ductus arteriosus

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Paracetamol oral versus ibuprofeno oral no manuseio do ductus arteriosus em
recém-nascidos pré-termos:
Ensaio controlado randomizado
Journal of Pediatrics 2014 (march):164:510-4
Pediatria HRAS/HMIB – Neonatologia
Internato 6º ano - Medicina ESCS
Acadêmicas: Camila Rodrigues
Isabela Lobo
Karine Frausino
Coordenação: Márcia Pimentel de Castro/Paulo R. Margotto
www.paulomargotto.com.br
Brasília, 7 de março de 2014
Persistência do Canal Arterial (PCA)
 É uma comunicação entre a artéria aorta e o ramo esquerdo
da artéria pulmonar, onde embriologicamente, se situa o
ductus arteriosus (DA).
Antes,
Revisão da fisiologia do ductus
arteriosus patente (DAP) ou
Persistência do Canal Arterial (PCA)
Epidemiologia
 Corresponde entre 9,2 a 14,5% das cardiopatias congênitas
 É mais frequente em recém-nascido (RN) pré-termo (PT)
 É mais comum no sexo feminino
 É a cardiopatia mais frequente nos RN de mães que adquiriram
Rubéola no 1º trimestre de gestação.
 Inversamente proporcional à idade gestacional e peso
Fisiologia
 Embriogênese
 Circulação fetal
 Transição circulação
fetal-RN
Patogênese
 O ductus arteriosus (DA) permanece patente graças aos elevados
níveis de prostaglandinas circulantes, principalmente PGE2.
 Durante o último trimestre de gestação as paredes do DA adquirem
camadas musculares que são menos sensíveis à ação da PGE2 e mais
sensível ao efeito vasoconstritor do O2.
 O fechamento ocorre em dois estágios em RN a termo:
-constrição funcional – 48 a 72hv
-no estágio de constrição funcional  potencial de abertura
-Sobrecarga hídrica
-Tensão do oxigênio
-Nível sérico de prostaglandina
 RN PT: a imaturidade do DA - resposta pobre à oxigenação devido
à diminuição de quantidade de músculo existente e labilidade à ação
de prostaglandinas.
 Imediatamente após o nascimento, há uma resposta inflamatória
dentro da parede do canal (monócitos e macrófagos / Interferon-γ
e o FNT-α)  Vasodilatadores.
 Mesmo quando o ducto prematuro faz constrição, permanece
relativamente resistente a desenvolver hipoxia profunda, que é o
sinal preliminar que conduz à necrose e à cascata inflamatória,
culminando com a remodelação.
 Processo de remodelação:
-A distância entre o lúmen e o vasa vasorum  de zona avascular.
Observe que no pré-termo não há esta zona avascular
 Isquemia  Remodelação: fundamental ao fechamento
anatômico do canal no prematuro, é um processo bem mais
lento e vulnerável que no RNT.
Fisiopatologia
Fluxo E  D
(Aorta  A. Pulmonar)
Hiperfluxo pulmonar
Aumento do retorno venoso
para AE (dilatação volumétrica)
Pressão Diastólica final
Pressão Venosa Pulmonar
Congestão e edema Pulmonar
Pressão em VD
ICC
Quadro Clínico e Diagnóstico
 Mais evidentes a partir de 72h de vida
 Sopro Cardíaco (18%), impulsões precordiais visíveis (13,1%),
pressão de pulso > 30mmHg (3,3%) e pulsos amplos.
 Diagnóstico:
- Ecocardiograma com Doppler (precoce)
-RX de tórax  evidência de achados de shunts significativos
- ECG
Tratamento
 Suporte clínico e farmacológico se sinais de ICC
 Expectante
 Farmacológico
- Indometacina
- Ibuprofeno
- Paracetamol
 Ligadura cirúrgica
Consultem capítulo do livro Assistência ao Recém-Nascido de Risco,ESCS,
Brasília,3ª Edição, 2013, pg.287-293
Persistência do Canal arterial
Autor(es): Viviana I. Sampietro Serafin, Alessandra, Alessandra de Cássia Gonçalves
Moreira, Paulo R. Margotto
Agora, análise do presente estudo
Paracetamol oral versus ibuprofeno oral no
manuseio do ductus arteriosus em recém-nascidos
pré-termos:
Ensaio controlado randomizado
 Um ductus arteriosus patente hemodinamicamente significativo
(DAPhs) é uma causa comum de morbimortalidades entre os
pré-termos, afetando mais do que 40% dos pré-termos.
