Adesão ao tratamento de pacientes idosos com hipertensão arterial

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CLÁUDIA ARACOELI OLIVEIRA LOPES
ADESÃO AO TRATAMENTO DE PACIENTES IDOSOS COM HIPERTENSÃO
ARTERIAL SISTÊMICA
FLORIANÓPOLIS (SC)
2014
2
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CLÁUDIA ARACOELI OLIVEIRA LOPES
A NÃO ADESÃO AO TRATAMENTO DE PACIENTES IDOSOS COM HIPERTENSÃO
ARTERIAL SISTÊMICA
Monografia
apresentada
ao
Curso
de
Especialização em Linhas de Cuidado em
Enfermagem – Doenças Crônicas do Departamento
de Enfermagem da Universidade Federal de Santa
Catarina como requisito parcial para a obtenção do
título de Especialista.
Profa. Ma. Aline Lima Pestana Magalhães
FLORIANÓPOLIS (SC)
2014
3
FOLHA DE APROVAÇÃO
O trabalho intitulado Adesão ao Tratamento de Pacientes Idosos com Hipertensão
Arterial Sistêmica de autoria do aluno Cláudia Aracoeli Oliveira Lopes foi examinado e
avaliado pela banca avaliadora, sendo considerado APROVADO no Curso de Especialização em
Linhas de Cuidado em Enfermagem – Doenças Crônicas
_____________________________________
Profa. Ma. Aline Lima Pestana Magalhães
Orientadora da Monografia
_____________________________________
Profa. Dra. Vânia Marli Schubert Backes
Coordenadora do Curso
_____________________________________
Profa. Dra. Flávia Regina Souza Ramos
Coordenadora de Monografia
FLORIANÓPOLIS (SC)
2014
4
DEDICATÓRIA
A minha Família que sempre esteve ao meu lado
5
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela presença constante em minha vida, guiando os meus passos e confortando-me nas
dificuldades e inseguranças.
Aos meus pais, meus grandes incentivadores, que com muito amor e carinho, ensinaram-me os
verdadeiros valores da vida. Obrigada pela amizade e pela bela relação de amor que nos une..
A todos que de uma maneira ou de outra contribuíram não só na elaboração do presente trabalho,
como também em todo o meu processo de formação profissional.
6
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................
01
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA....................................................................................
03
3 MÉTODO............................................................................................................................
06
4 RESULTADO E ANÁLISE..............................................................................................
09
4.1 Análise do Perfil Sociodemográfico do Idoso com HAS.............................................. 009
4.2 Análise das Características Clínicas dos Pacientes Portadores de HAS.................... 111
4.3 Avaliação da Adesão ao Tratamento não Medicamentoso.......................................... 13
4.4 Avaliação da Adesão do Tratamento Medicamentoso................................................. 18
4.5 Análise dos Elementos Dificultadores e Facilitadores na Adesão ao Tratamento..... 20
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................... 24
REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 25
ANEXO.................................................................................................................................... 29
7
LISTA DE SIGLAS
ACS – Agente Comunitário de Saúde
AVC- Acidente Vascular Cerebral
CA – Circunferência Abdominal
DBHA – Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial
HÁ – Hipertensão Arterial
HAS – Hipertensão Arterial Sistêmica
IMC – Índice de Massa Corporal
PA – Pressão Arterial
PACS – Programa Agente Comunitário de Saúde
PAS – Pressão Arterial Sistólica
PAD – Pressão Arterial Diastólica
PSF – Programa Saúde da Família
SNC – Sistema Nervoso Central
SUS – Sistema Único de Saúde
USF – Unidade de Saúde da Família
8
LISTA DE QUADROS
Quadro 1. Características Sociodemográficas dos Idosos com HAS ...................................
09
Quadro 2. Características Clínicas dos Portadores de HAS. .................................................
11
Quadro 3. Participantes do Estudo Segundo Adesão de Tratamento Não Medicamentoso. . 14
Quadro 4. Participantes do Estudo Segundo a Adesão do Tratamento Medicamentoso. ......
18
Quadro 5. Participantes do Estudo Segundo os Elementos Dificultadores e Facilitadores na
Adesão.na Adesão ao Tratamento ...........................................................................................
20
i
RESUMO
A pesquisa tem como objetivo buscar estratégias para a adesão do idoso ao tratamento de
Hipertensão Arterial Sistêmica, detectando as dificuldades para a adesão do idoso ao tratamento
anti-hipertensivo, verificando os cuidados de enfermagem aos hipertensos e, analisando até que
ponto a Educação em Saúde pode influenciar no comportamento do idoso para a sua adesão. Foi
utilizado um questionário com questões relativas às características sóciodemográficas, clínicas,
cumprimento do tratamento não-farmacológico e farmacológico e elementos intervenientes na
sua adesão terapêutica., palestras e consultas médicas e de enfermagem. Os resultados
demonstraram que de acordo com as características clínicas, a maioria dos hipertensos
apresentavam outras complicações, como acidente vascular cerebral e Infarto do miocárdio e
tinham história familiar. Quanto à adesão ao tratamento não medicamentoso, pessoas se
encontravam com sobrepeso ou obesidade e apresentavam a circunferência abdominal
aumentada, pois parte dos pacientes acrescentavam sal à refeição, eram sedentários e julgavam
se estressar com facilidade. Um grande percentual do grupo avaliado declarou o uso atual de
fumo e bebidas alcoólicas. O tratamento farmacológico foi indicado para todas as pessoas com
hipertensão arterial, pois muitos haviam interrompido a tomada medicamentosa pelo menos uma
vez, alegando dificuldades no seguimento do tratamento da hipertensão arterial relacionadas ao
paciente, à medicação, aos tratamentos não medicamentosos e institucionais. Muitos recebiam
ajuda da família no seguimento ao tratamento anti-hipertensivo. Portanto, conclui-se que a
adesão ao tratamento ainda é um grande desafio aos profissionais de saúde devido às
repercussões negativas na vida dos acometidos e em todo o sistema de saúde.
Palavras-Chaves: Adesão. Tratamento hipertensivo. Idosos. Enfermagem. Hipertensão arterial
sistêmica.
2
1 INTRODUÇÃO
A Hipertensão Arterial Sistêmica – HAS é uma doença de alta prevalência que atinge a
população adulta acima de 18 anos em cerca de até 20%, sendo que na população idosa esse
número pode chegar a até 50%, representando uma das principais causas de morbi-mortalidade
do mundo (NETO et al, 2006). Além disso, é fator de risco para complicações cardiovasculares
(CESARINO et al, 2004).
De acordo com Porto (2005), a hipertensão arterial é uma síndrome que se caracteriza
essencialmente pelo aumento dos níveis pressóricos, tanto sistólico quanto diastólico. As V
Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (2006), considera o limite de normalidade para
Pressão Arterial Sistólica - PAS <130-139 mmHg e Pressão Arterial Diastólica - PAD <8589mmHg e valores maiores que 140mmHg de PAS e 90mmHg de PAD considera se hipertensão.
Nem sempre a sua causa é conhecida, no entanto diversos fatores podem estar relacionados com a
elevação da pressão arterial como o estresse, sedentarismo, tabagismo, envelhecimento, história
familiar, raça, gênero e os fatores dietéticos, principalmente o uso excessivo do sódio
(SIMONETTI et al, 2002).
Mesmo com todas as evidências de que o tratamento anti-hipertensivo é altamente eficaz
para a redução da morbimortalidade cardiovascular, os índices de controle de pressão arterial são
baixos devido a pouca adesão ao tratamento. As Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial
(2006) mostram controle de 20% a 40% e frisam ainda que a taxa de abandono, grau mais
elevado da falta de adesão, cresce com o tempo de terapêutica.
Em estudo realizado com 401 portadores de HA que se encontravam há pelo menos 60
dias sem tratamento anti-hipertensivo mostrou que, apenas 24,4% das pessoas tinham a pressão
arterial sistólica normal e somente 22,5% apresentavam a diastólica em níveis desejáveis ao
retornar o consultório (ANDRADE et al, 2002).
Já outro estudo com 622 pessoas com HA atendidas em um ambulatório de referência
mostrou que cerca de 47,2% dos 161 homens e 42,3% das 461 mulheres portavam complicações
da doença, principalmente, hipertrofia ventricular esquerda, insuficiência renal e acidente
vascular cerebral (NOBLAT et al., 2004).
