APLICAÇÕES CLÍNICAS DA GLUTAMINA • O aminoácido não essencial glutamina tem sido foco de muito interesse científico devido a sua importância para o metabolismo e função de células como linfócitos, macrófagos, neutrófilos e seu papel fisiológico em animais e humanos. • È substrato energético para a proliferação celular e um importante veículo para o transporte de nitrogênio e carbono entre diversos tecidos. Os benefícios clínicos da administração de glutamina em estados patológicos tais como traumas, infecções prolongadas e grandes queimaduras, situações em que há uma queda nas concentrações de glutamina têm sido muito estudadas. • O uso de glutamina, juntamente com outros nutrientes tem mostrado resultados promissores, com algumas vantagens bastante significativas tais como redução na incidência de infecções o reduções no tempo de internação hospitalar. • Outros benefícios das aplicações clínicas da glutamina são a possibilidade de aumento da sensilidade de tumores a agentes quimioterápicos e a diminuição dos efeitos metabólicos da caquexia. • A glutamina tem sido descrita como um aminoácido essencial ao organismo em situações que levam a um intenso catabolismo, tais como grandes cirurgias, grandes queimaduras, septicemia e inflamações. • Essas situações são caracterizadas pelo balaço nitrogenado negativo com elevação das taxas de degradação protéica muscular, o que provoca alterações importantes no fluxo de glutamina entre os tecidos. Com aumento no consumo deste aminoácido por parte do TGI, de células do sistema imune e rins. • Essas alterações descritas poderiam ser amenizadas pelo fornecimento exógeno deste nutriente. Em estados catabólicos é necessário consumir entre 20 e 40 g de glutamina por dia. ENFERMIDADES GASTRINTESTINAIS • Estudos em animais confirmaram que a glutamina tanto previne o desenvolvimento de úlcera induzida por aspirina como acelera o processo de cicatrização nos casos de úlceras crônicas. O que motivou este estudo foi a identificação da glutamina como sendo a principal substância presente no suco de repolho, costumeiramente recomendado ao tratamento de úlcera. • O mecanismo pelo qual a glutamina exerce esse efeito protetor parece estar relacionado com sua propriedade de gerar glutationa. A glutationa, que desempenha um papel importante nos sistemas celulares de defesa antioxidante, é capaz de proteger a mucosa gástrica contra danos provocados pelo etanol ou pela aspirina. • Foram realizados estudos onde se verificou que a glutamina, e não a glicose era o principal substrato energético dos enterócitos. Por isso, pacientes submetidos a cirurgias que permanecem por longos períodos sob NPT desenvolvem atrofia da mucosa intestinal. Essa atrofia se deve à falta de estímulo das vilosiades pelo alimento e provavelmente, seria um resultado direto da deficiência em glutamina. • A adição de formas estáveis de glutamina às soluções parenterais reduz o processo de atrofia, ao mesmo tempo em que aumenta a síntese de enzimas digestivas além de elevar a taxa de crescimento e a capacidade absortiva da mucosa intestinal. TERAPIAS ANTICÂNCER • Devido ao fato de a glutamina ser um substrato essencial ao crescimento de células em cultura, os médicos têm se mostrado resistentes à idéia de administrar glutamina a indivíduos com câncer, receando estimular o crescimento do tumor. • Entretanto, experiências in vivo demonstraram que a administração de glutamina, via oral ou intravenosa, não acelera o crescimento de tumores. Estudos com animais revelaram que a glutamina de alguma forma, potencializa o efeito da quimioterapia, aumentando a eficiência do tratamento além de reduzir os seus efeitos colaterais. • Após administração de glutamina em pacientes com câncer, observou-se que os tecidos do hospedeiro tiveram elevação significativa no teor de glutationa, enquanto que, no tecido tumoral, os teores foram significativamente menores. Houve, portanto, aumento nos danos oxidativos do tumor causados pela quimioterapia, concomitante a proteção maior aos demais tecidos do hospedeiro. • A glutamina torna as células tumorais mais sensíveis à quimioterapia pela diminuição das concentrações intracelulares de glutationa. Ao mesmo tempo, a glutamina restaura as concentrações de glutationa nos demais tecidos do