ARTIGO_REVISADO_-ESCOLA_DE_GESTORES

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GESTÃO DEMOCRÁTICA E A LEITURA COMO FONTE PRINCIPAL NA
AQUISIÇÃO DO CONHECIMENTO
MARIA NUNES DE BARROS1
Resumo: A sociedade caracteriza-se pela busca da informação do conhecimento. A educação
dos indivíduos precisa enfatizar a leitura como via de inclusão social e de melhoria para a sua
formação. O objetivo principal deste trabalho é discutir a importância da competência leitora
nos alunos, a fim de favorecer o aprendizado e diminuir a reprovação e a evasão escolar. A
metodologia utiliza: levantamento de referências e análises destas. Neste trabalho de pesquisa
foi realizado um diagnóstico nas práticas de leitura e a necessária intervenção pedagógica
nessas práticas nas séries iniciais do ensino fundamental por meio de pesquisas. O tipo de
pesquisa será qualitativa, tendo como abordagem a pesquisa-ação. No tocante aos
instrumentos de pesquisa para a coleta de dados, foram selecionados a entrevista individual
estruturada e semi-estruturada e questionários com alunos e professores. Os resultados
evidenciam: a necessidade de planejamento da leitura para estabelecimento e implementação
de qualquer ação, educação voltada para a transformação com respeito ao universo cultural
dos indivíduos. A leitura, portanto, promove o resgate da cidadania, devolve a auto-estima ao
promover a integração social, desenvolve um olhar crítico e possibilita formar uma sociedade
consciente.
Palavras-chave: Leitura. Diagnóstico. Intervenção.
Abstract: The society is characterized by the pursuit of knowledge information. To
education of individuals need to emphasize reading as a means of inclusive social and
improvement for its formation. The main objective of this paper to discuss the
importance of reading competence in students so that they in order to facilitate learning
and reduce evasion reprovaoea school. The methodology used: a survey of references
and analyzes them. This research work was carried out in diagnostic practices of
reading intervention pedaggica orities and practices in these serials in elementary
education through research. The type of research serqualitativa, with the approach to
research. As far as research tools for data collection were selected individual
interviews structured and semi-structured questionnaires with students and teachers.
The results show: the need for planning for the establishment and the reading of any
implementations to, education oriented to be transformed with respect to the cultural
universe of individuals. The reading, therefore, promotes the recovery of citizenship,
return to self-esteem for integration while promoting social critic develops a look and
possibilities to form a conscious society.
Keywords: Reading. Diagnostics. Intervention.
1
Graduada em Geografia pela UNITINS –UNIVERSIDADE DO TOCANTINS.
INTRODUÇÃO
A leitura é uma das principais atividades da instiuição escolar, por isso a
mesma precisa ser trabalhada com dedicação e esforço tanto pelo gestor da
escola quanto pelos educadores. Nesta perspectiva, o escopo deste trabalho é
mostrar a relevância da leitura na desenvoltura intelectual, cultural, política e
histórica das pessoas, e ainda a necessidade da gerencia democrática deste
trabalho para que o mesmo não fique entre os muros, mas se expanda e
produza frutos na sociedade.
A metodologia utiliza levantamento de referências, a análise destas e
uma melhor adequação dos conteúdos à realidade; a construção do texto
baseia-se em autores como: Ludke (1986), Rego ( 1999 ),Cócco (1996) e
Ferreiro ( 1992 ) Freire (1989) entre outros.
O presente trabalho desenvolveu-se por meio de pesquisa qualitativa,
considerando que esta abordagem proporciona resultados significativos na
área educacional, no sentido de oportunizar ao pesquisador uma visão mais
ampla no cotidiano escolar, além de produzir conhecimentos e contribuir para a
transformação da realidade estudada. Assim, LUDKE & ANDRÉ (1986),
postulam:
A pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como sua fonte
direta de dados e o pesquisador como seu principal
instrumento (...). A pesquisa qualitativa supõe o contato do
pesquisador com o ambiente e a situação que está sendo
investigada, via de regra através do trabalho intensivo de
campo. (p.11)
O campo onde foi desenvolvido o estudo é uma escola Municipal,
localizada no Bairro Santa Rosa na periferia da cidade de Colinas/TO. O
estudo objetiva analisar as dificuldades de aprendizagem na leitura dos alunos
e incentivar o hábito da mesma nas séries iniciais do ensino fundamental. Foi
coletada informações sobre o assunto.