Verificam-se com clareza as consequências oriundas da hipertensão arterial não
controlada para o organismo. A hipertensão é vista como um dos fatores de risco mais elevados
3
na cardiopatia coronariana e nos acidentes vasculares cerebrais; além de poder determinar
insuficiência cardíaca congestiva, cardiopatia hipertensiva, dissecção da aorta e insuficiência
renal, os efeitos prejudiciais da pressão sanguínea aumentam à medida que a pressão se eleva
(ROBBINS, COTRAN; KUMAR, 2005; RIBEIRO; LOTUFO, 2005; FUCHS, 2006).
Diante do exposto acima, pergunta-se: Quais as características sociodemograficas dos
idosos hipertensos atendidos no PSF – Retiro na cidade de Russas/CE? Quais as principais
dificuldades encontradas para a adesão de pacientes idosos hipertensos ao tratamento
medicamentoso e não medicamentoso?
Considerando as inúmeras implicações das doenças cardiovasculares afetando,
principalmente a população idosa de todas as camadas sociais tanto em países desenvolvidos
como em desenvolvimento, este estudo justifica-se na tentativa de detectar as principais
dificuldades de adesão ao tratamento da hipertensão pela população idosa. Ademais, trata-se de
um problema de grande relevância para toda a sociedade, profissionais de saúde e estudiosos em
geral.
Um dos grandes desafios da saúde pública é a adesão do idoso hipertenso ao tratamento.
Portanto, este tema requer muita compreensão porque implica em atender três questões bastante
complexas como Adesão, Hipertensão Arterial e Idoso. Cada uma destas questões tratadas
individualmente já se torna um grande desafio, quando associadas o seu controle requer uma
intervenção cuidadosa.
Para o paciente aderir ao tratamento significa concordar e seguir a prescrição de modo
ativo no seu tratamento (NOBRE; PIERIN; MION, 2001). Desse modo, a adesão do idoso ao
tratamento anti-hipertensivo é imprescindível ao controle dos fatores de riscos e na ausência, a
doença pode resultar em agravos mais complexos.
Portanto, este projeto tem como objetivo geral: Identificar as características
sociodemograficas dos idosos hipertensos atendidos no PSF – Retiro na cidade de Russas/CE e
elencar as principais dificuldades encontradas para a adesão de pacientes idosos hipertensos ao
tratamento medicamentoso e não medicamentoso.
4
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A Hipertensão Arterial Sistêmica – HAS por se tratar de uma epidemia moderna tanto em
nível nacional quanto internacional vem se expandindo continuamente, tornando-se, assim, uma
das mais graves doenças crônicas não transmissíveis, sendo responsável direta ou indiretamente
por um elevado número de óbitos no mundo atual.
Porto (2005, p. 491) apresenta um roteiro para a investigação diagnóstica na Hipertensão
Arterial:
1) Obedecer sempre às normas e recomendações quanto a posição do paciente e ao tipo de
manguito, valorizando sempre duas mensurações da pressão arterial com intervalo
mínimo de 5 minutos entre uma e outra. Se houver diferença significativa nesta avaliação
inicial repetir a mensuração 1 ou 2 dias depois.
2) Sempre que possível, colocar o paciente em dieta hipossódica e sem uso de medicamentos
anti-hipertensivos durante uma semana, para uma correta avaliação do grau de
hipertensão (leve, moderada ou grave) e de forma evolutiva (benigna ou maligna).
3) Com os dados clínicos – sexo, idade, sintomas e sinais de evolução complementados por
exames laboratoriais simples – exame de urina, dosagem de eletrólitos, creatina e glicose
– procurar indícios de enfermidade renal, endócrina ou vascular que possa ser a causa da
hipertensão arterial.
4) Avaliar as condições dos órgãos-alvo (coração, rins, cérebro), caracterizando a presença
ou não de complicações.
5) Feito o diagnóstico de hipertensão arterial, o médico deve interpretá-la, compreendendo o
paciente como um todo, ou seja, jamais ficar restrito às cifras tensionais, considerando
que elas sintetizam tudo o que o paciente possa ter.
Pode-se verificar que a avaliação diagnóstica de Porto (2005) é criteriosa para classificar e
diagnosticar a etiologia, bem como para avaliar os fatores de risco cardiovascular, a presença ou
não de doenças em órgãos-alvo ou doença cardiovascular clínica. No entanto, para que seja
eficaz, torna-se necessário que a medida da pressão arterial seja feita pelo método indireto com
técnica auscultatória com o esfigmomanômetro de coluna de mercúrio que é o equipamento mais
adequado.
5
O objetivo principal do tratamento para o controle da HA é reduzir a morbidade e a
mortalidade cardiovasculares do portador de hipertensão, aumentadas em decorrência dos altos
níveis tensionais e de outros fatores agravantes (DBHA, 2006). Durante o tratamento da doença
são utilizadas tanto medidas não-medicamentosas isoladas, como também associadas à adoção de
fármacos anti-hipertensivos.
O tratamento não farmacológico realiza-se pela modificação do estilo de vida do paciente,
incluindo hábitos alimentares saudáveis, redução do consumo de bebida alcoólica, abandono do
tabagismo, combate ao sedentarismo, gerenciamento do estresse e suspensão de drogas
hipertensivas.
O conhecimento do tratamento da HA e os benefícios deste tornam-se indispensáveis a
sua adesão pelo portador, no entanto a literatura apresenta vários fatores que têm contribuído para
a não-adesão. Nesse contexto, uma das alternativas que o profissional de enfermagem pode aderir
para modificar o quadro da não-adesão dos idosos ao tratamento de HÁ é a Educação em Saúde,
posto que os mesmos já possuem um atendimento no campo da atenção primária a saúde.
Compreende-se que a adesão ao tratamento anti-hipertensivo recebe influência de três
grupos de fatores: os relativos ao próprio paciente, como as variáveis sóciodemográficas, os
conhecimentos e crenças que as pessoas têm sobre a doença e o tratamento e o apoio da família;
os relacionados à terapêutica farmacológica e não-farmacológica; e os fatores relacionados ao
sistema de saúde (ARAÚJO, 2004).
Quanto aos fatores relacionados à terapêutica farmacológica e não-farmacológica, a
adesão ao tratamento da HA torna-se cada vez mais difícil por ser esta uma doença crônica, o que
requer tratamento durante toda a vida, além da mudança de estilo de vida pelos seus portadores.
Quanto aos fatores relacionados ao sistema de saúde, Araújo (2004) chama a atenção,
visto que a satisfação da pessoa com o atendimento é fator primordial para sua adesão à
terapêutica recomendada.
As Diretrizes (2006) defendem que a hipertensão, por ser uma doença multifatorial,
envolvendo orientações voltadas para vários objetivos, exige diferentes abordagens e a formação
de uma equipe multiprofissional proporcionará essa ação diferenciada, ampliando o sucesso do
controle da hipertensão e dos demais fatores de risco cardiovasculares.
A consulta de enfermagem deve ser realizada por meio de componentes do método
científico para identificar situações de saúde/doença, prescrever e implementar medidas de
6
enfermagem que contribuam para promoção, prevenção, proteção da saúde, recuperação e
reabilitação do indivíduo, família e comunidade. Além disso, o conhecimento do paciente acerca
da doença hipertensiva deve ser considerado e valorizado pelos profissionais de saúde durante as
consultas (PIERIN, STRELEC; MION JÚNIOR, 2004; MOREIRA, 1999).
Para Moreira (1999), o desconhecimento da doença pode dificultar muito o seguimento do
tratamento, por isso o profissional de saúde é de extrema importância para a facilitação do
conhecimento de sua patologia e do tratamento respectivo, visando o aumento dos índices de
adesão ao tratamento. Machado, Stipp e Leite (2005) acrescentam ainda que, durante as consultas
de enfermagem, devem-se identificar as necessidades afetadas, como o déficit de conhecimento
em relação à doença e ao programa de tratamento, além de alertar o paciente quanto a
importância da adesão ao tratamento.
Buscando a adesão dos pacientes hipertensos idosos ao tratamento, as ações que serão
desenvolvidas nesse projeto priorizarão a Educação em Saúde de modo a possibilitar a
participação ativa dessas pessoas na discussão da necessidade de adesão ao tratamento e na
adequabilidade de tal prática a seu cotidiano e ações multidisciplinares com a parceria da equipe
da Atenção Primária a Saúde.
