MECANISMOS DE LESÃO RENAL José Barbas MECANISMOS DE LESÃO RENAL - Metabólicos Hiperglicémia Aldose-reductante Via do poliol Glicosilação não enzimática Síntese Catabolismoa - Matriz mesangial - Membrana basal Matriz mesangial Hparano-sulfato Grupos sulfato Espessura membrana basal Dimensão dos poros Carga dos poros Proteinúria Microalbuminúria Esclerose glomerular MECANISMOS DE LESÃO RENAL - Hipertensão/hiperfiltração glomerular (IV) Diabetes mellitus Volume Extracelular Hipertrofia renal Hormonas glucoreguladoras Hormonas vasoactivas Perda da Auto-regulação HTA Filtrado de Glomerúlo Hipertrofia Compensadora dos Nefrónios restantes Fluxo sanguíneo renal Pressão intracapilar glomerular Mesângio Proteínas dieta Filtrado de proteínas Albuminúria Glomerulosclerose MECANISMOS DE LESÃO RENAL - Isquémia (I) CONSEQUÊNCIAS GERAIS lesão celular aguda/crónica e morte celular fibrose esclerose I. Renal aguda I. Renal rapidamente progressiva I. Renal crónica Glomerulonefrites MECANISMOS DE LESÃO RENAL - Isquémia (II) CAUSAS: Hipotensão/Hipovolémia Lesão isquémica do glomérulo Necrose tubular aguda I. Renal aguda Choque de várias etiologias MECANISMOS DE LESÃO RENAL - Isquémia (III) CAUSAS: Oclusão arterial total/parcial artérias de grande e médio calibre: Nefropatia isquémica I. Renal crónica Fibroplastia Aterosclerose Embolia MECANISMOS DE LESÃO RENAL - Isquémia (IV) Oclusão/Inflamação das artérias de médio e pequeno calibre e dos capilares glomerulares: I. Renal aguda I. Renal rapidamente progressiva I. Renal crónica Glomerulonefrites Vasculites Vasculopatias trombóticas Microembolização MECANISMOS DE LESÃO RENAL - Hipertensão/hiperfiltração glomerular (I) - A rede capilar glomerular estálocalizada entre 2 vasos de resistência, a arteríola aferente ou préglomerular e a arteríola eferente ou pós-glomerular. A pressão hidráulica e o fluxo sanguíneo nestes capilares são, assim, determinados pela pressão arterial sistémica e pelas resistências relativas das arteríolas aferentes e eferentes. MECANISMOS DE LESÃO RENAL - Hipertensão/hiperfiltração glomerular (III) - Em condições normais, o mecanismo de autoregulação destes capilares responde a um aumento de pressão arterial sistémica com uma vasoconstrição adequada da arteríola aferente e, se necessário, também com uma vasodilatação da eferente. A hipertensão arterial não se transmite assim aos capilares glomerulares, mantendo-se constante a pressão e também o débito sanguíneo. MECANISMOS DE LESÃO RENAL - Hipertensão/hiperfiltração glomerular (IV) O mecanismo de autoregulação está alterado em situações de: diabetes mellitus gravidez dieta hiperproteíca diminuição do número de nefrónios funcionantes ãlguns casos de HTA (?) MECANISMOS DE LESÃO RENAL - Hipertensão/hiperfiltração glomerular (V) pressão hidráulica e tensão de cisalhamento sobre a parede capilar filtração de proteínas metabolização de proteínas pelas células mesangiais citocinas promotoras do crescimento mediadores da fibrogenese acumulação da matriz mesangial esclerose glomerular e fibrose intersticial MECANISMOS DE LESÃO RENAL - Hipertensão/hiperfiltração glomerular (II) - aferente eferente capilares MECANISMOS DE LESÃO RENAL - Imunológicos (I) A maioria das glomerulonefrites e um número crescente de doenças tubulo-intersticiais e vasculares resultam de processos imunológicos. Estes processos podem lesar directamente estruturas renais (ex: capilares glomerulares) ou participarem na evolução e progressão de doenças desencadeadas por mecanismos não-imunes. MECANISMOS DE LESÃO RENAL - Imunológicos (II) Resposta imune: - humoral - celular Antigénios: - nativo/não nativo - exógeno/endógeno - circulante/depositado - solúvel/insolúvel MECANISMOS DE LESÃO RENAL - Imunológicos (III) Mecanismos envolvendo anticorpo endógeno circulante reagindo como antigénio: nativo: - nefrite por anticorpo anti-membrana basal glomerular (S. Goodpasture) - nefrite por anticorpo antimembrana basal tubular não nativo endógeno: - DNA (?), Histona (?) (LEAD) não nativo