Fases da Leitura Informativa

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FORMAÇÃO DA SOCIEDADE CAPITALISTA: BRASIL
O objetivo desta unidade é a reflexão da inserção do Brasil no mundo capitalista,
bem como, os impactos sobre o trabalho.
A sociedade brasileira se formou a partir do processo de expansão do capitalismo
europeu a partir do século XV. Somente no século XIX, com a abolição da
escravidão e a chegada de um grande contingente de imigrantes é que se
introduziu o trabalho livre, formando o “mercado de trabalho” constituindo um
mercado consumidor para bens de consumo.
O capital acumulado na cafeicultura paulista concentrou-se nas mãos de uma
classe de fazendeiros que passaram a diversificar suas atividades econômicas,
investindo em atividades que oferecesse perspectiva de alta lucratividade:
transporte ferroviário, sistema bancário, pequenas indústrias de alimentos e
têxteis.
Formação da indústria dependente: por ter se originado da exportação do
café, a indústria teve seu desenvolvimento condicionado à economia cafeeira.
A industrialização se limitou ao setor de bens de consumo não duráveis (tecidos
e alimentos) e não desenvolveu tecnologia própria = criando um alto grau de
dependência externa.
Teoria da dependência: conceito criado pelo sociólogo Fernando Henrique
Cardoso que fundamentou-se na idéia de que há uma relação de subordinação
dos países subdesenvolvidos em relação aos países desenvolvidos. Deste
modo, os países dependentes viveriam a condição de dependência de capitais
e tecnologia (não deixa de considerar possível o desenvolvimento econômico,
porém na dependência).
Observamos uma área da sociologia que mereceu especial atenção no séc. XX
que se deu o nome de sociologia do desenvolvimento = trata-se de teorias que
se dedicaram ao estudo de problemas surgidos com o desenvolvimento do
capitalismo industrial.
 a capitalização de recursos,
 o aumento de consumo,
 a necessidade de barateamento dos custos das matérias-primas e da força de
trabalho = pressionavam as potências industriais a expandirem sua estrutura
econômica para além das fronteiras nacionais.
No séc. XX com a aceleração do processo de industrialização e o aumento das
nações concorrentes na corrida imperialista surge um novo surto de
modernização e formação de novos estados independentes atingindo os
continentes asiático e africano.
Essas nações tiveram que adotar o modelo de sociedade ditado pela Europa,
organizando um aparato de Estado capaz de implementar políticas econômicas
voltadas para o desenvolvimento do capitalismo industrial.
Para produzir matérias-primas e consumir produtos industrializados de origem
européia e norte americana, as recém constituídas nações asiáticas e
africanas, bem como as latino-americanas, precisaram desenvolver
sistemas modernos de transporte e comunicação, mecanização
da
produção agrícola e formas de exploração e recursos naturais e fontes de
energia.
NOVA ROUPAGEM: para uma antiga relação de dominação
A primeira forma de exploração e acumulação de capital derivou da separação
entre campo e cidade X atividades agrárias e manufatureiras.
Para que a produção capitalista pudesse se estabelecer foi necessário ter
condição básica: o estabelecimento dos proprietários de dinheiro e de meios
de produção (dispostos a comprar força de trabalho) e os trabalhadores
livres (vendedores da própria força de trabalho).
Na Inglaterra com o cercamento de terras e o fim das propriedades comunais
milhares de trabalhadores do campo foram expulsos e separandos dos meios de
produção que possuíam, tornando-os livres para se constituir em trabalhadores
assalariados.
EXEMPLO: ocorre o fim da indústria doméstica = comerciante entregava a um
artesão matéria-prima para transformá-la em produto (antes o artesão trabalhava
com os instrumentos dele e na própria casa).
Como assalariados, os operários concentram-se em grandes galpões onde
utilizam os meios de produção (propriedade dos capitalistas). A lã, o algodão, o
linho, a seda, utilizados na indústria doméstica para a elaboração de produtos
para consumo próprio ou local, transformam-se em matéria-prima da indústria
manufatureira para produzir mercadorias.
Assim se processam a separação entre manufatura e a agricultura e a
subordinação do campo à cidade, garantindo o lucro do empresário capitalista.
No final do séc. XIX com inventos e aprimoramentos técnicos elevou-se as
relações econômicas ao seu ponto máximo de lucratividade, e o aperfeiçoamento
do transporte marítimo e dos sistema de refrigeração permitiu que alimentos e
matérias-primas circulassem entre os mais distantes pontos do mundo.