A Educação em Saúde é um processo sistemático, contínuo e permanente que objetiva a
formação e o desenvolvimento da consciência crítica do cidadão, estimulando a busca de
soluções coletivas para os problemas vivenciados e a sua “participação real” no exercício do
controle social.
Pode-se, assim, dizer que agir em saúde não é um que fazer neutro. O trabalho em saúde
como prática social contém uma dimensão política e ideológica, sempre referidas a um projeto de
sociedade, o que implica um comprometimento ético por parte de todos os sujeitos em relação
neste campo, sejam eles os grupos sociais usuários da rede de atenção à saúde, os profissionais
das equipes de saúde, os gestores (MEHRY et alli. 2003).
7
3 MÉTODO
O Projeto foi realizado seguindo as linhas traçadas anteriormente através de um Plano de
Ação que consiste em diversas atividades realizadas que envolveram ações da área da Atenção
Primária a Saúde e da Educação Permanente em Saúde. O plano de ação tem por objetivo aplicar
o método do Planejamento Estratégico Situacional, considerando a sua construção como uma
caminhada na qual cada estratégia traçada corresponde a um conjunto de atividades que precisam
ser conhecidas e elaboradas para que, ao final, seja possível o desenho do plano como um todo.
Apresentação do Problema: Quais as principais dificuldades encontradas para a adesão de
pacientes idosos hipertensos ao tratamento? Que estratégias podem ser usadas para que os
pacientes que não aderem ao tratamento da hipertensão possam vir a aderir? Como mostrar a
esses pacientes a sua importância?
CRONOGRAMA DE ATIVID.
AÇÕES
ATORES
META
Confecção de Cartilhas de
Orientações
para
o
paciente com HAS
Visitas Domiciliares e
entrega dos folhetos
Enfermeiro
Divulgar as orientações
sobre a HAS e o seu
tratamento.
Conscientizar os idosos da
necessidade da adesão ao
tratamento da HAS
Analisar as causas da nãoadesão dos idosos ao
tratamento da HAS.
Expor as conseqüências da
sua
não
adesão
ao
tratamento da HAS e
Convite para na semana
seguinte voltar ao PSF
para uma consulta e
aferição da pressão arterial
Consulta para diagnosticar
o grau da HAS e
prescrição do tratamento
Investigar se o idoso
seguiu o tratamento e
avaliar
as
mudanças
ocorridas no período de
uma semana
Reunião no PSF –Retiro –
Aplicação
de
um
questionário.
Roda de conversas
Enfermeiro
e
Agente
Comunitário de Saúde do
PSF - Retiro
Enfermeiro e Equipe do
PSF.
Enfermeiro e Idosos
Consulta e Aferição da
Pressão Arterial
Médico,
idosos
enfermeiro
Retorno da Consulta
Enfermeiro,
Idosos
Médico
e
e
1ª Sem 2º Sem 3ª Sem 4ª Sem
X
X
X
X
X
X
X
8
O Projeto foi aplicado no Programa Saúde da Família – PSF - Retiro na cidade de
Russas/CE que atende uma clientela de Oitocentos e Setenta e Oito famílias, abrangendo toda a
área do Retiro, Borges, Maxixe, Pau D’arco, Poço Verde, Córrego da Catita, Melancias, Barro
Vermelho, Ilhota, Campo Limpo, atendendo os diversos grupos que fazem parte da Atenção
Primária a Saúde e mantendo o compromisso com os princípios do SUS.
A unidade de Saúde da Família - USF é a nova porta de entrada para os serviços de saúde,
trabalhando dentro de uma nova lógica, que lhe atribui maior capacidade de resposta às
necessidades básicas de saúde da população dentro de sua área de abrangência.
O Programa de Saúde da Família tem se constituído num dos pilares do movimento de
reorganização do sistema de saúde brasileiro, consolidando-se como política prioritária de
governo, dado a grande expansão da estratégia de saúde da família, especialmente a partir de
1998, com ampliação quantitativa e geográfica da cobertura, pelo progressivo aumento do
número de municípios, estados e regiões no país; a crescente legitimação institucional da
estratégia de saúde da família no âmbito do SUS, do que é indicativa a própria expansão
territorial - na medida em que traduz uma crescente adesão dos gestores municipais à proposta, e
a “trajetória institucional” das coordenações do PACS/PSF em municípios, estados e no próprio
Ministério da Saúde, passando da condição de coordenações de programas para diretorias ou
departamentos de atenção básica, a partir dos quais, institucionalmente, são reordenados os
diversos programas e áreas técnicas; e, o fortalecimento dos mecanismos de sustentabilidade
financeira.
No sentido de buscar a adesão dos idosos ao tratamento da HAS, o primeiro passo foi a
construção de Cartilhas com as devidas explicações do que é a HAS, suas complicações
tratamento. Na segunda atividade do projeto, com o acompanhamento da ACS da área foi feita as
visitas domiciliares e entregue a Cartilha, quando recebem o convite para na semana seguinte
comparecer ao PSF – Retiro.
A terceira atividade constou de uma reunião no PSF – Retiro, quando se analisou os dados
do sistema SISVAN E HIPERDIA os fatores que levam esses idosos a não fazerem a adesão do
tratamento no sentido de intervir junto a cada um desses para que haja uma mudança de
comportamento em relação ao seu autocuidado.
9
Na quarta atividade realizou-se uma segunda reunião no PSF – Retiro e foi realizada uma
roda de conversas orientando e recebendo as opiniões dos idosos a respeito da necessidade de
adesão ao tratamento da HAS.
Na quinta atividade, os idosos foram encaminhados para consulta onde o médico fez duas
aferições da pressão arterial e, de acordo com o resultado do exame fará a prescrição do
tratamento medicamentoso ou não ou, ainda a associação dos dois para que no prazo de uma
semana eles retornem para uma nova avaliação para que eles possam refletir p seu estado de
saúde e a sua necessidade de tratamento.
A sexta atividade foi o momento de detectar se o projeto surtiu algum efeito, seja ele
positivo ou negativo, tendo em vista que os idosos retornam ao PSF para o retorno da consulta,
onde serão feitos os mesmos procedimentos para aferição da pressão arterial.
Considerando-se a importância da atuação do enfermeiro na equipe multiprofissional
frente ao cuidado do portador de hipertensão arterial, espera-se que este projeto redirecione a
visão dos profissionais para valorização do trabalho em equipe no atendimento a essa clientela,
visto que muitos já apresentam complicações sérias, que, se não tratadas e acompanhadas
adequadamente, poderão culminar com a ocorrência de outras complicações, por vezes mais
incapacitantes e até fatais. Vale ressaltar, que este projeto pode ter uma continuidade mensal, para
o devido acompanhamento dos idosos, bem como pode se estender a outros PSFs.
Tratando-se apenas de um projeto de intervenção não foi submetido ao Comitê de Ética,
no entanto tive muita preocupação em não ferir a ética durante toda a intervenção, cuidados e
procedimentos realizados, sempre zelando pela integridade física e moral do paciente..
10
4 RESULTADO E ANÁLISE
4.1 Análise do Perfil Sociodemográfico dos Idosos com HAS
Foram analisados 50 cadastros de idosos que são atendidos na Rede de Atenção Primária
a Saúde no PSF – Retiro na cidade de Russas/CE. Com base na literatura nacional e nos dados
dos sistemas de informação como HIPERDIA - Sistema de Cadastramento e Acompanhamento
de Hipertensos e Diabéticos e SISVAN – Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional passa-se
a descrever as características sociodemográficas dessa população.
