DOENÇA DE PARKINSON Diagnóstico e Tratamento 1 A doença de Parkinson (DP) ou Mal de Parkinson • È uma doença degenerativa, crônica e progressiva, que acomete em geral pessoas idosas. Ela ocorre pela perda de neurônios do SNC em uma região conhecida como substância negra (ou nigra). Os neurônios dessa região sintetizam o neurotransmissor dopamina, cuja diminuição nessa área provoca sintomas principalmente motores. 2 Um ensaio sobre a Paralisia Agitante Londres, 1817 • “Enfermidade caracterizada pela presença de movimentos tremulantes involuntários, diminuição da força muscular, tendência à inclinação do tronco para frente e alteração da marcha. Os sentidos e o intelecto são preservados.” James Parkinson 3 Anatomia Básica da D.P. • A habilidade em produzir movimento depende de um circuito motor complexo que envolve a subst. negra, os gânglios da base, núcleo subtalâmico, tálamo e o córtex cerebelar. Dopamina é o pp neurotransmissor desse circuito. • Na DP a produção de Dopamina está reduzida. • Há degeneração dos neurônios contendo Melanina (dopaminérgicos) no tronco encefálico, principalmente, na sustância negra e no locus ceruleus. • Sintomas aparecem quando a subst. negra já perdeu 60% dos neurônios dopaminérgicos e o conteúdo de Dopamina é 80% inferior ao normal. 4 ETIOLOGIA DA DOENÇA DE PARKINSON • • • • Genética ? Toxinas exógenas ? Toxinas endógenas ? Estresse oxidativo ? IDIOPÁTICA 5 SINAIS E SINTOMAS DA DOENÇA DE PARKINSON • • • • • • Tremor em repouso Rigidez Bradicinesia - Hipocinesia Postura fletida Perda dos reflexos posturais Fenômeno de parada = “freezing” 6 TREMOR • • • • • • • 70% casos Pode estar presente em um ou mais membros. É comum nos lábios, queixo e língua. Geralmente, assimétrico. 4 a 5 ciclos/segundo Ocorre, tipicamente, quando o membro está em repouso. Desaparece à ação, ressurgindo quando os membros mantêm uma postura. Aumenta ao andar. “Contar moedas” ou “enrolar pílulas” = flexão /extensão dos dedos ou do pulso. Amplitude aumenta em períodos de estresse ou quando pede-se ao paciente que realize alguma tarefa cognitiva Desaparece durante o sono. 7 RIGIDEZ • Aumento do tônus muscular quando o examinador move os membros, o pescoço ou o tronco do paciente (movimentos passivos). • A rigidez é igual em todas as direções. • Fenômeno da roda denteada (catraca). • A rigidez do membro passivo aumenta quando outro membro é envolvido em um movimento ativo voluntário. 8 RIGIDEZ • Aumento do tônus muscular quando o examinador move os membros, o pescoço ou o tronco do paciente (movimentos passivos). • A rigidez é igual em todas as direções. • Fenômeno da roda denteada (catraca). • A rigidez do membro passivo aumenta quando outro membro é envolvido em um movimento ativo voluntário. 9 BRADICINESIA • Lentidão de movimentos, dificuldade em iniciar movimentos e perda de movimentos automáticos. • A face perde a expressão espontânea = Facies em máscara ou hipomimia ou facies congelada - não traduz o estado emocional do paciente. • Diminuição do piscar. Facies em pomada. • Diminuição da movimentação espontânea = perda da gesticulação, tendência a ficar sentado, imóvel. • Rigidez cérea (como se fosse de cera). • A voz torna-se baixa (hipofonia), com um tom monótono. 10 BRADICINESIA • A bradicinesia da mão dominante leva a uma escrita lenta e com letra pequena (micrografia), dificuldade em fazer barba, escovar dentes, pentear o cabelo, abotoar roupas, maquiar, etc. • O andar é lento, com passos mais curtos e tendência a arrastar os pés. O balanço dos braços diminui. • Bradicinesia do tronco = Dificuldade em levantar-se de uma cadeira baixa, sair de automóveis e virar-se na cama. A bradicinesia é interpretada, erroneamente, pelos pacientes como fraqueza. 11 BRADICINESIA • A saliva escorre pelos cantos da boca devido à incapacidade para deglutir. ( Não há produção excessiva de saliva). • A deglutição pode alterar-se com o avanço da doença . Engasgos e aspirações são preocupações freqüentes. • Dissinergia óculo-cefálica = O doente ao dirigir os olhos para um determinado lado não acompanha com a cabeça o movimento dos olhos. É a característica mais limitante da doença. 12 POSTURA FLETIDA • A rigidez parkinsoniana confere ao doente uma atitude característica: Cabeça em ligeira flexão, tronco ligeiramente inclinado para frente, flexão moderada da perna sobre a coxa e do antebraço sobre o braço. • Ao deambular o doente parece um bloco, com o tronco inclinado para frente, como que à procura do seu centro de gravidade. 13 Cabeça em ligeira flexão, tronco inclinado para frente. 