Faculdade Cenecista de Sete Lagoas Sete Lagoas 2008 Nomes : Antônio Geraldo Edirley Filipe Abreu Gleiderson Amaral Instituído em 16 de Janeiro de 1989, foi um plano econômico lançado pelo governo do presidente brasileiro José Sarney, realizado pelo ministro Maílson Ferreira da Nóbrega, que havia assumido o lugar de Bresser. Devido à crise inflacionária da década de 1980, foi editada uma lei que modificava o índice de rendimento da caderneta, promovendo ainda o congelamento dos preços e salários, a criação de uma nova moeda, o Cruzado Novo, e a extinção da correção monetária. O Plano Verão não foi apenas uma tentativa desesperada de evitar a hiperinflação e o descontrole da economia brasileira, mas a última cartada de um governo desmoralizado tentando reunir cacife para a sucessão presidencial que se aproxima. Guido Mantega* •O Plano Verão foi decretado num cenário de profunda deterioração do quadro econômico brasileiro. •A política do feijão com arroz do ministro Maílson da Nóbrega já havia virado repertório de anedotário, e a descrença no governo Sarney superava os índices de impopularidade dos últimos governos militares. Na realidade, a predeterminação de preços e salários poderia ser um excelente instrumento de contenção da inflação, caso houvesse o controle efetivo do governo sobre os preços e, além disso, se atacassem as causas estruturais da inflação, como a remessa de 4,5% do PIB para o exterior, a dívida interna, os subsídios aos empresários e assim por diante. No entanto, não havia nenhuma predisposição dos governantes para aplicar tais medidas. No fundo, o que os ministros da área econômica queriam realmente era uma desindexação que acabasse com a URP, fazendo recair sobre os trabalhadores o ônus do saneamento da economia, sem penalizar nenhum setor empresarial, nem mesmo os credores externos. O Plano atacou somente a inflação inercial por meio de um congelamento de preços e salários, ignorando as causas estruturais da inflação brasileira. Nada foi feito para resolver a questão da dívida externa; nenhuma medida tomada para aliviar a dívida interna que, após um desafogo inicial, causado pela manipulação dos índices, volta a crescer ao sabor das altas taxas de juros praticadas pelo governo. Na prática, o que resultou dessa estratégia integracionista, compartilhada, em maior ou menor grau, pelos principais intelectuais orgânicos da burguesia brasileira, inclusive pela equipe econômica do governo Sarney? ► O esforço exportador foi bem-sucedido e alcançou o maior saldo comercial da história brasileira, estimado em mais de US$ 19 bilhões. ►Entretanto, houve também uma remessa recorde de capitais para o exterior, seja sob a forma de pagamento dos juros da dívida externa, que andaram por volta de US$ 10 bilhões, seja a título de pagamento de royalties e remessa de lucros, que ultrapassaram a casa dos US$ 2 bilhões. A conversão da dívida Além de converter em dinheiro sonante os títulos de uma dívida questionada até mesmo por crescentes segmentos da comunidade européia e americana, ela também permitiu toda a sorte de trambiques, desde o aquecimento de dinheiro frio até a evasão de dólares para o exterior (quando as empresas estatais compravam dólares no mercado paralelo para pagar suas dívidas com desvio), passando pela esterilização de parte dos investimentos em dólares que poderiam vir para o Brasil pelos canais normais. A rigor, não se pode dizer que o Plano Verão seja um instrumental estritamente ortodoxo, uma vez que promoveu o congelamento de preços, salários e taxas de câmbio, violando os princípios básicos do livre ajuste pelas forças de mercado. Plano Verão deixou intactos os subsídios e incentivos, que também constituem ingerência estatal no domínio privado. O plano verão torna-se ortodoxo-conservador em função do empenho em conter a demanda e impedir a expansão monetária do sistema e por tentar provocar uma recessão deliberada. A baixa representatividade do pacto social e sua falta de mecanismos para atacar as causas básicas da crise conduziram rapidamente ao fracasso e à sua posterior dissolução. O golpe de misericórdia foi dado em dezembro, quando os índices de preços ultrapassaram os valores máximos estipulados pelo pacto. Evidentemente, havia propostas alternativas, mas o governo, para não fugir às expectativas, escolheu a pior. Em 15 de janeiro de 1989, o presidente da República anunciava mais um choque econômico de seu governo, o terceiro decretado em menos de quatro anos. Bibliografia • Fundação Perseu Abramo ( internet) • Info Money - Planejamento Financeiro ( internet) Comentários de : *Guido Mantega - economista, professor da FGV-SP, diretor de Orçamento da Secretaria Municipal de Planejamento e faz parte do grupo de economistas que assessora a Executiva Nacional do PT.