HISTÓRIA NAVAL INTRODUÇAO A HISTÓRIA DO MAR DOMÍNIO DO MAR: - impedir que o inimigo use suas comunicações marítimas, bem como garanti-las em proveito próprio => normalmente decide-se por uma batalha naval: - o aniquilamento da esquadra inimiga => batalha naval decisiva; - a paralisação da frota inimiga => bloqueio <= batalha naval indecisa (Jutlândia - 1ªGM); e - domínio do mar contrastado => s/ domínio do mar e ambos tentam usá-lo. As primeiras civilizações As primeiras grandes civilizações nasceram à beira d’água: Egito (Nilo), Mesopotâmia (Tigre e Eufrates), chinesa (Hoang-Ho – Amarelo e YangTse-Kiang – Azul) e hindu (Ganges e Bramaputra). Além dessas, há ainda as situadas em ilhas (Creta e Japão). Os povos marítimos A primeira Talassocracia (governo de homens ligados ao mar) foi a cretense (03P) Seguiram-se os fenícios - principal colônia foi Cartago. O navio mercante na antiguidade. Tinha as seguintes características: Forte calado; Boca relativamente larga (navio redondo); Meio de propulsão era à vela, mas possuía remos (entrada saída de porto ou calmaria); Fundeava através de uma poita; e Possuíam em média comprimento de 55 metros e boca de 13 metros (NM gregos). O transporte de riquezas pelo mar estimulou o surgimento da pirataria. Isso levou à necessidade de se defenderem os NM, para o que se embarcaram guarnições aptas para o combate de abordagem. A ameaça ao comércio marítimo, contudo, só pôde ser controlada pela criação de navios especiais, com grande capacidade de manobra, cujo fim era a defesa dos poucos manobreiros “navios redondos”. Assim surgiu o navio de guerra, a serviço dos NM e, portanto, da economia das nações. Os navios de guerra tinham as seguintes características: Fundo chato; Pouca boca (navio comprido); Propulsão principal a remo (velas para travessias longas; usadas também para aumentar a velocidade de fuga (içar as velas = fugir); Por causa do fundo chato e da pouca resistência aos temporais não fundeavam, eram puxados para terra (ocorreram batalhas navais em terra – Micale, em 479 a.C., gregos vencem os persas e Egos-Patamos, em 405 a.C., espartanos vencem os atenienses); e (99AC) Possuíam em média comprimento de 25 metros e boca de 6 metros (Trirreme grega). Os guerreiros eram soldados terrestres que embarcavam e seus comandantes comandavam a batalha naval. Assim foi na Batalha de Salamina (480 a.C.), a primeira grande batalha naval da história.(03P) A arma principal do navio de guerra não era o soldado que ia a bordo, mas uma protuberância colocada na proa do navio chamada esporão, aríete ou rostrum, destinada a penetrar profundamente na nave inimiga para pô-la a pique. Foram os fenícios os grandes aperfeiçoadores do esporão (revestimento em bronze). O navio de Guerra devido à tripulação numerosa era mais caro, só os governos podiam manter. A DIMENSÃO RESTRITA DO MAR Berço da Civilização Ocidental, foi no Mediterrâneo que floresceram as atividades marítimas da Antiguidade. Para a Antiguidade Ocidental, o mar era o Mar Mediterrâneo. As embarcações eram feitas para navegar nas distâncias curtas de um mar fechado. O MODELO IMPERIAL: Por mar ou por terra? Na antiguidade, o tipo mais comum de crescimento econômico e demográfico dos povos era através da conquista de novas terras e outras gentes, a custas de vastos investimentos em vidas e equipamentos bélicos, consumindo recursos naturais e humanos. Este modelo exigiu um elemento essencial a sua execução: forças armadas, ou seja, o Poder Militar. A primeira vez que aparece o emprego do elemento naval em grande escala foram nas 3 tentativas persas para dominar a Grécia (séc. V a.C.): A 1a tentativa foi em 492 a.C. - exército pelo Helesponto (Dardanelos), acompanhado por uma esquadra a fim de garantir-lhe o flanco esquerdo e o apoio logístico foi destruída pelo mau tempo. A 2a tentativa, em 490 a.C. realizou-se através do mar, constituindo-se do desembarque persa na Ática, após ter cruzado o mar Egeu. A tentativa frustrou-se com a derrota que os persas sofreram junto a Maratona. Na 3a tentativa, em 480 a.C. um exército de cerca de 180.000 homens atravessou o Helesponto, sendo seguido por uma forte Esquadra que tinha a mesma missão da primeira tentativa de invasão. Depois de passar pelo canal de Xerxes (especialmente aberto para evitar o contorno do monte Athos), a esquadra prosseguiu ao lado do exército. A Batalha de Salamina redundou em vitória grega, que obteve a superioridade no mar. Sem possibilidade de receber o apoio logístico, o exército persa viu-se forçado a retirar-se. Em Micale (batalha naval terrestre), os gregos destruíram o restante da Esquadra persa. Ficou provada a vulnerabilidade de exércitos operando longe de suas bases, dependentes de comunicações marítimas, se estas não forem devidamente conservadas. Mais tarde, Napoleão, no Egito, ficará na mesma situação de Xerxes na Península Helênica. O mar neutralizado Assim como a ruptura das linhas de comunicações marítimas pode implicar na derrota de forças terrestres, pode-se neutralizar ou eliminar a ação marítima por operações terrestres bem orientadas. Alexandre avançava contra os persas, quando se sentiu ameaçado na retaguarda pelo poder naval inimigo. Os persas ameaçavam desembarcar na Grécia. Alexandre avançou sobre o litoral e dominou as bases da Marinha persa, impedindo-a de dispor dos recursos que só nesses pontos encontraria. Após isto prosseguiu para conquista da Ásia persa. “É preciso destruir Cartago!” (“Delenda est Carthago!”) A luta entre Roma (potência terrestre) e Cartago (potência marítima) foi causada pela rivalidade comercial marítima, e gerou as Guerras Púnicas. A tática naval tinha apenas um componente marinheiro: as manobras de aproximação. O resto era como numa batalha campal: abordagem e luta corpo a corpo. Entretanto, os navios possuíam esporões e nas manobras marinheiras os cartagineses eram mais hábeis e poderiam fazer a aproximação de forma tal que não permitiria aos romanos se valerem de sua superioridade militar. Os romanos inventaram o corvo (prancha articulada com um gancho na ponta que imobilizava o navio inimigo e permitia o desembarque da tropa). Tal engenho, aliado à surpresa com que apareceu, foi à causa da primeira vitória romana no mar sobre os cartagineses, na batalha de Miles, na costa da Sicília em 260 a.C. Em 241 a.C. (00AC) Conseqüência da 1a Guerra Púnica: Roma foi transformada em potência marítima, apta a expandir-se pelo o mar. Mare Nostrum (nosso mar) (99AC) No período compreendido entre 133 e 31 a.C., Roma enfrentou problemas internos gerados pela sua própria expansão. As disputas internas encontraram um ponto final na disputa entre Otávio, no Ocidente, e Marco Antônio, no Oriente, que foi derrotado Batalha de Ácio, em 31 a.C. (03P) O Mar Mediterrâneo era dos romanos. Durante 5 séculos depois da Batalha de Ácio, navios mercantes movimentavam-se do Mar Negro para a fronteira atlântica protegidos apenas por pequenas forças de patrulha. O Mediterrâneo inteiro e quase todas as suas águas tributárias haviam se tornado um mar fechado, com todas as costas e bases navais controladas por Roma. Estabeleceu-se a “Pax Romana”, o mais longo período de paz relativa na história. A sombra do crescente Diversas tentativas fizeram os maometanos para a conquista de Constantinopla, até a invenção do “fogo grego” pelos bizantinos (era uma mistura altamente inflamável que resistia até mesmo à ação da água e que aderia fortemente à madeira das embarcações). O “fogo grego” permitiu a destruição da Esquadra árabe junto ao Mar de Mármara. (00/02AC) O Navio de Guerra Medieval Todas estas lutas no mar eram realizadas a bordo de navios a remo. Na alta idade média, o navio empregado era o drômon (navio rápido ou corredor). No meio destes navios elevava-se um grande castelo com traves e seteiras para os arqueiros. No castelo de proa elevava-se uma pequena torre, da qual um canhão primitivo lançava o fogo grego. O drômon tinham dois mastros de velas latinas (triangular e que se enverga no sentido longitudinal do navio). Depois da invenção do canhão, este foi adaptado à proa das galeras, de modo a atingir o inimigo pela frente, durante a aproximação das esquadras. Não poderia ser de outra forma já que os bordos eram tomados por remos. A última grande ação entre navios a remo da história foi a Batalha Naval de Lepanto, travada em 1571, junto à Península Helênica, entre mouros e católicos. Não teve qualquer significação estratégica já que a vitória cristã não foi explorada devidamente. Foi talvez a única batalha naval importante sem estar ligada direta ou indiretamente a qualquer campanha terrestre. A arma do diabo O surgimento da pólvora veio dar novas dimensões à guerra. A invenção do canhão determinou profundas alterações na Historia e não apenas de caráter militar. Contribuiu para o fim do feudalismo, em beneficio do poder dos reis, porque estes, apoiados pela burguesia, tinham mais recursos financeiros para comprar a nova arma. Na marinha, o canhão forçou lentamente o abandono dos navios a remo que, embora mais manobreiro que o navio a vela, não podia conduzir o mesmo número de canhões. (00AC) Guerra e comércio na Idade Média Na Inglaterra havia um acordo entre os armadores e o rei, pelo