Características
Faixa Etária (N=50)
60|-|69
70|-|79
80|-|90
2 Sexo (N=50)
Feminino
Masculino
3 Cor (N=50)
Branca
Não-Branca
4 Ocupação (N=50)
Aposentado/ Pensionista
Auxílio doença
Trabalhadores do comércio
5 Escolaridade (N=50)
Até Alfabetizado
Ensino Fundamental (Incompleto ou Completo)
Ensino Médio e >
6 Renda familiar (N=50)
Até 1
1-|2
2-|8
7 Religião (N=50)
Católico
Não-católico
8 Estado Civil (N=50)
Solteiro (a)/Viúvo (a)/Divorciado (a)
Casado (a)/ União consensual
9 Nº filhos (N=50)
0a2
3a5
>5
10 Nº de pessoas no domicílio (N=50)
1a2
3a6
7 a 14
N
%
36
10
04
72%
20%
8%
18
32
36%
64%
16
34
32%
68%
35
05
10
70%
10%
20%
25
20
05
50%
40%
10%
28
12
10
56%
24%
20%
42
08
84%
16%
14
36
28%
72%
10
25
15
20%
50%
30%
01
09
40
2%
18%
80%
11
QUADRO 01 – Características Sociodemográficas dos Idosos com HAS
FONTE: Sistema HIPERDIA (2014)
A idade de maior prevalência dos hipertensos que participaram da pesquisa foi a faixa
entre 60 e 69 anos. Estima-se que pelo menos 60% dos idosos brasileiros sejam hipertensos e,
grande parte deles, além da HA apresenta outros fatores de risco, lesão de órgão-alvo ou doença
cardiovascular associada (DBHA, 2006).
Desse modo, torna-se indispensável o atendimento as pessoas com esta faixa etária. A
adesão ao programa terapêutico pode ser mais difícil para os idosos devido a habilidade de
apreender e adquirir novos domínios e informações estar diminuída nesta faixa etária,
principalmente, depois da sétima década de vida (SMELTZER e BARE, 2005).
Quanto ao sexo, apesar da predominância das mulheres na maioria das pesquisas com
portadores de HA (STRETEC, PIERIN, MION JÚNIOR, 2003; MACHADO, STIPP LEITE,
2005; SANTOS et al, 2005; NOBLAT et al., 2004), o maior índice ocorreu na população
masculina com 64%. Já em relação à cor da pele, 34 (68%) eram não-brancos, opondo-se aos
estudos de Strelec, Pierin e Mion Júnior (2003) e de Andrade et al., (2002).
As ocupações foram agrupadas conforme a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO1991). Os (as) aposentados e (as)/pensionistas foram representados por toda a população
pesquisada, no entanto 10% dos aposentados ainda têm ocupação no comércio. A ocupação
poderá influenciar a adesão ao tratamento, a presença de aposentados e pensionistas poderá
favorecer a adesão, devido à maior disponibilidade de dedicação ao tratamento (LIMA, 2002).
Sobre a escolaridade dos participantes, 50% eram apenas alfabetizados. O grau de
instrução vem sendo considerado um dos fatores determinantes da adesão terapêutica. Nesse
sentido, Guedes et al, (2005) explicam que deficiências na formação escolar podem dificultar a
assimilação de orientações oferecidas pelos profissionais de saúde e influenciar na percepção da
gravidade da doença, levando à aquisição de informações incompletas sobre aspectos necessários
para manter ou melhorar seu bem-estar.
A renda familiar teve uma variação entre 1 e 8 salários mínimos. No entanto, a maioria
das pessoas recebia 1 salários, representando 56% do total. A baixa renda familiar apresentada
pelos sujeitos do estudo demonstra limitada capacidade de aquisição dos recursos necessários
para o tratamento.
12
Quanto à religião, 42 eram católicos, correspondendo a 84% do total. A religião é uma
variável que atua na subjetividade, nos valores morais e no poder maior ou menor de aceitação
das coisas, inclusive da enfermidade e de seu tratamento (GOMES; OLINDA, 2005).
Sobre o estado civil, 36 (72%) eram formalmente casadas ou viviam em união consensual,
o que poderá favorecer a adesão ao regime terapêutico. No estudo de Moreira (1999), o cônjuge
foi a pessoa mais referida como incentivadora do tratamento.
Quanto ao número de filhos relatados pelas pessoas investigadas, 50% tiveram de 3 a 5
filhos. Moreira (1999) acrescenta que além do cônjuge, é bastante relevante o auxílio que os
filhos ou qualquer outro membro familiar podem fornecer ao doente, tornando-se como um
membro chave de apoio no tratamento e a conseqüente prevenção de complicações.
4.2 Análise das Características Clínicas dos Pacientes portadores de HAS
Para analisar as características clínicas dos 50 pacientes portadores de HAS, foram
analisados os seguintes itens: tempo de descoberta da HAS, como descobriu a hipertensão,
doenças associadas, internações, número de internações, motivos da internação, história familiar,
classificação da pressão arterial, tempo de acompanhamento no serviço.
Características
1 Tempo (em anos) descoberta da HA (N=50)
Até 10 anos
Acima de 10 anos
Não lembram
2 Como descobriu ser hipertenso (N=50)
Por ocasião da complicação
Ao apresentar sinais e sintomas da HA e/ou complicação
Verificou PA na farmácia ou em uma consulta
Outros
Não lembram
3 Doenças associadas (N=50)
Acidente vascular cerebral
Infarto agudo do miocárdio
Doença arterial coronariana
Revascularização cardíaca
Hipertrofia ventricular esquerda
Insuficiência cardíaca congestiva
Outras
4 Internações anteriores (N=50)
Sim
Não
5 Nº de internações (N=50)
N
%
29
16
05
58%
32%
10%
12
11
20
08
01
24%
22%
40%
16%
2%
15
14
11
04
03
02
01
30%
28%
22%
8%
6%
4%
2%
28
22
56%
44%
13
<2
3|-|5
6|-|10
6 Motivo das internações (N=50)
Complicações/Sinais e sintomas das complicações da HÁ
Alterações na PA
Revascularização/angioplastia
Outras cirurgias/Parto
Exames (cateterismo)
Outros
7 História Familiar (N=50)
Sim
Não
Não sabe referir
Familiar acometido (N=50)
Pai e/ou Mãe
Outros
Diabetes Mellitus (N=50)
Sim
Não
Não sabe referir
Familiar acometido (N=50)
Pai e/ou Mãe
Irmãos
Tios
Filhos
13
25
12
26
50
24
15
20
11
01
02
01
30
40%
22%
2%
4%
2%
27
21
02
54%
42%
4%
36
14
72%
28%
14
33
03
28%
66%
6%
28
12
07
03
56%
24%
14%
6%
QUADRO 02: Características Clínicas dos Portadores de HAS
FONTE: Sistema HIPERDIA (2014)
Em relação às características clínicas dos pacientes portadores de HAS 58% descobriram
a HA, entre 1 e 10 anos, conforme demonstra no quadro 02. Andrade et al (2002) salientam que,
quanto maior o tempo de duração da HA, maior será o percentual de abandono do tratamento.
Os resultados demonstram ainda que 12 (24%) pessoas referiram ter descoberto a HAS
por ocasião das complicações, ou em onze (22%) por meio de sinais e sintomas característicos da
doença hipertensiva (tontura, cefaléia, cansaço, falta de ar, mal estar, entre outros) que os levaram
a procurar atendimento em algum serviço de saúde, o que mostra que não existe um
comportamento preventivo em relação à doença nos indivíduos que participaram do estudo, o que
segundo Moreira (1999), reflete uma posição muito comum na sociedade. A autora ressalta a
importância das campanhas educativas, enfocando a detecção precoce e a prevenção da
hipertensão, ressaltando a extrema importância da atualização dos profissionais de saúde
Constata-se que todas as pessoas apresentavam complicações associadas à hipertensão, e
elas são assim distribuídas: 15 sofreram acidente vascular cerebral; 14 já sofreram infarto do
14
miocárdio; seguido de 11 com diagnóstico de doença arterial coronariana; 04 com hipertrofia
ventricular esquerda e 02 que já haviam se submetido à cirurgia de revascularização cardíaca.
Pode-se induzir que a maioria desses pacientes não buscam nenhum meio de amenizar o
seu estado de saúde, pois conforme se tem conhecimento o controle dos níveis elevados da PA
com modificações de estilo de vida e uso de medicamentos antihipertensivos melhora a função
miocárdica, previne e reduz a insuficiência cardíaca e a mortalidade cardiovascular (RIBEIRO;
LOTUFO, 2005)
Referente ao número e motivo das internações relatadas pelos participantes, constatou-se
que 28 (56%) já haviam se submetido a internações hospitalares e, quando questionados quanto
ao número de internações anteriores, detectou-se uma variação entre 1 e 10 internações, porém 25
pessoas relataram de 3 a 5 hospitalizações.
