A imaginação sociológica

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
Centro Socioeconômico
Departamento de Ciências da Administração
Curso de graduação em Administração a distância
Disciplina: Sociologia aplicada à Administração
VIDEOAULA 1
Apresentação da estratégia didática e motivação para os
estudos de Sociologia
Prof. Jacques Mick
Estratégia didática:
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Confronto entre as afirmações do livro didático e as ideias
de:
Anthony Giddens (introdução à sociologia) e
Renaud Sainsaulieu (sociologia da empresa).
Orientações para o estudo:
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Comece a estudar cada Unidade pela leitura complementar:
> os capitulos do livro de Giddens nas Unidades 1 a 3 e > o
texto de Sainsaulieu nas unidades 4 e 5.
Só depois disso, leia o livro didático.
As atividades de aprendizagem vão explorar o confronto
entre o que a apostila diz e o que os outros autores
escrevem, para estimular a leitura crítica do livro didático.
Conteúdos das videoaulas:
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Videoaula 2 – Introdução à obra de
Karl Marx
Videoaula 3 – Introdução à obra de
Émile Durkheim
Videoaula 4 – Introdução à obra de
Max Weber
Videoaula 5 – Sociologia e
problemas contemporâneos
Videoaula 1: Sociologia e modernização
O surgimento da Sociologia
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Sociologia surge no final do século 19.
Objetivo: propor respostas a um conjunto de
transformações que configuraram a sociedade moderna, de
base industrial e capitalista, sobretudo a partir do século 18.
> Novas formas de produção e de estruturação das
relações sociais.
> Novas formas institucionais e políticas;
> Novos valores e identidades.
Resultados de embates entre grupos favoráveis e contrários
às mudanças.
O surgimento da Sociologia
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Há relação íntima entre a explicação sobre a origem do
capitalismo ou a natureza da sociedade moderna e
industrial e o fortalecimento da Sociologia.
As ideias sobre a sociedade não podem ser desvinculadas
das próprias condições sociais da época e dos desafios
postos a quem se propõe a refletir sobre ela.
Três matrizes de pensamento: Karl Marx (1818-1883), Émile
Durkheim (1858-1917), Max Weber (1864-1920)
Finalidades do conhecimento
sociológico:
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> Transformar a realidade (Marx)
> Realizar diagnósticos precisos dos problemas para
resguardar o equilíbrio e a ordem social (Durkheim)
> Compreender a realidade com mais acuidade e
objetividade para, sem tomar partido, disponibilizar
conhecimento para a tomada de decisões políticas (Weber)
A leitura da modernidade por
Karl Marx:
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Para Karl Marx, a origem do capitalismo deve ser buscada
na acumulação primitiva de capital. Isto é, no processo
histórico que dissocia o trabalhador dos meios de produção,
e que permite o acúmulo do capital que constituirá o ponto
de partida do modo de produção capitalista.
Marx (1982) argumenta que a Idade Média haveria legado
duas formas distintas de capital – o usurário e o capital
mercantil.
A leitura da modernidade por
Karl Marx:
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> Crescimento do capital de forma dramática, através da
expansão ultramarina, com o saque das colônias.
> Aumento da dívida pública, uma das mais poderosas
alavancas da acumulação primitiva.
> Protecionismo e guerras coloniais ainda ampliavam a
expropriação e o acúmulo de capital.
A leitura da modernidade por
Karl Marx:
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O capitalismo se desenvolvia com outro signo que o do
mundo rural e da tradição, modelo econômico, social e
cultural em declínio, ao qual se opunha.
A expressão mais emblemática do capitalismo se deixava
perceber através da vida nas cidades, que expunham a face
caótica e desigual do sistema.
A leitura da modernidade por
Weber
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Por que o capitalismo se desenvolveu no Ocidente? Que
fatores poderiam explicar esse surto de desenvolvimento
econômico na Europa do século XVII em diante?
A diferença está no “espírito do capitalismo”: conjunto de
crenças e valores sustentados por comerciantes e
industriais, que constituía um verdadeiro estilo de vida.
Forte impulso para a acumulação de riqueza pessoal ( + )
autocontrole, sobriedade e frugalidade ( + ) reinvestimento.
