Grupos Operativos Pichon-Rivière Grupos Operativos • A teoria dos grupos operativos foi elaborada por Pichon-Rivière (19071977) a partir das referências teóricas da psicanálise e da dinâmica de grupos. • Enrique Pichon-Rivière (1907 – 1977), foi um psiquiatra e psicanalista argentino de origem suíça, que contribuiu muito com o questionamento que levantou sobre a psiquiatria e a questão dos grupos em hospitais psiquiátricos, cria a técnica dos grupos operativos; • Os grupos operativos se definem como grupos centrados na tarefa... Há técnicas grupais centradas no indivíduo (grupos chamados de psicanalítico ou de terapia, nos quais a tarefa está centrada sobre aquele a quem chamamos de porta-voz; e técnicas centradas no grupo, em que o grupo é considerado como uma totalidade, inspirado nas ideias de Kurt Lewin. A tarefa é essencial ao processo grupal, por isto é chamado de grupos centrados na tarefa. Grupos Centrados na Tarefa • Para Pichon-Rivière o que caracteriza os grupos operativos é a relação que seus integrantes mantém com a tarefa, e essa tarefa poderá ser a obtenção da “cura”, se for um grupo terapêutico, ou aquisição de conhecimentos, se for um grupo de aprendizagem. Como para ele o essencial da tarefa grupal é a resolução de situações estereotipadas e a obtenção de mudança, a distinção entre grupos terapêuticos proporciona aprendizagem de novas pautas relacionais como todo o grupo de aprendizagem enseja a criação de um clima propício à resolução de conflitos interpessoais e, portanto, é terapêutico. • A denominação de Grupo Operativo foi concebida a partir das circunstâncias que estes grupos nasceram: em ambiente de tarefa concreta. • Os pacientes “operaram” funções de enfermeiros pela falta dos mesmos na instituição que P.R. trabalhava. A aprendizagem das tarefas de enfermagem ofereceram aos pacientes benefícios terapêuticos. P.R. conclui que não há distinção clara entre grupos terapêuticos e de aprendizagem. • P.R. observa que, quando se está apreendendo, embora não conscientemente, estamos abandonando formas estereotipadas de ver o mundo ou a realidade, tal qual ocorre em um processo terapêutico, assim como podemos entender a dificuldade ou a resistência a curarse como perturbaçãoes da aprendizagem. • O fulcro da tarefa grupal na concepção operativa é superar e resolver situações fixas e estereotipadas, as quais P.R. denominou dilemáticas, possibilitando sua transformação em situações flexíveis, que permitem questionamentos, ou seja, dialéticas. • O objetivo transcendente do que chamamos ideologia dos grupos operativos é, pois, passar da imobilidade e reisitênciaà mudança par o movimento e propensão aos câmbios. Resistência à Mudança • Existem dois medos básicos em toda a patologia e frente a tarefa a iniciar. MEDO À PERDA ANSIEDADE DEPRESSIVA MEDO AO ATAQUE ANSIEDADE PARANÓIDE • Medo à Perda: a perda do conhecimento advinda do “ofício” de doentes, seria a inércia que se opõe à cura e freia a mudança. • Medo ao Ataque: consiste em se encontrar vulnerável diante de uma nova situação pela falta de condições para lidar com ela. Esquema Conceitual Referencial Operativo • Um dos conceitos fundamentais é o de ECRO – Esquema Conceitual Referencial e Operativo; • Pichon afirma que cada um de nós possui um ECRO individual; • Ele é constituído pelos nossos valores, crenças, medos e fantasias. • Dialogamos com os outros, ou melhor, com os ECROs dos outros, e levamos também nosso ECRO; • Como nem sempre explicitamos os nossos ECROs o nosso diálogo pode ser dificultado Esquema Conceitual Referencial Operativo • Quando se está trabalhando em grupos, a realização da tarefa estabelecida pode ser dificuldade pelas diferenças de ECROs que estão em jogo; • O autor fala na construção de um ECRO grupal; • Este ECRO seria um esquema comum para as pessoas que participam de um determinado grupo – sabendo o que pensam em conjunto – poderem partir para agir coletivamente com o aclaramento das posições individuais e da construção coletiva que favorece a tarefa grupal. Esquema Conceitual Referencial Operativo • O referencial em questão refere-se ao conjunto de experiências, conhecimentos e afetos prévios com que os indivíduos pensam e agem em grupos, mas que, para se tornar operativas, ou seja, gerador de mudanças pretendidas, necessita de aplicação de uma estratégia (a criação de uma situação de laboratório social), de uma tática (a abordagem grupal) e de uma técnica (privilegiando a