Possibilidade de duas ações eticamente corretas e mutuamente excludentes Dilema ético Não há dilema certo x errado errado x errado Dilema ético Muitos dilemas éticos relativos à doação surgem em virtude da escassez de órgãos Ações para aumentar o número de doadores e reduzir os potenciais receptores podem esbarrar em limitações éticas Dilema ético Demanda x Disponibilidade Dilema ético •Doação intervivos •Doador sem ligação afetiva •Incentivo financeiro •Exigências do doador •“Busca ativa” •Retransplante •Participãção do intensivista Dilema ético Doador vivo Embora atenda ao princípio da autonomia retirar um órgão de um doador vivo constitui uma grave ofensa ao princípio da não-maleficência Esta ofensa só é aceita se o princípio da beneficência for contemplado, ou seja se o benefício for maior que o dano Doador vivo Como não há benefício físico ao doador só se pode analisar sob a ótica do benefício psicológico e moral Não raras vezes o doador vivo é moralmente constrangido não se constituindo uma ação voluntária Doador vivo É correto pedir a alguém que se submeta a um procedimento potencialmente fatal para beneficiar outro? Esta possibilidade aumenta o risco de comercialização de órgãos O doador vivo pode exercer alguma influência na escolha do receptor ? Doador vivo sem ligação afetiva Há uma quase unanimidade na oposição a qualquer pagamento direto por órgãos, pois violaria o padrão ético ideal do altruísmo e comercializaria de modo inaceitável o valor da vida humana. No entanto, defende-se que o reembolso na forma de despesas com funeral ou contribuição a instituições de caridade é eticamente aceitável, dependendo do valor. Incentivo financeiro Financial incentives for cadaver organ donation: an ethical reappraisal. Transplantation. 73(8):1361-1367, April 27, 2002 O intensivista deve solicitar a doação de órgãos aos familiares? Dilema ético § 3° Não podem participar do processo de verificação de morte encefálica médicos integrantes das equipes especializadas, autorizadas na forma deste Decreto, a proceder à retirada, transplante ou enxerto de tecidos, órgãos e partes. Decreto nº 2.268, de 30 de junho de 1997 Um conflito de interesses é uma condição na qual o julgamento de um profissional sobre um interesse primário tende a ser influenciado por um interesse secundário. Conflito de Interesses Em outras palavras, existe um conflito de interesses quando a pessoa encontra-se em posição de confiança para exercer um julgamento e, ao mesmo tempo, possui outros interesses ou obrigações que podem interferir com seu julgamento, tornando moralmente obrigatória sua recusa em julgar. Conflito de Interesses O interesse secundário não necessita ser ilegítimo por si só, sendo, de fato, na maioria das vezes necessário e desejável como parte da prática profissional, mas não é, naquela situação, o interesse dominante. Não se questiona ou se pretende eliminar o interesse secundário, mas apenas prevenir que ele domine, ou pareça dominar, o interesse primário. Conflito de Interesses Os médicos que estão sob conflito de interesses têm a confiança mútua com seus pacientes ameaçada. Os pacientes e familiares estão certos do compromisso do médico com seu cuidado. Esperam que seus médicos não sejam movidos por interesses outros que não o seu bem estar. Conflito de Interesses Se o paciente percebe que seu médico está agindo sob conflito de interesses — esteja ou não o médico influenciado pelo interesse secundário — pode perder a confiança no médico e na profissão médica como um todo. Conflito de Interesses Ao evitar tomar decisões sob conflito de interesses o médico não salvaguarda apenas a confiança individual, mas também a confiança pública na profissão médica. Conflito de Interesses Já em 1968, o Informe Harvard fazia a seguinte recomendação: Que o médico responsável pela declaração de morte e desligamento dos equipamentos de respiração assistida não esteja ligado a nenhum dos procedimentos planejados da transplantação. Equipe assistente do potencial doador Ad Hoc Committee of the Harvard Medical School to Examine the Definition of Brain Death (1968). A definition of irreversible coma: Report of the Ad Hoc Committee of the Harvard Medical School to Examine the Definition of Brain Death. JAMA 205 (6):85-88 A World Medical Association posicionou-se assim: “para evitar um conflito de interesses, o médico que determina ou certifica a morte de um potencial doador de órgãos ou tecidos não deve envolver-se na remoção dos órgãos ou tecidos ou nos procedimentos subseqüentes de transplante ou responder pelos cuidados do potencial receptor destes órgãos ou tecidos”. Equipe assistente do potencial doador World Medical Association Statement on Human Organ and Tissue Donation and Transplantation. Adopted by the 52nd WMA General Assembly in Edinburgh, Scotland during October 2000. Disponível na Internet na URL http://www.wma.net/e/policy/wma.htm. 31/10/2004 A American College of Physicians na Quarta edição de seu Manual de Ética afirma: “a obtenção de órgãos apresenta preocupações éticas sobre a determinação da morte. Estas preocupações são atendidas parcialmente pela legislação que define a morte encefálica. Pode criar também um conflito, ou a aparência de um, entre a atenção a um possível doador e as necessidades de um possível receptor. Equipe assistente do potencial doador Ethics Manual: Fourth Edition [Position Paper] Annals of Internal Medicine Volume 128(7). 