PARALISIA CEREBRAL ASPECTOS PSICOLÓGICOS Elizene dos Reis Oliveira – Psicóloga Helenice Meirelles Andrade - Psicóloga DEFICIÊNCIA É marcada pela perda de uma das funções do ser humano, seja ela física, psicológica ou sensorial. O indivíduo pode ter uma deficiência, mas isso não significa que ele seja incapaz. A incapacidade pode ser minimizada quando o meio possibilita acesso. PC As crianças com PC são frequentemente: muito sensíveis; Podem apresentar: mudanças frequentes de humor; falta de atenção; instabilidade; comportamentos imaturos e regressivos; insegurança e cansaço. Presume-se que, a criança que sofre uma lesão cerebral, terá prejuízos em seu desenvolvimento, uma vez que estará condicionada as limitações na realização de suas experiências, podendo assim, comprometer aspectos que constituem o seu desenvolvimento, estrutura de personalidade e processo adaptativo. A família desempenha marcante papel no tratamento da criança com paralisia cerebral, repentinas mudanças acometem a sua dinâmica interna em decorrência do nascimento desse filho, gerando conflitos e bruscas alterações na rotina familiar, ficando geralmente a mãe com uma maior sobrecarga. As atitudes e sentimentos dos pais terão forte influência no bem estar físico mental, psicológico e social da criança. Decorrente de limitações inerentes a deficiência, a criança torna-se ainda mais dependente de sua mãe e demais familiares, para a satisfação das suas necessidades, o que pode prejudicar seu desenvolvimento psíquico. ADAPTAÇÃO E APRENDIZAGEM A criança protegida demais no ambiente familiar torna-se extremamente dependente de sua mãe,assim a introdução no grupo social (tratamento, creche, escola), será dolorosa e angustiante para ambas. Esse processo de ser inserida no mundo social deve ser gradual, de modo que ela possa se sentir segura ao ser exposta às situações novas. Conhecer o meio ambiente e conseguir agir sobre ele gera coragem e curiosidade na descoberta de novas experiências. Para facilitar a capacidade de interagir, descobrir e compreender o mundo, precisamos oferecer ambiente adequado, dando a ajuda necessária, para que o aluno, através de sua intencionalidade, seja capaz de descobrir, agir , transformar o ambiente e se integrar. ADAPTAÇÃO E APRENDIZAGEM A criança especial é semelhante as demais, no sentido de também precisar sentir-se amada, protegida e cuidada no seu desenvolvimento, e de poder usar de todo o seu potencial e conseguir uma adaptação no mundo em que vive. Os fundamentos para a afetiva aprendizagem são os mesmos, tanto para a criança deficiente como para as demais, com a ressalva de algumas diferenças: Maior tempo e mais ênfase quando as limitações são acentuadas Encorajamento e elogios para tentar realizar as atividades; As expectativas devem estar relacionada com a gravidade do seu comprometimento físico, emocional e intelectual . A criança com paralisia cerebral apresentam muitas vezes um bom desenvolvimento da cognição e da linguagem; entretanto, a verbalização pode estar restrita ou ausente, outras apresentam linguagem pobre possivelmente associada a alterações cognitivas (retardo mental ) ou ainda relacionadas com aspectos emocionais . SEXUALIDADE NO DEFICIENTE FÍSICO SEXUALIDADE: "(...) uma energia que nos motiva para encontrar amor, contato, ternura e intimidade; ela integra-se no modo como nos sentimos, movemos, tocamos e somos tocados; A sexualidade influencia pensamentos, sentimentos, ações e interações e, por isso, influencia também a nossa saúde física e mental“. ( Organização Mundial Saúde) O modelo atual da sexualidade humana, privilegia a vertente reprodutiva da expressão sexual, esquecendo, negando, ou deixando para segundo plano, outras importantes valências da sexualidade, tais como: a afetividade e o prazer. O desenvolvimento psicossexual é um processo resultante da interação do indivíduo com os outros, sobretudo com os pais ou as pessoas significativas que rodeiam e interagem com a criança. A sexualidade não surge, subitamente, na puberdade. Os pais apresentam atitudes, valores e expectativas que podem negar ou reprimir a sexualidade do filho deficiente. Ex: “são impotentes, estéreis, assexuados ou depravados. Assim como a sociedade , os pais não se encontram preparados para reconhecer o corpo sexuado do filho, esperam, por exemplo: que a menstruação não venha ou que venha o mais tardiamente possível; surgem atitudes de recusa em relação à masturbação; supervalorizam as limitações; reforçam comportamentos infantis que visam negar a puberdade e prolongar a fase da criança. Apesar de inúmeros esforços para que a sexualidade das pessoas com deficiência passe a ser um direito, a nossa sociedade continua a vê-los como pessoas "assexuadas". A sexualidade é ainda associada, quase exclusivamente, a pessoas novas e fisicamente atrativas . A deficiência em si, não impede o desenvolvimento da sexualidade. Sendo a sexualidade uma dimensão da personalidade, não se pode negar à pessoa deficiente a liberdade de viver e expressar a sua sexualidade. Sexualidade não se esgota no ato sexual. É também e, sobretudo, amizade, carinho e relacionamento pessoal. Possuir amigos , partilhar interesses, relacionar-se e experimentar sentimentos de união são algumas das necessidades mais profundas de todo o ser humano. Os deficientes são como todas as outras pessoas e sendo seres humanos, têm impulso sexual. Este impulso pode ser fraco ou forte, variando de pessoa para pessoa. Cada indivíduo pode controlar, sublimar ou exprimir de alguma forma o seu impulso sexual. Os jovens deficientes também estão expostos: a todo o tipo de mensagens sobre o sexo e sexualidade , a todo o tipo de riscos: como abuso sexual, gravidez indesejada, doenças sexualmente transmissíveis, exploração sexual. É precisamente na adolescência que o jovem tenta atingir a sua independência e autonomia, assumir o papel sexual e reforçar o sentimento de identidade. Na adolescência o jovem deficiente: Toma consciência da sua dita "diferença“; Percebe que seu desenvolvimento é menos harmonioso; Desenvolvem sentimento de inferioridade e intolerância; Distorção de sua imagem corporal; Conflito da identidade sexual ESTRATÉGIAS Proporcionar um espaço de diálogo para identificação das atitudes, necessidades e interesse sobre sexualidade; Reforçar a autoestima,valorizar a imagem corporal; Desenvolver segurança e autonomia; Aumentar os conhecimentos sobre: anatomia e fisiologia; influência do seu tipo/grau de deficiência na vivência da sexualidade; Promover atitudes preventivas em relação a abusos sexuais; Promover atitudes positivas e não culpabilizantes diante dos seus sentimentos . O Deficiente Físico terá que aprender a reconhecer a sua individualidade, compreender o comportamento social , conhecer a sua própria vulnerabilidade e, essencialmente, saber escolher, decidir e desenvolver a sua própria sexualidade. “É impossível apoiar-se no que falta a uma determinada pessoa, no que ela não é, mas é necessário ter, nem que seja a idéia mais vaga sobre o que ela possui e o que ela é”. (Vygotsky)