O porquê dos investimentos

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O porquê dos investimentos
A questão dos investimentos nacionais deve ser vista por diversos ângulos;
contudo, a prática dos investimentos macroeconômicos pode tomar diversos
caminhos, tendo em vista a dificuldade em se ter um conceito eficaz do que seja,
em verdade, um investimento econômico. Popularmente, houve-se falar em
investimentos, das seguintes formas: vou investir meu dinheiro em poupança; vou
investir minha herança em uma fazenda; vou investir algum dinheiro, que tenho
guardado num carro novo. Será que estas insinuações significam investimentos, na
acepção original da palavra, dentro de um contexto econômico? É bem verdade,
que a vulgarização do termo, não tenha caído do céu; entretanto, pode-se
confirmar que foi o emprego errado do termo, de forma popular, é que deturpou
seu real conceito ao longo da história.
Normalmente, quando se fala em investimentos, deve-se deixar bem clara uma
diferença fundamental, entre fluxo e estoque, mesmo sabendo-se que muitos
economistas não fazem muita distinção entre um e outro. Conceituam-se,
investimentos, como sendo um fluxo, e para o caso de estoques, da acumulação do
capital; pois, o investimento efetivado transforma-se em capital estocado, ou
formação bruta de capital. Nas palavras de Heilbroner (1981), o investimento, visto
pelo economista, é uma atividade que usa os recursos da comunidade para manter,
ou aumentar seu estoque de riqueza de capital, quer dizer, os investimentos são
exclusivamente de acréscimo do estoque de capital, ao estoque já existente,
induzidos pelo princípio da aceleração da economia, conforme a política adotada no
momento.
Mas, dentro de um sistema econômico, como se pode determinar a magnitude dos
recursos para investimento? Deforma objetiva, verifica-se em primeira instância,
que os investimentos brutos são efetuados, devido a sua captação em fontes
internas, para o caso de lucros retidos pelos empresários e as previsões para
depreciação que são descontadas anualmente da vida útil do capital físico e, em
seguida, por fontes externas, para o caso de empréstimos, ou novas ações. Com
isto, pode-se observar que nem sempre os investimentos significam acréscimos aos
estoques da economia, todavia, deve-se implementar que isto não acontecendo,
apenas aconteceram despesas com a reposição do capital gasto, que é a
manutenção do capital, efetivamente, em plena atividade no processo econômico,
pois, a economia não cresceu.
Uma outra pergunta se faz necessária, no desenrolar da análise sobre os
investimentos, ou seja, quais são os fatores fundamentais na determinação do nível
de investimentos em uma economia? É fácil enumerar uma lista grande de fatores
que determinam o nível de investimentos de um país. Em primeiro lugar, e mais
comum é a taxa de juros, pois, quanto maior for a taxa de juros, espera-se que o
nível de investimentos seja menor; entretanto, chegou-se à conclusão de que essa
variável não exerce tão grande peso na determinação das aplicações econômicas.
Em segundo lugar, tem-se o nível de renda nacional, ou empresarial, como uma
variável determinante do nível de investimentos. Algumas outras variáveis são
fundamentais no quantum de investimentos que o empresário deve injetar na
economia para que ela cresça, proporcione emprego para todos, e como
conseqüência seu bem-estar.
Com relação a estas e outras variáveis, deve-se lembrar que a expectativa de bons
lucros é favorável à efetivação de investimentos no país. A estrutura creditícia do
mercado financeiro, ou disponibilidade de financiamento exerce função direta na
determinação dos investimentos nacionais. Ainda mais, a incerteza e o risco
participam da decisão do empresário no processo de investimentos e, neste
sentido, explica Brooman (1981)[2] que,
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segundo o princípio do risco crescente de M. Kalecky (1942), portanto, a firma deve
prever uma margem de risco maior, quanto maior o investimento que empreende.
De forma clara, o fator risco é considerado de fundamental importância no processo
de decisão, tendo em conta a incerteza que o futuro oferece, e os investimentos
participam de um jogo no escuro, por conta da imperfeição do mercado criar uma
nebulosa no mercado muito grande dificultando uma aplicação com segurança.
Contudo, como saber se um determinado empresário deve investir, ou não, tendo
em vista que o futuro é incerto e não há condições de se saber se os investimentos
vão ser lucrativos, ou não? Todavia, é conhecido que um investimento é feito
quando em moradia, em títulos, quais sejam do governo ou não, em capital físico,
em produção, ou em compra de qualquer coisa que retorne ganho ao aplicador.
Uma maneira de saber se os investimentos devem ser efetivados, ou não, depende
de uma comparação entre eficiência marginal do investimento e eficiência marginal
do capital, como denominou Keynes (1936), com a taxa de juros corrente, ou de
mercado; pois, só assim, saber-se-á se vale a pena investir, ou não, ou até mesmo
classificar que tipo de aplicação, de forma comparativa, pode-se injetar alguns
recursos disponíveis na economia.