Quanto aos motivos apontados para suas internações destacam-se a ocorrência de
complicações cardio-cérebrovasculares ou a presença de sinais e sintomas das complicações em
46 pessoas, além de revascularização cardíaca/angioplastia citadas por 4 pessoas. A HA e suas
complicações são responsáveis por alta freqüência de internações, ocasionando altos custos
hospitalares, econômicos e sociais no país (DBHA, 2006).
Quanto aos antecedentes familiares, 27 (54%) pessoas tinham história de HÁ. Sabe-se
que o fator hereditário exerce influência no surgimento das doenças cardiovasculares e de outras
enfermidades (KATZUNG, 2006). Assim, o conhecimento de antecedentes familiares deveria ter
despertado os participantes do estudo para o cuidado preventivo com a saúde.
4.3 Avaliação da Adesão ao Tratamento Não Medicamentoso
A avaliação dos participantes quanto ao tratamento não-medicamentoso embasou-se nas
medidas de controle da doença recomendadas pelas V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão
Arterial (2006), contemplando os seguintes aspectos: controle do peso; redução do consumo de
sal; padrão alimentar; prática regular de exercícios físicos; controle do estresse psicoemocional;
abandono do tabagismo e moderação no consumo de bebidas alcoólicas.
15
VARIÁVEIS
1.CONTROLE DE PESO
IMC Kg/m2 (N=50)
Baixo peso
Peso saudável
Sobrepeso
Obeso grau I
Obeso grau II
Obeso grau III
Circunferência Abdominal (N=50)
Normal
Aumentada
Muito aumentada
2. REDUÇÃO DO CONSUMO DE SAL
Usa saleiro na mesa (N=50)
Sim
Não
Adiciona sal (N=50)
Sim
Não
Às vezes
Consumo de fontes industrializadas de sal (N=50)
Sim
Não
Às vezes
3. PADRÃO ALIMENTAR
Consumo de frituras (N=50)
Sim
Não
Às vezes
Uso de produtos lácteos (N=50)
Integrais
Desnatados
Não consomem
Consumo de Café (N=50)
Sim
Não
4. PRÁTICA REGULAR DE EXERCÍCIOS FÍSICOS
Realiza exercício (N=50)
Sim
Não
Motivo para não realização de atividade física (N=47)
Distúrbios musculoesqueléticos ou reumáticos
Dor/edema de MMII
Desmotivação/ausência de companhia/gosta de ficar em casa
Gera “dor no peito” ou taquicardia ao realizar exercícios
N
%
01
01
20
24
03
01
2%
2%
40%
48%
6%
2%
06
32
12
12%
64%
24%
13
37
26%
74%
03
37
10
6%
74%
20%
15
10
25
30%
20%
50%
16
18
16
32%
36%
32%
18
08
24
36%
16%
48%
48
02
96%
4%
03
47
6%
94%
12
09
08
09
25,5%
19,1%
17%
19,1%
16
Não tem tempo
Seqüela de AVC (Hemiparesia, hemiplegia)
Ignorado
Outros
5. CONTROLE DO ESTRESSE PSICOEMOCIONAL
Estresse com Facilidade (N=50)
Sim
Não
Atividades de lazer (N=50)
Sim
Não
Interrupção do sono (N=50)
Sim
Não
Uso de medicamento (N=50)
Sim
Não
Medicamento utilizado (N=50)
Ansiolíticos-benzodiazepínicos
Antidepressivos
6. ABANDONO DO TABAGISMO
Uso atual de fumo (N=48)
-Nunca
-Sim
Número de cigarros/dia (N=48)
1|-|2
>2
Masca Fumo
-Ex-fumante
7. MODERAÇÃO NO CONSUMO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS
Uso atual de Álcool (N=50)
-Nunca
-Sim
Tipo de bebida (N=35)
Cerveja
Uísque
Vinho
Aguardente
01
05
02
01
2,1%
10,6%
4,2%
2,1%
17
33
34%
66%
06
44
12%
88%
39
11
78%
22%
48
02
96%
4%
22
28
44%
56%
02
48
4%
96%
02
20
16
10
4,1%
41,6%
33,3%
29,8%
15
35
30%
70%
12
02
03
18
34,2%
5,7%
8,5%
51,5%
QUADRO 03: Participantes do estudo segundo adesão ao tratamento não medicamentoso
FONTE: Sistema SISVAN (2014)
Em relação ao controle de peso, o cálculo do IMC permitiu identificar que uma (2%)
pessoa apresentou baixo peso e apenas uma (2%) apresentaram peso normal, enquanto 20 (40%)
estavam com sobrepeso, 24 (48%) pessoas estavam na classe obeso I e três (6%) na classe de
obeso II e um (2%) na classe de obeso III.
Desse modo, 49 (98%) pessoas encontravam-se em sobrepeso ou obesidade, o que é
muito preocupante, levando em conta o papel da obesidade para a elevação dos níveis pressóricos
17
e aumento do risco de co-morbidade (ALMEIDA; LOPES, 2007; BRASIL, 2001). Por outro
lado, reconhece-se que a diminuição de 5% a 10% do peso corporal inicial já traz benefícios na
redução da pressão arterial (DBHA, 2006).
Tratando-se, ainda, do controle de peso, avaliou-se a circunferência abdominal (CA) das
50 pessoas. Destes, apenas seis (12 %) tinham a CA normal, enquanto 32 (64 %) e 12 (24%)
apresentavam a CA aumentada ou muito aumentada, respectivamente.
O excesso de peso associado ao acúmulo de gordura na região mesentérica, obesidade do
tipo central, visceral ou androgênica está associado a maior risco de doença aterosclerótica. Além
disso, geralmente, os indivíduos com este tipo de obesidade apresentam dislipidemia, resistência
a insulina e hipertensão arterial sistêmica, condições que associadas, caracterizam a síndrome
metabólica (IV DB-Dislipidemia, 2007), condição de caráter progressivo que pode aumentar a
mortalidade geral em 1,5 vez e a cardiovascular em 2,5 a três vezes (DBHA, 2006).
Quanto à redução do consumo de sal, treze (26%) pessoas, responderam que utilizam
saleiro de mesa, e a maioria, compreendendo 37 (74%) pessoas, não acrescentava sal à refeição.
O consumo de fontes industrializadas de sal como: molhos prontos, sopas em pó, embutidos,
conservas, enlatados, congelados, defumados e salgados de pacote foi referido por 15 (30%)
pessoas, outras sete (8,9%) disseram às vezes consumir, enquanto 57 (72,2%) negaram o
consumo destes alimentos.
A redução do sal na dieta pode reduzir 6 mmHg da pressão arterial sistólica, o que do
ponto de vista populacional reduz a incidência de doença arterial coronária em 10% e de acidente
vascular cerebral em 16% (MANCILHA-CARVALHO; SOUZA-SILVA, 2003).
Já em relação ao padrão alimentar, as diretrizes de hipertensão arterial (2006)
recomendam o consumo de frutas, verduras, uso de produtos lácteos, de preferência, desnatados,
e quantidade reduzida de gorduras saturadas e colesterol pelas pessoas portadoras da doença.
Ao analisar os dados do SISVAN, 26 (52%) dos participantes do estudo sendo que 18
(36%) consume produtos lácteos integrais, enquanto 08 (16%) usavam os desnatados. Por outro
lado, 24 (48%) não consomem produtos lácteos.
18
Quanto ao consumo de frituras, constatou-se referência ao fato de às vezes consumirem
em 16 (32%) pessoas. No entanto, existem 18 (36%) pacientes não consome e 16 (32%) dizem
consumir. Portanto, é necessário alertar as pessoas para o fato de evitar frituras em geral e não
cozinhar com margarinas ou creme vegetal (BRASIL, 2001).
Quanto ao consumo de café, 48 (96%) informa seu uso. A ingestão de cafeína pode elevar
de forma aguda a pressão arterial. No entanto, a ingestão crônica não tem associação consistente
com a hipertensão arterial (RIBEIRO; LOTUFO, 2005).
Na avaliação de prática regular de exercícios físicos, identificou-se que 47 (94%) dos 50
pacientes avaliados eram sedentários e apenas 03 (6%) praticavam exercícios regularmente. As
dificuldades individuais para realizar o exercício físico foram a presença de distúrbios
musculoesqueléticos e reumáticos; ocorrência de dor e edema em membros inferiores ao realizar
exercícios; desmotivação; não ter tempo para a prática de atividade física; ocorrência de “dor no
peito” ou taquicardia durante a sua realização, presença de sequela de AVC, além de outros
motivos observados.