exógeno: - glomerulonefrite aguda pós-infecciosa MECANISMOS DE LESÃO RENAL - Imunológicos (IV) Doenças com imunocomplexos que participam na patogenese de glomerulonefrites: Lúpus eritematoso Glomerulonefrite pós-etreptocócica Endocardite bacteriana Abecessos viscerais Shunts auriculo-ventriculares infectados Hepatite B e C Crioglobulinémia mista essencial Doenças com anticorpos anti-membrana basal Síndroma de Goodpasture MECANISMOS DE LESÃO RENAL - Imunológicos (V) Doenças com imunocomplexos que participam na patogenese das lesões tubulo-intersticiais: Lúpus eritematoso Síndroma de Sjogren Crioglobulinémia mista essencial Doenças com anticorpos anti-membrana basal: Doença antimembranal basal primária Nefrite tubulo-intersticial pós-fármacos (meticilina, fenitoína) MECANISMOS DE LESÃO RENAL - Imunológicos (VI) Os linfócitos T, monócitos e polimorfonucleares também participam no desenvolvimento e progressão dasdoenças glomerulares e tubulo-intersticiais. A real importância da imunidade celular nas glomerulonefrites está ainda por definir. Pelo contrário, a imunidade celular é o mecanismo predominante nas nefrites tubulo-intersticiais. MECANISMOS DE LESÃO RENAL - Imunológicos (VII) Glomerulonefrites – células T Vários estudos identificaram aumento das células T nas glomerulonefrites, particularmente nas formas proliferativas. No entanto, as tentativas para definir a sua importância patogénica não têm alcançado resultados satisfatórios. MECANISMOS DE LESÃO RENAL - Imunológicos (VIII) Glomerulonefrites – monócitos/macrófagos: Os monócitos/macrófagos são as células mais numerosas nos filtrados glomerulares. O seu número correlaciona-se com a proteinúria mas menos consistentemente com a função renal e o prognóstico final. Nas GN crescênticas contribuem para a formação das crescentes através da deposição de fibrina via estimulação da coagulação. MECANISMOS DE LESÃO RENAL - Imunológicos (X) Doenças tubulo-intersticiais com resposta imunológica celular: Pós-fármacos (-Lactâmicos, AINE, sulfamidas) Pós-infecção Pielonefrite crónica obstructiva Rejeição de transplante renal MECANISMOS DE LESÃO RENAL - Imunológicos (XI) Mecanismos de recrutamento dos mononucleares: Quimiotaxia dos componentes do complemento Ligação monócito-Fc das imunoglobulinas Moléculas de adesão: Intercelulares: ICAM1 e ICAM2 Das células vasculares: VCAM1 Adesão endotélio-leucócito: ELAM1 ou selectina E. MECANISMOS DE LESÃO RENAL - Mediadores de lesão A capacidade dos mecanismos imunológicos para provocar lesão renal é condicionada ou modulada por mediadores de lesão: - componentes do complemento - proteínas da coagulação Solúveis - linfoquinas ou citoquinas - monoquinas - eicosanóides - leucócitos polimorfinucleares Celulares - monócitos - plaquetas MECANISMOS DE LESÃO RENAL - Mediadores de lesão – citocinas As citocinas são certamente factores importantes na regulação dos mecanismos de lesão imunológica renal. - IL1, IL2, IL4, IL6, TNF, EGF, PDGF (IL-interleucina, TNF-factior necronizante tumoral IFN interferon, EGF – factor de crescimento epitelial, PDGF – factor de crescimento derivado das plaquetas) Os mecanismos exactos de actuação de cada uma e a sua importância relativa em cada lesão estão a ser estudados e ainda não definidos. MECANISMOS DE LESÃO RENAL - Mediadores de lesão – macrófagos I Os macrófagos são capazes de causar lesão tecidular pela produção de: Enzimas proteolíticos Radicais livres de oxigénio Tromboxano A2 Eicosanóides Leucotrieno (C4, D4) IL1 e TNF • lise celular • lise celular • proteinúria • vasoconstrição • mitógenese e proliferação • activação e proliferação cel. T • moléculas de adesão • coagulação • deposição de fibrina • esclerose MECANISMOS DE LESÃO RENAL - Mediadores de lesão – células T - MECANISMOS DE LESÃO RENAL - Mediadores de lesão – macrófagos II Os macrófagos são muito importantes na resposta imune por actuarem como células apresentadoras de antigénio. As células T reconhecem o antigénio assim apresentado e envolvem-se no mecanismo imune com a