Política linguística - [www.realiter.net].

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di Terminologia
REALITER
Terminologia
e política linguística
VIII Jornada científica
Facoltà di Scienze linguistiche e letterature straniere
Dipartimento di Scienze linguistiche
e letterature straniere
Osservatorio di terminologia e politiche linguistiche
Servizio Linguistico di Ateneo
In collaborazione con
Associazione Italiana per la Terminologia Ass.I.Term
Enilde Faulstich
Universidade de Brasília – UnB
Departamento de Linguística, Português
e Línguas Clássicas – LIP
Centro Lexterm
Realiter
A Terminologia entre
a política de línguas
e as políticas linguísticas
Introdução: Políticas
• A Terminologia insere-se no conjunto das
políticas educativas particulares de acordo com o
nível ou o destino do objeto de análise.
• Os dois polos da ação educativa são o indivíduo
e a sociedade; uma terceira é a espécie – aqui
representada pelas políticas de língua e política
linguística.
Introdução: Política de língua
• Política de língua é entendidas como o modelo
político para o qual os indivíduos são
conduzidos para uma educação eficaz. As
políticas são diversas.
• As políticas de língua, vigentes no mundo
contemporâneo, estão orientadas para o
multilinguismo, como meta de intercomunicação
entre os povos.
Introdução: Política linguística
• Na relação entre os fins e os meios, encontra-se
a política linguística.
• Política linguística é ‘ensemble des choix
conscients concernant les rapports entre
langue(s) et vie sociale. (CALVET, 2002, p. 16)
• As políticas linguísticas constituem “interventions
sur la langue ou sur les rapports entre langues.”
(idem, p. 15)
Introdução: Intervenções e
Planificação
• Intervenções nas situações linguísticas, “nous
entendons tout comportement conscient, toute
pratique consciente de nature à changer soit la
forme des langues, soit les articulations entre les
langues et les rapports sociaux. (CALVET, 2002,
p. 17)
• A prática concreta de uma política linguística
está diretamente relacionada a uma planification
linguistique (idem, p. 16).
Discussão: Vulgarização
científica
• Intervenção e difusão do conhecimento: os
limites entre as disciplinas se tornam
relativamente difusos e um dos meios de
esclarecer o que é ‘aquela coisa’ são os
dicionários e os glossários.
• Nesse contexto, a vulgarização científica ganha
espaço por meio da divulgação do
conhecimento nos livros, e, assim, a vulgarização
ganha impulso ao divulgar o fato científico.
Discussão: Fato científico
• Fato científico: resulta de uma construção social,
fruto das circunstâncias e condições de um
determinado estágio do saber, em determinada
época e lugar. (ZAMBONI, p. 32)
• Os autores recorrem a um princípio sistêmico de
organização capaz de fornecer uma visão das
‘idéias teorias e razões’.
• Dá-se o ponto de encontro entre fato científico
e linguagem de especialidade.
Discussão: Linguagem de
especialidade
• As linguagens de especialidade fazem pouco
sentido fora da área específica, porque essas
linguagens estão dentro de textos eu contêm
‘relatos de experiência’, representados em um
discurso
científico
que
tem
caráter
argumentativo porque buscam “provocar ou
aumentar a adesão dos espíritos às teses que se
lhes apresentam ao assentimento” (PERELMAN
& OLBRECHTS-TYTECA, 2002).
Discussão: Materiais didáticos
• As linguagens de especialidade constróem o discurso
científico; este é direcionado ou à comunidade que o
produz – e aí há coincidência entre produtor e
consumidor - , ou amplia o domínio sociocultural do
consumidor.
• Ao ser registrado em materiais didáticos, o
discurso científico ocupa uma função na
divulgação científica, com o papel de
intermediar o discurso científico do autor e o
discurso ‘comum’.
Discussão: Difusão científica
• Difusão científica engloba, do ponto de vista,
conceitual: a) a difusão para especialistas e b) a
difusão para o grande público em geral, a que
Bueno (1984, apud Zamboni) chama,
respectivamente de disseminação científica e
divulgação científica. Se considerarmos o conceito
de difusão como hiperonímico, então, esse
conceito inclui os objetos que disseminam e
divulgam as informações do gênero científico.
