A ORDEM E O PROGRESSO Por trás de uma grande força existe outra grande força. Elas não se submetem uma à outra, mas se completam. Assim é o casamento entre a Marinha do Brasil e a Marinha Mercante, que tiveram início no século XIX. Depois da Independência do Brasil em 7 de setembro de 1822, fez-se necessária a criação de uma força poderosa que pudesse fazer frente a Portugal no processo de consolidação do desprendimento da Colônia. Foi então criada a Esquadra Nacional, primeiro registro oficial da existência de uma esquadra brasileira. Sua criação alcançou os objetivos propostos e garantiu ao Brasil a separação do colonizador. Ainda naquele século, atuou na Guerra do Paraguai, e viveu tempos de paz até 1914. A iniciativa de se investir em uma frota destinada à atividade mercantil e à importação de imigrantes (visando a entrada de mão-de-obra no país, devido à abolição da escravidão) partiu do Almirante Barão Jaceguay que apresentou a idéia em 1888 e fez o pedido de concessão para criação de uma companhia de navegação. Sua petição foi aceita, mas não concretizada, devido à deposição de Dom Pedro II no ano de 1889 (quando se deu a Proclamação da República Federativa do Brasil). Mesmo em meio à mudança do sistema de governo, o pedido (reformulado) foi aceito e tornou-se decreto-lei, sancionado em 1990. Uma nova era havia começado: a partir daquele momento, militares e mercantes dividiriam, oficialmente, o mesmo campo de trabalho: o mar. Em 1914 iniciou-se a I Grande Guerra Mundial. O Brasil permaneceu neutro até 1917, ano em que os afundamentos de navios mercantes, supostamente, por submarinos de origem germânica, impulsionaram as forças militares a guerrear ao lado dos Aliados. Iniciou-se então a cumplicidade entre a Marinha Mercante e a Marinha do Brasil: enquanto uma exportava matéria-prima para suprir o esforço de guerra a outra protegia aquela uma dos ataques bélicos por parte das forças opositoras. A frota mercante, por muitos anos, não se mostrou forte e potente. Em parte, por causa da administração do governo que acarretou problemas financeiros e, em grande parte, pela crise financeira de 1929, que abalou a economia mundial. O administrador indicado em 1935 para estar à frente do Lloyde Brazileiro (empresa formada a partir da junção de oito firmas de navegação), Senhor Almirante Graça Aranha, antevendo a falência, requiriu a renacionalização da empresa, privatizada em 1920. 1 Com a volta à nacionalização, em pouco tempo, a Marinha Mercante cresceu e acabou por desempenhar importante papel nos tempos obscuros que se seguiriam. O mundo estava em polvorosa. Não demorou muito para a guerra chegar. Os militares seguiram seus destinos: foram para guerra lutar em nome do Brasil ao lado das forças aliadas. Nunca tinham entrado em uma guerra daquela magnitude e, para piorar, a frota de navios de combate estava despreparada para o evento que se sucedia. Navios mercantes foram armados e utilizados como navios auxiliares. Outros tantos foram torpedeados e vieram a naufragar. Grandes foram as perdas humanas e materiais para o Brasil durante a guerra. No fim, militares e mercantes passaram a pertencer a um único grupo: o dos brasileiros que defendem os interesses da nação. Juntos prantearam o sangue derramado na II Grande Guerra Mundial, e seguiram unindo-se na luta, na dor e na vitória. É importante, contudo, ressaltar que as duas Marinhas, a Mercante e a do Brasil, não têm o mesmo papel, mas representam muito uma para outra. Esta simboliza a ordem, a hierarquia e a organização militar, tendo como finalidade, em tempos de paz, orientar e fiscalizar aquela, que é a grande responsável pelo crescimento e pelo progresso. E, a exemplo do Pavilhão Nacional, em que primeiro vem a ORDEM e depois o PROGRESSO, o fato da Marinha de Guerra ter sido criada antes da Marinha Mercante foi de vital importância para o desenvolvimento do país nos dias atuais, porque, sem as táticas e os materiais bélicos militares, os navios mercantes não subsistiriam em meio àquelas duas Grandes Guerras. Decorridos quase 100 anos desde a I Guerra Mundial, a integração entre mercantes e militares trouxe e continua trazendo muitos frutos ao Brasil, o que nos dá convicção para afirmar que um grande Poderio Naval nos representa frente às nações e contribui para o próspero crescimento do país. 2