Possíveis Repercussões: estas associações ainda
não são claros no presente momento1,2:
 Enterocolite Necrosante
 Retinopatia da prematuridade (ROP)
 Hemorragia intraventricular (HIV)
 Isquemia dos músculos papilares
 Hemorragia pulmonar
 Displasia broncopulmonar (DBP))
 No fechamento farmacológico, as drogas mais usadas:
indometacina e ibuprofeno (inibidores da cicloxigenase) que
bloqueia a conversão do ácido aracquidônico a
prostaglandina3,4.
 Tem sido descrito sucesso no tratamento do DAhs em 7085% com o uso de ibuprofeno5-8.
 Vários efeitos colaterais tem sido descritos com o uso dos
inibidores da cicloxigenase, como: vasoconstrição periférica,
sangramento gastrintestinal e perfuração, diminuição da
agregação plaquetária, hiperbilirrubinemia e insuficiência
renal9,10
 paracetamol, também conhecido como acetaminofen atua inibindo diretamente





a atividade da prostaglandina sintetase11.
Ao contrário do ibuprofeno, pensa-se que o paracetamol atua na região da
peroxidase da enzima prostaglandina sintetase.
A inibição do paracetamol é facilitada pela diminuição local da concentração de
hidroxiperoxide12.
O papel do paracetamol como tratamento alternativo ao fechamento do DAhs
tem ganhado atenção nos recentes anos devido aos efeitos colaterais potenciais
dos inibidores da cicloxigenase13-15.
Relatos prévios dos autores mostram que o paracetamol endovenoso pode
constituir um tratamento alternativo nos pacientes com contraindicação de
nutrição enteral ou que apresentam intolerância alimentar15.
Recentemente estes autores relataram que o paracetamol na forma oral pode
ser usado com sucesso como escolha primária no fechamento do ductus
arteriosus patente16.
HIPÓTESE
 O paracetamol é tão efetivo quanto ao ibuprofeno no
fechamento do canal arterial
OBJETIVO
 Para isto, os autores conduziram este estudo prospectivo,
randomizado e controlado em RN pré-termos com peso ao
nascer ≤1250g para comparar a eficácia e segurança do
paracetamol e ibuprofeno, ambos orais no fechamento do
canal arterial
METODOLOGIA
 Estudo realizado na UTI neonatal do Zekai Tahir Burak
Maternity Teaching Hospital
 Hospital localizado na cidade de Ankara, Turquia
 Desenvolvido no período de fevereiro a dezembro de
2012
 Aprovado pelo Comitê de Ética local
 Os recém-nascidos foram inseridos no estudo apenas
depois da assinatura do consentimento pelos responsáveis
 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO:
 Idade gestacional ≤ 30 semanas
 Peso de nascimento ≤ 1250 g
 Idade pós natal entre 48 e 96 horas
 Um dos seguintes critérios ecocardiográficos:
- Ducto > 1.5 mm
- Razão do átrio esquerdo para aorta > 1.5 mm
- Reversão do fluxo sanguíneo na aorta no final da
diástole
- Disfunção cardíaca com sinais clínicos de PCA
 CRITÉIOS DE EXCLUSÃO:
- Presença de outra alteração congênita
- Shunt direita-esquerda pelo canal arterial
- Infecção potencialmente letal
- Hemorragia intraventricular (grau III e IV)
- Débito urinário < 1 ml/kg/h nas últimas 8 horas
- Creatinina > 1,6 mg/dL
- Plaqueta < 60.000 / mm³
- Falência hepática
- Hiperbilirrubinemia que necessite de exsanguineotransfusão
- Hipertensão pulmonar persistente
(consultem a Figura 1)
Figura 1
 Os pacientes foram divididos de forma randomizada entre
os grupos de tratamento
 Tratamento:
- Paracetamol 15 mg/kg de 6/6h durante 3 dias
- Ibuprofeno na dose inicial de 10 mg/kg e 5 mg/kg nos
próximos 2 dias
 As medicações foram administradas por tubo orogástrico
 Os dois grupos receberam alimentação semelhante (20 –