Sabe-se que o sedentarismo representa fator de risco para a hipertensão e doenças
cardiovasculares. Guimarães (2006) explica que em normotensos, o risco de desenvolver HA é 20 a
50% mais elevado nos sedentários do que nos fisicamente ativos. Um outro aspecto importante é que
a inatividade física está diretamente associada à obesidade.
Buscando identificar o controle do estresse psicoemocional, a maioria dos sujeitos do
estudo 17 (34%) referiu se estressar com facilidade; contra 33 (66%) que referiram dificilmente
se estressar. Os estudos sobre a fisiopatologia da HA evidenciaram que o estresse possui, pela sua
ação simpatomedular e pituitária-adrenocortical, o poder de aumentar a PA em resposta a
estímulos psicológicos (OLIVEIRA JÚNIOR, 2000).
Buscando identificar as estratégias de redução do estresse, quanto à execução de
atividades de lazer, quando se constatou que 44 (88%) não as desenvolviam.
O uso de fármacos ansiolíticos, hipnóticos e antidepressivos esteve presente em 22 (44%)
dos sujeitos da pesquisa. Os ansiolíticos são utilizados primariamente para aliviar a ansiedade e
tensão emocional, no entanto por serem depressores seletivos do Sistema Nervoso Central - SNC,
19
seus efeitos variam desde um efeito ansiolítico e até a indução do sono, sem interferir
excessivamente com as outras funções cerebrais. Já os hipnóticos são usados primariamente para
induzir ao sono (PLANETA; SOUZA; DeLUCIA, 2004). Já os antidepressivos têm um efeito
comprovado de elevação do humor depressivo, porém sem interferir significativamente com o
humor normal (PLANETA; SOUZA; DeLUCIA, 2004).
O abandono do tabagismo é fundamental para reduzir o risco cardiovascular, visto que o
risco associado ao tabagismo é proporcional ao número de cigarros fumados e à profundidade da
inalação (DBHA, 2006). Nesse aspecto, um dado preocupante levantado na população estudada é
que apenas 02 (4 %) nunca ter usado fumo e 38 (76%) faz uso atual da substância. Desses, 02
fumavam de 1 a 2 cigarros ao dia, outros 36 fumavam mais de 2 cigarros diariamente e 16
referiram mascar fumo.
Segundo Ribeiro e Lotufo (2005), entre os fumantes, o risco de morte por doença
cardiovascular em paciente masculino, com idade superior a 65 anos, é duas vezes maior do que
em um indivíduo em condições semelhantes, não fumante. No entanto, ainda segundo estes
autores, os benefícios cardiovasculares da interrupção do fumo podem ser vistos no prazo de um
ano em todas as faixas etárias.
Em relação à moderação no consumo de bebidas alcoólicas, a maioria dos idosos
avaliados no sistema SISVAN seguia essa recomendação. Do total de 50 pessoas, 35 (70 %)
ingeria bebida alcoólica, sendo que 12 (24%) tomavam cerveja e 18 (36%) tomavam aguardente.
Referente ao volume de bebida consumida houve uma variação grande, já que dependeu do tipo
de bebida ingerida. Entretanto, a maioria ingeria pequenas quantidades.
O uso excessivo de álcool está associado a um aumento do risco de acidente vascular
encefálico (DBHA, 2006; ALMEIDA; LOPES, 2007). Além disto, vale destacar que o consumo
de álcool também tem sido freqüentemente apontado como causa de interrupção do tratamento
farmacológico (ANDRADE et al., 2002; RIBEIRO; LOTUFO, 2005).
20
. 4.4 Avaliação da Adesão ao Tratamento Medicamentoso
A respeito da investigação da adesão ao tratamento farmacológico, ao analisar sobre a
ocorrência de interrupção do uso de medicamentos; tempo de abandono; quais medicamentos
foram deixados de tomar e o motivo de não tomá-los. Os resultados estão expostos no quadro 4.
Variável
1 Interrompeu a tomada medicamentosa alguma vez (N=50)
Sim
Não
2 Tempo (em dias) de interrupção do uso de medicamentos (N=11)
<7
8|-|15
16|-|30
31|-|120
365
Não lembra
3 Motivo de interrupção (N=11)
Sem dinheiro para comprá-los ou ir ao serviço recebê-los
Falta de medicamentos em casa antes da consulta marcada
Falta de medicamentos no local do estudo
Ausência de sintomas/achava que estava curado/ A PA estava normal
Esquecimento
Medo de misturar medicamentos com álcool/chá de alho
4 Medicamento ( N=50)
Diuréticos
tiazídicos
de alça
poupadores de potássio
Inibidores adrenérgicos
de ação central
betabloqueadores
Alfa e betabloqueadores
Bloqueadores dos canais de cálcio
diidropiridinas
Inibidores da ECA
Outros
Antiplaquetários
Nitratos e derivados
Hipolipemiantes
Cardiotônicos
Hormônio tireoideano
Antiúlceroso
Outros
Não lembra
QUADRO 4:Participantes do estudo segundo adesão ao tratamento medicamentoso
FONTE: Sistema HIPERDIA (2014)
N
%
39
11
78%
22%
04
02
02
01
01
01
36,3%
18,1%
18,1%
9%
9%
9%
02
02
02
01
01
01
18,1%
18,1%
18,1%
9%
9%
9%
05
04
03
10%
8%
6%
04
03
02
8%
6%
4%
01
2%
05
10%
04
02
02
05
03
03
02
02
8%
4%
4%
10%
6%
6%
4%
4%
21
Os resultados mostram que 39 (78 %) pessoas já haviam também interrompido o uso de
medicamentos alguma vez. Destes, 04 (8 %) o fizeram por um período menor ou igual a sete dias,
seguido de 04 (8 %) pessoas com interrupção medicamentosa entre 8|-|30 dias, enquanto dois
(4%) deixaram de usar medicamentos por um período igual ou maior que 31 dias e. ainda um
(2%) não lembrar o tempo de interrupção do tratamento.
Os diuréticos são eficazes no tratamento da HA e na redução dos eventos cardiovasculares
e da mortalidade, como também os inibidores da ECA têm também ação importante na redução
da morbidade e mortalidade cardiovascular. A utilização desses fármacos para a redução mais
rápida e mais acentuada da hipertrofia ventricular esquerda tem sido amplamente defendida
(DBHA, 2006).
Os nitratos são relaxantes da musculatura lisa de artérias e veias, por isso são
denominados de nitrovasodilatadores (KATZUNG, 2006). Os hipolipemiantes devem ser
empregados sempre que não houver efeito satisfatório medidas não farmacológicas relacionadas à
mudança do estilo de vida ou impossibilidade de aguardar seus efeitos por prioridade clínica. (IV
DIRETRIZ BRASILEIRA SOBRE DISLIPIDEMIAS, 2007).
Quanto aos motivos de interrupção da terapêutica, dois (18,1%) referiram condições
financeiras desfavoráveis para comprar medicamentos ou ir ao serviço de saúde recebê-los, dois
(18,1%) mencionaram a falta de medicamentos em casa antes da consulta e dois (18,1%) a falta
de medicamentos na instituição onde este estudo foi realizado.
A irregularidade do tratamento medicamentoso anti-hipertensivo, relacionada à falta de
condições financeiras para adquirir o medicamento, quando esse está em falta no serviço de saúde
também foi encontrado nos estudos de autores como Falcão (2007); Santos et al (2005); Sanchez,
Pierin e Mion Júnior (2004) e Castro e Car (1999).
Desse modo, vê-se a necessidade de esclarecer aos pacientes que embora o tratamento
anti-hipertensivo seja eficaz em diminuir os níveis pressóricos e favorecer o desaparecimento de
sintomas, mas não leva à cura. Portanto, o benefício da redução da PA consiste em prevenir a
ocorrência de novos eventos cárdio-cerebrovasculares, devendo-se enfocar nas orientações em
grupos ou nas consultas individuais.
4.5 Análise dos elementos dificultadores e facilitadores na adesão ao tratamento
22
Identificou-se ainda fatores dificultadores na adesão ao tratamento da hipertensão arterial
relacionados ao paciente, ao tratamento não medicamentoso, ao medicamentoso e fatores
institucionais.