No que diz respeito aos instrumentos utilizamos a observação e a
entrevista. Quanto as entrevistas foram registrada, os depoimentos dos sujeitos
3
da pesquisa foram professores e alunos das séries iniciais do ensino
fundamental.
No primeiro momento, o estudo se desenvolveu a partir da técnica de
observação participante, vez que esta ocupa um lugar privilegiado na pesquisa
educacional, permitindo descobrir através do contato direto do observador com
o objeto estudado, suas particularidades, pois o confronto da realidade é
possível compreender o quadro. Isto, porque a experiência direta com aquilo
que se quer observar é sem dúvida o melhor termômetro de verificação de um
determinado tema. Bem como, recorrer a conhecimentos e experiências
pessoais como auxiliar no processo de compreensão e interpretação do que
está estudando.
Na medida em que o observador acompanha o local as experiências
dos alunos, pode tentar compreender a sua visão de mundo, ou seja, o
significado que eles atribuem à realidade que os envolve e às suas ações. A
observação participante é muito útil para se descobrir aspectos novos de um
problema. Segundo LUDKE & ANDRÉ ( 1986, p.30).
Os focos de observação nas abordagens qualitativa de pesquisa são
determinada basicamente pelos propósitos específicos do estudo, que
por sua vez derivam de um quadro teórico geral, traçado pelo
pesquisador. Com esses propósitos em mente, o observador inicia a
coleta de dados buscando sempre manter uma perspectiva de
totalidade, sem se desviar demasiado de seus focos de interesse. Para
isso, é particularmente útil que ele oriente a sua observação em torno
de alguns aspectos, de modo que ele nem termine com um amontoado
de informações irrelevantes nem deixe de obter certos dados que vão
possibilitar uma análise mais completa do problema. (1986, p.30)
Como já citamos esta escola organiza a educação em segmentos de
formação de alunos, que vem romper com a lógica fragmentada do processo
escolar e flexibilizar os tempos de aprender – ensinar – desenvolver,
possibilitando ao professor uma formação global humanizadora, socializadora e
facilitadora da construção de sua auto-estima
e identidade
cultural.
Considerando-se em sua estratégia para garantir a educação escolar como
direito de todos.
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VERDADEIRA LEITURA TRANSFORMA A VIDA DO HOMEM
Quando se fala em leitura, especialmente na sociedade brasileira logo
se percebe o grande índice de resistência, principalmente pelos educandos no
âmbito escolar, por ser uma tarefa que exige dedicação, esforço, vontade e
acima de tudo persistência na busca do conhecimento.
Ressalta-se que ler não se restringe a decodificação de letras ou
palavras, mas a apreensão de seus significados, ou seja, é preciso se
apreender a mensagem transmitida pelo conjunto de palavras que formam
frases e textos. Freire (2005, p. 8) o diz que: “aprender a ler o mundo,
compreender o seu contexto, não é uma manipulação mecânica de palavras,
mas uma relação dinâmica que vincula linguagem e realidade”.
Porém, para se efetivar numa verdadeira leitura é necessário que o
leitor tenha curiosidade em descobrir algo, daí ter visão critica. Nas palavras de
Freire (1997):
Ler é uma operação inteligente, difícil, exigente, mas
gratificante. Ninguém lê ou estuda autenticamente se não
assume, diante do texto ou do objeto da curiosidade a forma
crítica de ser ou de estar sendo sujeito da curiosidade, sujeito
da leitura, sujeito do processo de conhecer em que se acha.
Ler é procurar ou buscar criar a compreensão do lido; daí,
entre outros pontos fundamentais, a importância do ensino
correto da leitura e da escrita. É que ensinar a ler é engajar-se
numa experiência criativa em torno da compreensão. Da
compreensão e da comunicação. E, a experiência da
compreensão será tão mais profunda quanto sejamos nela
capazes de associar, jamais dicotomizar, os conceitos
emergentes na experiência escolar aos que resultam do mundo
da cotidianeidade (p.29-30).