40 ml/kg de leite materno)
 Um dia após o tratamento os participantes se submeteram a uma
avaliação ecocardiográfica por um cardiologista pediátrico
cegado
 DESFECHO PRIMÁRIO:
- Fechamento do canal arterial após o tratamento completo, sem
efeitos adversos da droga administrada
 DESFECHO SECUNDÁRIO:
- Necessidade de repetir o tratamento oral
- Necessidade de tratamento cirúrgico
- Aumento de Uréia, Creatinina, Bibirrubina, transaminases (TGO ou
TGP) após o tratamento
- Reabertura do canal arterial
- Tratamento com surfactante
- Pneumotórax
- Hemorragia pulmonar
- Displasia broncopulmonar
- Enterocolite necrosante
- Hemorragia intraventricular
- Hemorragia gastrintestinal
- Retinopatia da prematuridade
- Sepse
- Morte
ANÁLISE ESTATÍSTICA
 Para um poder de 80% e p <0,05, seria necessário um mínimo de




78 participantes para que o estudo fosse capaz de obter resultados
estatisticamente relevantes (25% de diferença na taxa de
fechamento do canal arterial entre os grupos)
Test t emparelhado e para amostras independentes (variáveis
contínuas)
Quiquadrado para variáveis categóricas
Risco relativo com intervalos de confiança a 95%
Para a análise dos dados foi usado o Stata 9.1
RESULTADOS
 Na Tabela I - Características clínica e achados
ecocardiográficos de ambos os grupos
 Número:80 pacientes
 Fechamento espontâneo do ductus arteriosus: 54%
 Após o 1º ciclo de tratamento:
- Ibuprofeno: 31(77,5%)
- Paracetamol: 29 (72,5%)
P=0.6
 Necessidade do 2º ciclo de tratamento:
- Ibuprofeno: 9 (22,5%)
- Paracetamol: 11 (27,5%)
P=0.6
Tabela I. Características clínicas e achados ecocardiográficos de ambos os grupos
Sem diferenças entre as características clínicas e achados
Ecocardiográficos entre ambos os grupos
 A taxa de reabertura foi maior no grupo do
Paracetamol, mas não foi estatisticamente diferente
entre os dois grupos
- Paracetamol: 24,1% (7 de 29)
P=0.43
- Ibuprofeno: 16,1% (5 de 31)
 As taxas de fechamento foram maiores após o 2º ciclo
de tratamento cm ambas as drogas
 Necessidade de cirurgia
- Paracetamol: 1 (2,5%)
- Ibuprofeno: 2 (5%)
Consultem a Tabela II
Tabela II.Resultados primários de acôrdo com a idade gestacional*
Sem diferenças
entre os grupos
quanto aos
resultados
primários de acôrdo
com 3 estratos de
Idade gestacional
Avaliação Renal/Hepática
 Nenhum paciente apresentou oligúria
 Não houve diferença significativa nos níveis de
bilirrubina, função renal e função hepáticas antes e
depois do tratamento nos 2 grupos (Tabela III).
Tabela III.Avaliação dos níveis de bilirrubina,testes de funções hepática e renal após primeiro curso de tratamento
uréia= BUN x 2,14
 Em relação a efeitos adversos, não houve diferença
significativa entre os 2 grupos (Tabela IV).
Tabela IV. Resultados de segurança e efeitos adversos após o tratamento
com ibuprofeno oral e paracetamol
DISCUSSÃO
 O presente estudo, com suficiente poder, mostrou que Ibuprofeno
e Paracetamol via oral tem efeitos similares no fechamento do
ductus arteriosus patente (DAP) (são eficazes e seguros) com i curso
de tratamento.
 São bem toleradas em relação a efeitos adversos e a repercussões
renais e hepáticas.
 Na primeira série de casos descrita por Hammerman et al13o
paracetamol foi efetivo em 5 pacientes que não responderam ao
ibuprofeno
 Em uma série de casos dos autores relatada previamente, com idade
gestacional mediana de 28,5 semanas e peso mediano de 995g, o
paracetamol foi administrado após uma mediana de 9,5 dias de
vida(5-27)14.