qual aqueles cediam seus navios ao Estado em caso de necessidade, para servirem como navios de Guerra, nos quais eram feitas pequenas alterações: construção de castelo na proa e na popa, para a proteção dos guerreiros, devido à tática da abordagem. A tática naval da Idade Média, mesmo para navios a pano, era a abordagem. O pouco poder ofensivo dos primitivos canhões impunha que essa arma fosse usada contra o homem, e não o material. A EXPANSÃO DO MAR As grandes invenções Em suas primeiras navegações os portugueses empregaram navios como a barca e o barinel e, a partir de 1440, aperfeiçoaram um novo tipo de navio, que viria a ser o mais característico dessa época: a Caravela, capaz de enfrentar mares tempestuosos e condições atmosféricas adversas. A caravela: tinha borda alta, era mais alongada que seus antecessores e usava velas latinas, o que lhe permitia navegar quase contra o vento. Foi o navio dos descobrimentos. O papel de Portugal Após a conquista de Ceuta (1415), o Infante D. Henrique instalou-se no Promontório de Sagres. Inicialmente, o objetivo era explorar a costa da África além do Cabo Não. Cada navegante que partia já o fazia baseado nas descobertas dos seus antecessores. As conquistas na costa africana foram se sucedendo. Até que, em 1488, Bartolomeu Dias descobriu o Cabo das Tormentas (Boa Esperança). Uma vez descoberto esse caminho, por que somente onze anos depois os portugueses finalmente chegaram àquelas terras tão desejadas? Por que Vasco da Gama não seguiu o mesmo caminho que Bartolomeu Dias? Por que os portugueses não exploraram o continente africano do lado do Índico, como tinham feito com o Atlântico? Após descobrir o extremo sul da África, Portugal tratou de: Consolidar seu domínio sobre o litoral africano já explorado; Estudar os ventos e as correntes marinhas do Atlântico; e Preparar uma expedição que tentasse descobrir as Índias. A viagem de Cristóvão Colombo Após longos dissabores ele teve sua idéia aceita na Espanha, graças a Rainha Isabel. A composição de sua pequena frota era a seguinte: Santa Maria; Pinta e Niña. Em 1493, Cristóvão Colombo voltou anunciando ter chegado às Índias. Foram descobertos: a ilha de Guanahani (Watling Island Bahamas), Cuba e Hispaniola (Haiti), mas Colombo imaginava ter chegado nas Índias. A partição do mundo por Alexandre VI Atendendo aos clamores de Portugal, mas ao mesmo tempo sem querer desagradar à Espanha, o Papa Alexandre VI dividiu o mundo descoberto e por descobrir entre os dois Estados. Pela bula Inter Coetera, o Papa estabeleceu que as terras situadas a 100 léguas a oeste do meridiano das ilhas dos Açores e do Cabo Verde seriam de Espanha e, as situadas à leste, de Portugal. Era injusta com Portugal uma vez que igualava o trabalho de 70 anos com uma única viagem dos espanhóis. O decreto papal era impossível de ser aplicável devido as seguintes razões: 1. Não estabelecia qual o meridiano seria o ponto de partida para contagem da longitude; 2. O meridiano de Açores não é o mesmo de Cabo Verde; 3. Seria necessário estabelecer o ponto exato e que ilha seria o ponto de partida; 4. A légua portuguesa era diferente da légua espanhola. Mesmo desprezando as diferenças decorrentes das imperfeições, toda a América seria espanhola. Saberia Portugal disso? É muito sintomático o fato de Portugal ter se recusado a assinar a bula papal e se preparado para a guerra. O tratado de Tordesilhas A Espanha não queria Guerra com Portugal, devido a sua extenuante luta com os mouros e era perigosa a Guerra para um país que tinha acabado de fazer a sua unificação. Além disso, a Espanha não fazia idéia das terras que Colombo havia descoberto. A solução para o impasse foi diplomática, através do Tratado de Tordesilhas, que estabelecia um meridiano a 370 léguas a oeste do Arquipélago de Cabo Verde, o que garantia a Portugal grande parte das terras do Brasil. Todas as terras a oeste deste meridiano seriam de Portugal e a oeste da Espanha. (00ME) A descoberta do caminho marítimo para as Índias Portugal só retomou a jornada para as Índias após ter garantido a posse das terras já descobertas nas costas da África e afastada durante muito tempo a possibilidade de conflito com a Espanha (diplomacia e o casamento do Rei de Portugal com a filha dos Reis Católicos em 1497). Em 1497, quando Vasco da Gama parte para as Índias, ele segue a mesma derrota de todos os navegantes que demandavam a costa da África até a altura de Serra Leoa e daí, surpreendentemente, guina para alto mar, afastando-se do Golfo da Guiné, local onde as calmarias são freqüentes e onde começa o trecho em que a Corrente de Benguela e os ventos são contrários. Á corrente Sul Equatorial e os ventos dominantes o levaram para além do meio do atlântico, a ponto de avistar sinais de terra, do que teria dado notícia a Cabral. Somente na altura do Prata e do Sul da África vai encontrar ventos e correntes favoráveis que o levam ao extremo Sul da África. É óbvio que os portugueses andaram esquadrinhando todo o atlântico Sul. Contratando um piloto árabe, Vasco da Gama chega a Calicute em 1498. Embora os navios lusos não tivessem tanta mobilidade quanto os árabes, eram melhores dotados de poder de fogo. O mundo estava entrando numa era da supremacia do fogo sobre o movimento e o choque. O descobrimento do Brasil Provavelmente estiveram antes de Cabral no Brasil: o espanhol Vicente Yanez Pinzon (acompanhou Colombo em sua primeira viagem e percorreu o litoral do Nordeste e do Norte em janeiro de 1500) e o português Duarte Pacheco Pereira (signatário do tratado de Tordesilhas e um dos comandantes de Cabral). Argumentos a favor da casualidade do descobrimento: 1. Trecho da carta de Pero Vaz Caminha atribuindo ao acaso a descoberta; 2. A Esquadra de Cabral não tinha os padrões de pedras para assinalar a posse das novas terras; 3. As instruções do rei de Portugal não falavam do Brasil; 4. Desvio feito por Cabral para evitar a calmaria do golfo da Guiné, já feito por Vasco da Gama. Em compensação, em favor da intencionalidade há as seguintes razões: 1. A atitude portuguesa diante da divisão feita pelo Papa (bula Inter Coetera); 2. O conhecimento da ciência náutica e da geografia do atlântico; 3. A presença de Duarte Pacheco Pereira na frota de Cabral; e 4. O fato de que qualquer desvio causado pela corrente sul equatoriana (duvidoso) não levaria a Esquadra à Bahia, mas bem mais ao norte, em Pernambuco. As calmarias não seriam responsáveis por tão dilatado desvio. Assim o mais provável é que Portugal já conhecia o Brasil antes de 1500, mas por razões políticas tenha esperado o momento oportuno para fazer o descobrimento oficialmente. E se considerarmos isso, os três primeiros argumentos a favor da casualidade caem por terra. Outras navegações portuguesas 1491 – João Vaz Corte Real e Álvaro Martins Homem – Terra Nova. 1492 – João Fernandes Labrador e Pedro de Barcelos – Península de Labrador. 1501 – Gaspar Corte Real descobre o estreito de Davis, entre a Groelândia e a América do Norte. 1516 – Duarte Coelho – Cochinchina (Vietnã). 1525 – Luiz Vaz Torres – Austrália. 1538 – João Fogaça – Nova Guiné. 1541 – Fernão Mendes Pinto e Antônio da Mota – Japão. 1588 – João Martins descobriu a Passagem do Noroeste, passando pelo Estreito de Davis, Mar de Baffin, Ilhas Árticas, norte do Alasca e estreito de Behring, vindo a sair no Pacífico. Ponto alto das navegações lusitanas. 1660 – David Melgueiro descobriu a Passagem do Nordeste saindo do Japão, passando pelo norte da Sibéria, ilhas Spitzberg e chegando à Portugal pelo norte do Atlântico. A decadência portuguesa começou com entrega da coroa ao rei espanhol Felipe II, em 1580, o que fez com eu os holandeses, em luta com os espanhóis, passassem a atacar os navios portugueses. Navegações de outros povos Os espanhóis só se tornaram navegadores depois da viagem de Colombo. Exploraram as costas do Mar das Caraíbas até que, em 1511, Vasco Nuñez Balboa, atravessando o istmo do Panamá, chega ao Oceano Pacífico. As lutas pelo domínio dos mares A descoberta do caminho marítimo para as Índias e do Novo Continente alargou as dimensões do mar, tal como ele era conhecido pelos europeus. O principal eixo comercial do mundo, que até então fora o Mar Mediterrâneo, passou a ser o Atlântico e assim permanece até hoje. Árabes X Portugueses (02ME) A viagem de Vasco da Gama colocou em confronto os portugueses e os árabes. Os príncipes hindus se dividiram em sua preferência. A frota de Cabral já teve que lutar contra os muçulmanos. Em 1505, Francisco de Almeida firma o domínio do mar no Oceano Índico para Portugal, após uma série de combates navais, obtendo uma categórica vitória na Batalha de Diu. (99AC) Afonso de Albuquerque continuou a obra de conquista e, em 1515, os portugueses dominavam todos os mares do oriente com exceção do Mar Vermelho. Portugueses X Holandeses Os Países Baixos, possessão espanhola, revoltaram-se contra a intolerância religiosa e a opressão econômica de Felipe II. Em 1580, a morte do Cardeal-Rei D. Henrique interrompeu a linha de sucessão dinástica em Portugal. A sucessão coube a Felipe II d’Espanha. Na prática, isto tornou os portugueses inimigos dos holandeses. Quando Felipe proibiu a entrada dos navios holandeses em Lisboa, maior porto da Europa, os holandeses foram buscar as mercadorias do Oriente diretamente nas fontes. O domínio do mar passou então para a bandeira dos Países Baixos. Porém estava surgindo uma nova potência: a Inglaterra. Holandeses X Ingleses (98AC) Em 1651, a monarquia havia sido derrubada na Inglaterra, que era governada, com mão de ferro, por Oliver Cromwell. O Ato de Navegação, baixado nesse ano, restringiu os direitos de outros países em favor da marinha mercante inglesa; era um golpe muito sério para a Holanda, que vivia principalmente do comércio marítimo. 