A pessoa que lê tem a oportunidade de resgatar a cidadania; adquirir
auto-estima; de desenvolver o olhar crítico e as competências; ampliar os
horizontes; integrar-se socialmente e de aprender diferentes profissões. Nestes
termos, pode se afirmar que muitos dos saberes existentes estão registrados e
para colocá-los em prática é imprescindível ter esforço, dedicação e
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persistência na construção da práxis, através da investigação ou leituras das
várias experiências repassadas pela comunicação escrita.
Destarte, a cultura da leitura somente pode crescer se houver boas
estratégias para formar leitores, os quais devem ser convocados por meio de
sugestões significativas, em outras palavras os sujeitos precisam ser
chamados atenção para algo de seu interesse, como por exemplo, o educador
como mediador do conhecimento em sala de aula deve ser dinâmico ao
ensinar, pois o conteúdo deve estar contextualizado com a situação atual, a
globalização.
Para discutir a ação do professor em sala de aula, é viável mostrar a
reflexão descrita por Cavalcanti (2007), o qual mostra a insatisfação dos
educandos pelo estudo de geografia:
[...] eu nunca fui boa pra memorizar e a gente tinha de
memorizar, né? Então eu acho que naquilo ali, só você decorar
e você não saber o que está fazendo, eu acho que isso faz a
gente não gostar das coisas [...], dependendo do professor, o
aluno gosta de Geografia, porque eles têm mania de decorar,
isso é depressão, decorar o que é depressão [...] (p.131).
Diante desta afirmação, os educadores puderam refletir sobre os
possíveis problemas, que esta disciplina traz e que causa insatisfação ou
exaustão a quem estuda sem um direcionamento eficaz, como enfatiza
Cavalcanti (2007):
O aluno, em geral, não quer decorar fatos, nomes da
Geografia, não porque ele não quer decorar nenhuma
informação, mas porque ele é não é mobilizado para as
informações da Geografia. É claro que o ensino de nenhuma
matéria pode se pautar apenas pela memorização. Ensino é
um processo de conhecimento, é mudança de qualidade no
pensamento e a memorização enquanto tal não é
conhecimento, nem provoca mudança na qualidade do
pensamento (p.133).
Na escola, o papel do professor é o de agir intelectualmente
delimitando a trajetória da leitura escolar, visto que sem seu comportamento
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leitor e habilidades diversificadas a Unidade Escolar fica impossibilitada de
produzir os benefícios esperados e desejados pela sociedade, que é de ter
leitores assíduos, experientes e ousados. Freire (1997) afirma que:
Se estudar para nós não fosse quase sempre um fardo, se ler
não fosse uma obrigação amarga a cumprir, se, pelo contrário,
estudar e ler fossem fontes de alegria e de prazer, de que
resulta também o indispensável conhecimento com que nos
movemos melhor no mundo, teríamos índices melhor
reveladores da qualidade de nossa educação (p.37).
Nesta perspectiva, o educador é imprescindível na formação de
leitores, por meio de elaboração de metas e estratégias que estimulam a
necessidade de aprender a aprender ou de buscar saberes e competências.
Segundo Vera Miranda (2008, p.12). “O Professor é um elemento chave na
organização das situações de aprendizagem, sendo o responsável por dar
condições para que o aluno “aprenda a aprender” desenvolvendo situações de
aprendizagem diferenciadas, a fim de estimular a articulação entre saberes e
competências”.
Deste modo, o educador tem a função de mostrar ao educando os
passos para a verdadeira leitura, visto que a mesma compreende em três
partes básicas, as quais são: antes (conhecer o autor, análise da capa e etc);
durante (identificar as palavras desconhecidas, utilizar o dicionário e realizar
duas ou três leituras do texto ou obra para a verdadeira apreensão) e por fim o
depois (reflexão e discussão sobre a obra lida).
Ler verdadeiramente é ter a capacidade de assimilar a mensagem
transmitida pelo autor.
DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM: UM DESAFIO NO APRENDIZADO DA
LEITURA
7
Para Martin & manches, Apud Coll ET ( 1995), os distúrbios de
aprendizagem:
Abrangem qualquer dificuldade observável pelo aluno para
acompanhar o ritmo de aprendizagem de seus colegas, da
mesma faixa etária seja qual for o determinante desse atraso.
Certamente, a população assim definida é de uma grande
heterogeneidade, não sendo simples encontrar critério que
delimite maior precisão. (p.24)
Portanto, tais dificuldades são presenciadas pelos educadores. O aluno
muitas vezes, não se dá conta, o que exige uma orientação e apoio,
objetivando inserir o aluno no contexto educacional, utilizando a aprendizagem
em todas as suas dimensões, o que se configura através de etapas. Conforme
afirma a teoria de Piaget, o qual diz que o ser Humano aprende de acordo com
os estágios, contudo, alguns não conseguem ter desenvoltura eficaz, pois
apresentam dificuldades na apreensão da leitura e da escrita, as quais derivam
de diversos fatores, dentre eles destacam-se os textos descontextualizados,
enfadonhos ou complexo para o nível aplicado, o que por sua vez dificulta a
efetivação da verdadeira leitura.
Lembra, que a maioria dos entraves no ensino da leitura e escrita está
na ausência desta prática nos lares, em outras palavras a maioria dos
educandos apresentam dificuldade no ato de ler e escrever, pois este não é
uma vivência diária em seus lares, o que traz atraso no aprendizado.
Diante disso, é viável que o professor proporcione um trabalho de
sensibilização junto à família ou aos responsáveis no aumento de material
escrito e ainda um eficiente acompanhamento nas tarefas diárias de seus
filhos. Especialmente em séries iniciais quando as crianças tem dificuldades
em interpretar textos, ditado, cópias e enfim em produção textual.
Neste contexto, o professor precisa estar atento a essa dificuldades, a
fim de criar mecanismo para seu enfrentamento, reconhecendo que na fase
inicial, a criança absorve o que lhe é repassado e incorpora valores que no
decorrer da vida escolar, se contemporizem com outros, podendo gerar conflito
ou dificuldades.
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Porém, a principal causa da dificuldade em ler e escrever baseia-se na
falta de cultura na leitura e escrita do povo brasileiro, daí a relevância da
discussão no âmbito escolar e na sociedade, no que diz respeito à formação de
leitores através da demonstração do comportamento leitor, ou seja, o
verdadeiro leitor é capaz de transmitir entusiasmo por meio de atitudes, como
por exemplo, falando sobre pontos importantes do assunto lido.
Mas, graças ao esforço dos estudiosos e teóricos, e ainda dos
educadores no âmbito escolar tem trazido a sociedade uma busca maior pela
informação, pelo conhecimento, o qual tem sido um processo contínuo, seja
pela percepção de que sem ele o indivíduo fica excluído socialmente e que o
saber faz com o sujeito não permaneça no estado de ignorância neste novo
contexto informacional, o qual é marcado visivelmente pelo uso intensivo das
tecnologias de informação e de comunicação.
A leitura se constitui como um dos avanços à busca do conhecimento
sistemático e aprofundado. Contudo, tem-se que em virtude de não se
desenvolver o hábito da leitura, encontra-se algumas dificuldades nesse
contexto, o que causa preocupações, pelo fato da leitura assumir certo
destaque no processo de aprendizagem.
É através desta que o aluno desperta para interpretação dos fatos e
ainda sente-se estimulado para desenvolver a aprendizagem, posto que a
leitura se encarrega de amadurecer o intelecto.
Ao se fazer uma retrospectiva da história, encontra-se elementos
preponderantes que se associam ao fato do indivíduo desenvolver uma leitura
que transcende os livros, documentos ou registros e se insere no contexto
vivido.
É bem verdade as dificuldades apresentadas pela aprendizagem
ganham outra conotação, a partir do momento em que identifica-se bloqueios
referentes a leitura, o que evidencia uma certa deficiência no desenvolvimento
da leitura como prática escolar.
