INFLUÊNCIA DA FLORESTA NO MEIO AMBIENTE A INFLUÊNCIA DAS FLORESTAS NA UMIDADE RELATIVA DO AR A umidade relativa é um importante elemento da biosfera. As altas umidades relativas criam ótimos ambientes para o desenvolvimento de fungos e outros elementos patogênicos, enquanto que as baixas umidades relativas causam ressecamento e proporcionam ambientes propícios para a ocorrência de incêndios florestais. Durante o aquecimento diário da superfície terrestre, a umidade relativa é geralmente mais baixa no fundo dos vales ou nas faces diretamente expostas à incidência dos raios solares. À noite, as partes mais baixas, como o fundo dos vales, são relativamente mais úmidas e a umidade relativa mínima ocorre na posição média do declive, onde as temperaturas são mais altas. A INFLUÊNCIA DAS FLORESTAS NA UMIDADE RELATIVA DO AR As florestas moderam a temperatura superficial e contribuem para o aumento da umidade do ar por meio da evapotranspiração. Além disso, o dossel contínuo de uma floresta possui o efeito de reduzir a velocidade do vento e as misturas de massa de ar causadas pelo movimento das brisas. Diante disso, a diferença de umidade entre os povoamentos florestais variam com a densidade das copas das árvores. Onde as copas são fechadas, a umidade geralmente é mais alta do que em locais com densidades menores. Essa umidade é mais alta durante o dia e mais baixa durante a noite, sendo mais pronunciada nas florestas com sub-bosque verde. Nas florestas decíduas, seus efeitos sobre a umidade são muito suaves A INFLUÊNCIA DAS FLORESTAS NA UMIDADE RELATIVA DO AR A umidade relativa do ar apresenta comportamento bem mais simples quando comparado com a temperatura. No entanto, existe uma estreita correlação entre essas duas variáveis. A umidade relativa próxima ao piso florestal é maior que aquela acima do dossel, por causa da diferença de temperatura e também porque a pressão do vapor d'água nas copas é suavemente mais elevado, devido à evapotranspiração. A INFLUÊNCIA DAS FLORESTAS SOBRE O VENTO O vento é o resultado da conversão da radiação solar para energia térmica e depois para energia cinética, criando um diferencial de calor na atmosfera que causa outro diferencial de calor na superfície da Terra. A velocidade do vento é determinada pelo relevo e pelas diferenças de temperatura existentes. Assim como o início da radiação solar aumenta a movimentação do ar, que é o vento, também o relevo pode alterar a qualidade térmica da circulação do ar, tornando-o mais quente e mais seco, ao passar por montanhas ou por fundo de vales. A INFLUÊNCIA DAS FLORESTAS SOBRE O VENTO O vento, pela sua influência sobre a transpiração, atua diretamente na fotossíntese e, conseqüentemente, no crescimento das árvores, uma vez que ao redor dos estômatos formam-se capas de ar úmido que são transportadas pelo vento. Eleva-se, com isso, a transpiração, o que possibilita um maior acesso de ar fresco carregado de CO² próximo às folhas, aumentando o nível de assimilação, quando o vento for leve. No entanto, a ação contínua do vento, depois de um certo tempo, diminui a transpiração pelo fechamento dos estômatos, prejudicando a assimilação. Com isso, o vento contínuo e forte afeta negativamente o crescimento em diâmetro e altura das árvores. A INFLUÊNCIA DAS FLORESTAS SOBRE O VENTO As florestas são estruturas rugosas que influenciam grandemente na turbulência do ar, constituindo-se em superfícies de fricção que determinam e contribuem para direcionar os ventos, principalmente nos locais próximos ao solo. Diferentes alturas da vegetação e seus efeitos sobre a turbulência do ar A INFLUÊNCIA DAS FLORESTAS SOBRE O VENTO A velocidade do ar varia rapidamente com a altura, sendo quase nula ao nível do solo e bastante acentuada a poucos metros de altura. Quando a vegetação for muito baixa, para efeito de estudos meteorológicos, essa superfície de fricção é desconsiderada. Porém, quando a vegetação for arbórea, o fluxo do ar dentro da floresta deve merecer consideração especial por ter participação direta nos processos fisiológicos das plantas. A INFLUÊNCIA DAS FLORESTAS SOBRE O VENTO As copas das árvores são muito eficientes na redução da velocidade e movimentação dos ventos por apresentarem grandes áreas de fricção. Quando a floresta apresentar sub-bosque, a velocidade do ar no seu interior pode ser a mesma tanto no sentido vertical como horizontal, da superfície do solo até o topo das copas, devido às várias superfícies estruturais que se formam ao longo da altura. A INFLUÊNCIA DAS FLORESTAS SOBRE O VENTO No interior de uma floresta, o vento sofre alterações que dependem da composição, densidade de estratos e de copas e também da qualidade dessas, com folhas ou desfolhadas. Com um manejo adequado é possível melhorar a estrutura das florestas, minimizando os possíveis danos causados pelos ventos . Influência do manejo da floresta no comportamento do vento Fonte: Adaptado de KIMMINS (1987) A INFLUÊNCIA DAS FLORESTAS SOBRE O VENTO A velocidade do vento acima do teto das matas é maior do que em campo aberto, exercendo um efeito de sucção. Por isso, quando consegue entrar momentaneamente no povoamento, causa turbulências, danificando os indivíduos mais frágeis que estão presentes na constituição das florestas. Assim, para se manejar com eficiência uma floresta, deve-se conhecer a direção dos ventos dominantes, bem como avaliar as influências dos fatores do relevo local. O vento atua dentro da floresta de maneira mais amena do que fora dessa, influindo sobre o clima do