hospedeiro diferentemente de outros antioxidantes que, ao contrário da glutamina, aumentam também a concentração de glutationa das células neoplásicas, aumentando a resistência do tumor à terapia. TRANSPLANTES • Efeitos da suplementação da dieta intravenosa com glutamina no caso específico de pacientes transplantados vêm sendo muito estudados. Anteriormente aos estudos com glutamina, havia sido estabelecido que os regime com altas concentrações de nitrogênio poderiam reduzir a perda de massa muscular desses pacientes. • Estudos avaliaram os efeitos da suplementação da dieta intravenosa com glutamina. Os pacientes que receberam glutamina tiveram menor incidência de infecções hospitalares. Acredita-se que a glutamina possa alterar a funcionalidade de células imunes, ajudando no reparo das barreiras ou, ainda, preservando as concentrações intracelulares de antioxidantes. CIRURGIAS • Pacientes que sofreram grandes cirurgias apresentam profunda depleção nas reservas de glutamina que pode levar a graves complicações, tais como infecções, dificuldade de cicatrização, imunossupressão, aumento da permeabilidade intestinal, com possível translocação bacteriana e falência múltipla de órgãos. • Inúmeros trabalhos foram publicados sobre os benefícios do uso de preparações enriquecidas com glutamina a pacientes submetidos a grandes cirurgias. De forma geral, há fortes evidências de que a glutamina melhora o balanço nitrogenado, conservando o músculo esquelético e restaurando as concentrações intramusculares de glutamina. Desta maneira houve uma melhor recuperação destes pacientes. QUEIMADURAS EXTENSAS • Vítimas de queimaduras extensas desenvolvem várias alterações patofisiológicas que incluem: a perda intensa de nitrogênio, desnutrição, aumento da taxa metabólica e deficiência imunológica. • Estas alterações predispõe o organismo a infecções freqüentes, além de prejudicar o processo de cicatrização, elevando o tempo de internação e a taxa de mortalidade. Esse pacientes necessitam portanto de uma alimentação rica em proteínas e energia, a fim de acelerar sua recuperação. • Pesquisas relataram aumento na capacidade bactericida de neutrófilos de indivíduos queimados tratados com glutamina. Em nenhum estudo, entretanto, a glutamina foi suplementada aos pacientes. • Portanto, os efeitos benéficos da glutamina, tais como melhora do balanço nitrogenado, manutenção da funcionalidade do sistema imune e redução da incidência de infecções, assim como efeitos prejudiciais que a queda das concentrações intracelulares deste aminoácido após a injúria térmica podem acarretar, ainda carecem de investigação. BEBÊS PREMATUROS • Dietas parenterais e enterais com glutamina podem ser particularmente benéficas ao prematuro pelas características intrínsecas deste aminoácido, quais sejam: precursor de purina e pirimidina, maturação do trato gastrointestinal, prevenção do catabolismo e aumento do desenvolvimento e da funcionalidade das células do sistema imune. • Deve-se ressaltar também que a glutamina é o principal aminoácido fornecido ao feto pela placenta e o leite materno e o líquido aminiótico contêm teores mais elevados de glutamina livre que o leite de vaca e preparações comerciais. AIDS • Devido à importância da glutamina na resposta imune celular, existe a hipótese de que a suplementação com este aminoácido pode aumentar a sobrevida de pacientes com AIDS. • Na verdade, a glutamina é essencial para manter muitos processos metabólicos que são bastante afetados durante a infecção por HIV. Verificou-se que concentrações de glutamina caem drasticamente, mesmo em indivíduos assintomáticos, e as reservas de glutationa se esvaem. • Como a demanda por glutamina cresce, a degradação muscular aumenta, numa tentativa de satisfazer as necessidades, resultando em atrofia muscular e perda de peso. A glutamina em conjunto com substância antioxidantes também pode melhorar o estuado nutricional dos aidéticos na medida em que impede a diminuição de Vit C, Vit E e betacaroteno. • Preparações suplementadas com glutamina vêm sendo utilizadas com frequência a todos os estados catabólicos que levam a perda significativa de massa muscular e diminuição das concentrações intracelulares de glutamina, caracterizando um estado de deficiência. BOAS FÉRIAS!!!