Variáveis confundentes

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A Metodologia da Pesquisa
Clínica
Renato M.E. Sabbatini
NIB/UNICAMP
FCM/UNICAMP
Ciência e Método
A Ciência só aceita como
verdadeiro o que é
confirmável mediante
comprovação compatível
com o método científico
Metodologia Científica
Definição
Conjunto de etapas ordenadamente dispostas, a serem
vencidas na investigação de um fenômeno
O método científico
Hipótese
Dados
Conclusões
Decisão
O método científico: exemplo
Hipótese
Utilizar um CD-ROM
de ensino médico faz
os alunos aprenderem
melhor
Dados
Notas obtidas no
mesmo exame,
aplicado a dois grupos,
experimental e
controle
Conclusões
Grupo
experimental teve
nota maior do que
o controle
Etapas da Investigação Científica






Escolha do tema
Planejamento da investigação
Desenvolvimento metodológico
Coleta e armazenamento de informações
(observação, experimentação)
Análise dos resultados, elaboração das conclusões
Divulgação dos resultados
Planejamento






Materiais e métodos a serem utilizados
Objetivos finais e parciais da pesquisa
Cronograma de desenvolvimento
Pesquisadores, técnicos e suas atribuições no
projeto
Como serão coletados, armazenados e analisados
os dados
etc.
Desenvolvimento dos Métodos




Identificação e seleção de todos os métodos e técnicas
(inclusive computacionais e estatísticas) a serem usadas na
pesquisa e/ou:
Desenvolvimento ou aperfeiçoamento de técnicas e métodos
(pesquisa metodológica)
Treinamento e validação da metodologia através de projeto
piloto ou protótipo
Não se deve iniciar a pesquisa principal sem estar terminada
esta etapa
Coleta dos Dados



Realização de estudos observacionais (aplicação de
questionários, estudos de campo, registro de dados
exploratórios, etc.)
Realização de estudos experimentais (manipulação
das variáveis de estudo, coleta de resultados)
Mensuração e comparação de dados de
desempenho, uso, impacto, etc. (quando for
pesquisa metodológica)
Papel da Pesquisa no Processo
Médico
Pesquisa
Coleta de Dados
Decisão
Educação
Ação Médica
Registro
Médico
Objetivos da Pesquisa Clínica




Adicionar e integrar novos conhecimentos à ciência
médica (doenças, suas manifestações, prevalência e
diagnóstico, novas formas terapêuticas, etc.)
Utilizar métodos científicos de controle e análise
rigorosos e objetivos, para assegurar a validade dos
resultados
Derivar resultados que tenham aplicabilidade prática
na prevenção, diagnóstico e terapia de doenças
Respeitar as limitações impostas pela ética da
experimentação com seres humanos
Tipos de Pesquisa Clínica





Pesquisa clínica básica
Pesquisa clínica com pacientes
Ensaios clínicos
Estudos epidemiológicos
Observações clínicas (descrição de casos)
O Ciclo Experimental
Formular
problema
Avaliar
resultados e
disseminar
Testar
hipótese
Gerar
Hipótese
Observar
Experimentar
Desenvolver
modelo
Categorias de Pesquisa Clínica

Estudos prospectivos
As condições experimentais, tamanho da amostra, grupos,
parâmetros, critérios, protocolos, testes, etc. são definidos antes
de coletar os dados. Os pacientes são adicionados ao estudo
segundo o protocolo e os critérios de exclusão e inclusão, à
medida que chegam.

Estudos retrospectivos
Já existem dados sobre pacientes atendidos e eles são
incluídos ao estudo segundo critérios e definição de
parâmetros, através da revisão e recodificação de prontuários
Estudos Retrospectivos

Vantagens
– Mais barato
– Sem problemas de fazer

Desvantagens
– Dados coletados sem objetivos pré-definidos
– A amostra estudada pode não ser representativa da
população
Procedimentos da Pesquisa
Clínica

Ensaio clínico aleatorizado (RCT)
Um tipo de experimento prospectivo, em que os pacientes são
alocados aleatoriamente a grupos alternados e tratados de
acordo com um protoco de estudo

Estudos cegos e duplo-cegos
Nem o paciente (estudo cego) e nem o paciente e o
pesquisador (estudo duplo-cego) sabem quais são os grupos a
que foram alocados

Viés
É um erro sistemático introduzido por fatores diferentes do
efeito experimental. Exemplos: viés de seleção, viés de
amostragem, viés experimental.
Estudos Cegos: Vantagens e
Desvantagens




Diminuem os riscos de diferenças sutis e não
reconhecidas na qualidade e estilo de tratamento, na
resposta dos pacientes ou na avaliação do
pesquisador
São importantes quando o resultado do experimento
requer avaliações subjetivas
São inviáveis quando a intervenção não pode ser
escondida do paciente e/ou médico (tipos de
tratamento diferentes, efeitos colaterais
Considerações éticas: um tratamento é superior a
outro, ou quando o efeito deletério já é conhecido
Aleatorização: Vantagens


Elimina o viés de seleção
Diminuem a probabilidade de que os grupos difiram
significativamente entre si com respeito a alguma
variável não controlada, ou alguma característica que
possa influir no resultado
Pesquisa Experimental



Variáveis independentes: são as variáveis,
parâmetros ou condições manipuladas pelo
pesquisador
Variáveis dependentes: são as variáveis, parâmetros
ou efeitos que são observados ou mensurados pelo
pesquisador
Variáveis de controle: são as variáveis, parâmetros
ou condições que devem permanecer fixas ou
controladas.
Pesquisa Experimental




Os sujeitos ou objetos a serem estudados no experimento são
divididos em grupos controles e experimentais
Os grupos controle não recebem a influência da variável
independente
Os grupos experimentais recebem a variável independente
A relação causa-efeito é determinada pela comparação
estatística entre os grupos
Descrição de Eventos Clínicos