 Os autores realizam um estudo observacional para avaliar a
eficácia do paracetamol oral em 8 pré-termos com DAhs que
não responderam a 2 cursos sequenciais de ibuprofeno e/ou
para aqueles cujo tratamento com o ibuprofeno foi
contraindicado.O DAhs (ductus arteriosus
hemodinamicamente significativo) fechou em 7 destes RN14.
 Em outro estudo estes autores usaram o paracetamol
endovenoso em 10 pré-termos com DAhs que tinham
intolerância alimentar ou contraindicação de dieta enteral e o
DA fechou em todos os pacientes15.
 Em uma série de caso conduzida por Yurttutan etal16,
investigando a eficácia do paracetamol como primeira escolha
no tratamento do DAP em 6 pré-termos, 5 foram tratados
com sucesso.
 No presente estudo que mostrou taxas semelhantes de
fechamento do canal arterial com o uso do ibuprofeno e
paracetamol orais, o intervalo de confiança amplo não
permite a conclusão de que as drogas são igualmente efetivas
 Na literatura, poucos estudos randomizados e controlados
tem determinado a eficácia e segurança do ibuprofeno oral
nos pré-termos com DAP5,6.16.
 Gokmen et al6 e Erdeve et al5 relataram que o fechamento do
DAP foi significativamente maior com o ibuprofeno oral em
comparação com o ibuprofeno intravenoso após o primeiro
curso de tratamento em RN pré-termos de muito baixo
peso.
 O presente estudo demonstrou que a taxa de fechamento do
DAP foi comparável quando se usou paracetamol e
ibuprofeno orais.
 Deve ser considerado que os RN tratados no presente estudo
eram ≤30 semanas e tratados antes de completarem 96h de vida.
 Devido a maioria dos RN>27 semanas fecharem o DAP
espontaneamente em até 7 dias e os demais mais tarde, antes da
alta, poderíamos assumir que muitos dos RN deste estudo >27
semanas podem ter tido o fechamento do DAP sem tratamento1820.
 No entanto 52,5% dos pacientes envolvidos no estudo
tinham < 28 semanas. Nesses,, incluindo RN <26
semanas, a taxa de fechamento do DAP foi maior com
uso de paracetamol, apesar de não ter havido
significância estatística (veja novamente a Tabela II).
 Assim, os autores afirmam que o paracetamol aumenta o
fechamento do DAP mesmo nos mais pré-termos
 Os resultados de segurança devem ser interpretados com cautela neste estudo,




pois não foi suficientemente grande para avaliar a segurança.
ROP (retinopatia da prematuridade) foi maior no grupo do ibuprofeno, embora
não significante.
Sharma et al21 concluíram que o ibuprofeno melhorou a ROP induzida pelo
oxigênio quando administrado durante a fase da lesão sem afetar o
desenvolvimento normal da retina.
No entanto, recente metanálise de Ohlsson et al22 mostrou não haver diferença
significativa na ROP de acôrdo com o regime de tratamento.
Embora não houve diferenças nas enzimas hepáticas entre os dois grupos, este
resultado deveria ser interpretado com cautela, uma vez que a dose de
paracetamol usada foi para RN a termo mais do que para RN pré-termo e tem
sido descrito 2 casos de testes de função hepática alterados em RN pré-termos
quando receberam altas doses de paracetamol23,24.
 Limitações:
- Não foi completamente as cegas devido ao diferente número de doses;
- Entretanto, resultado do fechamento do DAP era realizado por um cardiologista
que desconhecia os grupos;
- Os resultados de segurança deveriam ter sido definidos mais claramente antes do
início do estudo para evitar superestimação;
- Não se investigou os possíveis efeitos colaterais da diferente osmolaridade dos
medicamentos (no entanto, em outras partes do mundo não tem sido relatados
efeitos colaterais relacionados a osmolaridade das drogas.
- Os autores sugerem que a não interrupção da alimentação oral e o uso de flush com
água estéril para melhor disponibilização da medicação pode ter contribuído para a
diluição da osmolaridade e prevenido possíveis efeitos gastrintestinais
 Limitações
- Avaliou-se apenas RN≤ 30 semanas com DAP
significativo
 Sugestão:
- Novos estudos que abordem diferentes tratamentos em
RN propensos a desenvolverem DAP (<1000g: neste
grupo, é improvável o fechamento espontâneo por
várias semanas e estes são os que mais provavelmente
se beneficiarão do tratamento).