1a Guerra: Batalha dos Três Dias – indecisa, os ingleses levaram vantagem, mas os holandeses conseguiram salvar a maior parte do comboio que protegiam. Foi o principal encontro. Batalha de Scheveningen – morreu o grande Almirante holandês, Martin Tromp (usava uma vassoura no alto do mastro). 2a Guerra: Batalha de Lowestoft – ambas as esquadras se mantiveram em longas colunas, chamadas linhas de batalha, que serviu de modelo para embates navais por mais de um século. Batalha dos Quatro Dias – os holandeses conseguiram penetrar no Rio Tamisa e bombardear as suas margens. Foi a principal batalha. 3a Guerra: A França, que havia auxiliado a Holanda na guerra anterior, agora estava do lado da Inglaterra. Apesar de algumas vitórias, os holandeses estavam esgotados por anos de Guerra e foram obrigados a negociar a paz. Daí em diante a Inglaterra vai se tornar a maior potência marítima do mundo. A pirataria A pirataria nunca foi tão importante quanto no período que se segue às descobertas e, em especial, no Atlântico Norte. Os navios espanhóis, pelas riquezas que traziam do México e do Peru, eram os mais visados pelos piratas. A região do Mar das Caraíbas ou das Antilhas é coalhado de pequenas ilhas, refúgios naturais dos piratas. (00AC) No século XVIII, a pirataria entrou em decadência porque os prejuízos que causava ao comércio marítimo internacional eram tantos que as nações começaram a combatê-la sem tréguas. O Corso Não se confunde com o pirata. É o navio que ataca a navegação mercante do inimigo e tanto pode ser um navio de Guerra como um mercante armado. Neste último caso, pode ser mantido por um governo ou por um particular, a quem o governo dá uma carta de corso. Do ponto de vista do direito internacional, o corsário é um combatente regular. (98P/00AC) A confusão entre corso e pirata advém do fato que a maioria dos corsários era constituída de piratas, a quem os reis da Europa concediam cartas de corso de acordo com sua conveniência. Os corsários do século XX foram navios de guerra ou mercantes transformados em cruzadores auxiliares e guarnecidos por pessoal militar. Mas como veremos o submarino é o corsário por excelência. Invasões estrangeiras no Brasil As invasões francesas de 1555/67 (séc. XVI) na Baía de Guanabara (França Antártica) e de 1611/15 (séc. XVII) no Maranhão (França Equinocial), assim como as dos holandeses de 1624/25 na Bahia e de 1630/54 em Pernambuco. (01P) O PODER MARÍTIMO E O PODER TERRESTRE O desafio da Espanha Durante o séc. XVI, a Espanha vinha experimentando um grande afluxo de metais preciosos em sua economia. Em vez de aproveitar os recursos para acelerar um processo de industrialização, de modo a gerar riquezas produtivas no próprio território, a Espanha, iludida de que a riqueza consistia apenas no acúmulo de metais, gastou-os na aquisição de bens importados. As áreas exportadoras de bens manufaturados da Europa eram os Países Baixos e a Inglaterra, que enriqueceram. Com a união ao reino de Portugal, a Espanha detinha o império onde o sol nunca se punha. Apesar disso, enriquecia-se a Inglaterra, assim como outros países, com um comércio favorável com a Espanha. Após a reforma da igreja na Inglaterra, fundara-se a igreja Anglicana; reinava Elizabeth I, filha de Henrique VIII, que mantinha presa sua prima Maria Stuart, rainha da Escócia, que era católica. A pretexto de vingar a morte de Maria Stuart e reclamando direitos ao trono inglês, Felipe II (na verdade pressionado por problemas econômicos e ansioso para por as mãos na Inglaterra préindustrial) lança-se à Guerra para derrubar Elizabeth I. Na verdade, Felipe II tinha muitas razoes para entrar em guerra com a Inglaterra. Elizabeth encorajara o corso contra o comércio espanhol. Francis Drake chegou a atravessar o estreito de Magalhães para saquear cidades espanholas da costa do Pacífico, sendo feito cavaleiro da coroa britânica. A política oficial inglesa era de concorrência aberta e desleal a Espanha. (99P) O desenvolvimento econômico inglês deveu-se não somente ao surto industrial, mas também ao controle das vias marítimas de escoamento das grandes riquezas coloniais. Esse controle do comércio marítimo e seu uso se fizeram de duas maneiras: 1. Política agressiva de colocação nos mares dos navios ingleses; e 2. Pela destruição sistemática do comércio marítimo concorrente (a Espanha foi a grande vítima). A Invencível Armada A Espanha possuía, no fim do séc. XVI, o melhor exército da Europa e reunia agora a Grande Armada para atravessar o Canal da Mancha e desembarcar nas Ilhas Britânicas. Em julho de 1588 a “Grande Armada” espanhola fez-se ao mar com 124 navios, 1.100 canhões e 27.000 homens, dos quais mais da metade eram soldados. A Inglaterra contava com 197 navios, 2.000 canhões (de maior alcance) e 16.000 homens. Manobrando com superioridade e evitando a abordagem em que levariam desvantagem, empregando ainda canhões de maior alcance, os ingleses impediriam o êxito dos espanhóis. Não houve nenhuma grande batalha, somente encontros taticamente indecisos, mas que alcançaram um grande resultado estratégico: os espanhóis não desembarcaram na Inglaterra. Dando a volta nas Ilhas Britânicas, já de regresso ao reino, a Grande Armada perdeu cerca de metade de seus navios, dispersos por tempestades, afundando no Atlântico ou caindo sobre rochedos costeiros. Este episódio marcou início do declínio da Espanha e a Inglaterra foi estimulada para o comércio, a exploração e a colonização. O conflito transformou-se em uma inconstante guerra de corso, em que nenhum dos lados tomou medidas decisivas contra o outro. Com a morte de Elizabeth I, subiu o trono Jaime I, filho de Maria Stuart, que fez aliança com a Espanha, abandonando a luta pela independência dos Holandeses e lançou as sementes para futuras hostilidades entre Inglaterra e Holanda. O problema da terceira bandeira e o protecionismo inglês traduzido no “Ato de Navegação”, de 1651, levou à guerra duas das maiores potências marítimas da Europa no séc. XVII, a Inglaterra e a Holanda. Travou-se aí a luta pelo mais amplo uso do mar entre dois países que já o utilizavam em grande escala. Vencido mais este obstáculo, a Inglaterra parte para enfrentar o mais custoso inimigo dos próximos 150 anos: a França. O desafio da França França e Inglaterra vão encontrar-se no final do séc. XVII como duas grandes potências rivais, em torno de diversas questões políticas e econômicas. As disputas se seguem em 7 Guerras sucessivas: 1. Sucessão da Inglaterra (1689 – 1697) 2. Sucessão da Espanha (1703 – 1713) 3. Sucessão da Áustria (1740 – 1748) 4. Sete Anos (1756 – 1763) 5. Revolução Americana (1775 – 1783) 6. Revolução Francesa (1793 – 1802) 7. Império Napoleônico (1803 – 1815) A luta será entre uma potência marítima e uma potência terrestre com interesses no mar (Inglaterra e França respectivamente). A Inglaterra tem uma vantagem permanente: por só ter fronteiras marítimas dedica-se inteiramente ao preparo de sua esquadra. A França, além das fronteiras terrestres, tem duas costas, separadas por terras estrangeiras (Península Ibérica), o que a obrigava a dividir suas forças marítimas. A estratégia inglesa baseia-se em dois pontos: 1. Manter a esquadra francesa dividida, de modo a obter superioridade local sobre o inimigo; e 2. Manter a França ocupada também com a defesa terrestre, de modo a drenar suas forças para as fronteiras, o que não se daria se todos os esforços pudessem ser aplicados apenas numa guerra marítima. (00/03P) Para alcançar o primeiro propósito, a Inglaterra conquista Gibraltar em 1704 (após a Batalha de Málaga). Para o segundo, ao invés de despender esforços com desembarque de tropas, subvencionava Aliados continentais. Política imperial no mar A Grã-Bretanha marchou para a conquista do maior império colonial do mundo, sob a direção de William Pitt, contando com dois elementos imprescindíveis: marinha e dinheiro. A estratégia inglesa ficou famosa como ESTRATÉGIA PERIFÉRICA, foi executada por William Pitt. Esta estratégia resumia-se no seguinte: agir sempre na periferia do inimigo, nunca diretamente sobre ele. Isto também se chama de ESTRATÉGIA INDIRETA. (99/00P) A marinha britânica foi o grande instrumento de conquista colonial, através de: 1. Impedia-se, pelo bloqueio ou pela destruição das forças navais inimigas, que o inimigo viesse socorrer as colônias ameaçadas; e 2. Atacavam-se essas mesmas colônias a fim de passá-las à coroa britânica. O dinheiro teve seu emprego na estratégia indireta de maneira extremamente sutil; os ingleses subvencionavam seus aliados no continente europeu. O principal destes no séc. XVIII foi a Prússia. Este dinheiro