centralização na tarefa proposta).Nesse esquema a tarefa do coordenador consiste basicamente em criar, manter e fomentar a comunicação entre os membros do grupo. Teoria do Vínculo • Além da visão intrapsíquica da psicanálise esta visão situa o homem no contexto de suas relações interpessoais. INTRAPSÍQUICO + INTERRELACIONAL = TEORIA DOS VÍNCULOS • O vínculo, seria uma estrutura dinâmica que engloba tanto o indivíduo como aqueles com quem interage e se constitui em uma Gestalt em constante processo de evolução. Nesta perspectiva, está presente a noção de movimento e contingência da mudança como indissociáveis do existir tanto individual como grupal. CONCEITOS IMPORTANTES: • Porta-voz: é aquele membro de grupo que, em determinado momento, diz ou anuncia algo que até então permaneceu latente ou implícito, não tendo consciência de que esteja expressando algo de significação grupal, pois o vive como próprio. – GRUPO TERAPÊUTICO: denuncia a enfermidade grupal – GRUPO DE APRENDIZAGEM: revela os elementos bloqueadores da tarefa grupal. • O material revelado pelo porta-voz chama-se emergente grupal e é função do coordenador decodificá-lo para o grupo. HORIZONTALIDADE X VERTICALIDADE • A verticalidade designa a história, as experiências, as circunstâncias pessoais de um membro do grupo. • A horizontalidade constitui o denominador comum da situação grupal, ou seja, aquilo que é compartilhado por todos os membros consciente ou incoscientemente. • A verticalidade se articula com a horizontalidade, pondo em evidência o emergente grupal. O vertical representa os antecedentes pessoais que se veêm atualizados em um dado momento do processo grupal e o horizontal é a expressão desse presente grupal que permitiu compartilhamento pelos demais membros do grupo dos afetos suscitados por um deles (o porta-voz). VERTICALIDADE + HORIZONTALIDADE = EMERGENTE GRUPAL Modelo de terapia dos grupos familiares • Depositário (paciente) • Depositante (demais membros da família) • Depositado (conteúdo patológico) • O paciente (indivíduo doente) denuncia a enfermidade familiar, assumindo os aspectos patológicos da situação, que compromete tanto o sujeito depositário como os depositantes. O estereótipo se configura quando a projeção dos aspectos patológicos é maciça. O indivíduo fica paralisado, fracassando em seu intento de elaboração de uma ansiedade tão intensa e adoece... Com a posterior segregação do depositário, pelo perigo representado pelos conteúdos depositados. Então, o paciente passa da condição de agente protetor da enfermidade para a de bode expiátório. Outros aspectos importantes... • Considera que todo observador é sempre participante e modifica seu campo de observação, observando que o analista sempre participa e modifica o campo de observação da sessão analítica. • Todo o grupo que funciona operativamente deve estar comprometido com a mudança das estruturas estereotipadas, o que implica movimento psíquico e processo evolutivo. Como tornar um grupo operativo? • Um grupo se torna operativo quando preenche as condições preconizadas nos 3Ms: – MOTIVAÇÃO para a tarefa; – MOBILIDADE nos papéis a serem desempenhados; – Disponibilidade para MUDANÇAS que se evidenciam necessárias. PSICODRAMA Jacob Levy Moreno Psicodrama • Criado por Moreno em 1921 • Método psicoterápico de grupo por excelência, o psicodrama, desde os seus primórdios estabeleceu um setting grupal, com a presença do terapeuta (diretor da cena), de seus egos auxiliares e dos pacientes (tanto como protagonistas como público). • Trata-se de uma teoria interacionista que coloca um peso importante na interação do indivíduo com o meio no seu processo de formação da personalidade. • O psicodrama é uma técnica psicotérápica em que o paciente verbaliza e dramatiza as suas dificuldades em um palco, isto é, age no “aqui e agora”, “como se “ estivesse na realidade. • Representa historicamente duas passagens: De tratamento individual para tratamento em grupo e do método verbal para método de ação. • Caso Jorge e Bárbara O grupo • É um espaço de “re-flexão” privilegiado, pela possibilidade de espelhamento recíproco em clima de superação de “pré-conceitos” e atitudes estereotipadas (espontaneidade grupal) e prontidão para mudanças ou transformações (criatividade grupal). • Para Moreno, o psicodrama é o veículo por excelência para o desenvolvimento da espontaneidade do adulto ou a recuperação da espontaneidade infantil vigente na atividade lúdica. Teoria