Introdução à Teoria Econômica Prof. Fabini Hoelz B. Alvarez, MSc fabini.alvarez@ucpbr Por que estudar Economia? “A Economia é o estudo da humanidade em sua vida rotineira.” Alfred Marshall (1890) Três principais razões: O estudo da Economia nos ajuda a entender o Mundo em que vivemos – entendimento da dinâmica; Logo, poderemos participar de forma mais perspicaz da economia – auxílio à tomada de decisões econômicas; E proporcionará uma melhor compreensão dos potenciais e limites da política econômica – discernimento sobre a ação política na sociedade. Por que estudar Economia? A palavra ECONOMIA vem do termo grego e pode ser entendida como “aquele que administra um lar”; E qual a relação entre os lares familiares e a Economia? Uma família precisa tomar decisões. Precisa decidir quais tarefas cada membro desempenha e o que receberá em troca: Quem lava a roupa e quem decide a compra de um carro? A sociedade, por meio da Economia, também precisa decidir que tarefas serão executadas e por quem: Quem produz alimentos, e quem produz roupas (e etc…)? Uma vez que a sociedade tenha alocado às pessoas as suas tarefas, deve também alocar a produção de bens e serviços que as pessoas produzem: Quem comerá caviar e quem comerá chuchu? Quem andará de Ferrari e quem deverá andar de ônibus? Um primeiro conceito de Economia Economia é, então, o estudo de como a sociedade decide o quê, como e para quem produzir; Esta decisão parte do gerenciamento necessário devido à escassez dos recursos na natureza; Logo, pode-se dizer que a Economia é também o estudo da escassez; Caso contrário todos seriam donos de minas de diamantes e dirigiriam Ferraris! Os Dez Princípios de Economia Embora o estudo de Economia tenha muitas nuances podemos iniciá-lo por dez conceitos básicos, porém necessários, para um pleno entendimento; Formulados por Mankiw (2005) podem ser divididos em três grupos: Como as pessoas tomam decisões (I ao IV); Como as pessoas interagem (V ao VII); Como a Economia funciona (VIII ao X). Os Dez Princípios de Economia - Mankiw Princípio I: As Pessoas Enfrentam Tradeoffs “No free lunch!” - Milton Friedman “Nada é de graça.” Para conseguirmos o que queremos precisamos abrir mão de outra coisa de que gostamos. A tomada de decisão exige escolher um objeto em detrimento de outro; Exemplos clássicos de tradeoffs: “Armas (defesa nacional) vs. Manteiga (bens de consumo); Defesa do meio ambiente vs. alto nível de renda. Eficiência vs. Eqüidade Política econômica do governo militar: “Fazer o bolo crescer para depois repartir.” Caso do Imposto de Renda: como os que ganham mais, também pagam mais, há uma redução da recompensa de quem ganha mais pelo seu trabalho levando-os a trabalharem menos, gerando um menor crescimento do bolo. Os Dez Princípios de Economia - Mankiw Princípio II: O Custo de Alguma Coisa é Aquilo de que Você Desiste para Obtê-la Como as pessoas enfrentam tradeoffs, a tomada de decisão exige comparar os custos e benefícios de possibilidades alternativas; Exemplo: decisão de ir à Universidade. Custos marginais: alimentação, moradia… Custos adicionais: mensalidades, livros… Custos intangíveis: tempo… Custo de Oportunidade: qualquer coisa de que se tenha de abrir mão para obter algum bem. Os Dez Princípios de Economia - Mankiw Princípio III: As Pessoas Racionais Pensam na Margem As decisões que tomamos raramente são “preto no branco”. Geralmente envolvem diversos tons de cinza; Em Economia utiliza-se o termo mudanças marginais para descrever pequenos ajustes incrementais a um plano de ação existente; Essa margem pressupõe a existência de extremos, logo as mudanças marginais são ajustes ao redor dos “extremos”. Exemplo: vale a pena cursar uma pós-graduação? Análise Marginal: • Benefícios Marginais: aumento do salário/empregabilidade; • Custos Marginais: mensalidades/tempo despendido. Os Dez Princípios de Economia - Mankiw Princípio III: As Pessoas Pensam na Margem Caso Prático: Por que algumas companhias aéreas vendem passagens a R$1,00? Além do apelo mercadológico da promoção deve-se analisar a seguinte situação: suponha que um vôo entre Rio e Miami custe R$100.000,00. Num avião que possui 200 assentos o custo para cada passageiro será de R$500,00. Mas a alguns instantes da partida verifica-se que ainda existem lugares vagos e surge um passageiro oferecendo R$300,0 pela passagem. A companhia deve ou não aceitar? Os Dez Princípios de Economia - Mankiw Princípio IV: As Pessoas Reagem a Incentivos Como as pessoas tomam decisões por meio da comparação de custos e benefícios, seu comportamento pode mudar quando os custos ou benefícios mudam; Exemplo: Mercado de Alimentos: Quando o preço de um alimento aumenta (ex. carne bovina) os consumidores optam por substitutos (ex. frango). Ao mesmo tempo, os pecuaristas buscam produzir mais pois o benefício de produzir carne bovina também aumentou. Os Dez Princípios de Economia - Mankiw Princípio V: O Comércio Pode ser Bom para Todos Imagine um país que viva isolado de todo o Mundo. Este país, para sobreviver, deve produzir todos os bens de consumo necessários para atender a demanda de sua população; Pense numa situação oposta. Um país que esteja aberto a