22/05/2009 Santa Rita nasceu num pequeno povoado chamado Roccaporena, a 5 km de Cássia, bem no alto do montes Apeninos, na província da Úmbria. A Úmbria, embora fosse na época uma região pouco povoada, se tornou berço de muitos filhos ilustres, entre eles São Francisco de Assis, São Bento e Santa Clara, além de Santa Rita. Rita era para seus pais um precioso dom concedido à sua fé e orações. Analfabetos, procuravam transmitir à criança seus conhecimentos da vida de Nosso Senhor Jesus Cristo, da Santa Virgem Maria e dos santos populares. Apenas chegara à idade da razão, apareceram em Rita os primeiros sinais de virtude que, sob influência da graça divina, ia-se desenvolvendo em sua bela alma. Rita era um anjo, dócil, respeitosa e obediente para com seus velhos pais. Os ensinamentos que eles lhe davam levaram-na a decidir consagrar a sua virgindade a Jesus Cristo. Gostava tanto da vida retirada que seus pais lhe permitiram ter um oratório dentro de casa; ali passava os dias meditando no amor de Jesus, castigando seu inocente corpo com duras penitências. Aos 16 anos, pensava no modo de confirmar definitivamente sua consagração a Jesus Cristo por meio dos votos perpétuos. Rita chegou a pedir, de joelhos, licença para entrar no convento. Seus pais, porém, com a idade avançada e guiados pelo amor natural, não querendo deixá-la só no mundo, resolveram casá-la com um jovem que pedira sua mão. Que lutas, que dores para o coração dessa jovem, entre o amor à virgindade e a obediência devida a seus pais! O jovem que pedira a mão de Rita, se chamava Paolo di Ferdinando Mancini, descrito como um homem pervertido, de caráter feroz e sem temor a Deus, que seria capaz de provocar um verdadeiro escândalo se Rita e seus pais não aceitassem esse casamento. Assim, Rita se viu obrigada a se casar. Quanto padeceu ela no longo período de 18 anos que viveu com seu esposo! Injuriada sem motivo, não tinha uma palavra de ressentimento; espancada, não se queixava e era tão obediente que nem à Igreja ia sem a permissão de seu brutal marido. A mansidão, a docilidade e prudência da esposa, porém, suavizaram aquela rude impetuosidade, conseguindo transformar em manso cordeiro aquele leão furioso. Fernando não pôde resistir a tanta abnegação e mudou completamente de vida, tornando-se um marido respeitoso. Rita sentia-se muito feliz por ver o seu marido convertido ao bom caminho. Sentia-se feliz por educar nos princípios da religião os dois filhinhos que o céu lhe dera: Giovanni Tiago e Paolo Maria. Mas durou pouco tempo aquela felicidade de santa esposa e mãe! Quando menos esperava, seu marido foi ferozmente assassinado pelos inimigos que fez em sua vida de violência. Rita tomou todas as providências para um sepultamento digno para seu marido. Praticou, ainda, o supremo ato de perdoar os seus assassinos. Refeita da primeira dor causada pela morte do marido, a piedosa mulher concentrou toda sua atenção e solicitude em seus dois filhos. A mãe atenta percebia que os dois jovens apresentavam sintomas de desejos de vingança. Quando se viu em tal situação, ela tomou uma resolução heróica e pediu a Jesus Crucificado que levasse os seus filhos inocentes, se fosse humanamente impossível evitar que se tornassem criminosos. Um após o outro, os meninos caíram doentes e Rita os tratou com o máximo cuidado, velando para que nada lhes faltasse, procurando todos os remédios necessários para lhes conservar a vida. Os meninos morreram, com pequeno intervalo, um após o outro, cerca de um ano depois da morte de seu pai. Rita depositou os corpos de seus filhos ao lado de seu marido e ficou só no mundo; só, mas com seu Deus. Desligada dos laços do matrimônio e dos cuidados maternais pela morte do esposo e filhos, Rita passou a se dedicar com afinco à prática das virtudes, às obras de caridade e à oração. A caridade para com o próximo era inesgotável. Não se contentando em dar o que tinha, trabalhava com suas próprias mãos para poder dar mais. Tudo isto, porém, não bastava para aquela alma inflamada pelo amor divino. Quando ia à cidade, ao passar diante das portas dos mosteiros, onde teria podido servir a Deus com todas as suas forças, parecia-lhe que uma força interior e poderosa a atraía. Rita encorajou-se e resolveu fazer uma tentativa. Bateu à porta do convento das agostinianas de Santa Maria Madalena, às quais ela tinha profunda admiração pela devoção que tinha a Santo Agostinho e por ter sido Santa Mônica, mãe de Santo Agostinho, seu modelo nos diversos estados de vida e tão parecida com ela no sofrimento. Expôs à superiora do convento o seu ardente desejo. Seu aspecto humilde e piedoso causou excelente impressão na religiosa; mas o convento, que somente recebia jovens solteiras, jamais havia aberto suas portas a uma viúva, e a pobre mulher se viu rejeitada. Quando Deus a viu perfeitamente resignada e confiante, teve compaixão dela e, uma noite, quando estava em oração, ouviu chamar: "Rita! Rita!". Ela não viu ninguém e, pensando ter se enganado, voltou às suas orações. Mas, pouco depois, ouviu novamente: "Rita! Rita!". Levantandose, abriu a porta e foi à rua. Eram 3 homens e Rita não tardou a reconhecê-los: eram seus protetores São João Batista, Santo Agostinho e São Nicolau de Tolentino, que a convidaram para segui-los. Em êxtase, como num sonho, ela os seguiu e logo estava em Cássia, diante do convento de Santa Maria Madalena. As religiosas dormiam e a porta estava bem trancada. Era impossível abri-la por meios humanos, mas os santos que Deus enviara para acompanhá-la fizeram com que ela se encontrasse no interior do mosteiro. Quando as religiosas desceram para se reunir no coro, ficaram estupefatas ao encontrar a santa mulher que tinha sido insistentemente rejeitada. Como entrara ela, se o mosteiro estava completamente fechado e não havia sinal algum de abertura ou arrombamento? "Sou eu mesma - dizia, chorando - aquela que tantas vezes pediu para entrar aqui e não me aceitastes como digna de tanta felicidade! Santas esposas de Jesus; sabei como a divina Majestade me fez este singular favor, enviando na noite passada o Santo Precursor, acompanhado do glorioso Patriarca Santo Agostinho e S. Nicolau, meus protetores, que me trouxeram aqui de maneira milagrosa. Eu vos rogo, por aquele Senhor que tão liberal foi comigo, que me recebais em vossa companhia". As freiras ficaram impressionadas com o relato que Rita fez do acontecido e, diante de um milagre tão estupendo, reconheceram os desígnios de Deus e admitiram jubilosas em sua companhia aquela criatura mais angelical que humana.