1 April 1998. pp 576-594. Disponível na Internet http://www.facmed.unam.mx/eventos/seam2k1/ligas/aim_1998_128%287%29_576-594.html. Acesso em A atenção de um possível doador deve manter-se separada da do receptor. O médico do possível doador não deve ser responsável da atenção ao receptor nem participar da obtenção de órgãos e tecidos”. Equipe assistente do potencial doador Ethics Manual: Fourth Edition [Position Paper] Annals of Internal Medicine Volume 128(7). 1 April 1998. pp 576-594. Disponível na Internet http://www.facmed.unam.mx/eventos/seam2k1/ligas/aim_1998_128%287%29_576-594.html. Acesso em O Human Tissue Gift Act em Ontario institui que "nenhum médico que tenha qualquer associação com um potencial receptor que possa influenciar seu julgamento deve tomar parte na determinação da morte do doador ... nem deve um médico que tenha participado da determinação da morte do doador participar de nenhum modo nos procedimentos de transplante”. Equipe assistente do potencial doador Neil M. Lazar, Sam Shemie George C. Webster and Bernard M. Dickens - Bioethics for clinicians: 24. Brain death[online]. CMAJ • March 20, 2001; 164 (6) Disponível na Internet na URL http://www.cmaj.ca/cgi/reprint/164/6/833. Acesso em 06/10/2006. É essencial que não seja feita nenhuma solicitação de órgãos antes do paciente ser declarado morto Fazer pedidos que antecedem o anúncio da morte leva não apenas a verdadeiros conflitos de interesses [tratar o paciente como pessoa ou como fonte de órgãos] mas também a [...] sofrimento e confusão [...] Busca ativa Annas, GJ – Brain death and organ donation; you can have one without the other. Hastings Center Report 1988; 18(3):28-30. Jun-Jul. Também poderia reforçar dois dos motivos dados pelo público para não se identificar como doador: medo da retirada antes da morte comprovada e medo que a morte possa ser apressada Busca ativa Annas, GJ – Brain death and organ donation; you can have one without the other. Hastings Center Report 1988; 18(3):28-30. Jun-Jul. § 4° Os familiares, que estiverem em companhia do falecido ou que tenham oferecido meios de contato, serão obrigatoriamente informados do início do procedimento para a verificação da morte encefálica. Decreto n° 2.268 de 30 de junho de 1997 Em um editorial na revista Anaesthesia, Young and Matta advogaram o uso de anestésicos durante a retirada de órgãos de doadores em morte encefálica Alegaram três razões, sendo duas particularmente relevantes Anestesia para morte encefálica Young P, Matta B. Anaesthesia for organ donation in the brainstem dead – why bother? (Editorial). Anaesthesia 2000; 55: 105–6 A retirada de órgãos de doadores em morte encefálica frequentemente associa-se a hipertensão e taquicardia, causando ansiedade no pessoal da sala cirúrgica (já que tais achados durante procedimentos cirúrgicos são indicativos de consciência e/ou dor) Anestesia para morte encefálica Young P, Matta B. Anaesthesia for organ donation in the brainstem dead – why bother? (Editorial). Anaesthesia 2000; 55: 105–6 O conceito de morte encefálica não é bem compreendido e dada a natureza arbitrária dos critérios clínicos, é preciso cuidado antes de assumir que a anestesia não é necessária Anestesia para morte encefálica Young P, Matta B. Anaesthesia for organ donation in the brainstem dead – why bother? (Editorial). Anaesthesia 2000; 55: 105–6 Uma morte prematura por uma disfunção orgânica avançada pode ser prevenida por um transplante Infelizmente a escassez de órgãos para transplante é uma barreira para salvar mais vidas Conclusão A abordagem ética à doação de órgãos determina que a necessidade destes órgãos não pode estar acima de um tratamento ético aos potenciais doadores A aceitação da sociedade para transplantes de órgãos e o desejo de doar depende de confiança absoluta no processo Conclusão Nossa doutrina ética reconhece apenas o altruísmo como motivação para a doação de órgãos Nenhuma área de saúde pode prescindir da ética, mas a doação de órgãos, além de ser honesta tem que parecer honesta, pois se ampara na confiança das pessoas Conclusão Esta apresentação pode ser obtida no endereço www.captale.com.br