Discussão: Difusão do
conhecimento
• Objetos do conhecimento: os periódicos
especializados, os bancos de dados, os sistemas
de informação acoplados aos institutos e
centros de pesquisa, as reuniões científicas, as
sessões especializadas de publicações de caráter
geral, as páginas de ciência e tecnologia dos
jornais e revistas, os materiais didáticos, entre
outros. (BUENO, 1984, apud ZAMBONI,
2001, p. 46).
Discussão: Livro didático
• No contexto da divulgação científica, entra o
livro didático por causa do peso da linguagem,
pois é na “recodificação” que reside a tarefa do
divulgador.
• Pressuposto: o autor de livro didático transpõe o
conhecimento escrito em uma ‘linguagem
especializada para uma ‘linguagem não
especializada’, com o objetivo de tornar o
conteúdo acessível a uma vasta audiência. (idem,
ibidem, p. 47)
Discussão: Os glossários
científicos e técnicos como objeto
• Glossário científico: duas questões a discutir:
• 1) a primeira procura saber se glossários são
materiais didáticos;
• 2) a segunda questiona o papel do
‘reformulador’ do texto científico para incluir
numa espécie de dicionário, entendido como
glossário.
Discussão: Glossário e material
didático
• Os glossários apresentam as mais diferentes feições:
• a) do ponto de vista da política da língua, faz parte do
material didático como apêndice que aparece nos livros
de ensino; é um ‘elucidador sinonímico’ das palavras
‘difíceis’ que aparecem nos textos.
• A finalidade dos glossários é justapor dois discursos –
um mais hermético e outro menos hermético, num
contínuo de linguagens que vai da + difícil para
• a – difícil.
Discussão: Glossário e
representação
• b) do ponto de vista do papel do ‘reformulador’ do
texto científico para incluir ‘palavras especializadas’
num glossário, o que prevalece é a operação linguística
de paráfrase sinonímica ou textual. Mas, no fundo da
cena, resta verificar se a representação é também
acionada.
• Representação é entendida aqui como uma operação
além da relação binária do signo, porque a linguagem
não exerce apenas a função de nomear ou designar.
Discussão: Representação
• A representação que o cientista faz da realidade
se dá de forma indireta, pois, para Peirce,
Representar é “Estar em lugar de, isto é,
estar numa tal relação com um outro que,
para certos propósitos, é considerado por
alguma mente como fosse esse outro”
(PEIRCE, 2010, p. 61).
Algumas leis da política
educacional brasileira
• Lei de Libras LEI Nº 10.436, DE 24 DE
ABRIL DE 2002. Dispõe sobre a Língua
Brasileira de Sinais - Libras e dá outras
providências.
• Lei para indígenas
• Lei de cotas (para estudantes de escolas
públicas)
Ilustração: Lei de Língua de
sinais brasileira (LSB/Libras)
• Parágrafo único. Entende-se como Língua
Brasileira de Sinais - Libras a forma de
comunicação e expressão, em que o sistema
linguístico de natureza visual-motora, com
estrutura gramatical própria, constituem um
sistema linguístico de transmissão de ideias e
fatos, oriundos de comunidades de pessoas
surdas do Brasil.
Ilustração: LSB/Libras
• Art. 2o Deve ser garantido, por parte do poder
público em geral e empresas concessionárias de
serviços públicos, formas institucionalizadas de
apoiar o uso e difusão da Língua Brasileira de
Sinais - Libras como meio de comunicação
objetiva e de utilização corrente das
comunidades surdas do Brasil.
Ilustração: Lei para indígenas
• Ações:
• Habilitar professores indígenas para a docência
nos anos finais do Ensino Fundamental e Médio
• Como acessar: Por meio de edital de
convocação as Instituições Públicas de Educação
Superior – IES apresentam projetos de Cursos de
Licenciatura
em
Educação
Indígena.
