Grupos e Processos Grupais DPS/UFS 2009 Psicologia Social I O que é um grupo social? A experiência de um destino comum que é o fator critico na definição de grupo e a interdependência (e.g., Lewin, 1948; Campbell, 1958). A existência de alguma estrutura formal ou implícita, sob a forma de status e diferenciação de papéis é a chave na definição dos grupos (Sherif e Sherif, 1969). A existência de interações face-a-face define o grupo (Bales, 1950). A dimensão subjetiva é que é importante : “dois ou mais indivíduos ...que se percebem como membros da mesma categoria social” (Turner, 1982, p. 15). Ou seriam as relações com os outros...: “pessoas que são percebidas como sendo um grupo....” (Merton, 1957). Síntese: Existe um grupo quando dois os mais indivíduos definem a eles mesmos como membros e quando sua existência é reconhecida por pelos menos um terceiro, seja indivíduo ou outro grupo (Rupert Brown, 2000). 2 Agregados e Grupos Para McGrath (1984) um agregado é mais grupo quando: Quanto menor for o número de membros Quanto maior a interação entre eles Quanto mais longa sua história Quanto menos o futuro se reduza ao horizonte imediato da interação. 3 Grupos e Organizações Sociais Rabbie e Lodewijkx (1994) propõe um continuum que vai da categoria social à organização social: Categoria social: dois ou mais indivíduos que possuam pelo menos um atributo em comum que os distinga dos outros. Os grupos mínimos tornam-se grupos sociais quando os membros tomam consciência de uma interpendência de destino. Tornam-se grupo compacto quando os membros colaboram entre si para alcançarem objetivos comuns. Mais tarde, quando houver uma estrutura hierárquica de poder, status, papéis, norma se valores os grupos compactos se convertem em grupos organizados. E finalmente viram uma organização social, que pode ser definida como um sistema hierárquico de grupos organizados por vezes em competição quanto a recursos materiais e simbólicos. 4 O que é um psicologia dos grupos? “não existe psicologia dos grupos que não seja inteira e essencialmente uma psicologia dos indivíduos” (Allport, 1924, p. 6) “algo está invariavelmente envolvido na vida mental do indivíduo, como um modelo, um objeto, um auxiliar , um oponente, de maneira que,desde o começo, a psicologia individual , nesse sentido ampliado mas inteiramente justificável das palavras, é, ao mesmo tempo, também psicologia social.” (Freud,1921, p. 91). 5 Grupo e Indivíduo Brown (2000) afirma que existe uma distintividade do grupo em relação ao indivíduo, pois fenômenos específicos e únicos ocorrem nas relações grupais. Asch usa uma analogia com a água e seus componentes o oxigênio e o hidrogênio, que existem separados, mas que quando combinados formam algo que não é mais exatamente a soma deles, com propriedades específicas. 6 O comportamento só ou no grupo, muda? Henri Tajfel (1978) e o continuum: Interpessoal__________________________________Intergrupal John Turner (1982) Identidade pessoal ________________________Identidade social Critérios para distinguir o comportamento numa situação interpessoal da intergrupal 1) A presença ou ausência de duas categorias sociais claramente identificáveis (e.g., homens e mulheres). 2) A variabilidade de atitudes ou comportamentos entre as pessoas de cada grupo. 3) A variabilidade da atitude e comportamento de uma pessoa em relação a outros membros do outro grupo 7 O que o grupo tem de diferente? As multidões assassinas: Para Le Bon, o anonimato , o contágio e a sugestionabilidade criam a alma do grupo. Para Zimbardo (1969) os elementos chave são o anonimato, a difusão de responsabilidade e o tamanho do grupo. Watson (1973) numa análise documental na área de etnografia, observa uma correlação entre culturas que admitem grandes violências contra seus inimigos e aquelas que mudam sua aparência antes das batalhas (usam mascaras, se pintam , etc.) : Jaffe e Yinon (1979) observam que sujeitos que devem dar choques sozinhos ou em grupos de três são mais “perversos” na situação de grupo. Outros trabalhos analisam a desindividuação em situações mediadas pelo computador (e-mails, orkut, etc.) Diener (1976) verifica que o anonimato não tem efeito na agressão e que a pertença ao grupo pode reduzi-la. Johnson e Downing (1979) observam que o comportamento pró-social pode ser produzido pela desindividuação. Pessoas vestidas de enfermeiras recebem menos choque do que pessoas individualizadas (com seus nomes e roupas diferentes). Pessoas vestidas de Klux Klan recebem mais choque. Para Diener o fator crucial no comportamento na multidão é a perda da consciência. Ele afirma que o anonimato, o aumento da excitação torna as pessoas menos conscientes e mais fáceis de serem levadas pela multidão nas suas ações. 