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GESTÃO: CONCEPÇÃO, PRÁTICA E DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM
DA LEITURA E ESCRITA NA ESCOLA PARAÍSO
Para maior seriedade deste artigo foi feito uma pesquisa de campo
através de observações das práticas do professores em sala de aula na Escola
Municipal Paraíso, onde se percebe que para a efetivação da verdadeira leitura
no âmbito escolar é preciso que haja gestão democrática do gestor como líder
da administração escolar e do professor como gestor de sala de aula. Visto que
o primeiro deve oferecer materiais pedagógicos e livros para a desenvoltura da
leitura na escola e os professores devem ser bons estrategistas na inserção de
metodologias para a eficácia da leitura no que diz respeito ao hábito e
compreensão da mesma.
Na perspectiva de perceber a situação da prática da leitura nesta
escola é que a investigação se inicia com a análise da visão de educadores e
educandos sobre o assunto. Deste modo, observe abaixo:
Professora 1 - relata que a leitura e a escrita são processos que a criança
adquire em contato com diversos tipos de textos. Esse processo se desenvolve
a partir da dimensão intelectual, e vai construindo suas hipóteses com o que
pode ou não ser lido.
Professora 2 - diz que a leitura e a escrita é entendimento que o ser humano
tem a respeito da vida para tirar suas conclusões.
Professora 3 - fala da leitura e a escrita como as primeiras significações que a
criança necessita para conhecer e dar significado as coisas e objetos, pois é
através destas que ela vai se inserir no mundo para conhecê-lo melhor.
As definições dadas pelas professoras entrevistadas são coerentes,
pois estas afirmam que o ato de ler e escrever são aquisições derivadas de
experiências ou vivências do cotidiano. Segundo FREIRE (1993):
A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a
posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da
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leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem
dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançado por
sua leitura crítica implica percepção das relações entre o texto
e o contexto. (p.11)
Freire também destaca a importância da primeira experiência
existencial, a leitura do mundo, do pequeno mundo, na compreensão do ato de
ler o mundo particular que move a criança. De fato, a primeira leitura que a
criança aprende a fazer é a das relações familiares, onde lê é uma gratificação,
a promessa e a ameaça. A leitura atribui um valor positivo absoluto, como
detentora de benefício óbvio e indiscutível ao indivíduo e à sociedade. Além de
ser, uma forma de lazer e de prazer, de aquisição de conhecimento, de
enriquecimento cultural, de ampliação das condições de convívio social e de
interação.
Assim a aprendizagem da leitura e escrita se inicia desde o nascimento
com a imitação de sons articulados, até a fase adulta, em que há um
verdadeiro aperfeiçoamento técnico. A linguagem oral e escrita revela-se
imprescindível ao processo de comunicação. Trata-se de uma questão que
deve ser especialmente trabalhada na fase infantil, durante seu processo de
construção de conhecimento.
Agora, será apresentado o olhar dos educandos sobre o ato de ler, onde
cada um diz o seguinte:
Aluno A1 - diz que ler e escrever é conhecer coisas novas, é ficar por dentro
de tudo que está ao seu redor. Fala da importância deste ato de ler e escrever
para não ser um “Zé ninguém”.
Aluno A2 - comenta que, escrever é entender o que está dentro da sua
cabeça, é saber o que estar a sua volta no seu cotidiano.
Aluno A3 - diz que ler e escrever é estar preparado para seguir os estudos, e
ainda ressalta que a pessoa ignorante ou que não sabe ler e escrever tem e
terá muitas dificuldades, passará muita vergonha, não poderá locomover-se na
cidade, andar de um lugar para o outro, são saberá ler as placas dos ônibus e
ficará mais difícil a vida.
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Aluno A4 - ler e escrever é conhecer primeiro a letra para depois formar
palavras.
Os alunos entrevistados possuem um olhar relevante sobre o que é ler
e escrever, mas vejamos o que MORAIS (1996, p.20 ), fala sobre a leitura e a
escrita:
A leitura envolve primeiramente a identificação dos símbolos
impressos letras, palavras e o relacionamento destes símbolos
com os sons que ela representa. No início do processo a
criança tem que diferenciar visualmente cada letra impressa e,
perceber que cada símbolo gráfico tem um correspondente
sonoro. Este processo inicial da leitura, que envolve a
discriminação visual dos símbolos impressos e a associação
entre PALAVRA IMPRESSA E SOM, é chamado de
decodificação e é essencial, para que a criança aprenda a ler.