CAPITALISMO: do século XX
Com a indústria de massa, inverte-se a relação entre produção e demanda = a
produção não se desenvolve mais de acordo com a demanda, graças aos
recursos tecnológicos, cria-se uma sociedade de abundância em que os
produtos concorrem pelos consumidores.
As guerras afetaram a capacidade produtiva das nações centrais, impulsionando,
em alguns países periféricos, a formação de uma indústria local de bens de
consumo, a partir dos recursos acumulados com a exportação agrária.
No Brasil ocorreu a industrialização em São Paulo, sem a concorrência de
produtos europeus que pode se desenvolver com a utilização do capital gerado
pela exportação do café. Esse capital auxiliou a industrialização de 2 maneiras:
sendo diretamente investido em atividades industriais e formando uma classe
abastada de consumidores que incentivaram essas atividades.
NOVOS RUMOS DA SOCIOLOGIA
Como pode-se ver, as relações internacionais de produção capitalista se
transformaram no decorrer de quase cinco séculos de expansão.
Parceiras de um mesmo jogo, partes de um único contrato, produtores e
consumidores dos mesmos produtos, as nações não podiam mais ser divididas
em “civilizadas” e “primitivas” como propunham as primeiras análises sociológicas
das diversidades culturais. O pensamento sociológico criou, não só novas
perspectivas para a análise das relações intersocietárias, como também outros
conceitos para identificar os processos que ocorriam nas diversas nações do
mundo.
Criaram-se a partir daí novas universidades e aprofundaram-se os estudos das
ciências humanas e exatas nas nações subdesenvolvidas ou do Terceiro Mundo.
A industrialização e o desenvolvimento econômico passaram a constituir o objeto
central de estudo dos sociólogos (nas nações desenvolvidas e naquelas que se
industrializavam).
As mudanças promovidas pela industrialização e pela internacionalização do
capitalismo, não afetaram apenas o pensamento sociológico produzido nos
países pobres. Transformações radicais ocorreram nas ciências sociais do
Primeiro Mundo. A emigração de intelectuais perseguidos pelos diversos regimes
ditatoriais europeus para a América desloca o eixo da produção científica e
estimula o desenvolvimento das universidades no Novo Continente.
TRANSFORMAÇÕES NO MUNDO DO TRABALHO
Na área rural, houve redução do número de empregos oferecidos, tendo em vista
a crescente mecanização das atividades agrárias = colaborando com o
crescimento da população nas áreas urbanas em busca de novos trabalhos.
Tanto no campo quanto na cidade, houve crescimento da presença feminina no
mercado de trabalho (ganhando em média 76% do salário pago dos homens).
Neste novo contexto, não a certeza do lucro, pois todos os empresários tem
acesso as tecnologias, o que torna a concorrência agressiva e avançada = surge
então a necessidade de redução de gastos, isto quer dizer que os investimentos
em processos de informatização vão contribuir para o aumento do desemprego.
O PROCESSO DE PRECARIZAÇÃO
Com a flexibilização dos processo de trabalho (terceirização e redução de
chefias intermediárias) tem-se diminuído o número de trabalhadores
empregados.
Ainda com as inovações tecnológicas a necessidade de novas competências
para os trabalhadores e as empresas mudam o perfil desejado. O novo quadro
do mercado de trabalho requer um trabalhador de perfil polivalente, altamente
qualificado, com maior grau de responsabilidade e autonomia.
Portanto, o trabalhador deve: desenvolver sua criatividade; reciclar-se
permanentemente; possuir flexibilidade intelectual nas situações de constante
mudança; capacidade de análise e comunicação; ter atitudes de participação
e cooperação.
No Brasil a baixa qualificação dos trabalhadores é considerada como um dos
entraves para o aumento da produtividade e da competitividade nas empresas
instaladas no país.
Portanto, as transformações ocorridas no trabalho, não são apenas consequências
dos novos padrões tecnológicos, mas também pelas mudanças ocorridas na
política, economia e na sociedade.
A precarização do trabalho levou a mutações onde poucos se especializaram e
muitos ficaram sem qualificação suficiente para entrar no mercado de trabalho,
engrossando a fila dos desempregados = gerando classe de trabalhadores
qualificados e desqualificados, jovens e velhos, homens e mulheres, formal e
informal.