dos Papéis • Segundo Moreno o comportamento manifesto do indivíduo é definido pela estruturação e tipificação de papéis que o indivíduo fez ao longo da vida. A palavra personalidade nesta teoria recebe o nome de matriz de identidade, que é formada pelo “eu”, “limites do eu”, “vínculos” e “papéis”. Os pressupostos desta teoria sustenta a idéia de que o indivíduo quanto mais acesso tiver ao seu esquema de papéis, melhores estratégias comportamentais desenvolverá a fim de favorecer a construção de vínculos pessoais. Significado de Papel: • Conjunto caleidoscópico de expressão das várias possibilidades identificatórias do ser humano. • Segundo Moreno, o papel é a forma de funcionamento assumida pelo indivíduo no momento específico em que reage ante a uma situação específica na qual estão envolvidas outras pessoas ou objetos, e sua função é entrar no incosciente, a partir do mundo social, para dar-lhe forma e ordem. • Para Moreno, os papéis e as relações entre os papéis permitidos ou desejados são os fatos mais significativos no contexto de uma cultura. Afirma ainda que o papel é a unidade da cultura e que há uma interação contínua entre o eu (self) e a variedade de papéis que representa, ou poderia vir a representar. • É a vivência do "tele" - relação télica - que é a capacidade de empatia, de "estar junto" e de interação com o outro. O contexto dramático: • É constituído de cinco instrumentos: • Protagonista: é o ator principal em que caberá desempenhar um papel que lhe é próprio e caracterizar seus sentimentos e emoções pessoais. • Cenário: o palco • Ego Auxiliar: psicóloga ou psquiatra que intervém no contexto dramático junto ao protagonista, ajudando-o a encenar sua dificuldade e levando-o à compreensão terapêutica. • Diretor ou Terapeuta: responsável em produzir a cena junto com o protagonista, em iniciar e conduzir a sess~~ao de tal forma que sejam evidenciados os elementos importantes à compreensão da problemática do protagonista e no grupo de que participa. • Auditório ou público: são todos os elementos que participam do grupo. A sessão psicodramática • Desenvolve-se ao longo de três momentos: – O aquecimento: no qual se busca criar o “clima” propício para a cena dramática, geralmente pelo estímulo à substituição de formas verbais de comunicação dos sentimentos pelas expressões corporais ou paraverbais; – A representação propriamente dita: que ocorre com auxílio de técnicas; – O compartilhamento: no qual o grupo discorre sobre as vivências experimentadas durante a representação dramática, é nesse momento que oportuniza-se o resgate da compreensão do material emergente durante a sessão. A representação propriamente dita: • Utiliza-se das seguintes técnicas: • Inversão dos papéis: considerada a técnica básica do psicodrama o protagonista é “convidado” a trocar de lugar com o personagem que com ele contracena e assumir seu papel na situação interativa que está sendo representada.Visa a proporcionar uma quebra do hábito ou estereótipo de visualizar o conflito sempre do mesmo ponto de vista, qual seja, o do paciente. • Espelho: em que o protagonista sai de cena e passa a ser espectador da representação que um ego auxiliar faz de sua intervenção anterior, para que possa identificar como seus próprios aspectos ou condutas aqueles que não está podendo reconhecer como suas. • Duplo: em que o coordenadorou um ego auxiliar põe-se ao lado do protagonista e expressa gestualmente ou verbalmente o que lhe parece que este não está conseguindo transmitir, por inibições ou repressão. • Alter-ego: em que o coordenador ou um ego auxiliar diz ao ouvido do protegonista o que acha que está oculto em sua mente, para que este “tome consciência”do material reprimido, gerando assim,uma quebra na comunicação estereotipada do protagonista. • Solilóquio: o protagonista é estimulado a dizer em voz alta, como se falasse consigo mesmo, sentimentos e pensamentos evocados durante a cena damática. • Prospecção ao Futuro: em que se convida o protagonista a imaginar-se em um tempo futuro e visualizar os conteúdos da situação conflitiva trabalhada neste momento vindouro. • Escultura: em que se convida o grupo para expressar, sob forma de uma escultura, utilizando seus próprios corpos, o estado relacional do grupo em um dado momento de sua vivência psicodramática. Referência Bibliográfica: • Osório, L.C. Psicologia Grupal: uma nova disciplina para o advento de uma era. Porto Alegre: Artes Médicas. 2007.