A efetivação de um montante qualquer de investimentos dá-se normalmente
baseado em um projeto que pode ser industrial, agrícola, ou de um escritório de
serviços prontos para atendimento à comunidade. O empresário, diante de várias
alternativas de projetos industriais ou não, escolherá o mais viável para a injeção
de seus recursos, que são escassos, e devem ser aplicados eficientemente, na
tentativa de não haver perdas. Os critérios de escolha de projetos de implantação
podem ser pelo método do valor presente – VP –, pelo método do pay back period,
pelo método da taxa interna de retorno – TIR –, pelo método da orçamentação
parcial, ou qualquer um outro, que mostre os caminhos mais eficazes, que deverá
tomar o empresário na difícil missão de escolha da melhor alternativa, tendo em
vista que os recursos não devem ficar parados, porque constituem perdas
econômicas e sociais.
Os investimentos exercem um impacto muito forte na economia, por serem a linha
mestra de desenvolvimento, ou crescimento que um país deve passar,
considerando que os investimentos fazem aumentar a renda nacional, via
incremento na produção, e no consumo de todos os trabalhadores. Essa interrelação entre as partes do sistema econômico, dá-se através do princípio da
aceleração, pelo simples fato de que o consumo exerce um efeito sobre a renda,
através dos gastos em investimento, que faz, por conseguinte, aumentar o número
de emprego, de produção nacional e o nível de bem-estar na nação. Como se pode
vê, o acelerador está estritamente ligado com o princípio do multiplicador, que diz
que os investimentos exercem um efeito sobre a renda, pelos aumentos nos gastos
em consumo da população.
Como sempre pregaram os clássicos, e depois seguidos por muita gente importante
do mundo da economia, os investimentos devem ser iguais às poupanças geradas
pelas partes não consumidas das famílias e das empresas. Na verdade, um
estímulo muito grande aos poupadores gera, se não houver uma orientação séria
na maneira de poupar, um problema maior do que os naturais da economia
vigente. Uma poupança maior do que o nível de investimentos tende a um
decréscimo na renda nacional, que por conseqüência, e no futuro, ter-se-á uma
renda menor, causando problemas econômicos de decrescimento, de desemprego,
de queda na produção, e alguns problemas a mais. A esta situação, os economistas
costumam chamar de paradoxo da parcimônia, muito comum nos países
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periféricos, ou terceiro-mundistas, que vivem a reboque dos países centrais, ou
primeiro mundo.
Num sistema econômico qualquer, o nível de investimentos deve ser sempre igual
ao nível de poupança gerada dentro da economia, por hipótese; entretanto, não se
deve esquecer que podem ocorrer os desequilíbrios de curto prazo, quer dizer,
poupança ser maior do que os investimentos, ou vice-versa. Nestes casos, existem
informações de estoques, ou variações de estoques que podem ser positivos, ou
negativos. Variações de estoques positivos significam um desaquecimento na
economia, para que seja eliminado o desequilíbrio, cuja economia possa caminhar
harmoniosamente, a espera da mutação do desenvolvimento. Por outro lado, se
existirem variações de estoques negativas, o empresário deverá implementar
investimentos para forçar a economia entrar em equilíbrio com o aumento da
produção e da renda nacional.
Agora, o tipo de sistema econômico vigente na nação é um fator fundamental, no
processo de aplicação dos investimentos na dinâmica produtiva; pois, num sistema
capitalista, o que perdura é a busca da maximização possível dos lucros, ou a
maximização das vendas, contudo, deve-se levar em consideração a trajetória de
planejamento da empresa, tendo em vista que, no curto prazo, uma empresa
capitalista pode auferir prejuízo no afã de uma monopolização futura. Já do ponto
de vista de uma empresa socialista, a implantação de uma empresa não depende,
única e exclusivamente, dos lucros máximos e nem das vendas máximas; mas, da
estrutura de planejamento do Estado, para que esse sistema econômico cresça
harmonicamente com todas as estruturas da economia que avança às vezes
linearmente, outras vezes exponencialmente, buscando sempre o progresso da
humanidade.
Finalmente, a questão do investimento nacional é um problema sério; pois, é a
pedra fundamental do crescimento econômico, e um forte indicador de bem-estar
social e econômico de uma nação. Como se observou, os investimentos constituem
fluxos, porque depende, além da taxa de juros do mercado financeiro, do nível da
renda nacional da economia; contudo, só existirá investimento se houver fluxo de
renda no sistema econômico. A busca de recursos externos é uma maneira de
tentar implementar o nível de emprego nacional, ou dito de outra maneira, é a
busca para se conseguir tudo aquilo que a comunidade precisa para o seu sustento
e de seus filhos. Portanto, uma nação deve fazer sempre suas aplicações de
investimentos de maneira equilibrada, se possível, para não criar excessos, nem
falhas; porém, desta maneira, o desequilíbrio é a pedra mor das depressões, e
crises do capitalismo.
Fonte
SOUSA, Luis Gonzaga da. O porquê dos investimentos. In:______. Ensaios de
Economia. Disponível em: <http://www.eumed.net/cursecon/libreria/2004/lgsens/20.htm>. Acesso em: 23 out. 2008.
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