José Salomão Schwartzman o que os bebês sabem? José Salomão Schwartzman José Salomão Schwartzman Universidade Presbiteriana Mackenzie comportamento visual da criança modificado de Paschoalino, 1999 José Salomão Schwartzman padrões visuais involuntários reações pupilares: reflexo fotomotor direto e consensual estão presentes desde o 7º - 8º mês fetal avaliam retina, nervos ópticos e nervo oculomotor fenômeno dos olhos de boneca: presente desde o 7º - 8º mês fetal desaparece por volta dos 3 meses de idade José Salomão Schwartzman padrões visuais involuntários reflexos palpebrais luz reflexo visual-palpebral: fechamento das pálpebras à luz intensa, mesmo dormindo; início 6 – 7 meses gestação reflexo olho-pescoço: opistótono frente à luz intensa; início em um 1 (T) a 3 meses (P) José Salomão Schwartzman padrões visuais involuntários reflexos palpebrais som moderado: aumenta a fenda palpebral alto: reflexo cocleo-palpebral fecha os olhos; início aos 6 – 7 meses (F) José Salomão Schwartzman padrões visuais involuntários reflexos palpebrais toque reflexo ciliar: piscar ao toque dos cílios; presente aos 6 – 7 meses (F) reflexo corneano: piscar ao toque da córnea; presente aos 6 – 7 meses (F) reflexo nasopalpebral: piscar ao toque na base do nariz; presente aos 6 – 7 meses (F) e desaparece aos 4 meses reflexo de McCarthy: piscar ao toque no supercílio; presente aos 6 – 7 meses (F) e desaparece aos 4 meses José Salomão Schwartzman padrões visuais involuntários piscar defensivo reação condicionada presente com um mês de idade para alvos grandes apresentados no campo central e aos cinco meses para alvos pequenos apresentados no campo periférico José Salomão Schwartzman comportamento visual da criança de visão normal neonato: gira a cabeça em direção à fonte de luz (janela, p. ex.) 4 – 7 semanas: estabelece contato visual; podemos observar mudanças na expressão do bebê quando ele fixa a face do examinador 4 – 12 semanas: fixa objetos como lanternas, brinquedos ou faces e segue com o olhar 3 meses: brinca com as mãos em frente aos olhos 3 – 4 meses: reage ao seu reflexo no espelho e se interessa por outras crianças 4 - 5 meses: procura por objetos com os olhos 6 – 9 meses: pega e manipula pequenos objetos José Salomão Schwartzman desenvolvimento da acuidade visual neonato 20/400 1 mês 20/300 3 meses 20/60 6 meses 20/50 3 anos 20/30 adulto 20/20 José Salomão Schwartzman 60 anos 80 anos José Salomão Schwartzman 85 anos 90 anos comportamento auditivo da criança José Salomão Schwartzman respostas aos estímulos sonoros até os 3 meses: respostas reflexas (reflexo cocleopalpebral, respostas motoras, alteração da sucção, tremores, reflexo de Moro etc.) após os 3 meses: começa a localizar a fonte sonora José Salomão Schwartzman desenvolvimento normal do comportamento auditivo 0-2 anos 0-2 meses: desperta do sono com estímulo de 90 dB em ambiente ruidoso e 50 a 70 dB em ambiente silencioso 3-4 meses: movimento rudimentar da cabeça em direção ao som de 40 a 50 dB 4-7 meses: vira a cabeça na direção da fonte sonora (40 a 50 dB) mas não localiza a fonte no sentido cima/baixo José Salomão Schwartzman desenvolvimento normal do comportamento auditivo 0-2 anos 7-9 meses: localiza diretamente o estímulo de 30 a 40 dB para os lados 9-13 meses: localiza diretamente a fonte sonora 25 a 30 dB para o lado e e indiretamente para baixo 13-16 meses: localiza diretamente a fonte sonora de 25 a 30 dB para o lado e para baixo e indiretamente para cima José Salomão Schwartzman desenvolvimento normal do comportamento auditivo 0-2 anos 16-21 meses: localiza diretamente os estímulos sonoros de 25 a 30 dB na lateral, para cima/baixo 21-24 meses: localiza diretamente um estímulo sonoro de 25 dB em todos os sentidos José Salomão Schwartzman desenvolvimento da linguagem José Salomão Schwartzman desenvolvimento da linguagem nascimento: percebe a fala, dá alguma resposta a sons 1 ½ a 3 meses: balbucia e ri 3 meses: brinca com os sons da fala 5 a 6 meses: emite sons de consoantes tentando corresponder ao que ouve 6 a 10 meses: balbucia em seqüências de consoantes e vogais 9 meses: usa gestos para comunicar e faz brincadeiras com gestos José Salomão Schwartzman desenvolvimento da linguagem 9 a 10 meses: começa a entender palavras (não, próprio nome, imita sons) 10 meses: perde a habilidade de discriminar sons que não sejam de sua própria linguagem 10 a 14 meses: diz a primeira palavra, imita sons 13 meses: entende a função simbólica dos nomes 14 meses: usa gestos simbólicos José Salomão Schwartzman desenvolvimento da linguagem 9 a 10 meses: começa a entender palavras (não, próprio nome, imita sons) 10 meses: perde a habilidade de discriminar sons que não sejam de sua própria linguagem 10 a 14 meses: diz a primeira palavra, imita sons 13 meses: entende a função simbólica dos nomes 14 meses: usa gestos simbólicos José Salomão Schwartzman desenvolvimento da linguagem 16 a 24 meses: muitas palavras novas, expandindo seu vocabulário de cerca de 50 para 400; usa verbos e adjetivos; fala sentenças de duas palavras 18 a 24 meses: diz a primeira sentença 20 meses: usa menos gestos; nomeia mais coisas 24 meses: usa muitas frases de duas palavras; quer conversar 30 meses: aprende novas palavras todos os dias; combina três ou mais palavras; entende muito bem 36 meses: fala cerca de 1000 palavras; comete menos erros gramaticais José Salomão Schwartzman como podemos saber o que os bebês sabem? José Salomão Schwartzman como podemos saber o que os bebês sabem? • comportamento estímulo-específico • respostas de atenção visual – tendência das crianças olharem um padrão em preferência a um campo em branco – tendência a olhar mais para um estímulo novo (habituação e desabituação) • condicionamento operante • medidas fisiológicas José Salomão Schwartzman discriminação da orientação espacial em bebês (Slater et al., 1988) • estudados 16 recém-nascidos (idade média de 3 dias e 18 horas) • 15 dos 16 bebês olharam mais para o estímulo visual novo demonstrando a presença de orientação espacial desde o nascimento José Salomão Schwartzman discriminação da orientação espacial em bebês (Slater et al., 1988) José Salomão Schwartzman percepção de faces • bebês preferem olhar faces em vez de objetos, logo após o nascimento (Morton e Johnson, 1991) • a predileção de bebês para imitar expressões faciais desde muito cedo sugere que a percepção de faces desempenha papel central no desenvolvimento das habilidades de interação social e da linguagem José Salomão Schwartzman José Salomão Schwartzman percepção de faces crianças com 5 dias de vida e com 4 meses: demonstram clara preferência pelas fotografias em que o olhar é direto Dr. Andrew Meltzoff e um bebê com 18 dias de vida trocando gentilezas José Salomão Schwartzman capacidade de imitação de bebês com 2 e 3 semanas (Meltzoff, 1977) José Salomão Schwartzman o que os bebês sabem • sugar não nutritivo: • estudo de Kalnins e Bruner (1973) com bebês de 5 a 12 semanas de idade • as crianças olhavam a projeção de um filme colorido e mudo • sugavam uma chupeta que estava conectada ao foco do projetor • em pouco tempo as crianças aprendiam a focalizar a imagem José Salomão Schwartzman o que os bebês sabem • habituação: • bebês frente a um estímulo (figura, som ou série de sons) respondem olhando em sua direção, voltando-se para ele ou de alguma outra forma • após um certo tempo, a criança deixa de responder, ou seja, habituou-se a ele • mostram-se novamente interessados se algum evento diferente for apresentado José Salomão Schwartzman o que os bebês sabem • Eimas et al. (1971) utilizaram o sugar não nutritivo com a habituação em um estudo realizado com crianças de 4 meses de idade: • as crianças sugavam vigorosamente quando ouviam, inicialmente, o fonema “ba” • após um certo tempo, perdiam o interesse e deixavam de sugar • apresentado um novo fonema “pa”, eles imediatamente reiniciavam o sugar José Salomão Schwartzman o que os bebês sabem • aproveitando-se do fato de que bebês olham para coisas que acham interessante, pesquisadores desenvolveram o método da expectativa visual para testar a compreensão de eventos pelas crianças • presume-se que, frente a vários eventos, a criança olhará por mais tempo para aquele que lhe parecer mais surpreendente ou inesperado José Salomão Schwartzman experimento de Baillargeon e DeVos (1991) com crianças de três meses e meio de idade José Salomão Schwartzman experimento de Baillargeon e DeVos (1991) com crianças de três meses e meio de idade José Salomão Schwartzman experimento de Baillargeon e DeVos (1991) • os resultados obtidos indicam que as crianças de três meses e meio: • acreditavam que as cenouras continuavam a existir atrás do anteparo • estavam cientes de que a altura de cada cenoura determinava se ela apareceria ou não na janela do anteparo • ficaram surpresas com o evento impossível no qual a cenoura alta não apareceu na janela José Salomão Schwartzman experimento de Spelke et al. (1992) com