A leitura da modernidade por
Weber
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Essa normativa de vida derivava do impacto da religião
protestante, particularmente de puritanos e calvinistas, no
intuito de responder ao chamado para trabalhar a “vocação”
e expor o reconhecimento dos sinais da sua “eleição”
(predestinação).
Empenho no dever profissional levava à prosperidade
material, associada à vida frugal (ascetismo).
A leitura da modernidade por
Weber
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“Para que um modo de vida tão bem adaptado
às peculiaridades do capitalismo pudesse ter
sido selecionado, isto é, pudesse vir a dominar
os outros, ele teve de se originar em alguma
parte e não apareceu em indivíduos isolados,
mas como um modo de vida comum a um grupo
inteiro de homens. Esta origem é que precisa
ser explanada. [...] Neste caso, a relação causal
é certamente inversa daquela sugerida pelo
ponto de vista materialista” (WEBER, 2001, p.
34-35).
A leitura da modernidade por
Durkheim:
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Mudanças da divisão do trabalho que geram novas
formas de solidariedade social.
“[Em Durkheim] As lutas de classes e as tensões
encontradas no desenvolvimento das sociedades
da Europa no século XIX não indicam o
aparecimento de uma nova forma de sociedade de
classes (Capitalismo), mas derivam das tensões
inerentes à transição da solidariedade mecânica
para a orgânica. O conflito de classes expressa a
realização incompleta da solidariedade orgânica na
recém-desenvolvida ordem industrial” (GIDDENS,
1978, p. 21).
A leitura da modernidade por
Durkheim:
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Durkheim é um sociólogo da ordem e não do conflito.
Durkheim acredita que a divisão do trabalho substitui
gradualmente a religião como base essencial da coesão
social. À medida que a divisão do trabalho aumenta, as
pessoas se tornam cada vez mais dependentes umas das
outras.
A nova forma de solidariedade que emerge desse novo
arranjo social é o que ele denomina de solidariedade
orgânica.
A leitura da modernidade por
Durkheim:
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O individualismo como forma de inserção social
não seria um sintoma de patologia da sociedade
(supostamente acusado de criar anarquia), mas, ao
contrário, seria:
“a expressão “normal” e saudável das
transformações sociais que engendram essa nova
forma de solidariedade social. [...] O individualismo
moral opõe-se ao interesse anárquico; não glorifica
o eu, mas ao contrário, orienta-se para os únicos
valores morais – os da liberdade e igualdade –
capazes, nos tempos modernos, de proporcionar a
base da solidariedade social” (GIDDENS, 1978, p.
A imaginação sociológica
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Aprender a pensar sociologicamente significa cultivar a
imaginação.
A “imaginação sociológica” é [...] uma qualidade de espírito
que lhes ajude a usar a informação e a desenvolver a
razão, a fim de perceber, com lucidez, o que está ocorrendo
no mundo e o que pode estar acontecendo dentro deles
mesmos (MILLS, 1965, p. 11).
A imaginação sociológica
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> O indivíduo só pode compreender sua experiência e
avaliar seu próprio destino localizando-se dentro de seu
período;
> só pode conhecer suas possibilidades na vida tornandose cônscio das possibilidades de todas as pessoas, nas
mesmas circunstâncias em que ele.
A imaginação sociológica
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[...] [O indivíduo] contribui, por menos que seja, para o
condicionamento dessa sociedade e para o curso de sua
história, ao mesmo tempo em que é condicionado pela
sociedade e pelo seu processo histórico. A imaginação
sociológica nos permite compreender a história e a biografia
e as relações entre ambas, dentro da sociedade. Essa é a
sua tarefa e a sua promessa (MILLS, 1965, p. 12).
A imaginação sociológica
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A imaginação sociológica é uma forma da
autoconsciência de ser um estrangeiro permanente
na sua sociedade.
“As decisões anteriores, que pareciam sólidas,
passam a ser, então, como produtos de uma mente
inexplicavelmente fechada. Sua capacidade de
surpresa volta a existir. Adquirem uma nova forma
de pensar, experimentam uma transavaliação de
valores: numa palavra, pela sua reflexão e pela sua
sensibilidade, compreendem o sentido cultural das
Ciências Sociais” (MILLS, 1965, p. 14).
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