8 O comportamento coletivo na perspectiva das relações intergrupais Reicher (1984) e análise dos protestos em Saint Paul: O comportamento da multidão envolve sempre mais de um grupo, sendo portanto, um comportamento intergrupal, fato ignorado em quase todas as teorizações anteriores. Uma nova identidade surge nessas situações, não é que as pessoas se tornem anônimas, elas se tornam outras. A invisibilidade é um dos temas importantes na literatura sobre desindividuação. Todavia, Spears, Lea e Lee (1990) mostram que mesmo na internet isto é complexo. Pessoas que acreditam interagir com outros de mesmo grupo (ex. psicólogos) não se sentem invisíveis ou desresponsabilizados nas suas interações. SÍNTESE: a) A direção do comportamento coletivo, se pró ou anti-social, depende das normas envolvidas no contexto de relação intergrupo, b) O comportamento das pessoas não está em deterioração ou se descontrolando, ele permanece ligado a estratégias e é racional, c) O objetivo e a identidade dos grupos aparecem claramente quando se analisa a situação de relação intergrupal que os envolve . 9 O grupo muda o comportamento! e o autoconceito? Pertencer muda o modo como nos vemos: Kuhn e McPartland (1954), responda 20 vezes quem você é... Autodefinições e contextos.... Pertencer e autoestima: Zander et alli (1960) e a coesão em grupos de crianças Pertencer e status Pertencer e o modo como os outros nos vêem Pertencer e normas sociais 10 Entrando num grupo: Rituais de iniciação Existem em todas as culturas (van Gennep, 1960 ) Mas para que servem os rituais? 1) Para fazer a passagem de um estágio para outro: a transição identitária “eu não sou mais o que era antes”. 2) O grupo necessita de símbolos para definir suas fronteiras. 3) Podem aumentar a identificação do membro com o grupo e sua lealdade. Aronson e Mills (1959 e Teoria da Dissonância Cognitiva 11 A interdependência e o Grupo Kurt Lewin (1948): - Interdependência de destino - Interdependência de desempenho Competição é bom ou ruim? Johnson et alli (1981) fazem uma meta-análise com 109 estudos e verificam em apenas 8 deles a interdependência negativa foi útil ao grupo. 12 O grupo, as interações e a diferenciação social - Interações e relações inetrpessoais. Para Bales (1953) a homeostase do grupo tem três componentes: orientação, avaliação e controle: Área sócio-emocional positiva Área instrumental Área sócio-emocional negativa Ser diferente e ser igual: diferenciação e TIS e PIP - 13 Grupo e Normas sociais Sherif e Sherif (1969) Kelman (1967): rejeição, aceitação, identificação e interiorização McGrew (1972) as crianças e a “fase probatória” Variações das normas: “latitude de aceitação” Funções das normas: para o indivíduo e para o grupo Minard e as minas nos anos 50 do século passado 14 Grupos, papéis e comunicação Sistemas de papéis sociais - posições no grupo, status e poder Redes de comunicação intragrupo Bavelas e Leavitt (1951) - rede circular - rede em cadeia rede aberta - rede em “Y” - rede em “roda” 15 Redes de comunicação Maior saturação Melhor para problemas simples e mais mecânicos. Maior a emergência de líderes. A estrutura se desenvolve mais rápido. a satisfação é menor. Melhor para problemas complexos que exigam criatividade Maior saturação. Melhor para problemas simples 16 Grupos, Lideranças e Poder Liderança “personalidade dos líderes” ou “situação de liderança” Dimensões: da consideração (sócio-emocional) da instrumentalização ou realização Lewin (1938) fez o primeiro estudo sobre os estilos de liderança. Poder Raven e French (1959) distinguem o poder posicional do poder pessoal. Max Weber acrescenta o poder legítimo. 17