vinha da intensa atividade comercial e das riquezas geradas pelas colônias conquistadas. A partir de 1707, com a união definitiva das coroas da Inglaterra e da Escócia, passamos a usar a denominação de Grã-Bretanha. Em 1808, o Reino Unido foi formado com o acréscimo da Irlanda. Conflito Mar x Terra Tão logo a França percebeu que não podia manter ao mesmo tempo um poderoso exército e uma marinha fortes, Luís XIV resolveu sacrificar o poder naval e partir para Guerra de corso, com a finalidade de desgastar o comércio marítimo inglês. Para isto o governo deu a hábeis capitães e piratas as “cartas de marca”, credenciado-os para atividade corsária. (98P) A Guerra de corso é a do mais fraco no mar. Meio eficiente contra as rotas inimigas, quando estas não podem ser ameaçadas com as forças regulares. Enfim, é aplicado quando não se pode obter decisivamente o controle ou domínio do mar. Foi nesse clima de guerra corsária que o Rio de Janeiro recebeu as investidas francesas de Duclerc (1710) e de Duguay-Trouin (1711), pois Portugal era aliada da Grã-Bretanha, na questão da sucessão do trono espanhol. Na Guerra dos Sete Anos a França perdeu o Canadá e a Índia para Grã-Bretanha. Para vingar-se, a França apoiou a independência das 13 colônias (Estados Unidos). Napoleão No fim do séc. XVIII, a França é agitada pela Revolução Francesa. Quando a França investiu sobre outros países para estender a Revolução e ao mesmo tempo para defender-se, a Grã-Bretanha decidiu intervir. O estopim foi a invasão da Antuérpia pela França. Várias coligações se formaram na Europa para enfrentar a França, sempre sob inspiração da Grã-Bretanha. Nas 3 primeiras, a estratégia inglesa foi a mesma inspirada em Pitt: agir no mar por conta própria, bloqueando e destruindo o inimigo sempre que possível, deixando aos aliados continentais a árdua tarefa de engajar em terra com as forças francesas. Somente após liquidar com as forças navais inimigas na Batalha de Trafalgar (1805), os ingleses alteraram sua conduta estratégica, desembarcando tropas na Europa em auxílio aos aliados continentais, especialmente na Península Ibérica, onde os ingleses se juntaram aos portugueses e espanhóis, sob o comando do Duque de Wellington, para expulsar os franceses. (00P) Napoleão, com mentalidade continental por excelência, tentou controlar o mar controlando a terra. Decretou em Berlim o Bloqueio Continental, numa tentativa de fazer seu inimigo morrer à míngua, esvaziando seu comércio. Porém o bloqueio não deu certo, pois a Grã-Bretanha espalhara-se demais pelo globo e os demais povos ressentiam-se da ausência dos produtos ingleses a ponto de tornar o bloqueio insuficiente. Para o Brasil ele assumiu grande importância histórica, já que resultou na transferência da corte portuguesa para cá. O conflito se encerrou com a Batalha de Waterloo. A Europa se reorganizou no Congresso de Viena de 1815. Todos os povos ocidentais sofreram conseqüências de tão importantes acontecimentos: Para o Brasil, a elevação à categoria de Reino Unido, plantou-nos a semente para a independência. Para a América espanhola houve vários movimentos separatistas, levando a Coroa à perda de suas colônias. A Revolução Industrial prosseguia em busca de novos mercados consumidores, enquanto a marinha britânica, emergente como a mais poderosa do globo, garantia para a GrãBretanha um clima propício para o seu desenvolvimento industrial e comercial: estabelecia-se, à sombra do poderio naval, a “Pax Britânica”. As três Revoluções do século XVIII A Revolução Americana (1776-1783) viu nascer a marinha dos EUA. As lutas desenvolveram-se no mar e em terra.O apoio da França neste episódio, ressentida com a perda do Canadá, foi decisivo para a América. As tropas do Gen. Cornwallis, que ficaram isoladas em terra acabaram se rendendo às tropas de George Washington (repetição da campanha de Xerxes na Grécia após a batalha de Salamina). Liquidando a idéia de governo absoluto, a Revolução Francesa apresentou grave ameaça para as monarquias européias. Isso engajou a França nas lutas terrestres e marítimas de que já falamos. Quando a fase de lutas externas terminou, estava irreversível a Revolução Francesa no que ela tinha de bom em seu rico bojo de idéias. Estas três revoluções (Industrial, Americana e a Francesa), marcam tripé sobre o qual repousa a Civilização Ocidental Contemporânea. As modificações e as idéias novas introduzidas com esses processos históricos ainda hoje se refletem em nossa estrutura social e econômica. A Marinha Brasileira no reinado de D. Pedro I. A Corte portuguesa havia se transferido para o Brasil fugindo da luta antinapoleônica. Isto elevou o Brasil a condição de Reino Unido. Vencido Napoleão, a corte regressou à Lisboa sob influência das reações constitucionalistas do Porto. Após receber despachos de Lisboa contendo decisões desfavoráveis ao Brasil, o Príncipe Regente D Pedro decidiu proclamar a Independência política do Brasil. (02P) Resistiram no Brasil à decisão de D Pedro I as tropas portuguesas do Gen. Inácio Madeira de Mello, comandante da guarnição portuguesa na Bahia, 6.000 soldados, bem como a esquadra com bandeira portuguesa sob o comando de Pereira Campos: 1 Nau, 2 Fragatas, 10 Corvetas, 2 Brigues, 1 Escuna, 1 Sumaca, 15 Charruas, vários naviostransportes o grosso da oficialidade e marinheiros. No Rio havia poucos navios. Os poucos oficiais a disposição de D. Pedro eram filhos de nobres nascidos no Brasil ou oficiais portugueses vinculados à causa pessoal do Imperador. Com o domínio do mar e sem as necessidades do bloqueio europeu da época napoleônica, o Poder Marítimo Britânico dispensou grande número de Oficiais experientes que ficavam disponíveis para oferecer sua capacidade profissional às emergentes nações recém emancipadas, dentre eles Lorde Cochrane, Taylor e Grenfell. Seguiu para Bahia em 1823 a primeira esquadra brasileira: a nau capitânia D. Pedro I, a fragata Ipiranga, as corvetas Maria da Glória e Liberal e mais 1 brigue e 1 escuna. Reforçou essa pequena esquadra a fragata Niterói sob o comando de João Taylor. Ocorreram diversos combates e escaramuças até que a esquadra portuguesa seguiu para Lisboa, sob perseguição da Fragata Niterói até o Tejo. Houve resistências também em Belém e São Luiz do Maranhão. Em 26 de junho de 1823, a esquadra brasileira fundeada na baía de São Marcos fez a Junta Governativa subordinada a Portugal jurar fidelidade ao Imperador. Com a notícia dos acontecimentos de São Luiz, as cidades do interior cujos governantes resistiam aos patriotas brasileiros começaram a se entregar. O Brigue Maranhão, sob o comando de João Grenfell, fundeou ao largo de Belém para promover a Independência na Amazônia. Embora tenha havido uma recusa inicial da Junta Governativa do Pará, a prisão dos lideres da resistência permitiu o juramento de fidelidade em 15 de agosto de 1823. Os navios portugueses foram apresados. A Marinha nacional, consolidadora da independência e eliminando focos de resistência estrangeira em nosso território, surgiu por necessidade imperiosa daqueles dias e mereceu apoio geral da população e dos meios responsáveis, na política, pelo processo de independência. Como se constituiu a Marinha José Bonifácio foi o grande artífice da Marinha, ao perceber que só através de luta armada poderia vencer os focos de resistência à independência. Havia nisto 2 problemas a considerar: que força empregar e como empregá-la. Esses problemas eram intimamente relacionados. A opção por usar uma força naval deve-se a: 1. Ausência de caminhos para levar as tropas aos focos de resistência (Bahia, Pará e Maranhão); o único caminho viável era o mar; e 2. Portugal mantinha em nossas águas navios de Guerra, apoiando tropas em terra. Impunha-se o corte das comunicações marítimas entre a metrópole e seus soldados. Com os poucos navios deixados no Brasil pelos portugueses e outros adquiridos pela subscrição pública, formou-se o núcleo da Esquadra Brasileira. REFLEXOS DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL O navio a vela era milenar. Sua manutenção era simples. Navegava dependendo apenas do vento e de comida. Seu raio de ação era quase ilimitado. Todo espaço de bordo era destinado ao transporte de carga e à acomodação da tripulação, exceto nos navios de Guerra, em que ainda levavam os canhões. As bases e portos espalhados pelo mundo apenas serviam para prover os navios dos meios necessários à subsistência de seus homens. Na marinha mercante No mar a utilização da máquina a vapor não foi imediata, havendo uma certa desconfiança. Até então, todas as invenções técnicas de bordo haviam tido origem no próprio meio marítimo. A máquina a vapor era invenção do homem de terra, estranho às lides marinheiras. Fortes razões impuseram a máquina a vapor bem cedo à marinha mercante, principalmente no tráfego de passageiros, onde a grande virtude apresentada era a regularidade das viagens. O transporte a vapor nos rios logo se proliferou nos EUA, desenvolvendo-se mais do que na Europa. O motivo era simples: a Europa estava cortada, havia muito, de estradas que interligavam suas principais cidades e, além disso, as distancias eram relativamente curtas. O Brasil foi um dos primeiros países a compreender