Fatores
1 Fatores
Dificultadores
2 Fatores
Facilitadores
Variável
Paciente (N= 50)
Esquecimento
Falta de suporte familiar
Desconhecimento sobre a doença
Outros
Tratamento não medicamentoso (N= 50)
Fazer dieta
Realização de atividade física
Baixo recurso financeiro para comprar alimentos
Controle de peso corpóreo
Redução ou abandono do consumo de álcool
Controle da ansiedade-estresse
Tratamento medicamentoso (N=50)
custo elevado
número elevado de medicamentos
tratamento prolongado
efeitos colaterais
horários da medicação são inadequados
mudança de medicamento
pouca eficácia das drogas
Institucionais (N=50)
Falta de alguns medicamentos na farmácia da unid. de saúde
Distância até o serviço de saúde
Demora no atendimento
Custo social do tratamento
Horário do atendimento do serviço
Outros
Recebe cuidados da família (N=50)
Sim
Não
Cuidados recebidos (N=50)
Alimentação
Ir ao serviço de saúde
Uso de medicamentos
Carinho
Não deixá-lo sozinho
Lazer (passear)
Dar dinheiro
Cuidar de objetos pessoais
Estimular a realização de atividades físicas
Incentivar o abandono do álcool
Evitar estressá-lo
Outros
Ignorado
N
23
05
15
07
05
03
21
01
03
17
28
07
05
03
05
01
01
29
10
08
01
01
01
38
12
06
06
10
04
02
03
01
06
03
04
02
02
01
QUADRO 5: Participantes do estudo segundo os elementos dificultadores e facilitadores na
adesão ao tratamento
23
FONTE: Sistema HIPERDIA (2014)
Os fatores do abandono do tratamento relacionados por 23 pacientes foi o esquecimento.
Os demais fatores pessoais considerados como dificultadores do tratamento anti-hipertensivo
foram falta de suporte familiar e desconhecimento sobre a doença.
No que concerne ao tratamento não medicamentoso, foram apontaram fatores que
dificultam a sua adesão terapêutica, como dificuldade em seguir a dieta recomendada, realização
de exercício físico, controlar peso corpóreo, redução ou abandono do consumo de álcool e
controle do estresse.
A literatura é unânime ao enfatizar que o sucesso do tratamento da HA e de suas
complicações depende da mudança do estilo de vida pelos seus pacientes, o que tradicionalmente
é chamado de tratamento não medicamentoso (PIERIN et al, 2004; GUIMARÃES, 2006).
Dentre os fatores dificultadores na adesão ao tratamento medicamentoso, os pacientes
destacaram o custo dos medicamentos. Sarquis et al. (1998) explicam que o custo dos
medicamentos anti-hipertensivos parece ser um impeditivo mais freqüente à terapia efetiva e
acrescentam que os pacientes com problemas para custear a medicação de modo geral são de
baixo nível sócio-econômico e parecem ter maior morbidade e maior freqüência de acidentes
vasculares cerebrais, problemas cardíacos e pior estado de saúde do que aqueles que não
apresentam problemas financeiros.
Um aspecto interessante foi que mesmo utilizando muitos comprimidos diariamente, o
número de comprimidos como fator complicador foi referido por apenas sete pessoas,
corroborando com os resultados encontrados nos estudos de Abreu et al. (2007) e Strelec, Pierin e
Mion Júnior (2003).
Visando favorecer a adesão ao tratamento medicamentoso pelas pessoas com HA, Fuchs
(2006); DBHA (2006); Sarquis et al. (1998) aconselham a prescrição de medicamentos com
menos efeitos colaterais, de baixo custo, administração em menor número possível de tomadas e
determinação dos horários de medicação de modo a se adaptar ao dia a dia da vida diária da
pessoa portadora de hipertensão arterial.
Os fatores institucionais foram referidos foi à falta de medicamentos citado por 29
pacientes. Outro fator dificultador do tratamento citado por dez pessoas foi a distância entre a
24
moradia e este serviço de saúde, principalmente para os indivíduos que residiam no interior do
estado.
Vemos também o problema gerado pela demora e horários de atendimento, fato também
observado por Falcão (2007) e Moreira (1999). Moreira (1999) salienta que o atraso do
profissional, assim como o número excessivo de clientes para cada profissional com conseqüente
demora no atendimento podem criar situação desconfortante e inibidora ao cliente, podendo
passar a idéia de descaso em relação ao cliente e/ou ao tratamento, fato negativo para o momento
de se conseguir maior adesão terapêutica.
Moreira (2007) frisa que atualmente, melhorar a adesão ao tratamento da hipertensão é
um dos grandes desafios enfrentados pelos profissionais e serviços de saúde devido a longa
duração terapêutica e a limitação imposta pela doença ao estilo de vida de seu portador e dos
demais membros do seu núcleo familiar. Desse modo, é imprescindível a presença familiar no
acompanhamento do paciente com HA, encorajando-o a aderir ao tratamento.
Sobre esse aspecto, do total de 50 cadastros analisados, 38 (76 %) recebem ajuda da
família no seguimento ao tratamento da doença hipertensiva e suas complicações, enquanto 12
(24 %) não recebem ajuda familiar ou referiram que acham melhor se cuidarem sozinho.
Quanto aos cuidados recebidos pelos familiares, 06 referiram o preparo da alimentação.
De acordo com Moreira (1999), para o preparo da alimentação da pessoa portadora de
hipertensão arterial é fundamental a participação familiar, visto que se torna difícil preparar dois
almoços ou jantares, um com, outro sem, ou com menor quantidade de sal e gordura.
O apoio familiar no acompanhamento das consultas e seguimento ambulatorial foi
mencionado por 06 participantes. Observou-se este cuidado durante a aplicação do o atendimento
pois principalmente em pessoas com seqüela de AVC, idosos em cadeira de rodas e os que já
haviam sofrido infarto do miocárdio, encontravam-se acompanhados por familiar.
O envolvimento familiar nos esquemas terapêuticos medicamentosos foi abordado por dez
pessoas. As pessoas da família são importantes para lembrar o horário da medicação, estimular a
realização de atividade física, incentivar o abandono do álcool, além de evitar estressá-lo.
Portanto, conforme se ver, é possível utilizar a família do membro portador de HA no
sentido de melhorar a adesão ao tratamento que devido a sua proximidade, pode participar
ativamente no tratamento, desde o estímulo as modificações nos hábitos alimentares, uso regular
25
de medicamentos, acompanhamento às consultas, participação nas atividades de lazer e
oferecimento de carinho ao doente.
26
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nessa pesquisa obteve-se um perfil diferenciado da adesão ao tratamento antihipertensivo,
o que é um dado importante para os programas de prevenção secundária da doença. A análise dos
dados permitiu inferir que os participantes sentiam o desejo de conhecer mais sobre suas
condições de saúde, haja vista que fizeram vários questionamentos.
Constatou-se um baixo índice de adesão à terapêutica por pessoas com hipertensão que já
têm complicações decorrentes da doença, o que deixa claro a necessidade de políticas de saúde
que invistam na detecção precoce e acompanhamento adequado da hipertensão arterial, além de
ações educativas que possibilitem a participação ativa dessas pessoas na discussão da necessidade
de adesão ao tratamento e na adequação de tal prática a seu cotidiano
Para tais ações, é fundamental a participação das equipes multiprofissionais que atuam
nos serviços de saúde. Observa-se que, especificamente, a participação da enfermagem é restrita
as pessoas portadoras de hipertensão arterial sistêmica, indo ao encontro ao recomendado pelas
diretrizes brasileiras de hipertensão arterial e dos programas estabelecidos pelo Ministério da
Saúde para o acompanhamento da doença.
Considerando a importância da atuação do enfermeiro na equipe multiprofissional frente
ao cuidado do portador de hipertensão arterial, espera-se que este estudo redirecione a visão dos
profissionais para valorização do trabalho em equipe no atendimento a essa clientela, visto que
muitos já apresentam complicações sérias, que, se não tratadas e acompanhadas adequadamente,
poderão culminar com a ocorrência de outras complicações, que na maioria das vezes são mais
incapacitantes e até fatais. Ao propor a atuação da equipe considera-se a lógica do trabalho
integrado, em detrimento da atuação isolada de cada profissional em sua sala.