Entre as ocupações não-organizadas, destaca:
1. crescente quantidade de trabalhadores temporários, meio período, autônomos,
via correio eletrônico (e-mail):
2. eliminação gradual do emprego rural;
3. crescimento da presença feminina no mercado de trabalho;
4. expressiva expansão do trabalho assalariado
5. aumento da importância das profissões com grande conteúdo de informação e
conhecimentos;
6. ampliação do setor informal da economia.
A NOVA HIERARQUIZAÇÃO DO TRABALHO
Empregados das grandes empresas
Trabalho precário e parcial: setor informal
Desempregados: não integrados ao mundo da produção
Terá havido no mundo alguma sociedade igualitária na qual os homens
desfrutassem de maneira semelhante os bens e as oportunidades da vida
social?
A cultura humana esteve sempre intimamente ligada, desde os seus primórdios, à
idéia da distinção e da discriminação entre grupos sociais.
DESIGUALDADE E POBREZA
Defendido o princípio de que todos os homens tem os mesmos direitos e são
iguais perante a lei, fica cada vez mais difícil justificar as diferenças sociais. Se
todos possuíssem os mesmos direitos, como pode haver grupos que não tem
acesso ao mínimo de bens produzidos pela sociedade?
É nesse sentido de contradição em relação aos valores que se defende em nossa
organização social, que na sociedade moderna e contemporânea a desigualdade
assume o caráter de privilégio de alguns e de injustiça para com outros. É nessa
nova consciência que a pobreza torna-se tão incômoda.
Ao lado da crescente pobreza, o apelo ao consumo por meio das campanhas
publicitárias veiculadas pelos meios de comunicação torna a distância social entre
ricos e pobres ainda mais inaceitável (os produtos inundam o mercado, os similares
fazem concorrência em busca de consumidores, mercadorias em pouco tempo
tornam-se ultrapassadas) assim a pobreza se torna cada vez mais contraditória e
perturbadora.
Ainda embora encontramos em favelas do Terceiro Mundo, onde não existe nem
rede de esgoto, enormes antenas parabólicas e aparelhos diversos, a pobreza em
uma sociedade mecanizada e informatizada, reverte valores e prioridades.
Analfabetismo, dívida externa, renda per capita são medidas de análise frequentes
para a classificação das regiões e nações. Com esse recurso, a pobreza deixa de
ser uma característica abstrata ou um conceito para se tornar uma grandeza.
POLÍTICA
A palavra política entrou para o vocabulário do homem como um grupo social
pouco confiável: os políticos profissionais. Porém é preciso esclarecer que todos
nós somos seres políticos e que política diz respeito a uma comunidade
organizada, formada por cidadãos. A participação política não se restringe ao voto,
existem outras formas de exercício político como sindicatos e movimentos sociais.
O poder não está circunscrito somente no âmbito do Estado. As relações de poder
estão presentes em todas as relações sociais, como por exemplo, na família (existe
a figura de alguém que exerce o poder); na empresa (relações de hierarquia).
Vale lembrar que o Estado é uma instituição criada pelo homem com o intuito de
proteger os homens uns dos outros e para que o Estado cumpra suas funções de
garantir a ordem e proteger a sociedade para que ela não se desfaça é necessário
não apenas o exercício do poder, mas a legitimidade, que provém da aceitação da
sociedade.
A RESPONSABILIDADE DO ESTADO
O Estado, foi adquirindo sempre mais poder e desenvolvendo um caráter
acentuadamente regulador da vida social, ou seja, foi ampliando significativamente
suas atribuições e funções.
O Estado, enquanto instituição representativa da sociedade, passou a ser
responsabilizado também pelo bem estar social, pois é ele que regula os
mecanismos de distribuição de renda, por meio do controle do salário mínimo,
preço de produtos, impostos, financiamentos, consequentemente, ele é
indiretamente responsável pelo crescimento da pobreza no mundo.
O que se espera é que o Estado, representando a sociedade como um todo, tanto
ricos como pobres, tanto trabalhadores como empresários, possa amenizar essa
desigualdade social.
Desde o século XIX, economistas e sociólogos tentaram descobrir tendências
para o futuro das populações carentes. Marx, sustentava que o
desenvolvimento do capitalismo levaria a uma constante e irreversível
concentração de propriedade e riqueza, monopolizada por poucos, enquanto
o restante da população estaria reduzido a um nível econômico de
subsistência.