crianças com dois meses e meio José Salomão Schwartzman experimento de Spelke et al. (1992) com crianças com dois meses e meio José Salomão Schwartzman experimento de Spelke et al. (1992) com crianças com dois meses e meio • as crianças olhavam por mais tempo para o evento impossível sugerindo que elas: • acreditavam que a bola continuava a existir atrás do anteparo • entenderam que a bola não podia passar pela caixa • foram surpreendidas pelo evento impossível José Salomão Schwartzman experimento de Needham e Baillargeon (1993) com crianças com quatro meses e meio José Salomão Schwartzman experimento de Needham e Baillargeon (1993) crianças com quatro meses e meio • as crianças olhavam por mais tempo para o evento impossível • os resultados sugerem que, nesta idade, crianças esperam que uma caixa fique estável se colocada sobre uma plataforma, mas não se colocada fora dela José Salomão Schwartzman José Salomão Schwartzman experimento de Baillargeon (1993) crianças com três meses e meio e quatro meses e meio • boa parte dos bebês com 4 meses e meio e alguns com três meses e meio pareciam olhar por mais tempo para o evento impossível • desta forma podemos imaginar que os bebês: • acreditavam que a caixa continuava a existir após ter sido escondida pela tela • percebiam que a tela não poderia girar pelo espaço ocupado pela caixa • esperavam que a tela parasse e ficavam surpresos quando isto não acontecia no evento impossível José Salomão Schwartzman experimento de Baillargeon, Raschke e Needham (1994) com crianças com quatro meses e meio José Salomão Schwartzman experimento de Baillargeon, Raschke Needham (1994) com crianças com quatro meses e meio • as meninas olhavam por mais tempo para o evento impossível; os meninos não discriminaram os dois eventos • deste forma, podemos inferir que as meninas nesta idade perceberam que uma caixa pode ficar estável se colocada sobre uma plataforma, mas não se colocada acima dela José Salomão Schwartzman experimento de Baillargeon e DeVos (1994) com crianças com nove meses e meio José Salomão Schwartzman experimento de Baillargeon e DeVos (1994) com crianças com nove meses e meio • as crianças olharam por mais tempo para o evento impossível • os resultados sugerem que elas entenderam que o ursinho podia estar escondido embaixo do pano com uma protuberância, mas não embaixo do pano plano José Salomão Schwartzman criança com 8 meses de idade tentando alcançar um objeto que se move a uma velocidade constante e que pára de forma inesperada (Hofsten e Rosander, 1993) José Salomão Schwartzman períodos críticos • períodos no desenvolvimento durante os quais, e apenas durante os quais, podem ser adquiridas certas características, comportamentos ou habilidades • se, durante o período crítico para aquela característica, o indivíduo tem experiências que são normais para a espécie, desenvolverá a característica normalmente • se, durante o período crítico, tiver experiências atípicas, desenvolverá aquela característica de forma anormal • se o ambiente for suficientemente anormal, não desenvolverá a característica em questão José Salomão Schwartzman períodos críticos • aceita-se, atualmente, que a maioria desses períodos termina gradualmente e não abruptamente • já foi identificado na espécie humana que: • cataratas congênitas não operadas precocemente determinam cegueira permanente • crianças não expostas à linguagem até a adolescência não conseguem mais adquirir uma linguagem funcional; neste caso, o período crítico parece ir até os 6 – 13 anos José Salomão Schwartzman aprendizado e cérebro • o aprendizado altera a estrutura física do cérebro • estas alterações estruturais alteram a organização funcional do cérebro de tal modo que podemos dizer que o aprendizado organiza e reorganiza o cérebro • diferentes partes do cérebro podem estar aptas a aprender em épocas diferentes José Salomão Schwartzman aprendizado e cérebro • instrução e aprendizado são importantes para o desenvolvimento cerebral de uma criança • o desenvolvimento cerebral e psicológico envolvem interação contínua entre a criança e o meio ambiente • uma melhor compreensão da natureza deste processo interativo nos possibilitará responder de forma mais adequada qual o papel desempenhado pelos genes e pelo ambiente, se bem que, como disse Eisenberg (1995), esta questão é o mesmo que se perguntar quem contribui mais para a área de um retângulo? a altura ou a largura? José Salomão Schwartzman José Salomão Schwartzman