ABSTRACT
Nota do Editor do site, Dr. Paulo R.
Margotto. Consultem também Aqui
e Agora!
ESTUDANDO JUNTOS!
Tratamento do ducto arterioso patente com
paracetamol intravenoso em recém-nascido de
extremo baixo peso
Autor(es): Oncel MY et al. Apresentação: Felipe Bozi, Murilo
Meireles, Lizieux Fernandes, Paulo R. Margotto
 Os resultados do presente mostram que o paracetamol IV
pode ser usado com uma alternativa para o tratamento de
ducto arterioso patente com repercussão hemodinâmica em
prematuros nos quais o ibuprofeno é contraindicado.
 Nos links deste artigo são discutimos a possibilidade de uso de
dose menor de paracetamol, o mecanismos de ação do
paracetamol, o antídoto em caso de superdosagem e a validade e
segurança do paracetamol no fechamento do ductus arteriosus.
COMO PROCEDER FRENTE A UMA
SUPERDOSAGEM DE
PARACETAMOL ?
Medication error in an extremely low birth weight infant: paracetamol overdose.
Brener P, Ballardo M, Mariani G, Ceriani Cernadas JM.
Arch Argent Pediatr. 2013 Jan-Feb;111(1):53-5.
(Artigo Integral)!
Clicar aqui!
 Os autores relataram um erro médico com o uso do paracetamol oral. A





concentração do paracetamol em gotas é 100mg/ml e é disponível em vidro de
20ml. A dose: 15mg/kg/dose cada 6 horas (total de 6 dose)
O Médico entendeu:100mg/20 ml ao invés de 100mg/ml
Foi prescrito 2 ml cada 6 horas ao invés de 0,1 ml
O paciente (27sem; 9º dias de vida;750g) recebeu 266mg/kg (17,7 vezes mais que
era para receber)
A Enfermeira perguntou antes da segunda dose se a dose não estava alta demais e o
Médico afirmou que estava correto, sem checar a concentração
No dia seguinte a Enfermeira de plantão consultou a dose e o Médico detectou o
erro, sendo a medicação suspensa
 A concentração plasmática do paracetamol: 480µg/ml (níveis
terapêuticos: ≤10µg/ml)
 O Departamento de toxicologia orientou, como antídoto: Nacetilcisteína na dose inicial de 100mg e então, 50mg até
alcançar 17 doses, havendo significativas quedas dos níveis
plasmáticos de paracetamol
 O RN não apresentou sintomas desta alta dosagem, saindo de
alta com 38sem de idade pós-concepção
Os autores argentinos discutem:
Os erros fazem parte da natureza humana e
geralmente estão presentes nas nossas ações.
Neste caso, são apontados os erros
 A confusão sobre concentração de droga é comum (os
médicos confiam muito na memória, o que nunca deve ser
feito)
 Ignorar uma observação da Enfermagem
 Ao prescrever droga habitualmente não usada em pequenos
pré-termos, devemos ter a máxima cautela
Paracetamol intravenoso para ducto arterioso patente
em crianças prematuras- uma dose menor também é
eficiente
Autor(es): Tekgunduz KS et al. Apresentação: Felipe Bozi;
Murilo Meireles; Lizieux Fernandes, Paulo R. Margotto
 Estudos farmacocinéticos com administração IV, supositório e oral
mostraram que a meia vida do paracetamol é mais longa em prematuros.
Portanto é possível ajustar a dose ou o intervalo nestes.
 O uso de menor dose e maior intervalo mostrou-se eficaz e seguro.
 Os resultados obtidos mostram que o paracetamol IV pode ser usado
com uma alternativa para o tratamento de ducto arterioso patente com
repercussão hemodinâmica em prematuros nos quais o ibuprofeno é
contraindicado.
 A dose e o intervalo entre as doses devem ser melhor avaliados.
Paracetamol to induce ductus arteriosus closure: is it valid?
Allegaert K, Anderson B, Simons S, van Overmeire B.