comercializar com todo o Mundo. Logo tem todos os produtos necessários para sua população ao seu alcance. Então produzirá internamente somente os bens nos quais realmente for eficiente frente aos demais; Ao comercializar com os outros, os países podem oferecer a sua população uma maior variedade de bens e serviços a um custo menor. Os Dez Princípios de Economia - Mankiw Princípio VI: Os Mercados São Geralmente uma Boa Maneira de Organizar a Atividade Econômica Definições importantes: Um mercado usa preços para conciliar decisões sobre consumo e produção; Em uma economia de planejamento central, os planejadores do governo decidem quais s bens e serviços a serem produzidos, de que maneira isso é feito e para quem; Já em uma economia mista, o governo e o setor privado interagem buscando soluções para os problemas econômicos. Os Dez Princípios de Economia - Mankiw Princípio VI: Os Mercados São Geralmente uma Boa Maneira de Organizar a Atividade Econômica Para os leigos o sucesso das economias de mercado é enigmático, afinal nela ninguém cuida do bem-estar econômico de toda a sociedade; Os mercados livres contêm muitos compradores e vendedores e todos estão interessados no seu próprio bem-estar; Ainda assim as economias de mercado têm se mostrado muito bem-sucedidas na promoção do bem-estar econômico geral. Os Dez Princípios de Economia - Mankiw Princípio VI: Os Mercados São Geralmente uma Boa Maneira de Organizar a Atividade Econômica Adam Smith e a Mão Invisível; Os indivíduos interagem nos mercados e agem como se fossem guiadas por uma “mão invisível” que as leva a resultados de mercado desejáveis; No estudo de Economia veremos que os preços são o instrumento em que a “mão invisível” conduz a atividade econômica; Os preços refletem tanto o valor de um bem quanto o custo social de produzi-lo; Como os indivíduos observam os preços para decidir o que comprar e o que vender levam em conta os custos e os benefícios sociais de suas ações. Os Dez Princípios de Economia - Mankiw Princípio VI: Os Mercados São Geralmente uma Boa Maneira de Organizar a Atividade Econômica Porém quando o governo impede que os preços se ajustem naturalmente este também impede que a Mão Invisível coordene os bilhões de indivíduos que compõem a Economia; Este fato explica por que os impostos têm um efeito adverso sobre a alocação de recursos, distorcendo os preços e assim as decisões dos indivíduos. Os Dez Princípios de Economia- Mankiw Princípio VII: Às Vezes os Governos Podem Melhorar os Resultados dos Mercado Se a “Mão Invisível” é tão benéfica, por que precisamos de governo? O governo serve como “protetor” para a “Mão Invisível” nos aspectos: Direito à propriedade; Promoção da eficiência; Promoção da eqüidade. Os Dez Princípios de Economia- Mankiw Princípio VII: Às Vezes os Governos Podem Melhorar os Resultados dos Mercado Promoção da Eficiência Mitigar as causas das falhas de mercado (situações em que o mercado por si só fracassa ao alocar recursos com eficiência): • Externalidades (impacto das ações de um indivíduo sobre o bemestar de outros que não tomam parte da ação); • Poder de mercado (capacidade de um único agente econômico tem de influenciar significativamente os preços do mercado). Promoção da Eqüidade A “Mão Invisível” não garante que todos tenham comida suficiente, roupas decentes e atendimento médico adequado, logo as políticas públicas devem ter por objetivo uma distribuição mais eqüitativa do bem-estar econômico Os Dez Princípios de Economia- Mankiw Princípio VIII: O Padrão de Vida de um País Depende de sua Capacidade de Produzir Bens e Serviços Por que as diferenças de padrão de vida dos países são tão assustadoras? População e Renda Mundial, 2000 Grupo de Países Pobres Intermediários Ricos Renda anual per capita [£] 280 1.310 18.340 % população mundial 40 45 15 % renda mundial 3 18 79 Os Dez Princípios de Economia- Mankiw Princípio VIII: O Padrão de Vida de um País Depende de sua Capacidade de Produzir Bens e Serviços A resposta é surpreendentemente simples: quase todas as variações de padrão de vida ppodem ser atribuídas a diferenças de produtividade entre países – ou seja, a quantidade de bens e serviços produzidos em uma hora de trabalho; Os Dez Princípios de Economia- Mankiw Princípio IX: Os Preços Sobem Quando o Governo Emite Moeda Demais Em Dezembro de 1989, último mês do governo Sarney, o nível de inflação chegou a 80% a.m.; Mas o que é inflação? Inflação é o aumento do nível geral dos preços da Economia. E o que gera inflação? Em quase todos os casos de inflação elevada ou persistente o culpado é o próprio governo emitindo mais moeda do que a demanda do mercado; E por que o governo emite moeda? Para cobrir os gastos públicos. Os Dez Princípios de Economia - Mankiw Princípio X: A Sociedade Enfrente um Tradeoff de Curto Prazo entre Inflação e Desemprego Segundo o princípio IX quando o governo aumenta a quantidade de moeda na economia gera-se inflação; Outro resultado de curto prazo é o menor nível de desemprego; Este tradeoff é representado pela curva de Phillips; A curva sintetiza que em um período de um ou dois anos as políticas econômicas empurram a inflação e o desemprego em direções opostas.