Variáveis de identificação
Paciente, visita, parâmetro, tempo.
Variáveis primárias
Descritoras da intervenção, dos resultados (variáveis
independentes e dependentes).
Variáveis confundentes
Registro dos fatores que podem influenciar os
resultados experimentais, e que podem servir para
estratificar o estudo.
Exemplos de Variáveis





Objetivo: investigar o efeito de uma nova droga antihipertensiva
Variáveis identificadoras
nome, registro, visita pré-tratamento, visitas póstratamento, etc.
Variável primária independente
dosagem e via da droga, placebo, etc.
Variável primária dependente
Pressão arterial sistólica e diastólica, FC, etc.
Variáveis confundentes
Idade, sexo, patologia, grupo socio-econômico, etc.
Pesquisa Experimental


Perigo do víes (bias): influência inconsciente ou
consciente por parte dos sujeitos ou pesquisadores
sobre o resultado da pesquisa
Eliminação ou redução do viés:
– Atribuição aleatória dos sujeitos aos grupos
– Sujeitos ignoram a que grupo pertencem (estudo cego)
– Pesquisadores também ignoram (estudo duplo-cego)
Pesquisa Experimental: Exemplo



Objetivo: determinar se a sobrevida de
pacientes com AIDS aumenta com AZT
Grupo controle: aidéticos recebem um
placebo
Grupos experimentais 1 e 2: aidéticos
recebem duas dosagens diferentes de
AZT
Pesquisa Experimental: Exemplo




Variável independente: dosagem de AZT
Variável dependente: tempo de sobrevida do
paciente desde o início do tratamento
Variáveis de controle: sexo, idade, tempo de duração
e gravidade da doença, nível econômico, etc.
Análise estatística: comparação entre os grupos
usando análise de variância e curvas de
sobrevivência
Análise dos Dados

Dois tipos de dados e análises:
– Qualitativos
– Quantitativos


Planejamento experimental: o tipo de análise estatística a ser
usada depende dos tipos de variáveis, tamanho e numero de
grupos, etc. e deve ser selecionado antes de iniciar a pesquisa.
Dois tipos de análise quantitativa: exploratória de dados e
estatística de diferenças
O Papel da Estatística



Os resultados quase sempre são variáveis,
principalmente em biologia e medicina
É necessário descrever a variabilidade e as
tendências centrais, para entender o fenômeno
Para comprovar diferenças entre situações
observacionais e experimentais, é necessário usar
métodos estatísticos
Variabilidade e decisão (1)
Os fenômenos
naturais quase sempre
são variáveis.
Os alunos do mesmo
grupo tirarão notas
diferentes na mesma
prova.
Essas notas se
distribuem de uma
forma regular. Menos
alunos tiram notas
extremas
Variabilidade e decisão (2)
Para decidir se há diferença entre os valores de dois grupos é
necessário usar-se uma estatística. A variabilidade de cada grupo
deve ser considerada.
Variabilidade e decisão (3)

Exemplo de uma estatística:
– Teste t de “Student”
– Para detectar diferenças entre duas amostras, em uma variável
contínua com distribuição normal
– Calcula-se o parâmetro t:
t = f(m1/v1,m2/v2)
– Hipótese nula: o t não é diferente de zero, as diferenças entre as
amostras é devida ao acaso, com uma certa probabilidade (p.ex. p <
0.05). Essa probabilidade é o ponto de corte para se tomar a decisão.
A estatística é:



Uma forma de obter informação a partir dos dados
A tecnologia básica do método científico
Um método de elaborar decisões de forma objetiva
A estatística consiste dos
princípios e métodos para




Planejar investigações
Coletar dados
Apresentar dados e resultados
Interpretar os resultados
Tipos de variáveis

Variáveis qualitativas
– nominais (ex.: sexo)
– ordinais (ex.: classe socioeconômica)

Variáveis quantitativas
– discretas (ex.: idade em anos)
– contínuas (ex.: peso corporal)
Tipos de variáveis e análise

O tipo de teste estatístico que deve ser utilizado
depende dos seguintes fatores:
– Tipo de variável medida
Nominal, ordinal, discreta, contínua
– Número de variáveis analisadas simultaneamente
Univariado, bivariado, multivariado
– Tipo de distribuição da variável
Normal, binomial, não paramétrica, etc.
– O tipo de comparação
Testes de variáveis nominais
Experimental
Controle
Com efeito
Sem efeito
Teste de associação ou contingência: 2
Testes de variáveis nominais (2)
Fumantes
Não fumantes
Câncer
98
23
Sem câncer
1678
8129
2 = 332.07 probablilidade=0.00000000. Risco relativo= 4.73
Tipos de comparação estatística




De uma amostra e uma população
De uma amostra com ela mesma
De duas amostras pareadas
De duas amostras não pareadas
Pesquisas Multicêntricas

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
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


Importantes para: aumentar número de casos,
englobar maior variabilidade, generalizar experiência
Protocolo definido em comum (campos, parâmetros
critérios de inclusão/exclusão, etc.)
Ferramentas de captura descentralizadas
Banco de dados centralizado
Redistribuição dos resultados, publicação comum
Uso da Internet para intercomunicação
Uso do computador para gerenciamento do projeto
Aprendizado de Metodologia de
Pesquisa Clínica






Conhecer intimamente as técnicas de rotina da área
Conhecimento de estatística e planejamento
experimental
Conhecimento de métodos de assegurar a qualidade
de uma pesquisa
Metodologia de coleta e análise de dados,
ferramentas computacionais
Como escrever e relatar resultados
Conhecimentos de ética médica
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