Arch Dis Child. 2013 Jun;98(6):462-6
 O complexo prostaglandina H2 sintetase (PGHS) tem dois sítios,




o COX (ciclo-oxigenase) e o POX (peroxidade)
O COX converte o ácido aracdônico a PGG2 por oxidação que é
em seguida convertido a PGH2 pelo POX
A seguir o PGH2 é convertido a PGF2α, PGE2, PGI2 or TXA2
Inibidores não seletivos da COX (indometacina, ibuprofeno)
inibem o sítio da COX e o paracetamol inibe o sítio da POX
O paracetamol atua como um cosubstrato redutor da conversão
da PGG2 a PGH2 .
 A dose de paracetamol utilizada nos estudos (15mg/kg/dose de 6/6
hs60mg/kg/dia por 2-7 dias) nos prematuros extremos é duas vez maior a dose
recomendada para o RN a termo (30mg/kg/dia-7,5mg/kg/dose de 6 horas),
gerando concentrações sérica >10mg/l usada em analgesia.
 Com estas elevadas doses, há uma preocupação com a hepatotoxicidade
 No momento não se tem qualquer base para sugerir uma concentração alvo de
paracetamol para o fechamento do canal arterial (para a indometacina sabe-se
que é 3,5mg/l- 90% de fechamento do canal arterial).
 Na avaliação do efeito do paracetamol, em futuros estudos, necessita uma
precisa definição do que é um canal arterial hemodinamicamente significativo
(há uma variedade de sinais clínico e ecocardiográficos na sua definição
(Zonnenberg et al, 2012)
Allegaert K, Anderson B, Simons S, van Overmeire B.
Arch Dis Child. 2013 Jun;98(6):462-6
O QUE É UM CANAL ARTERIAL
HEMODIANMICAMENTE
SIGNIFICATIVO?
A definição de um ducto arterioso hemodinamicamente significativo em
ensaios randomizados e controlados, uma revisão sistemática da literatura
Autor(es): Inge Zonnenberg , Koert de Waal. Apresentação: Kamilla Graciano Dias;
Murilo Guiotti; Pedro H. Silva de Almeida; Rodrigo Lopes Barbosa
• Critérios clínicos para definir HSDA:
- Sinais respiratórios
- Sinais físicos
- Alterações da pressão sanguínea
- Sinais de insuficiência cardíaca congestiva (ICC)
Critérios ultrassonográficos para definir HSDA:
- Dimensões do coração esquerdo
- Shunt esquerda-direita
- Parâmetros do Doppler
- Diâmetro do ducto
População de risco (IG<30s e/ou peso ao nascer < 1500g)
Resultados
-Clínicos: muitos estudos incluíram sinais físicos (murmúrio, precórdio
hiperdinâmico, pulsos em martelo d´agua), 1/3 dos estudos incluíram
sinais respiratórios. Sinais de insuficiência cardíaca congestiva foram
frequentemente cotados
-O critério ultrassonográfico mais usado incluiu a proporção da dimensão
do átrio esquerdo/aorta (relação LA/Ao) com uma média de ponto de
corte de 1,30 (variou entre 1,15 a 1,70). A média do ponto de corte para
considerar PDA significante foi o diâmetro ductal acima de 1,5mm (variou
entre 1,5-2mm)
• Dos parâmetros do Doppler usados,o fluxo reverso em vários vasos do
corpo foi sempre classificado como shunting severo nos estudos
Tempo para o tratamento do canal arterial e evolução respiratória
dos recém-nascidos prematuros: ensaio randomizado, controlado e
duplo cego
Autor(es): Ilene R. S. Sosenko, M. Florencia Fajardo, Nelson Claure, and
Eduardo Bancalari. Apresentação: Bruno N. César, Bruno Oliveira, Edílson Jr,
Eduardo Carvalho. Paulo R. Margotto
Definição de canal arterial pérvio (PCA) hemodinamicamente
significativo pelo Grupo do Bancalari:
 sinais clínicos, como a presença de hemorragia pulmonar (secreção sanguinolenta
persistente no tubo endotraqueal) isoladamente ou sinais de PCA com
cardiomegalia e edema pulmonar evidenciado ao Rx de tórax com um dos
seguintes: hipotensão necessitando de vasopressor numa dose acima de
10ug/kg/min ou insuficiência respiratória não identificada por outra causa que
não a PCA, com parâmetros elevados no respirador).