14 PERDA DOS REFLEXOS POSTURAIS • Teste do puxão. • O paciente desaba sobre uma cadeira ao tentar sentar-se (sentar-se em bloco). • Marcha festinante = o paciente anda mais e mais rapidamente, tentando mover os pés para frente para ficar sob o centro de gravidade do corpo em flexão e assim evitar quedas. • A perda dos reflexos posturais leva a quedas e, finalmente, à incapacidade de ficar de pé, sem auxílio. 15 FENÔMENO DE PARADA (BLOQUEIO MOTOR) Freezing • Incapacidade transitória na execução de movimentos ativos. • Mais comum nas pernas. Os pés parecem grudados ao solo e então, subitamente se desprendem, possibilitando caminhar novamente. • A parada ocorre subitamente, durando no máximo alguns segundos, de cada vez. • Ocorre, tipicamente, quando o paciente começa a andar (hesitação de partida), tenta virar-se ao caminhar ou aproxima-se de um destino (hesitação de alvo). 16 Como é feito o diagnóstico da D.P ? • Anamnese + exame neurológico. – Assimetria no início dos sintomas. – Presença de tremor de repouso. – Boa resposta à terapia dopaminérgica. • Não há exames de sangue que façam o diagnóstico. Rotina: Ceruloplasmina, cobre urinário, T4 e TSH. • TC de crânio e RNM de encéfalo, nada revelam de anormal. 17 Como é feito o diagnóstico da D.P. ? • POSSÍVEL = Se uma das características estiver presente: Tremor, rigidez ou bradicinesia. • PROVÁVEL = Se duas das características estiverem presentes (tremor, rigidez, bradicinesia ou instabili dade postural) ou se uma delas for assimétrica. • DEFINITIVO = Se três das características estiverem presentes, ou se duas das características estiverem presentes, sendo que uma delas apresente-se assimetricamente. As causas de Parkinsonismo têm de ser excluídas antes de se fazer o diagnóstico da DP 18 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Tremor Essencial ou Familiar • É o distúrbio mais comum// confundido com DP. • Tremor postural das extremidades superiores que não é causado por agentes farmacológicos. • Geralmente, aparece em pacientes acima de 40 anos. • Transmissão autossômica dominante, embora alguns pacientes não tenham histórico familiar de tremor. • O tremor é predominante// postural, com um componente cinético (teste índex-nariz). • A freqüência é mais alta que na DP • Relativamente simétrico. 19 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Tremor Essencial ou Familiar • Melhor notado com os braços estirados. • Movimento de flexão-extensão ou pronação- supinação das mãos. • Piora lentamente com o passar do tempo. • Estresse pode aumentar a amplitude do tremor. • A ingestão de álcool pode, temporariamente, aliviá-lo. • O tremor essencial, habitualmente, atinge o segmento cefálico e a voz, enquanto na DP, caracteristicamente, o tremor ocorre na língua, mandíbulas e lábios. 20 Tremor essencial de cabeça 21 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Tremor Essencial ou Familiar • Não há rigidez, nem bradicinesia associada. • Interfere em funções como escrever ou alimentarse. A escrita à mão é grande, irregular e trêmula, em notável contraste com a micrografia da DP. • 80% casos têm boa resposta clínica ao uso de Propranolol (até 240 mg/dia) ou Primidona ( 50 mg/dia) 22 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 23 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Tremor Essencial ou Familiar Faça os mesmos desenhos: 24 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Traumatismo Craniano • Lutadores de boxe podem desenvolver a síndrome demência + parkinsonismo + sinais piramidais e cerebelares. “Demência pugilística” • Concussões múltiplas podem causar Lesão Axonal Difusa secundárias às forças de aceleração-desaceleração. 25 • Ensinar o paciente a colocar os pés no chão com os calcanhares primeiro ao andar e aumentar o tamanho da passada. • Ensinar o paciente a balançar os braços ao andar para melhorar o equilíbrio. • Facilitar a comunicação não verbal se for o caso (cartazes com principais frases do dia - a - dia sendo o paciente alfabetizado). • Orientar aspiração de vias aéreas quando necessário (posições de conforto e drenagem). • Orientar o uso de utensílhos especialmente concebidos para facilitar seu manejo (nutrição). • Estimular o auto cuidado de modo gradativo (higienização que for possível), e hidratação da pele. • Estimule a independência e quando necessário, ofereça dispositivos auxiliares. • Para ajudar ao cliente que tem tremores graves peça-lhe para sentar em uma cadeira e usar os braços para manter-se estável. • Implementar diariamente um programa de exercícios para aumentar a força muscular. • Banhos mornos e massagens frequentes para relaxamento dos músculos e aliviar as câimbras. OPÇÕES TERAPÊUTICAS Terapia Sintomática I.M.A.O. • Inibidores da Monoamino Oxidase ( MAO = Responsável pelo catabolismo da Dopamina, no cérebro) • Selegilina (Niar®) 5 mg 2x/dia • Efeito dura 3 a 4 meses após interrupção da droga. • Retarda a terapia com Levodopa - cerca de 9 meses. • Efeito sintomático fraco. 