Morais (1996, p. 21) continua dizendo que “à escrita é um ato inverso
da leitura. Se a leitura se estabelece uma relação entre PALAVRA IMPRESSA
– SOM –SIGNIFICADO, na escrita a relação é estabelecida é entre SOM –
SIGNIFICADO – PALAVRA IMPRESSA (que é o que se escreve)”.
Diante das respostas dos alunos entende-se que a aprendizagem da
leitura e da escrita é de grande importância para a vida do aluno, para que este
adquira conhecimentos posteriores mais significativos. Cabe à escola propiciar
um ambiente alfabetizador que favoreça esse processo. É na alfabetização que
a criança adquire a base para aprender a ler e escrever.
A aquisição da escrita e da leitura é algo mais complexo do que um
simples processos mecânico de memorização e treino. Cócco e Hailler
(1996.p.7 ) elucidam que: “aprender a ler e escrever é apropriar-se do código
lingüístico, torna-se um usuário da leitura e da escrita”.
Nestes termos, pode-se afirmar que a leitura é um processo continuo que
depende de várias metodologias e estratégias, as quais devem estar de acordo
com a idade ou estágio cognitivo. Lembra que o ato de ler e de escrever
proporciona aos alunos a possibilidade de construir seu próprio conhecimento e
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com este crescer em vários aspectos, como intelectual, cultural, político e
histórico.
UM OLHAR SOBRE A PRÁTICA PEDAGÓGICA E ALTERNATIVAS
METODOLÓGICAS PARA O ENSINO
 A PRÁTICA PEDAGÓGICA
A prática pedagógica centra-se em um caráter contextualizador e
histórico. A teoria em consonância com o cotidiano, num constante processo de
discussão e reflexão crítica. A aprendizagem, nesta ótica, torna-se plena de
significados.
O compromisso do professor comprometido com a desmistificação das
relações sociais torna-se premente a partir do momento em que o professor
deve não só ter clareza teórica, mas entender a sala de aula como espaço que
permite, favorece e estimula à presença da discussão, da pesquisa, do debate,
de oficinas, de palestras, de atividades práticas, avaliação e enfim o
enfrentamento de tudo que se constitui o ser, a existência, as evoluções, o
dinamismo e a força da sociedade humana.
Mas para isso é preciso que o professor esteja consciente que ensinar já
não significa transferir saberes ou repassar o saber, mas proporcionar
reflexões sobre os mesmos junto aos alunos. Porém, existem muitos
educadores que ignoram esta dinâmica e continuam na mesmice.
Segundo Queluz, (1992, p.26):
A realidade das escolas mostra o contrário, não é assim que o
trabalho do professor se dá na escola. O professor ainda está
arraigado ao mundo de sua formação e poucos percebem que
muitos dos problemas que surgem na sala de aula e na escola
estão em função da própria ação docente diante do
conhecimento. Todas as dificuldades que se apresenta no
trabalho docente dos alunos, como: desinteresse da família,
repetência, condições econômica precária e procura-se atribuir
a
responsabilidade
a
causas
externas.
