DIFILOBOTRIASE

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DIPHILOBOTRÍASE HUMANA
Introdução
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Uma grande variedade de parasitas tem sido identificada em
peixes crus. O crescimento da população de mamíferos
marinhos, particularmente focas e leões marinhos no oceano
Pacífico e Atlântico norte, está relacionado ao aumento da
ocorrência de parasitas de peixes. Também o aumento das
infecções marinhas está associado à distribuição mundial e ao
aumento da popularidade da ingestão de alimentos marinhos
ingeridos crus.
A difilobotriose, ou botriocefalíase, ocorre em áreas onde lagos e
rios coexistem com o consumo humano de peixe cru, mal cozido
ou defumado.
Áreas endêmicas
Diphyllobothrium
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Dos cestódeos que infectam peixes e humanos, o gênero
Diphyllobothrium apresenta a maior importância; este parasita
desenvolve sua maturidade sexual no trato intestinal de mamíferos. O
D. latum é encontrado na carne de peixes frescos de água doce ou de
água salgada que migram para água doce para a reprodução; os
ursos e os humanos são os hospedeiros definitivos deste parasita. O
D. latum, assim como o D. pacificum, normalmente maturam em focas
ou outros mamíferos marinhos e alcança a metade do tamanho do D.
latum.
Classificação
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CLASSE: Cestoidea
ORDEM: Pseudophyllidea
GÊNERO: Diphyllobothium
ESPÉCIES: D. latum, D. pacificum
A classe compreende animais que têm tipicamente o corpo achatado e
em forma de fita, segmentado e provido anteriormente de um órgão
de fixação - o escólex – dotado de estruturas adesivas
Morfologia e Fisiologia
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As dimensões de D. latum variam entre 3 e 10 metros de
comprimento (15m);
O estróbilo possui de 3 a 4 mil proglótides;
O escólex não apresenta ventosas nem acúleos, mas somente duas
fendas longitudinais e profundas, as pseudobotrídias, ou bótrias,
com musculatura pouco desenvolvida.
As primeiras proglotes são imaturas, mas fazem logo transição para
os segmentos maduros e grávidos;
Cada proglote apresenta testículos, ovário, um oviduto, oótipo e
uma vagina, na região mediana;
O útero possui orifício próprio para a oviposição, o tocóstomo;
O estróbilo completo de D. latum elimina cerca de um milhão de
ovos diariamente
Esses ovos são elípticos, envolvidos por uma só casca espessa e
com opérculo em um dos pólos;
D. pacificum tem bótrias oblíquas, colo mais alongado e mais
espesso, e os ovos, menores.
Ciclo Biológico
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Os ovos imaturos são liberados nas fezes e, em contato com a
água, liberam, em dez dias ou mais, uma larva esférica, provida de
3 pares de acúleos e revestida por um epitélio ciliado, denominada
coracídeo. Os coracídios que são ingeridos por pequenos
crustáceos ( Cyclops e Diaptomus), em cujo intestino perdem o
revestimento ciliado, e ganham acesso à cavidade geral. Forma-se
então, uma larva sólida e alongada, com um apêndice caudal, a
larva procercóide. Os artrópodes contaminados são ingeridos por
peixes, e ao atingirem seu intestino, as larvas procercóides
atravessam a mucosa e invadem os músculos, as vísceras ou o
tecido conjuntivo de qualquer órgão, onde se transformará em um
organismo vermiforme: a larva plerocercóide. No homem, o verme
adulto se localiza no duodeno, no jejuno ou no íleo e os ovos
imaturos são liberados pelos proglotes e são passados para as
fezes cinco a seis semanas após a infecção. Os humanos são os
hospedeiros definitivos e a infecção se dá pelo consumo de peixe
cru contendo esparganos. O salmão é o peixe que mais
comumente transmite a difilobotriose, que também pode ser
transmitida por trutas.
Ciclo Biológico
Infectividade e Resistência
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A infecção humana é devida ao consumo de peixe cru que
contenha os esparganos. Costuma haver um só espécime em cada
paciente, algumas vezes 2 ou 3 e raramente mais. Quando o
número aumenta, os helmintos apresentam menor tamanho.