Muitas teorias mostraram falhas em seus prognósticos, pois vivemos numa
sociedade de abundância e não de escassez, que dispõe de meios para uma
distribuição mais igualitária de bens, desde que para isso haja vontade
política.
 a educação se universaliza mas a repetência, a evasão escolar e as taxas de
analfabetismo aumentam.
 a expectativa de vida cresce em quase todas as partes do mundo, mas o
atendimento à população carente continua precário.
 as favelas se multiplicam caracterizando a paisagem urbana.
 o desemprego aumenta, juntamente com a criminalidade.
URBANIZAÇÃO/CRIMINALIDADE
Forma-se um círculo vicioso em que o indivíduo, para ter trabalho, precisa
ter domicílio, registro, carteira profissional e uma situação civil legal. Mas
impossibilitado de trabalhar por não cumprir tais exigências, ele passa a
aumentar as fileiras de marginalizados que vivem sob constante vigilância
policial.
Desse modo, a urbanização tem resultado no crescimento da pobreza
urbana, atraindo para os centros industriais populações expulsas do
campo pela mecanização do trabalho agrícola, pela baixa produtividade do
meio rural e pela concentração da terra.
A violência e a agressividade aumentam, criando um clima de guerra civil
nas grandes cidades, onde os índices de criminalidade são alarmantes.
Segundo Marx, a população desempregada ou subempregada que vivia na
pobreza junto aos grandes centros industriais representaria uma força de
manobra na constante luta entre trabalho e capital.
Sem qualificação, sem emprego, sem assistência, os marginalizados das
cidades são operários virtuais, recrutáveis a qualquer momento, mão-deobra barata que anseia por uma situação regular.
Diante de tudo isto, a pobreza parece um fenômeno constante e assustador
que exige medidas conscientes e responsáveis. Portanto, um esforço
conjunto se faz necessário envolvendo políticas, como o Banco do Povo,
criação de Organizações não-Governamentais que desenvolvam projetos
de assistência social, alfabetização e capacitação para o trabalho.
QUESTÕES URBANAS
A concentração de pessoas nas áreas urbanas gera efeitos devastadores:
a formação de bairros periféricos.
O processo de urbanização é visto por especialistas como inevitável e
cabe as cidades se prepararem para receber a população rural que cada
vez mais tende a deixar o campo. O processo de urbanização é uma
manifestação da modernização sociedade.
Os problemas nas áreas urbanas tornam-se inúmeros:
 ausência de planejamento urbano que permita receber os contingentes
populacionais que leva a formação de bairros periféricos onde serviços
públicos são ausentes;
 condições de moradias são precárias;
 distâncias dos bairros centrais são grandes.
A violência tem se constituído em um dos principais problemas das áreas
urbanas, essa situação provoca insegurança social, destruição, abalos
morais, além dos custos elevados com serviços policiais e equipamentos
de segurança.
Para os estudiosos, dentre eles, Rousseau, Marx e Engels, a origem dos
conflitos e da violência remonta às organizações humanas mais primitivas.
Os grupos humanos que se dedicavam à agricultura passaram a defender
o território onde haviam trabalhado e produzido, de forma a garantir a
posse dos fruto deste trabalho. Portanto, com o desenvolvimento da
indústria e da tecnologia generalizou e radicalizou as atitudes violentas do
homem.
Hoje gangues controlam regiões inteiras de comércio de drogas e uma
infindável rede de traficantes e usuários, promovendo roubos, assaltos e
assassinatos.
Táticas de defesa pessoal e jogos de guerra são simulados em
treinamentos nas grandes empresas, estimulando os funcionários a
desenvolver espírito competitivo, ambições e agressividade.
Assim como a pobreza, a violência indiscriminada, a impunidade dos
criminosos e a diversidade dos grupos em conflito, põem em xeque as
mais otimistas análises sobre a sociedade contemporânea.
MOVIMENTOS DA SOCIEDADE EM REDE
Entende-se por movimentos sociais “as ações de grupos sociais
organizados que buscam fins estabelecidos coletivamente e tem como
objetivo mudar ou manter as relações sociais”. (FERREIRA, 2001, p 146).
É preciso considerar que os movimentos sociais procuram interferir
elaboração das políticas públicas econômicas, sociais, algo que o
indivíduo isoladamente não conseguiria.
Há uma diversidade de movimentos que atuam na sociedade: ecológicos,
feministas, anti-racistas, entre outros. Exemplo de movimentos são:
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra, Comitê em Defesa dos
Direitos Humanos, Movimento Estudantil, Movimento Hippie.
QUESTÃO
1. Por que os países pobres são os que registram os maiores índices de
violência?
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