Ilustração: Lei de cotas
• A Lei nº 12.711/2012, sancionada em agosto
deste ano, garante a reserva de 50% das
matrículas por curso e turno nas 59
universidades federais e 38 institutos federais de
educação, ciência e tecnologia a alunos oriundos
integralmente do ensino médio público, em
cursos regulares ou da educação de jovens e
adultos. Os demais 50% das vagas permanecem
para ampla concorrência.
Ilustração: Lei de cotas
• 2) A lei já foi regulamentada pelo Decreto nº
7.824/2012, que define as condições gerais de
reservas de vagas, estabelece a sistemática de
acompanhamento das reservas de vagas e a regra
de transição para as instituições federais de
educação superior.
Ilustração: Lei de cotas
• Há, também, a Portaria Normativa nº 18/2012,
do Ministério da Educação, que estabelece os
conceitos básicos para aplicação da lei, prevê as
modalidades das reservas de vagas e as fórmulas
para cálculo, fixa as condições para concorrer às
vagas reservadas e estabelece a sistemática de
preenchimento das vagas reservadas.
Decisão: O Português como segunda
Língua
• A interação entre o falante de português comum
(linguagem – difícil) e o falante de linguagem de
especialidade (linguagem + difícil) exige
representação nas duas linguagens e nas duas
línguas, porque:
- há dificuldades de vocabulário;
- há dificuldades de sintaxe;
- há dificuldades de morfológicas.
A complexidade da interação por
meio da(s) língua(s)
• As linguagens técnica e científica exigem
requisitos além da simples interpretação; exige
representação.
• Os parâmetros de português de surdo (como
segunda língua) são diferentes dos parâmetros
do português padrão (de ouvinte). Também
variam entre as línguas de sinais do mundo.
• A línguas indígenas são línguas faladas nas
comunidades indígenas.
Línguas indígenas
• Toda língua necessita de uma fixação. Esta é
obtida mediante a escrita, que se desenvolve
primeiramente como fiel transcrição fonética
dos enunciados ouvidos pelo pesquisador,
frequentemente gravados eletronicamente para
poderem ser repetidos com precisão, e progride
para uma representação fonológica mais
abstrata, que permite registrar com fidelidade os
dados relevantes para a análise gramatical e
semântica.
Linguas indígenas
• O linguista treinado para efetuar essas operações tem
de ter acesso a falantes nativos da língua e, para línguas
ainda desconhecidas, esse é um processo que demanda
quatro ou mais anos para produzir uma boa descrição
gramatical e um dicionário com registro amplo do
vocabulário que cubra todos os domínios semânticos
relevantes da cultura nativa. Assim, essa pesquisa é
também denominada etnolinguística. (RODRIGUES,
s/d, p. 35-36)
Conclusão: Que política de
línguas adotar no Brasil?
– Um surdo e um índio não conhecem o português
como primeira língua;
– surdos e índios precisam de vocabulário que não
existe na L1;
– a área de trabalho do pesquisador deve estar
relacionada a Libras (língua visual-espacial) e ao
português (língua oral); também a uma língua
indígena (língua oral) e ao português (língua oral).
•
Que política de harmonização
linguística adotar?
• Os glossários, dicionários,
vocabulários, léxicos devem ser:
• ou semibilíngues: L2L1
• ou bilíngues: L1L2 e L2L1.
Referências bibliográficas
• CALVET, Louis-Jean. Les politiques linguistiques.
Que sais-je?, PUF, 1996.
• CALVET, Louis-Jean. Le marché aux langues. Les
effets linguistiques de la mondialisation. Plon, France,
2002.
• LASLO, Pierre. La vulgarisation scientifique. Que saisje?, PUF, 1993.
• PEIRCE, 2010, p. 61).
Referências bibliográficas
• RODRIGUES, Aryon Dall’Igna. Sobre as línguas
indígenas e sua pesquisa no Brasil. In: L í n g u a s d o
B r a s i l /a r t i g o s, s/d, p. 35-36
• In: http://cienciaecultura.bvs.br/pdf/cic/v57n2/a18v57n2.pdf
• ZAMBONI, Lilian M. S. Cientistas, jornalistas e a
divulgação científica. Campinas – SP, Autores
associados, 2001.
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