIOLOGIA • Incidência incerta: • Acredita-se que incida em cerca de 1% das placentas4, mas os corioangiomas de maior tamanho (4-5 cm) têm incidência muito menor, variando entre 1: 3500 e 1: 9000 nascimentos 4, 10, • Eles estão associados com aumento da idade materna, diabetes mellitus, hipertensão e tabagismo. São comuns em múltiplas gestações e bebes do sexo feminino. Também foi observado aumento na incidência em mulheres que vivem em altas altitudes (acima de 3600 m) CORIOANGIOMA: REPERCUSSÕES MATERNO-FETAIS • Segundo as dimensões: • Pequeno: passam despercebidos ou são confundidos com enfartes e depósitos de fibrina¹, sem alterações fetais • Médio: normalmente não alteram o peso nem a forma do órgão¹ CORIOANGIOMA: REPERCUSSÕES MATERNO-FETAIS • Grande (maiores que 5 cm 5,6,7): associados a • poliidramnio • trabalhos de parto prematuros • cardiomegalia fetal • edema • anemia e trombocitopenia fetais • restrição de crescimento intrauterino e morte fetal (40%) Comprometimento da função placentária (fístula arteriovenosa) CORIOANGIOMA: DIAGNÓSTICO • Exame ultrassonográfico (US) • Exame anatomopatológico • Dopplervelocimetria (diagnóstico diferencial) US 2D DOPPLERVELOCIMETRIA DOPPLER, 3D POWER ANGIO E RECONSTRUÇAO 3D DA MASSA TUMORAL US 3D CORIOANGIOMA: TRATAMENTO • Observação, complementada com seguimento ecográfico com VOCAL • Parto vaginal • Geralmente por uma cesariana • As diferentes terapêuticas antes da extração são poucos. Para além de algumas amniodrenagens em casos de grave, um caso de transfusão intra-útero foi concluído com êxito em 1993 e um caso de ligadura vascular controlada fetoscopia levou a morte fetal8,9 ECOGRAFIA E VALORIZAÇÃO VOCAL ( VIRTUAL ORGAN COMPUTER-AIDED ANALYSIS) CORIOANGIOMA: TRATAMENTO • Método invasivo: instilação de álcool, obliteração vascular com sutura endoscópica, terapia com YAG laser intersticial 10 • Não existe consenso acerca de qual a melhor terapêutica para o manejo desse tipo de tumor 10 REFERÊNCIAS • [1] REZENDE, Jorge de. Obstetrícia. 10. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004 • [2] GRELLE, F. C. Obstetrícia. 1. Ed. Rio de Janeiro: Livraria Atheneu, 1970 • [3] FARIA, José Lopes de e Colaboradores. 2 .Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999 • [4] http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-72032002000700009 • [5] BP O'Malley, Toi A, De Sa DJ, MRC Caminho Phil D, Williams GL. O ultra-som • [6]Philip E. Prático exame da placenta e do feto na sala de parto e laboratório. Encycl Med Chir, Paris, Obstetrícia, 5070 C20 e C30, 2006/04/08. • [7] Froehlich LA, T Fujikura, Fischer p. Corioangioma e suas implicações clínicas. Obstet Gynecol 1971; 37:51-9. • [8] GI Hirata, Masaki M DI, O'Toole, Medeiros LD, AL Platt. Cor e mapeamento de • [9]Quintero RA, H Reich, A. Romero In utero desvascularização endoscópica de corioangioma grande. Ultrasound Obstet Gynecol 1996; 8:48-52. aparecimento de corioangioma placentária. Radiologia 1981, 138 :159-60. fluxo Doppler no Diagnóstico e Gestão de uma corioangioma placenta associado à hidropisia fetal noimmune. Obstetrics & Gynecology 1993; 8:850-52. REFERÊNCIAS • [10] www.fecolsog.org/userfiles/file/revista/Revista_Vol59No1_Enero_Marzo_20 08/v59n1a10.pdf • [11] http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010072032002000700009 • [12]www.fecolsog.org/userfiles/file/revista/Revista_Vol59No1_Enero_Marzo_200 8/v59n1a10.pdf • [13] http://sumerdoc.blogspot.com/2004/09/chorioangioma-of-placentacase-report_13.html • [14] www.medigraphic.com/pdfs/abc/bc-2002/bc022j.pdf • [15] www.scielo.cl/scielo.php?pid=S071775262005000500005&script=sci_arttext • [16] http://www.jkscience.org/archive/Volume74/chorioangiomia.pdf • [17] http://pathweb.uchc.edu/eatlas/Gyn/1227.HTM REFERÊNCIAS • [18] www.medigraphic.com/pdfs/abc/bc-2002/bc022j.pdf • [19]www.ispub.com/ostia/index.php?xmlFilePath=journals/ijgo/vol5n 1/chorio.xml • [20]www.jkscience.org/archive/Volume74/chorioangiomia.pdf