Ibuprofeno oral versus venoso para o fechamento do
canal arterial:ensaio controlado randomizado em
recém-nascidos de extremo baixo peso
Autor(es): Erdeve O, Yurttutan S et al. Apresentação: Camila
Venturim; Laura Teixeira ; Sarah Ribeiro Issy; Paulo R.
Margotto
 Após o primeiro curso de tratamento a PCA fechou
em 30 (83,3%) dos pacientes do grupo do
ibuprofeno oral versus 21 (61,7%) dos inscritos no
grupo ibuprofeno intravenoso (p = 0,04).
 Seis pacientes (16,6%) no grupo do ibuprofeno oral
exigiu um segundo curso de terapia
medicamentosa, em comparação com 13 (38,2%) no
grupo do ibuprofeno intravenoso (p = 0,012).
Eficácia e segurança do ibuprofeno oral versus
ibuprofenoso venoso nos recém-nascidos pré-termos
de muito baixo peso com persistência do canal arterial
Autor(es): Tulin Gokmen, Omer Erdeve, Nahide Altug, Serife Suna Oguz, Nurdan
Uras, and Ugur Dilmen. Realizado por Paulo R. Margotto
O ibuprofeno oral é mais eficaz que o ibuprofeno intravenoso para o fechamento ductal em
recém-nascido de muito baixo peso. O aumento no nível de cistatina C com tratamento oral
sugere que pacientes com função renal limítrofe devem ser avaliados e acompanhados de perto.
Comparação de ibuprofeno via oral e indometacina
intravenosa no tratamento da persistência do canal
arterial em neonatos com extremo baixo peso ao
nascer
Autor(es): Eun Mi Yanga, Eun Song Songb , Young Youn
Ch. Apresentação: Marília Lopes Bahia Evangelista
Persistência do canal arterial:quando tratar? Fatos e
Mitos (VI Curso de Neonatologia, 28/O1/2014,
Fortaleza, CE)
Autor(es): Paulo R. Margotto
Na tomada de decisão do fechamento da PCA
(conduta expectante/medicamentosa/ligação cirúrgica)
1) Identificar subgrupos de RN de risco:
-RN <28 semanas
(3o dia de vida; dm≥1,5mm)(Sellmer,2013)
(Morte ou severa morbidade: OR:5,0 (IC a 95%:1,4 a 19)
-RN<1000g
2) Combinar achados ecocardiográficos + clínicos na definição da PCA
hemodinamicamente significativa
3) Ligação cirúrgica: evitar o seu uso precoce no período neonatal
Não há no momento evidências de fechar canais arteriais sem repercussões hemodinâmicas,
principalmente nos RN> 1000g e ≥28 semanas) e muito menos, ligação cirúrgica precoce
PCA-Visão do Neonatologista
Kaemp, 2011:
 Os neonatologistas tem a obrigação ética de conduta adequada com
critérios objetivos para a terapia de fechamento da PCA
 Devemos lembrar sempre: Na UTI, identificar subgrupos de neonatos com
maior risco para resultados adversos (e nestes, somente nestes atuar!)
Augusto Sola
“eu fui inundado com tantas dúvidas e tantos erros e aparentemente o
único benefício que tive através da educação e instrução, é que cada vez
mais eu continuo a descobrir a minha própria ignorância”
Entre Fatos e Mitos, esta é a nossa visão, em 28
de janeiro de 2014
Procure fazer a diferença, sem ser diferente!
Então, ....
 Acreditamos que o paracetamol possa vir a constituir uma opção
terapêutica em situações em que DEVEMOS fechar o canal arterial
(presença de hemorragia pulmonar, pressão arterial de difícil controle, altos
parâmetros no ventilador), mas situações nos impossibilita de usar o
ibuprofeno oral (medicação que habitualmente usamos) como má
digestibilidade, além de presença de trombocitopenia (<100.000/mm3),
enterocolite necrosante, insuficiência renal, hemorragia intraventricular,
hiperbilirrubinemia, uso de corticosteróide (risco de perfuração intestinal)
 No entanto, qual dose? Certamente 60mg/kg/dia não deve ser a escolha
(30mg/kg/dia se aproxima das doses recomendadas de paracetamol para RN a
termo)
 Evidentemente são necessários mais estudos para a definição de melhor dose
(eficácia e segurança). Aguardamos!
OBRIGADA!
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