31 OPÇÕES TERAPÊUTICAS Terapia Sintomática I.M.A.O. • • • • • Medicamentos que devem ser evitados com os IMAO: Inibidores da recaptação de serotonina (Citalopram, Fluoxetina, Paroxetina e Sertralina) Antidepressivos tricíclicos e tetracíclicos (maproptilina) Meperidina Opiáceos Dextrometorfano (Silencium®) • Triptofano (Forten® ) SÍNDROME SEROTONINÉRGICA:Confusão, agitação, rigidez, hiperreflexia, tremores, mioclonias, febre, náuseas, 32 diarréia, coma, rabdomiólise e morte . OPÇÕES TERAPÊUTICAS Terapia Sintomática - Levodopa • Eficaz na redução da bradicinesia e da rigidez. • Efeito altamente variável sobre o tremor. • Metabolismo oxidativo da Dopamina pode formar radicais livres degeneração neuronal acelerada. • Complicações a longo prazo (4 a 8 anos) em 50% dos casos: – Flutuações motoras (deterioração fim de dose = degeneração neuronal diminui a capacidade de armazenar dopamina derivada da levodopa ) “On e off” – Discinesias (movimentos anormais involuntários) 33 Doença de Alzheimer • É a forma mais comum de demência neurodegenerativa em pessoas de idade. A causa da doença é desconhecida. • Os doentes apresentam cérebros atrofiados de forma difusa, mas não uniforme; as áreas mais atrofiadas são principalmente as que coordenam atividades intelectuais. • A doença se instala de forma insidiosa, com queixas de dificuldade de memorização e desinteresse pelos acontecimentos diários, sintomas geralmente menosprezados pelo paciente e familiares. Fisiopatologia proposta: • Formação de depósitos proteicos fibrilhares – Placas neuríticas ou senis. Uma proteina percursora do amiloide (APP)– constituinte normal das membranas, sofre clivagem anormal formando a proteina amilóide que é tóxica para o SNC e provoca uma reacção inflamatória, os fragmentos desta proteina juntamente com dendritos e axónios danificados formam as placas neuríticas queprecedem a necrose dos neurónios estas placas induzem a disfunção sináptica e a activação de células da glia (astrócitos e microglia) Manifestações clínicas: Iniciais Tardias - Perda de memória (curta duração) • Agitação, lentidão no raciocínio • Dificuldade em perceber palavras e alteração na conversação • Depressão alternada com agitação • Alteração dos reflexos • Fraqueza geral • Incontinência urinária e fecal • Crises epilépticas • Estado vegetativo precede Assim: • As primeiras habilidades perdidas são as mais complexas: manejo das finanças, planejamento de viagens, preparo de refeições. A capacidade de executar atividades mais básicas como vestir-se, cuidar da higiene ou alimentar-se, é perdida mais tardiamente. Dos primeiros sintomas ao óbito a sobrevida média é de 6 a 9 anos. • O quadro degenerativo se estende às funções motoras. Andar, subir escadas, vestir-se, executar um gesto sob comando, tornam-se atividades de execução cada vez mais problemática. • Na fase avançada, mutismo, desorientação espacial, incapacidade de reconhecer faces, de controlar esfíncteres, de realizar as tarefas de rotina, pela alteração do ciclo sono/vigília e pela dependência total de terceiros são sintomas característicos da doença. Tratamento: • O tratamento visa minimizar os sintomas, proteger o sistema nervoso e retardar o máximo possível a evolução da doença. Os inibidores da acetilcolinesterase, atuam inibindo a enzima responsável pela degradação da acetilcolina que é produzida e liberada por algumas áreas do cérebro. Cuidados de Enfermagem • Estabeleça um sistema de comunicação eficaz • Use um tom de voz suave e atitudes lentas e calmas ao falar com ele. • Estimule a independência e dê-lhe tempo suficiente para desempenhar suas atividades. • Estimule à ingestão de líquidos • Ofereça ajuda na escolha dos alimentos • Dieta bem balanceada com fibras em quantidade adequada • Se houver disfagia oferecer alimentos pastosos • Evitar alimentos estimulantes • SNG ou gastrostomia se prescritos Cuidados de suporte: • 1- Simplificar o ambiente do paciente. – Reduzir o ruído; – Rotina estruturada; – Manter conscistencia nas interações e introduzir as pessoas lentamente. Cuidados de suporte: 2- Proteger contra acidentes: - Evitar uso de contenções, manter se necessário observação; - Iluminação adequada, remover obstáculos perigosos, calçados adequados; - 3- Se necessário fornecer etiqueta de identificação ou bracelete de alerta médico;