a importância do navio a vapor; já em 1826, o Marquês de Barbacena obteve concessão para operar uma linha regular de navegação a vapor no recôncavo baiano. Em 1838, dois navios a vapor atravessaram o Atlântico da Europa para os EUA: O Sirius, que teve que usar como lenha alguns móveis, portas e até um mastro, pois seu combustível havia acabado; e O Great Western, que chegou com os porões cheios de carvão. Mas haviam duas grandes objeções: a redução do espaço interno útil para carga para armazenamento de carvão e das próprias máquinas. Dificuldades logo superadas com o maior dimensionamento dos navios e melhor aproveitamento do espaço a bordo. Logo apareceram as primeiras companhias de navegação a vapor. A primeira delas foi a Cunard Line, inaugurada em 1840, com a viagem do Britannia, entre a Inglaterra e os EUA. Em 1843 surge o Great Britain, o primeiro navio com casco de ferro e com hélice, o que também era novidade. Até então, os navios a vapor eram feitos com casco de madeira e empregavam rodas de pás laterais ou na popa (para navegação fluvial). A reação da vela Em meio aos primeiros passos do vapor, a marinha a pano atingia o seu clímax. Em 1845, surgiu nos EUA o primeiro “Clipper”, navio com casco longo e fino e enorme superfície vélica, podendo desenvolver alta velocidade. Esse tipo de navio foi utilizado no transporte de chá da Índia para a Europa, pelo Cabo da Boa Esperança. Dessa rota eles desapareceram completamente depois da abertura do Canal de Suez, em 1869. Vela X Vapor As guerras napoleônicas mal haviam terminado, e os mercantes começavam a desenvolver o novo tipo de propulsão. As nações marítimas, principalmente a Grã-Bretanha, haviam feito grandes investimentos em navios de madeira a pano para a situação de beligerância. Adotar o vapor àquela altura significava jogar fora o investimento já feito. Inicialmente houve resistência em aceitar o vapor nos navios de Guerra. As dificuldades apontadas eram: necessidade de apoio logístico para fornecimento de combustível e sobressalentes pelo mundo; pessoal habilitado; o navio a vapor não oferecia presteza no ataque; as máquinas eram inseguras; as rodas laterais eram vulneráveis e tiravam espaço dos canhões. O Brasil, em 1825, adquiriu na Grã-Bretanha a primeira unidade a vapor para a Marinha de Guerra, a barca Correio Imperial (um navio auxiliar). Em 1847, foi lançado ao mar, na Inglaterra, o primeiro navio de combate que o Brasil teve movido a vapor, a fragata Dom Afonso, com rodas laterais. Com a invenção do hélice, em 1836, os inconvenientes das rodas de pás desapareceram. A vulnerabilidade da própria máquina em relação ao inimigo também diminuiu quando passaram a construí-la abaixo d´água, onde ficava mais protegida. Em 1850 a França lançou ao mar o primeiro navio de Guerra movido a hélice, o Napoleon. Em 1852 os ingleses lançaram o Agamemnon, também a hélice. A Guerra da Criméia (1853-1856) mostrou que os navios a vapor eram superiores aos navios a vela. Nessa Guerra apareceu também uma novidade: o navio encouraçado. Os Encouraçados Todas as marinhas do mundo despertaram a atenção para o valor da couraça depois do êxito que obtivera Napoleão III quando três das cinco baterias flutuantes que mandara construir, dotadas de proteção de ferro, tomaram o Forte Kinburn e quase não sofreram danos materiais. Os franceses lançaram um navio de madeira com couraça em 1859, a fragata Gloire. Este foi o primeiro navio couraçado propriamente dito. Em 1860, os ingleses lançaram um navio com couraça e casco de ferro, o Warrior. A importância do navio encouraçado firmou-se na Guerra de Secessão dos EUA. No combate de Hampton Roads, em 1862, defrontaram-se dois navios dotados de couraça: o Merrimack (com os canhões dispostos em casamata) e o Monitor (que possuía uma torre girante - torreta). O Merrimack tinha borda alta, toda fechada. O Monitor tinha o convés ao nível d’água, sem nenhuma borda livre. (98AC/02ME) O Monitor viria a consagrar o uso da torre giratória e deu seu nome a toda uma classe de navios. O navio encouraçado estava consagrado depois de Hampton Roads, que mostrou definitivamente que o navio de madeira era impotente contra o navio de ferro (um dia antes do combate com o Monitor, o Merrimck afundou dois navios de madeira nortistas e afugentou outros três). No Brasil, a Batalha Naval do Riachuelo (1865) foi a última a empregar navios de madeira e a primeira onde só se usou vapor. (98AC) O encouraçado só apareceu no Brasil durante a Guerra do Paraguai, por necessidade tática e estratégica do teatro de operações: os rios paraguaios estavam poderosamente defendidos pelas Fortalezas e demais posições armadas preparadas por Solano Lopes. O governo brasileiro encomendou navios encouraçados na Inglaterra e na França, ao mesmo tempo que mandou construí-los aqui no Arsenal da Corte. O primeiro navio dotado de couraça que possuímos foi a Corveta Brasil, de 1864. Durante a Guerra do Paraguai chegamos a possuir 17 navios encouraçados, dos quais 6 monitores. Novas Armas, Novas Táticas Ao mesmo tempo em que se aperfeiçoaram os recursos defensivos dos navios, progrediram os meios ofensivos. O projétil passava a ser explosivo. Isso desgraçava definitivamente os navios de madeira, como acontecera com os turcos, destruídos pelos russos na Batalha de Sinope, em 1853. A preocupação com a defesa dos navios fez crescer a espessura das couraças, chegando até 24 pol. Isso as tornou impenetráveis aos projetis da época. Assim, reapareceu o esporão, uma vez que as obras vivas não eram dotadas de couraça. A massa dos navios aliada à velocidade de aproximação poderia levar ao afundamento do inimigo. Com o esporão modificou-se a tática de guerra naval para uma que era usada a 2000 mil anos antes. Em Hampton Roads, o Merrimack era dotado de esporão, mas não conseguiu usa-lo contra o Monitor; em Riachuelo, Barroso empregou essa tática, embora a Amazonas não tivesse esporão. Foi em 1866 que se verificou a primeira batalha em que o esporão foi empregado com êxito. Somente no fim do séc. XIX, com o advento da artilharia pesada, o canhão retomou seu lugar na tática naval. Isso se deu particularmente a partir de 1905, após o afundamento de um encouraçado por tiros de canhão na Batalha de Tsushima (Guerra russo-japonesa). (00/02ME) Sob as águas também Outra grande novidade da Revolução Industrial foi o submarino. Surgiu na Guerra da Revolução Americana, quando fracassou na missão de adaptar uma carga explosiva em um navio de guerra inglês. Teve maior impulso a partir de meados do século XIX com os prussianos e os franceses, principalmente estes últimos. Em 1900, é lançado pela Marinha Americana o Holland, protótipo do submarino moderno. Os primeiros submarinos brasileiros chegaram em 1913 da Itália, os classe F (F-1, F-3 e F-5). A Corrida Colonial O crescimento da produção industrial trouxe a exigência de expandir os mercados consumidores e buscar novas fontes de matérias primas. Daí decorre a desenfreada Corrida Colonial do fim do séc. XIX e início do séc. XX, desencadeada pelos EUA e pela Europa. Em 1853, os EUA forçam o Japão a assinar um tratado comercial, sob a ameaça dos canhões da força naval do Comodoro Perry. A demonstração de que estavam em condições de interferir na defesa de seus interesses em qualquer parte do mundo fez-se com o famoso cruzeiro da esquadra de encouraçados em volta ao mundo, entre 1907 e 1909. Eram dezesseis encouraçados de primeira qualidade. O interesse russo nessa corrida era um só: obter a saída para águas quentes. Este objetivo era buscado desde o séc. XVII. Os Dardanelos, o Mar do Japão e o Mar amarelo sempre estiveram nas cogitações dos russos e os levaram a diversas guerras durante a História. Instrumentos da corrida colonial A corrida colonial despertou nas potências concorrentes um grande desenvolvimento de armas e técnicas militares. A corrida colonial redundou numa corrida armamentista, uma vez que a conquista de novas áreas se fez muito mais pela força que pela persuasão. Além disso, era preciso resguardar os interesses nacionais em jogo entre as diversas potências. Viveu-se nesta época a “paz armada”. Foi o período áureo da Marinha Britânica e do Exército alemão ambos inexcedíveis em sua eficiência própria. Os progressos no mar foram: - aumento do calibre dos canhões instalados em torretas; - cascos de ferro dotados de couraça; - aparecimento de ligas de menor espessura e de maior resistência à penetração (desenvolvimento da metalurgia); - maiores comprimentos dos navios; - maiores velocidades decorrentes de maiores potências das máquinas; e - aparecimento dos navios de linha pré-dreadnought, dreadnought e super dreadnought. Dreadnought – concebido secretamente e lançado ao mar em 1906, tornando obsoletos todos os demais encouraçados. Tinha 10 canhões de 12 polegadas, dispostos em 5 torres duplas, o que equivalia a duas vezes e meia o poder de fogo dos demais navios de linha de sua época. Sua velocidade alcançava 21,5 nós, com maquinas de 27.500 HP, deslocava 17.900 toneladas, com 183 m de comprimento e 8,5 m de calado. A partir de seu lançamento os navios de linha passaram a ser pré-dreadnought, dreadnought e superdreadnought. (99P) O Brasil recebeu da Grã-Bretanha em 