Por fim, enfatiza-se a necessidade de um cuidar holístico pela equipe multiprofissional em
ações interdisciplinares para alcançar o objetivo primordial do profissional de saúde frente a
promoção de saúde que é a adesão ao tratamento anti-hipertensivo das pessoas com hipertensão e
complicações associadas.
27
REFERÊNCIAS
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31
ANEXOS
QUESTIONÁRIO
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO:
Nome: _____________________________________________ Prontuário:_______________
Endereço: ___________________________________________ Fone: ___________________
1 Data adm. no CIDH:
2 Procedência:
3 Data de Nascimento:
4 Sexo: 1( ) F 2 ( ) M
5 Escolaridade:
6 Religião:
7 Cor: 1 ( ) Branca 2 ( ) Não-branca
8 Ocupação:
9 Renda Familiar:
10E.Civil:
1 ( ) solteiro(a) 2 ( ) casado (a) 3 ( ) união consensual 4 ( ) viúvo (a) 5 ( ) divorciado
11 Nº filhos:
12 Número de pessoas no domicílio:
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
13 Tempo de descoberta da hipertensão arterial:
14 Como descobriu ser hipertenso:
15 Doenças associadas: 1 ( )AVC 2 ( ) ICC 3 ( )DAC 4 ( )IAM 5 ( )HVE 6 ( )Revasc. 7 ( )HVE
8( )outra Qual:__________________
16 Tempo de descoberta das complicações:
17 Nº de internações:
32
18 Motivo das internações:
19 Valores da Pressão Arterial
PA: 1 PAS_____ 2 PAD_____mmHg
Existe casos na família de:
20 Hipertensão arterial sistêmica
1( ) sim 2( ) não 3( ) não sabe referir
21 Quem?_______________________________
22 Diabetes mellitus
1( ) sim 2 ( ) não 3( ) não sabe referir
23 Quem? ___________
24 Infarto agudo do miocárdio
1( ) sim 2 ( ) não 3 ( )não sabe referir
25 Quem?
26 Acidente vascular cerebral
1( ) sim 2( )não 3( ) não sabe referir
27 Quem?
ADESÃO AO TRATAMENTO NÃO MEDICAMENTOSO ANTES E APÓS A
OCORRÊNCIA DAS COMPLICAÇÕES CONTROLE DE PESO
Altura:_________ A²: ___________
Peso:
28 IMC
29 CA:
PADRÃO ALIMENTAR
30 Como era a sua alimentação antes e após a ocorrência das complicações?
Alimentação antes da ocorrência de complicações
Associadas
Alimentação após a ocorrência de complicações
Associadas
Café da manhã
Café da manhã
Lanche:
Lanche:
Almoço:
Almoço:
Lanche da tarde:
Lanche da tarde:
33
Jantar:
Jantar:
31 Uso de saleiro na mesa?
1 ( ) sim 2 ( ) não
32 Adiciona sal aos alimentos no momento da ingestão?
1 ( ) sim 2 ( ) não 3 ( ) às vezes
33 Consome fontes industrializadas de sal como: molhos prontos, sopas em pó, embutidos,
conservas,
enlatados, congelados, defumados e salgados de pacote tipo snacks?
1 ( ) sim 2 ( ) não 3 ( ) às vezes
34 Consome frituras?
1 ( ) sim 2 ( ) não 3 ( ) às vezes
35 Uso de Café
1 ( ) sim Freqüência do uso de café .:__________
2 ( ) não
PRÁTICA REGULAR DE EXERCÍCIOS FÍSICOS
36 Prática de exercício físico:
1 ( ) sim
2 ( ) não
37 Motivo para não realização de atividade física:
38 Freqüência
39Tempo exercício
40 Tipo de exercício
Antes das complicações
Após das complicações
1( ) 1-3 vezes/sem 2 ( ) 4 -7
vezes/sem
1 ( ) < 30 min 2 ( ) > 30min
1( ) 1-3 vezes/sem 2 ( ) 4-7
vezes/sem
1 ( ) < 30 min 2 ( ) > 30min
1( )Caminhada 2( )Natação
3( )Ciclismo 4( )Dança 5( )Outras
1( )Caminhada 2( )Natação
3( )Ciclismo 4 ( )Dança 5Outras ( )
34
CONTROLE DO ESTRESSE
41 Estresse com facilidade
1 ( ) sim 2 ( ) não
42 Realiza atividades de lazer: 1( ) sim 2 ( ) não
43 Interrupção do sono: 1( ) sim 2 ( ) não
44 Quantas horas de sono: 1( ) < 8 horas 2( ) 8 horas 3( ) > 8 horas
45 Satisfação ao acordar: 1 ( ) cansado 2 ( ) descansado
46 uso de medicamento para dormir: 1( ) não 2( )sim
47 qual é o medicamento?_____________________________________
ABANDONO DO TABAGISMO
48 Uso de fumo:
1 ( ) Nunca
2 ( ) sim quant. __________________
3 ( ) Ex-fumante quant. ______parou há:_____anos Tempo de tabagismo__________anos.
MODERAÇÃO DO CONSUMO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS
49 Uso de álcool:
1 ( ) Nunca
2 ( ) sim volume: _________ Tipo de bebida___________________
3 Uso anterior de álcool parou há:____________ Tempo de consumo:________anos
Tipo de bebida:______________________
ADESÃO AO TRATAMENTO FARMACOLÓGICO
50 Última prescrição médica
MEDICAMENTO
PRESCRITO
MANHÃ
TARDE
NOITE
35
51 Quais são os medicamentos que usa para PA e como o sr(a) está tomando? Em que horários?
MEDICAMENTO
RELATADO
MANHÃ
TARDE
NOITE
52 Já parou de tomar os comprimidos alguma vez?1 ( ) sim 2 ( ) não
53 Quantos dias o senhor(a) ficou sem tomar os comprimidos?__________________
54 Qual o motivo?_______________________________________________________________
55 Qual foi o medicamento?_______________________________________________________
FATORES
QUE
INTERFEREM
NA
ADESÃO
AO
TRATAMENTO
HIPERTENSIVOa
56 Qual(is) os fatores que podem dificultar a adesão ao tratamento anti-hipertensivo?
Fatores relacionados ao paciente
1 ( ) Estruturais-idade
2 ( )educacionais
3 ( )Aspectos culturais, crença, hábitos de vida
4 ( )Desconhecimento sobre a doença
5 ( ) Esquecimento
ANTI-
36
6 ( ) Suporte familiar
7 ( )Outros Quais: ________________________
Fatores relacionados ao tratamento medicamentoso
1 ( ) dose
2 ( ) número de medicamentos
3 ( ) efeitos colaterais
4 ( ) tratamento prolongado
5 ( )custo
6 ( )mudança de medicamento/descontinuidade
7 ( ) eficácia das drogas
8 ( ) horários da medicação
9 ( ) melhoria dos sintomas após a terapia
10 ( )outros Quais: ________________________
Fatores relacionados ao tratamento não medicamentoso
1 ( ) Controle de peso corpóreo
2 ( ) Fazer dieta
3 ( ) Diminuir o sal da dieta
4 ( ) Abandono do fumo
5 ( ) Realização de atividade física
6 ( )Redução ou abandono do consumo de álcool
7 ( )Controle da ansiedade-estresse
8 ( )Baixo recurso financeiro
9 ( )Ouros Quais: ________________________
Fatores institucionais
1 ( ) relacionamento com a equipe de saúde
2 ( ) Marcar consulta médica
3 ( ) Distância até o serviço de saúde
4 ( ) Horário do atendimento do serviço de saúde
37
5 ( ) Demora no atendimento do serviço de saúde
6 ( ) custo social do tratamento
7 ( ) Falta de alguns medicamentos na farmácia da unid. de saúde
8 ( )Outros Quais:________________________
ENVOLVIMENTO FAMILIAR NO TRATAMENTO
57 Recebe ajuda da família no seguimento ao tratamento?
1( ) não 2( ) sim
58 Cuidado recebido:
CONHECIMENTO SOBRE A DOENÇA
59 O (a) senhor(a) tem alguma dúvida sobre a hipertensão arterial?
1 ( ) sim 2 ( ) não
60 Qual?____________________________________________________________________

Esse questionário foi adaptado do nosso cadatro do SISVAN e HIPERDIA
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