No homem a imunidade é temporária. Dois terço das pessoas
tratadas, e que permanecem em áreas endêmicas, reinfectam-se
dentro de 3 anos. No soro de pacientes com difilobotríase
demonstra-se presença de anticorpos precipitantes e fixadores de
complemento, grupo-específicos para cestóides.
Diagnóstico
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A infecção é diagnosticada pelo encontro de ovos operculados nas
fezes dos pacientes por avaliação microscópica. Estes ovos podem
ser concentrados por sedimentação e são dificilmente distinguidos
dos ovos de Nanophyetus spp. As larvas destes parasitos são
encontradas em larvas de peixes
Patologia e Sintomatologia
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O quadro clínico pode simular o da úlcera péptica, da colelitíase, da
ileíte ou de uma apendicite. Além dos transtornos digestivos, podem
estar presentes manifestações gerais de caráter neurológico, tóxico
ou obstrutivo
A difilobotriose é caracterizada por distensão abdominal, flatulência,
dor epigástrica, anorexia, náuseas, vômitos, astenia, perda de peso,
eosinofilia e diarréia após 10 dias do consumo de peixe cru ou mal
cozido. Uma complicação peculiar dessa helmintose é o
desenvolvimento de anemia microcítica e megaloblástica,
principalmente
em
pessoas
geneticamente
susceptíveis,
usualmente de origem Escandinávia, pois o parasita adulto tem a
capacidade de absorver intensamente a vitamina B12 no intestino
do hospedeiro com prolongada infestação. A maioria das infecções
são assintomáticas.
Tratamento
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O tratamento é feito com
praziquantel ou com
niclosamida. Nos casos graves,
com 2.00.00 de hemácias por
mm3 ou menos, além do
tratamento antiparasitário, é
necessário administrar ao
paciente vitamina B12 para
restabelecer a normalidade
sangüínea.
Epidemiologia
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A prevalência de casos é elevada nos Países Bálticos, de onde o
parasitismo estendeu-se a numerosas outras regiões com a mesma
paisagem epidemiológica (rios e lagos de água doce, clima frio ou
temperado), graças à migração de pacientes portadores do
cestóide. Nos lagos andinos da Argentina e do Chile, foi o
povoamento artificial com peixes salmonídeos procedentes do
hemisfério norte que contribuiu para a implantação de novos focos.
Outro fator importante para a ocorrência de casos é o hábito de
comer peixe cru ou insuficientemente cozido. O transporte de peixe
para consumo em regiões distantes permite, hoje, que surjam casos
em áreas não - endêmicas.
Casos registrados no Brasil
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No Brasil, dois casos já foram observados. Um, em 1915 por Pirajá
da Silva, na Bahia, em um marinheiro escandinavo, e outro por
Samuel Pessoa em São Paulo, numa francesa que residia na
Suíça.
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O paciente CGF, de 65 anos, residindo em Porto Alegre viajou para
New Orleans no início do ano de 2004, onde algumas de suas
refeições foram pratos com camarão e peixe (aparentemente não
cru) e também relatou uma passagem pelo continente europeu no
ano de 2003 em países como Itália, Inglaterra e Espanha. No mês
de julho, relatou dores abdominais leves e azia. Ao evacuar, suas
fezes apresentavam os proglotes.
Controle
Para controle, conta-se atualmente com medicamentos eficientes, para
reduzir as fontes de infecção humana, e outras medidas
preventivas, tais como:
 A necessidade de cozer bem a carne de peixe e evitar os pratos
onde ela é utilizada sem cocção;
 Dar destino higiênico aos excretos humanos e tratamento adequado
aos esgotos, antes de seu lançamento em rios ou lagos;
 Assegurar a inspeção sanitária do pescado e a condenação dos
peixes que apresentarem esparganose;
 Desenvolver programas de educação sanitária.
Os produtos frigorificados oferecem segurança, pois as larvas
plerocercóides não resistem à congelação.
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