1909 e 1910 os dreadnoughts Minas Gerais e São Paulo, de 19.300 toneladas, com doze canhões de treze polegadas. O Rio de Janeiro deixou de ser recebido em 1912 (maior navio do mundo na época) vendido à Turquia pelo Governo Hermes da Fonseca, arrecadado pela Grã-Bretanha na 1a Guerra Mundial, participou da Batalha da Jutlândia (maior batalha naval da 1GM) com o nome de Agincourt. (98AC/99P) OS DOIS GRANDES CONFLITOS MUNDIAIS A Primeira Guerra Mundial As grandes disputas geradas no séc. XIX não poderiam terminar em paz. A corrida colonial foi acompanhada de uma corrida armamentista de enormes proporções. As tensões internacionais cresceram em tal ordem, que, tudo culminou numa guerra como jamais o mundo vira antes: a Grande Guerra. Essa guerra não foi apenas fruto da corrida colonial, mas a desembocadouro de todas as divergências internacionais do séc. XIX. As estratégias oponentes A Grã-Bretanha tinha a maior esquadra do mundo e seu comportamento estratégico seria o marítimo. A Alemanha tinha o maior e melhor exército do mundo e uma marinha que ocupava o segundo lugar (embora fosse a segunda, correspondia, aproximadamente, à metade da inglesa). Seu comportamento estratégico era terrestre. (01P) Entretanto, nem tão terrestre, nem, tão marítima foram, respectivamente, as condutas estratégicas da Alemanha e da Grã-Bretanha. O plano alemão, de nome Schliefen, previa a invasão da França através da Bélgica. Fracassando nessa invasão, com o estabelecimento das enormes linhas de trincheiras, estabilizando-se também a frente oriental com linhas de trincheiras ao longo dos territórios do Império Russo, desde o Báltico até o Mar Negro, seria preciso tentar uma decisão por mar. Poderia a Grã-Bretanha adotar a concepção estratégica das 3 primeiras grandes coligações contra Napoleão, essencialmente marítima, ou a da 4ª grande coligação, que levou os soldados ingleses ao continente para a Batalha de Waterloo. Só que, na última coligação, não havia mais o inimigo no mar. A Batalha de Trafalgar destruíra com a ameaça marítima francesa. Agora, os ingleses têm um inimigo também forte no mar. Não bastará apenas o bloqueio, nem será acertada uma estratégia somente terrestre. A França alia-se à Grã-Bretanha e para ela interessava contar com o reforço inglês no continente. A Bélgica, que teve sua neutralidade violada pelo ataque alemão, ficou do lado dos franceses. Na Grã-Bretanha, formaram-se duas correntes de pensamento estratégico: (01P) - Estratégia direta (Lorde Kitchener): Desembarque das tropas no continente para lutarem com os franceses. A Royal Navy exerceria papel secundário, defensivo, garantindo os portos abertos e o comércio marítimo. Foi vitoriosa. - Estratégia indireta (Lorde Fisher): Emprego ofensivo da Royal Navy, obrigando a Esquadra Alemã a um encontra decisivo. Após aniquilar a Esquadra Alemã, desembarcaria no Báltico, de onde se chegaria a Berlim. Via Fisher a grande ameaça que a marinha alemã causava aos interesses ingleses. O tempo lhe daria razão, por ocasião da terrível campanha submarina irrestrita. A Tragédia dos Dardanelos (Campanha de Constantinopla) Após algumas batalhas e ações isoladas, das quais as mais importantes foram as Batalhas de Coronel e das Ilhas Falklands, em novembro e dezembro de 1914, onde alternaram-se vitórias alemãs e britânicas, vão os aliados defrontar-se com um grande problema, a entrada da Turquia ao lado dos Impérios centrais (Alemanha e Áustria-Hungria). As frentes ocidental e oriental estavam paralisadas. A Rússia pedia socorro aos Aliados, pois os turcos invadiram o Cáucaso, obrigando-a a mais um esforço defensivo e a pressão austro-alema na frente oriental era grande. Necessitavam apoio logístico e munições, como também precisavam escoar sua produção de cereais, que tinham em excesso desde que os turcos lhes fecharam os Dardanelos. Para ajudar a Rússia decidiu-se tomar os Dardanelos somente por mar. A missão coube exclusivamente a Marinha. Winston Churchill, então Primeiro Lorde do Almirantado, entusiasmara-se com a idéia de chegar à Rússia pelos Dardanelos, porém não atendeu aos clamores de Fisher para que aquela missão não coubesse apenas à marinha. Os Aliados fizeram inúmeras tentativas em vão. Os turcos haviam minado o estreito e fortificado suas margens. Os Aliados perderam alguns navios, até perceberem que não podiam tomar os Dardanelos apenas com navios, porque navios nunca tomaram posição alguma em terra (grande lição). Quando os Aliados decidiram usar tropas de terra já era tarde demais. O desastre de Galipoli foi completo. A Turquia fortaleceu-se e a Bulgária entrou na Guerra junto das potências centrais. Churchill deixou o Gabinete inglês, assim como o primeiro-ministro Asquith. Kitchener morreu antes de ser demitido. Tudo porque se empregou erradamente o poder naval. Tudo porque os partidários de uma rígida estratégia terrestre não abriram mão de suas convicções. O mau emprego dos navios resultou numa custosa lição. A Guerra contra a navegação mercante Após os Dardanelos seguiu-se a Batalha da Jutlândia, maior batalha naval até então realizada (250 navios, 151 ingleses e 99 alemães), porém sem resultados claros e sem conseqüências estratégicas importantes. Tudo continuou como antes no mar. Ambas as esquadras continuaram a ser o que já vinham sendo: Esquadras em Potencial (“fleet in being”). A estratégia marítima britânica envolvia uma atividade principal: o bloqueio inimigo. Esse bloqueio não conseguiu impedir que o submarino entrasse em cena. O submarino era uma arma obscura, nunca experimentada em larga escala. Era empregado apenas na defesa dos portos, tinha emprego defensivo. Após o fracasso da ofensiva Verdun, levada a efeito pelos alemães em 1916, permanecendo estabilizada a frente ocidental, tendo sido infrutíferos os resultados da Batalha da Jutlândia, a guerra estava num impasse. Os alemães resolveram voltar-se tenazmente contra os Aliados no mar, especialmente a Grã-Bretanha, lançando as campanhas submarinas. A primeira campanha submarina foi em 1915 e a segunda em 1916. Foram campanhas submarinas restritas, isto é, tinham como objetivo os navios mercantes inimigos, preferencialmente aos de guerra, quando em águas declaradas como zona de guerra. A guerra restrita dava poucos resultados, considerando-se, sobretudo, o abuso de bandeiras neutras por parte dos ingleses. Em 1917 o Imperador da Alemanha proclamou a campanha submarina irrestrita. Seriam afundados os navios mercantes de qualquer nacionalidade que navegassem na zona de Guerra em torno das Ilhas Britânicas. A intenção alemã era liquidar a economia inglesa e fazer o povo padecer de fome, já que a GB importava alimentos em grande quantidade. (00P) Tudo teria dado excelente resultado para os alemães, não fossem os novos estudos que se fizeram sobre o tráfego marítimo. Nas viagens em que se empregava o sistema de comboios as perdas de navios eram mínimas. A resistência do Almirantado Britânico aos comboios fundamentava-se nos seguintes argumentos: (99P) 1. Redução da velocidade do comboio à do navio mais lento; 2. Congestionamento nos portos pela chegada de grande número de navios; 3. Riscos de colisão em viagem e perda de navios; e 4. Emprego de navios de guerra em escolta, retirando-os de missões ofensivas, com prejuízo das operações navais. Os defensores do comboio contra-argumentaram: 1. Agrupar os navios com velocidades iguais, os mais lentos viajariam escoteiro; 2. As chegadas seriam programadas, permitindo o planejamento das operações de carga e descarga; 3. Os comandantes dos navios mercantes monstraram-se hábeis em manter posição; e 4. Foram empregados poucos navios para escolta. A vitória do emprego do sistema de comboio deveu-se ao Almirante Sims, americano que tratava, em Londres, do apoio dos Estados Unidos a Grã-Bretanha, que exigiu do Almirantado britânico a adoção de tal solução. O comboio foi a salvação do tráfego marítimo inglês. Todas as outras medidas se mostraram fracas em comparação com esta, como minas, redes, hidrofones, mercantes armados, navios-armadilhas (Q-ships) e cargas de profundidade. A grande novidade da época, o avião, também foi usado em larga escala na proteção à navegação mercante, embora não tendo afundado nenhum submarino atacado, marcou o início de uma tática antisubmarina, que foi desenvolvida mais tarde na Segunda Guerra Mundial. O Brasil na Primeira Guerra Mundial (99/01P) Em 1917, os EUA entraram na Guerra em função da campanha submarina irrestrita. O Brasil investiu na neutralidade até que, levado pelo afundamento de três navios mercantes, declarou guerra às potências centrais em 25 de outubro de 1917. No começo de 1918, falava-se na Marinha sobre o envio de uma força naval para a Europa. A 7 de maio suspenderam os primeiros navios que, seguidos de outros, formaram a DNOG (Divisão Nacional em Operações de Guerra), comandada pelo VA Pedro Max de Frontin (8 navios, os cruzadores Rio Grande do Sul e Bahia, os CT Piauí, Paraíba, Santa Catarina e Rio Grande do Norte, o tender Belmonte e o Rebocador Laurindo Pitta). Deviam patrulhar o triângulo compreendido entre Dacar, São Vicente e Gibraltar. Durante a rota até Dacar a Divisão Naval realizou ataques a um submarino. De Dacar partiu para Gibraltar