Esses
condicionamentos são influentes, é preciso ser levado em
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conta para que seja feito alguma coisa para entender tais
dificuldades. (1992, p. 26)
É preciso trabalhar o professor, há necessidade de construção de uma
nova competência pedagógica, de aperfeiçoamento de recursos humanos, de
capacitação em serviço. Nas palavras de Pereira (1992), educação em serviço
entende-se por:
Todas as atividades nas quais os profissionais se envolvam
quando estão em serviço e que são estruturados para
contribuir para a melhoria do seu desempenho. (...) É uma
atividade que possui objetivos definidos e está comprometida
com mudanças em indivíduos ou sistemas organizacionais. Isto
é alcançado através de mudanças nas pessoas e não em
regras, estruturas. Funções ou ambientes físico (embora tudo
isso possa estar relacionado a essas mudanças) e levado a
efeito através de seu aperfeiçoamento contínuo. (p.23)
Nessa visão é possível entendermos que uma nova competência
pedagógica se origina na própria prática, no debruçar-se sobre ela, no
movimento dialético ação-reflexão-ação, buscar-se escapar da dicotomia entre
teoria e prática, evitando a simples justaposição ou associação que
encaminharia para uma atividade apenas funcional, operativo. De acordo com
Queluz (1992):
Tanto a teoria quanto a prática tem papel assegurado nesse
processo, porque as teorias são como mapas que ajuda a
viajar em busca da realidade sem a qual não se faz sem
história. Na verdade busca-se a construção de uma prática
pedagógica que seja reflexiva, crítica e criativa. Para isso é
preciso considerar que o planejamento de programas de
formação em serviço exige a definição do professor e a
respectiva competência exigida da abordagem de currículo
mais moderno dos conhecimentos exigidos atualmente e
interesses de profissionais envolvidos. É importante a
participação direta dos profissionais na elaboração e
reelaboração do saber e do acelerado desenvolvimento
tecnológico por que passa a sociedade. A melhor maneira de
construir a competência pedagógica é possuir instrumentação
para viver, conviver com mudanças nos contextos educacional
e social. ( p. 28)
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A prática reflexiva do professor deve refletir sobre o seu próprio
trabalho e as condições sociais em que o seu exercício profissional está
situado. Entende-se que a prática pedagógica hoje tem de ser mais do que a
transmissão de conteúdos sistematizados do saber. Com certeza deve incluir a
aquisição de hábitos e habilidades e a formação de uma atitude correta frente
ao próprio conhecimento, uma vez que, o aluno deverá ser capaz de ampliá-lo
e de reconstruir-lo quando necessário, além de aplicá-lo em situações própria
do seu contexto de vida.
A CONTRIBUIÇÃO DA ESCOLA E DA FAMÍLIA NO PROCESSO DO
APRENDIZADO DA LEITURA
Vygotsky evidencia essa função da escola para o desenvolvimento dos
indivíduos através do ensino aprendizagem, e mostrando que é em seu interior,
que serão substanciados os saberes cotidianos em saberes científicos, sendo
que aqueles correspondem ao saberes construídos no âmbito extra-escolar e
estes referem-se aos saberes construídos no interior das escolas , o saber
sistematizado, bem elaborado o saber socialmente “aceitável”, que sofrem
modificações no âmbito escolar e posteriormente se tornam instrumentos de
interação e mudança social. REGO (1999) confirma essa inter-relação de
saberes ao afirmar que:
Ao interagir com esses conhecimentos, o ser humano se
transforma: aprende a ler e escrever, obter o domínio de
formas complexas de cálculos, construir significados a partir
das
informações
descontextualizadas,
ampliar
seus
conhecimentos, lidar com conceitos hierarquicamente
relacionados são atividades extremamente importantes e
complexas, que possibilitam novas formas de pensamento, de
inserção e atuação em seu meio. Isso quer dizer que as
atividades desenvolvidas e os conceitos aprendidos na escola
(que Vygotky chama de científico) introduzem novos modos de
operação intelectual: absorções e generalizações mais amplas
acerca da realidade (que opo sua vez transformam os modos
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de utilização da linguagem). A consequência, na medida na
medida em que a criança expande seus conhecimentos,
modifica sua relação congnitiva com o mundo (...) (p.104).
Percebe-se nas falas das crianças indagadas que apesar da escola
apresentar um aspecto importante no seu aprendizado, na maioria dos casos
ela não é o único local em que ela aprende. Assim eles revelam que o
ambiente escolar apresenta limites que não consegue atender na localidade o
processo educativo humano.
Porém alunos ressaltam o quanto a presença do adulto, do outro, é
relevante na apreensão do conhecimento. Nessa perspectiva REGO (1998)
aponta que o desenvolvimento do aprendizado do aluno incide na participação
do adulto, seja ele o professor, os pais, ou outros adultos que convivem com os
alunos.
Diante
desses
aspectos
revelados,
a
criança
constrói
seus
conhecimentos numa relação dialética com o mundo em que vive. Assim não é
apenas a escola que contribui nesse aprendizado, mas é uma somatória de
atividades que a criança vivencia permitindo apropriar-se do conhecimento.