ajuda de um segundo sinal (como a IL1) MECANISMOS DE LESÃO RENAL - Mediadores de lesão – células T As células T activadas são responsáveis por: recrutamento proliferação maturação activação de outras células inflamatórias Não há evidência de citotoxicidade directa das células T nas doenças imunológicas renais. MECANISMOS DE LESÃO RENAL - Coagulação (I) Podem formar-se depósitos de fibrina em vários tipos de lesão renal: Depósitos/trombos intravasculares (arteríolas e capilares glomerulares) - síndroma hemolítico-urémico - púrpura trombóticatrombocitopénica - eclampsia - insuficiência renal aguda do pós-parto - nefrite das radiações Depósitos associados aos crescentes extracapilares das glomerulonefrites crescênticas. MECANISMOS DE LESÃO RENAL - Coagulação (II) Síndroma hemolítico-urémico: Agentes: citoxinas, endotoxinas, drogas, anticorpos anti-endotélio, neutrófilos activados, radiações. Lesão: das células endoteliais renais Consequências factores locais que coagulação e a fibrinólise trombose capilar glomerular. MECANISMOS DE LESÃO RENAL - Coagulação (III) Púrpura trombótica trombocitopénica: factores de agregação plaquetária (?) Inibidores da agregação plaquetária (?) Trombos predominantemente formados por plaquetas. MECANISMOS DE LESÃO RENAL - Coagulação (IV) Deposição extravascular de fibrina nos crescentes Estudos recentes sugerem que os macrófagos desempenham um papel central na formação de fibrinas. O sinal para a atracção de macrófagos à cápsula de Browmann não é conhecido mas a sua presença aumenta a actividade procoagulante. MECANISMOS DE LESÃO RENAL - Complemento (I) Complexos imunes com Ig G e/ou Ig M Bactérias, fungos, vírus complexos imunes Ig A C1 C 3 (H2O) C4 B C2 (via alternativa) D Propertina C3 C5 (Complexo termonal) C 6, C 7, C 8 C9 (complexo de ataque da membrana) MECANISMOS DE LESÃO RENAL - Complemento (II) Doenças não imunes/infecciosas que podem alterar o complemento: Isquémia Doença ateroembólica HTA Diabetes mellitus MECANISMOS DE LESÃO RENAL - Complemento (III) Doenças com lesões glomerulares associadas com hipocomplementémia: Persistente - Lupus eritematoso - Crioglobulinémia mista - GN membranoproliferativa I - GN da infecção crónica (endocardite subaguda) Transitória - GN pós-infecciosa (Ex: pós-estreptocócica) MECANISMOS DE LESÃO RENAL - Infecção A infecção urinária “isolada” não causa lesões renais crónicas. A infecção urinária pode causar lesões renais crónicas e insuficiência renal quando acompanhada de: - alterações metabólicas (ex: diabetes mellitus) - obstrução do tracto urinário - refluxo vesico-ureteral MECANISMOS DE LESÃO RENAL - Obstrução urináriaCausas: • intraluminais • da parede do tracto urinário • compressão extrínseca Patogenése: • aumento da pressão intraluminal • diminuição do fluxo sanguíneo renal • diminuição/anulação do filtrado glomerular Consequências: • I. Renal aguda/crónica MECANISMOS DE LESÃO RENAL - Genéticos (I) POLIQUISTOSE RENAL: Genes: ARKD1 (0%) ARKD2 ARKD3 - cromossoma 16 cromossoma 4 ? Codificam-se as: Policistina 1 Policistina 2 - com expressão no rim, fígado e outros órgãos As Policistinas são importantes nas interacções célula-célula e c´lulamatriz. MECANISMOS DE LESÃO RENAL - Genéticos (II) POLISQUISTOSE RENAL: Patogenése: alteração da secreção/reabsorção tubular alteração da proliferação celular alteração da composição da membrana Quistos crescimento progressivo compressão do parênquima renal Clínica Insuficiência renal progressiva MECANISMOS DE LESÃO RENAL - Genéticos (III) DOENÇA DE ALPORT: Ligado ao cromossoma X: Gene: COL 4 A 5 (braço longo do cromossoma X) Codifica: Cadeia 5 do colagénio tipo IV Autossómica recessiva: Gene: COL 4 A 3 e COL 4 A 4 Codificam: cadeias 3 e 4 do colagénio tipo IV MECANISMOS DE LESÃO RENAL - Genéticos (IV) DOENÇA DE ALPORT: Patogenése: O colagénio tipo IV é o componente estrutural principal da membrana basal A sua alteração leva a alteração estrutural da membrana: - fina / espessa / laminada (ME) Clínica: Hematúria, proteinúria, I. renal