seu interior. Assim a velocidade do vento depende também do grau de estratificação das copas e da velocidade acima do dossel. A INFLUÊNCIA DAS FLORESTAS SOBRE A ÁGUA A MATA CILIAR O termo mata ciliar ou ripária é empregado para designar as florestas que ocorrem nas margens de cursos de água . A mata ciliar ocorre ao longo do terreno que inclui tanto a ribanceira de um rio ou córrego, de um lago ou represa, como também as superfícies de inundação chegando até as margens do corpo d'água pela própria natureza do ecossistema formado pela mata ciliar. Encontram-se também transições de solo, de vegetação e de um grande gradiente de umidade do solo, que impõem o tipo de vegetação. A INFLUÊNCIA DAS FLORESTAS SOBRE A ÁGUA As matas ciliares são sistemas que funcionam como reguladores do fluxo de água, sedimentos e nutrientes entre os terrenos mais altos da bacia hidrográfica e o ecossistema aquático. A INFLUÊNCIA DAS FLORESTAS SOBRE A ÁGUA Essas matas desempenham o papel de filtro, o qual se situa entre as partes mais altas da bacia hidrográfica, desenvolvida para o homem para a agricultura e urbanização e a rede de drenagem desta, onde se encontra o recurso mais importante para o suporte da vida que é a água. Os ecossistemas formados pelas matas ciliares desempenham suas funções hidrológicas das seguintes formas: •Estabilizam a área crítica, que são as ribanceiras do rio, pelo desenvolvimento e manutenção de um emaranhado radicular; • Funcionam como tampão e filtro entre os terrenos mais altos e o ecossistema aquático, participando do controle do ciclo de nutrientes na bacia hidrográfica, através de ação tanto do escoamento superficial quanto da absorção de nutrientes do escoamento subsuperficial pela vegetação ciliar; • Atuam na diminuição e filtragem do escoamento superficial impedindo ou dificultando o carreamento de sedimentos para o sistema aquático, contribuindo, dessa forma, para a manutenção da qualidade da água nas bacias hidrográficas; • Promovem a integração com a superfície da água, proporcionando cobertura e alimentação para peixes e outros componentes da fauna aquática; • Através de suas copas, interceptam e absorvem a radiação solar, contribuindo para a estabilidade térmica dos pequenos cursos d'água A INFLUÊNCIA DAS FLORESTAS SOBRE A ÁGUA A mata ciliar e a qualidade da água O principal papel desempenhado pela mata ciliar na hidrologia de uma bacia hidrográfica pode ser verificado na quantidade de água do deflúvio. Em estudos realizados para verificar o processo de filtragem superficial e subsuperficial dos nutrientes, N, P, Ca, Mg e Cl, através da presença da mata ciliar, as conclusões foram as seguintes: • A manutenção da qualidade da água em microbacias agrícolas depende da presença da mata ciliar; • A remoção da mata ciliar resulta num aumento da quantidade de nutrientes no curso d'água; • Esse efeito benéfico da mata ciliar é devido à absorção de nutrientes do escoamento subsuperficial pelo ecossistema ripário. A INFLUÊNCIA DAS FLORESTAS SOBRE A ÁGUA A importância da mata ciliar, quanto à sua influência sobre a qualidade da água, pode ser observada no trabalho que foi realizado em uma microbacia de 18,3 ha, dos quais 10,4 ha estavam ocupados pela cultura de milho, e os 5,9 ha restantes perfaziam a mata ciliar. Através da amostragem da água da chuva, do deflúvio, do escoamento superficial e do escoamento subsuperficial, foram medidas as transformações que ocorrem com o nitrato, o fósforo e o carbono orgânico nos processos de escoamento superficial e subsuperficial ao longo do ecossistema ripário. A figura mostra o esquema da área experimental, assim como parte dos resultados relativos ao efeito da mata ciliar na filtragem superficial e subsuperficial do nitrogênio. Diagrama esquemático do fluxo de N total, em kg/ha/ano. Fonte: Adaptado de LIMA (1989). A INFLUÊNCIA DAS FLORESTAS SOBRE A ÁGUA Através deste trabalho, foi possível concluir que a mata ciliar atua no sentido de filtrar do escoamento superficial cerca de 41 kg de particulados, 11 kg/ha de N orgânico particulado, 0,8 kg/ha de N amoníaco dissolvido, 2,7 kg/ha de nitrato (NO3) e 3,0 kg/ha de P particulado total, os quais teriam de outra forma, chegado ao curso d'água via escoamento superficial. Também a filtragem via subsuperficial resultou na diminuição de 45 kg/ha de NO3-. Dessa remoção, cerca de 33% foi devido ao processo de absorção pela vegetação ciliar, sendo o restante devido às transformações bioquímicos de N que ocorrem nas condições saturadas da zona ripária. O consumo de água pela mata ciliar Em regiões semi-áridas, onde a água é limitante, a presença da mata ciliar pode significar um fator de competição. Isso se deve ao fato de que as árvores das matas ciliares apresentam suas raízes em constante contato com a franja capilar do lençol freático. Nesse caso, o manejo da vegetação ripária pode resultar numa economia de água. No caso de se pensar em aumentar a produção de água de uma bacia mediante o corte da vegetação da mata ciliar em regiões semi-áridas, deve-se considerar que a eliminação da vegetação deve ser por meio de cortes seletivos e jamais por corte raso. Isso porque as funções básicas das matas ciliares, manutenção de habitat para fauna, prevenção de erosões e aumento da temperatura da água devem ser mantida. Na região sul do Brasil, onde o clima é subtropical sempre úmido, e chove em média 1350 mm por ano, a competição das matas ciliares não compromete a produção de água nas bacias hidrográficas a ponto de serem feitos cortes rasos