a fim de patrulharem aquelas águas. As patrulhas não chegaram a se completar, pois a 11/NOV assinou-se o armistício. (98P) O período entre as Guerras As preocupações com o desarmamento permaneceram na pauta. E as grandes vítimas foram as esquadras. A alemã já se afundara por vontade própria em 1919, abrindo as válvulas de fundo em Scapa Flow. Sucederam-se as famosas conferências navais, quando se tentou estabelecer um equilíbrio entre as diversas potências quanto à composição de suas frotas de guerra. Mas tudo foi inútil e logo cada nação teria a marinha que quisesse. As Guerras localizadas e as conquistas se sucederam: Etiópia, Manchúria, Tchecoslováquia, Áustria, etc. A invasão da Polônia (01/SET/1939) foi considerada o último passo, iniciando a 03/SET a Segunda Guerra Mundial. A Segunda Guerra Mundial A estratégia alemã No início do conflito a Alemanha não tinha muitas opções estratégicas: era uma potência continental. Com uma excelente malha ferroviária, a Alemanha estava magnificamente preparada para uma Guerra terrestre. Em 1914, a Alemanha contava com a segunda marinha do mundo. Agora, em 1939, não havia opção naval para a guerra. Em 1938, o comandante da Marinha Alemã, Almirante Raeder, ao obter de Hitler a resposta de que não esperava o conflito antes de 10 anos, elaborou o Plano “Z” para a Marinha Alemã (nova frota até 1948). Se a guerra fosse realmente iminente, a Alemanha trataria de prover-se de elementos capazes de realizar a guerra de corso (sempre a do mais fraco no mar), empregando submarinos, cruzadores, navios de defesa costeira e navios mineiros. A marinha se preparou para fazer face à marinha britânica, construindo navios de superfície de grande poder de fogo, em condições de disputar o domínio dos mares com os ingleses. Quando a guerra iniciou-se em 1945 a Alemanha contava com poucos navios em relação as suas necessidades. Os alemães estavam impregnados das idéias de Mackinder, que podem ser assim resumidas: (98P) 1. O poder marítimo e o poder terrestre alternaram-se em longos períodos de historia; 2. Quando o poder terrestre esteve no ápice, foilhe possível, derrotar o poder marítimo tomando suas bases por meio de campanhas terrestres; 3. O efetivo domínio do mar deu à GB a hegemonia mundial até o século XX; porém, agora, as máquinas a vapor e a gasolina, as redes de estradas de ferro e de rodagem tiraram do mar o monopólio do transporte de grandes volumes de cargas; 4. Uma vez alcançados adequadas comunicações e alto nível de desenvolvimento econômico, o centro da maior massa de terra estará em condições de exercer o maior poder. Este “Coração da Terra” compreende a Sibéria Ocidental e a Rússia européia; 5. Um povo vigoroso, empregando moderna tecnologia, pode vir a dominar a “Ilha do Mundo”, isto é, a Eurásia e a África, através do “Coração da Terra”; e 6. A população e os recursos da “Ilha do Mundo” podem, finalmente, tornar possível a conquista da “Orla de Terras”, ou seja, a GB, Japão, Austrália, América do Norte e América do Sul. Assim também pensava Hitler. Seu principal problema era o do “espaço vital”. Desejava expandir-se justamente para o “Coração da Terra”. Daí a futura campanha contra a URSS; daí o escândalo de um pacto de não-agressão germanorusso, assinado nas vésperas da guerra. Sua estratégia haveria de ser eminentemente continental. Nada queria da Grã- Bretanha senão a sua neutralidade. Assim, a Alemanha agirá timidamente no mar, através de uma Guerra de corso, na tentativa de arruinar o tráfego marítimo da Grã-Bretanha. A mesma estratégia de 1917: a Guerra submarina. Seus corsários de superfície também tiveram grande atividade, tornando-se famosos, como foi o caso do Graf Spee, afundado na Bacia do Rio da Prata, em dezembro de 1939, ou do Bismarck, afundado em sua primeira e única viagem, em maio de 1941. A Grã-Bretanha A Grã-Bretanha mais uma vez apelaria para o seu poder marítimo. As comunicações marítimas continuavam sendo vitais, só que o inimigo era mais fraco no mar. Com a queda da França em 1940 (Retirada de Dunquerque), a Grã-Bretanha estava só. Com a entrada da Itália na Guerra, alterou-se a situação no Mediterrâneo. A Itália tinha uma boa marinha de guerra, com navios modernos e oficiais competentes. Sem a França para proteger o Mediterrâneo, essa defesa caberia à GB. Através do Mediterrâneo, pelo Canal de Suez, fluíam os interesses ingleses ligados ao Extremo Oriente e ao Oriente Médio (petróleo). Para tal, mantinham posições da esquadra na entrada do Mediterrâneo (Estreito de Gibraltar – Força H), no meio (Ilha de Malta – Força K) e na saída (Alexandria). Cuidavam os britânicos de garantir a liberdade dos mares e por eles se defenderem. (00P) Restava a Hitler uma opção: os alemães planejaram a operação SEALION, para invadir a Grã-Bretanha. Antes da invasão, aviões bombardearam duramente a Inglaterra (2o sem 40 e 1o sem 41), o que ficou conhecido como a Batalha da Inglaterra, mas os alemães encontraram a resistência da RAF. Isto veio provar que o avião não era uma arma absoluta como pensavam os alemães (idéias do General italiano Douhet). O poder marítimo ainda não haveria de ceder à nova e temível arma. Em junho de 1941, os alemães acabaram desistindo da Grã-Bretanha e concentraram-se em seu verdadeiro objetivo: a URSS (de onde obteriam matérias primas). A Grã-Bretanha engana-se ao avaliar que com o afundamento do Bismarck, restava somente a marinha da Itália no Mediterrâneo. Ressurge contra as comunicações marítimas britânicas o submarino. A Campanha do Atlântico No início da Guerra, os países do eixo utilizaram o submarino para o ataque às comunicações marítimas aliadas. Estes, por sua vez, adotaram logo o sistema de comboio. Os alemães reconhecendo a impossibilidade de uma Guerra regular sobre as águas adotaram definitivamente a Guerra submarina. O sistema de comboios era mais vulnerável do que durante a 1ªGM, devido aos recursos com que contava a guerra sob as águas. O índice de afundamentos era maior aonde não chegava a proteção aérea, em função da limitação do raio de ação dos aviões. Mesmo depois da entrada dos EUA na 2ªGM, com bases aéreas em ambas as margens do Atlântico, na Groelândia (leste) e nas Ilhas do Cabo Verde (oeste), ainda persistia uma grande área ao norte desse oceano onde a aviação baseada em terra não conseguia cobrir os comboios. Nesta área, chamada de “Black Pit”, as perdas eram maiores. (00P) Para solucionar este problema, os EUA inventaram o navio-aeródromo de escolta, que se integravam com os escoltas nos comboios, fazendo sua cobertura. Com eles organizaram-se os Grupos de Caça e Destruição, que reduziram consideravelmente o efeito dos submarinos inimigos. Foi dentro desse esquema, na defesa da navegação mercante dos aliados, que se empenhou a MB na Campanha do Atlântico. O Brasil na 2a Guerra Mundial (01P) A posição geográfica do Brasil era extremamente importante para os Aliados na defesa do tráfego marítimo no Atlântico Sul. Natal e Recife viriam a ser os pontos da maior importância no esquema de proteção às linhas de comunicações marítimas dos Aliados. Até julho de 1942 os alemães já haviam afundado 13 navios nacionais. Em agosto outros 5 navios foram afundados pelo U-507. Tais agressões levantaram a opinião pública e motivaram o governo a, em 22 de gosto de 1942, declarar estado de beligerância com o EIXO. Como a ameaça era primordialmente submarina, a missão seria proteção a comboios e defesa da costa. Para isso, a Marinha precisava contar com navios de escolta e navios de defesa costeira, ou seja, contratorpedeiros, navios mineiros e navios patrulha. A composição da Armada nessa época era: (02P) Esquadra Antiga: 38 navios – 75.000 ton. Programa de Renovação: 25 navios – 22.300 ton. Lend-Lease Act: 24 navios – 15.000 ton. Total: 87 navios – 112.300 ton. Lei de Empréstimos e Arrendamentos: 8 CT de 1.500 ton série B: Bertioga, Bracuí, Beberibe, Bauru, Baependi, Benevente, Babitonga e Bocaina. 8 caças série G, casco de aço e de 335 ton: Guaporé, Gurupi, Guaíba, Gurupá, Goiana, Grajaú e Graúna. 