Portanto, a Unidade escolar assume papel destacado no processo educativo
através da elaboração do conhecimento sistematizado que favorece o
desenvolvimento do aluno, diante da sociedade. É a partir do domínio da leitura
e escrita que o homem constrói a sua sobrevivência.
A IMPORTÂNCIA DE PAIS LEITORES
A participação dos pais junto aos filhos é a primeira associação
possível entre o mundo da família e o da escola para que a criança inicie sua
escolarização, é aquela entre socialização primária e socialização secundária.
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Ao serem indagados a respeito da presença do hábito de
leitura em domicílio, observa-se que o contexto familiar dos alunos
pertencentes às classes menos favorecidas, os níveis de aprendizado da
família em alguns momentos impedem-nas de progredir na leitura e na escrita,
pois as mesmas são apropriadas pelos alunos também no convívio com outras
pessoas.
O ambiente familiar representa um papel importante no
desenvolvimento do ser humano, especialmente na formação de atitudes e
hábitos. Segundo Rêgo (1999) a imitação desempenha aspecto relevante na
formação da personalidade da criança e o contato com o adulto possibilita o
aprendizado em dimensões significativas. Visto que vivemos numa sociedade
letrada, onde se revela a valorização da leitura e essa competência na criança
pode ser aprendida no ambiente familiar quando os pais são bons leitores.
Portanto, diante do exposto foram realizadas ações sobre a de
leitura e escrita na Escola Paraíso, destacando-se a leitura no quintal, sendo
realizadas quatro saídas de campo a cada semestre, onde professor,
coordenador, bibliotecário e alunos, de posse de uma vasta variedade de obras
literárias conduzidas no baú da leitura se dirigem para casa de um aluno,
desenvolvendo várias atividades de leitura com a participação da família e
comunidade local.
O objetivo principal é a aproximação da escola com a família
como meio de despertar a motivação para a prática da leitura de modo que, a
formação dos envolvidos possa lhe trazer uma visão de mundo, pois o
indivíduo que lê está contribuindo para o enriquecimento pessoal e para a sua
compreensão do mundo: paralelamente o crescimento econômico e social de
uma nação depende em grande parte do grau de instrução de seu povo. É a
partir de uma boa leitura que se expressa, se escreve bem e se adquire novos
conhecimentos. Os resultados foram satisfatórios, evidenciaram grande avanço
dos alunos pelo gosto da leitura e maior participação dos pais nesse processo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS:
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Sabe-se que os desafios são variados no enfrentamento das
dificuldades de leitura na sala de aula, porém é preciso traçar diretrizes,
desenvolver projetos que envolvam ações coletivas, integradoras; acreditando
que numa perspectiva de pesquisa-ação, onde os envolvidos têm papéis a
desenvolver, não mais permanecendo na condição de expectador, é preciso
reverter o atual quadro da educação brasileira, onde segundo o SAEB (2008),
os alunos estão cada vez menos habilidosos no ato de ler, pois entre outras
questões, o hábito de ler ainda não está constituído no dia-a-dia do aluno.
De forma mais restrita, atendo-se ao ambiente escolar de sala de
aula, vê-se que o professor está sempre buscando idéias, caminhos, atividades
que o ajudem a desenvolver, a estimular em seus alunos o tal “hábito” ou gosto
de ler, porém, o processo na verdade, é complexo; não bastam algumas ações,
mas um conjunto de ações, que de forma integradora, como já foi dito,
permitirão um maior domínio de conhecimentos a nível de intervenção docente
na produção de leitura de seus alunos. Desta forma acredita-se que o professor
possa atingir o alvo certo, ou seja, as dificuldades do aluno no processamento
da leitura.
A leitura é um dos meios mais importantes para a consecução de novas
aprendizagens; possibilita a construção e o fortalecimento de idéias e ações.
Um detalhe merece destaque, a leitura pode ser expandida pelo exemplo dado
pelos adultos através da relação dos mesmos com os livros e com o mundo da
escrita de um modo geral, ou seja, é o comportamento leitor demonstrado
pelos adultos às crianças é que podem fazer uma sociedade leitora ou
desmotivada ao ato de ler. E na escola a mesma só tem eficácia se gestor,
professor, aluno e família se unirem num mesmo objetivo.
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