8 caças de casco de madeira de 108 ton: Javari, Jutaí, Juruá, Juruena, Jaguaribe, Jaguarão, Jacuí e Jundiaí. Com tal força, a Marinha dedicou-se à defesa das águas territoriais contra ameaça submarina e participou de missões de escolta a comboios Aliados no Atlântico. A composição desses navios, em operações de guerra, dividia-se em duas forças: Força Naval do Nordeste e Força Naval do Sul. (02) Navios perdidos pela Marinha em operação: Cv Camaquã, NA Vital de Oliveira e o Cruzador Bahia (explosão acidental). A Marinha Mercante perdeu 33 navios afundados durante o conflito. No Pacífico Ao findar o século XIX, disputavam com a China domínios continentais (Coréia), o que resultou na Guerra Sino-Japonesa (1894/95). Mais tarde, ajustaram contas com a Rússia, por ocasião da Guerra Russo-Japonesa (1904/05). Em ambas as ocasiões mostraram-se extraordinários marinheiros, vencendo, respectivamente, as famosas Batalhas de Yalu (1894) e de Tsushima (1905). Sem desgastes na 1a GM e vitorioso nos dois conflitos precedentes, o Japão preparara-se para prosseguir o caminho das conquistas territoriais. As contínuas agressões realizadas pelo Japão contra a Ásia, levaram os EUA a cancelar o envio de matérias-primas para o Japão em 1940 (fim do tratado comercial de 1911). Desse modo, o Japão necessitava buscar matérias primas em territórios estrangeiros. A grande investida seria contra as Índias Orientais Holandesas e Malásia (petróleo e borracha). Matéria-prima, o grave problema japonês, seria solucionado pela conquista de áreas produtoras. Entretanto. O Japão precisava garantir suas linhas de comunicação com suas novas e futuras fontes de matérias-primas no Sudeste Asiático. No meio delas estavam as Filipinas, ainda nas mãos dos americanos. Se os EUA rompessem sua neutralidade as comunicações marítimas estariam seriamente ameaçadas. Conhecia-se a capacidade industrial norte-americana, embora fosse esta menosprezada por muitos chefes japoneses. Contudo, por medida de segurança, o primeiro golpe nos EUA deveria ser fatal, de modo a faze-los desistir de prosseguir na guerra. Daí a violência do ataque a Pearl Harbour, com a intenção de destruir o grosso da Esquadra do Pacífico, encouraçados e navios-aeródromos, principalmente estes últimos. Peculiaridades do teatro do Pacífico O Oceano Pacífico era o mais difícil dos teatros de operações marítimas da história, devido a sua imensidão. Isto dificultou muito a tarefa de apoio em tão longas distâncias, fora de suas bases. Para resolver este problema a Marinha Americana criou o “trem da esquadra” (Maintenance Fleet), um grupo de navios transportando sobressalentes, combustível e oficinas especializadas para reparos. Outra questão importante foi o desenvolvimento das Doutrinas Anfíbias para o desembarque nas diversas ilhas do Pacífico. Outro aspecto marcante foi à afirmação do navioaeródromo como navio capital, logo após a Batalha do Mar de Coral, consagrando-se na Batalha de Midway (1942). Sustentam os estrategistas, dentre eles Bernard Brodie, que não se pode falar em “domínio do mar” no Oceano Pacífico, em face da extensão de sua área. A 2ªGM exemplificou bem isso, vendo-se constantemente a ação da esquadra japonesa, do começo ao fim do conflito, apesar da investida constante e vitoriosa da esquadra americana. A campanha submarina japonesa diferiu da alemã, pois ao contrário destes últimos que atacavam a navegação mercante, os japoneses visavam os navios de guerra inimigos como forma de poupar a sua própria Esquadra de ataques de navios americanos. O fim da Guerra A Alemanha foi vencida em terra porque não teve condições de lutar no mar. Apesar do enorme desgaste dos Aliados, foram mantidas suas linhas de comunicações marítimas entre Europa e América. Mesmo quando a situação aliada era precária no Mediterrâneo, em 1942, os alemães não souberam tirar proveito disto, juntamente com os italianos. No Oriente, o inimigo foi vencido no mar. Com uma situação estratégica bem próxima à da Inglaterra, o Japão brilhou rapidamente na primeira fase da Guerra graças ao adequado uso do poder marítimo. Quando não foi mais capaz de fazer frente à esquadra americana, quando lhe faltaram os meios para proteger a marinha mercante o Japão começou a perder a guerra. A terra foi vencida pela terra. O mar venceu-se pelo mar. Argumenta-se, entretanto, com razão, que duas foram às causas principais da derrota alemã: - a guerra em duas frentes – liga-se à geopolítica alemã; e - a falta de uma marinha poderosa – deve-se à negligência e ao pouco caso dos que, voltados exclusivamente para a terra, não têm a verdadeira dimensão do que significa o mar. A POLÍTICA MARÍTIMA BRASILEIRA NO APÓSGUERRA Os encouraçados brasileiros (São Paulo e Minas Gerais) ficaram obsoletos com o surgimento do porta-aviões como navio capitânia das forçastarefas vitoriosas. A Marinha Mercante Brasileira emergia da guerra teórica e diretamente subordinada à Presidência da República que designava para a chefia da Comissão de Marinha Mercante oficiais generais da Armada. Esse órgão administrativo foi a seguir vinculado ao Ministério da Viação e Obras Públicas. Decorrente de uma menor necessidade em termos de unidades em suas esquadras, em conjunção com menores custos de manutenção, a desmobilização americana iniciou uma política de arrendamento e empréstimo de belonaves, aliada à venda financiada de navios mercantes. Armadores nacionais adquiriram então excedentes de guerra para navegação de cabotagem. O governo brasileiro conseguiu financiamento no Banco de Importação e Exportação dos Estados Unidos para reequipar a frota de navegação de longo curso, com uma frota de 20 cargueiros a serem construídos naquele país. A aquavia do Amazonas também era alvo de preocupação da Política Marítima brasileira. Em 1931 houve um semiconflito na região de Letícia, que a diplomacia e a presença do Poder Marítimo brasileiro na área contestada ajudaram a contornar. Em 1948, a Comissão do Vale do S. Francisco propunha desenvolver integralmente a região usando aqueles recursos constitucionais, sob inspiração da Autarquia do Vale do Tenessee. Em 1949, o governo do Presidente Dutra cria o plano SALTE, que propunha medidas nas áreas de Saúde, Alimentação e Transporte. Esse plano previa a formação da FRONAPE. O plano previa também a construção de navios para transporte de passageiros. Em 1950, foi assinado um acordo entre o Brasil e os EUA, que organizou uma “Comissão Mista Brasil-Estados Unidos para o Desenvolvimento Econômico” (CMBEU) com o propósito de criar condições para eliminar obstáculos ao fluxo de investimentos, públicos e particulares, necessários para promover o desenvolvimento econômico do país. Dos portos examinados, 12 foram considerados indispensáveis para o bem-estar da nação (Belém, Coaracy (Belém), Itaqui, Mucuripe, Recife, Salvador, Rio, Santos, Paranaguá, S. Francisco, Imbituba e Rio Grande). Para Belém foi recomendado considerar a transferência do porto para nova posição mais adequada à manutenção econômica do canal de acesso. Portos adicionais de certa importância: Natal, Maceió e Itajaí. A Marinha recebera dois cruzadores arrendados dos Estados Unidos e iniciava a implantação de novas bases em Val de Cans e em Aratu. O governo Kubitscheck adotou o famoso Programa de Metas (com ênfase na criação de indústrias de bens de capital) que desenvolveu o sistema de transportes, com ênfase no rodoviário. Foi criado o Fundo de Marinha Mercante para atrair capitais de investimento na construção naval. Faltou, no entanto, coordenação intermodal entre os diversos setores de transporte, não havendo também análise para ordenar as prioridades dos investimentos. A Marinha de Guerra recebeu o porta-aviões Minas Gerais, adquirido da Inglaterra e modernizado na Holanda. Durante o governo João Goulart um ligeiro conflito sobre a pesca da lagosta quase mobiliza um vaso de guerra francês na costa brasileira. Novas Perspectivas Apenas em 1967 o Presidente da República decidiu sobre o Programa de Construção Naval, que desde 1965 era objeto de estudos na MB. Tal programa foi escalonado e, na primeira etapa, optou-se por construir dois submarinos classe “OBERON”, na Inglaterra, que ficaram prontos em 1973/74; quatro navios-varredores na Alemanha e dois no Brasil; seis fragatas, sendo quatro na Inglaterra e duas no Brasil e diversos outros navios de baixo custo unitário e alto índice de nacionalidade. Leitura – “A Roda Vai Girando” Na 2ªGM, o porta-aviões destronou definitivamente o couraçado. No Pacífico o equilíbrio das forças foi sempre salvaguardado pelo porta-aviões e pelo submarino. No Atlântico a guerra submarina foi um pouco menos espetacular do que na 1ªGM. As medidas tomadas contra os submarinos mostraram-se eficazes e, a partir de 1943, com o aparecimento de NM americanos pré-fabricados, dos tipos Liberty e Victory Ships, a ameaça estava conjurada. (00AC) No Pacífico, os submarinos americanos desempenharam um papel decisivo na derrota japonesa, afundando mais da metade de tonelagem comercial japonesa e perto de 30% das suas unidades de guerra. A 2ªGM viu o desenvolvimento de ataques anfíbios altamente organizados, os quais começaram em 1940 com a invasão alemã da Noruega e continuaram com a retirada anfíbia de Dunquerque nesse mesmo ano. O desembarque na Normandia viu generalizar-se o uso de portos artificiais. Depois da 2ªGM, as marinhas de guerra sofreram rápidas transformações. A GB aparece em 3º lugar, depois dos EUA e da Rússia. Desde que a artilharia clássica perdeu a sua importância, o couraçado cedeu lugar ao portaaviões. Cruzadores, CT e unidades menores dependem atualmente do porta-aviões, como antes dependiam do couraçado. O avião com cargas nucleares tornou-se a arma naval e os EUA aumentam, cada vez mais, a frota de super-portaaviões, tipo Forrestal (60.000 t). A arma do cruzador e de outras unidades de superfície é o míssil teleguiado. Para aumentar o alcance e a mobilidade os EUA empreenderam um programa de navios atômicos, como o Enterprise, gigante de 85.350 t, e o Long Beach, cruzador lança-mísseis teleguiados. Os russos não tem porta-aviões, mas possuem a maior frota de submersíveis do mundo, compreendendo vários nucleares. No entanto, os EUA continuam na frente no que diz respeito aos submarinos nucleares. O Nautilus, primeiro submarino atômico, foi lançado em 1954. Em 1958, esse submarino veio a passar sob a calota polar.