RAIZ FILOSÓFICA DA PSICOLOGIA (1) Empirismo Prof. Dr. André Luiz Moraes Ramos RAIZ FILOSÓFICA • Empirismo crítico: – Escola francesa – Escola britânica – Escola alemã • Associacionismo (britânico) • Materialismo científico: – Escola francesa – Escola britânica – Escola alemã • Tendências isoladas: – Psicologia do ato – Psicologia fenomenológica – Escola romântica e naturalista Empirismo crítico: • Preocupações centrais: – Do que era feito o mundo? • Resposta dada pela Química, Física e Biologia. – Como se adquire o conhecimento? • Há idéias inatas (Platão)? • As idéias são adquiridas através da experiência (Aristóteles)? – Seguindo a linha aristotélica, os empiristas afirmam que nada há na inteligência que não tenha passado pelos sentidos (visão, audição, olfato, paladar e tato). Empirismo: Exemplo de São Tomé Tomé, um dos doze, chamado Dídimo, não estava com os apóstolos quando Jesus apareceu para eles. Os outros lhe disseram: Vimos o Senhor. Tomé disse se não vir nas mãos os sinais dos cravos e não puser o dedo no lugar dos cravos e minha mão no lado, não acreditarei. Oito dias depois, estavam os discípulos outra vez no mesmo lugar e Tomé com eles, entrou Jesus com as portas fechadas e, pondo-se no meio deles, disse A paz esteja convosco. Depois disse para Tomé: Põe aqui o dedo e olha minhas mãos, estende a mão e põe no meu lado e não sejas incrédulo mas homem de fé. Respondendo disse Tomé: Meu Senhor e Meu Deus. Jesus lhe disse: Porque me viste, acreditaste. Felizes os que não viram e creram. (Jo 20, 24-29) Empirismo: Exemplo de Fernando Pessoa Sou um guardador de rebanhos. O rebanho é os meus pensamentos E os meus pensamentos são todos sensações. Penso com os olhos e com os ouvidos E com as mãos e os pés E com o nariz e a boca. Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la E comer um fruto é saber-lhe o sentido. Por isso quando num dia de calor Me sinto triste de gozá-lo tanto. E me deito ao comprido na erva, E fecho os olhos quentes, Sinto todo o meu corpo deitado na realidade, Sei a verdade e sou feliz. Alberto Caieiro (O guardador de rebanhos: IX) Empirismo crítico: • Pressuposto filosófico: – Oposição ao Nativismo: • Não há conhecimento inato • Todo conhecimento é adquirido • Prescrição metodológica: – Oposição ao Racionalismo: • O conhecimento fidedigno está alicerçado na observação, na experimentação e na medida. • Cuidado: – O empirismo é metodologicamente teórico. Empirismo: Escola francesa • René Descartes: – Dúvida metódica: • Emancipação do dogmatismo medieval: – Para se aceitar qualquer verdade, esta deve ser questionada. • Duvidou até da própria existência. – O seu pensamento comprovava a sua existência: – Penso, logo existo. • Duvidou da existência de Deus. – Dualismo mente x corpo: interacionista: • Corpo: massa, extensão e movimento. • Mente: sensações, emoções e imaginação, influenciando o corpo. – As idéias matemáticas e religiosas são inatas (nativista). Empirismo: Escola britânica • Thomas Hobbes: – O conhecimento é resultado das sensações e se fundamenta na experiência sensível. – Determinismo natural: • O homem se resume ao corpo, de modo que o entendimento, a razão e a alma se resumem ao físico. • Por achar que o homem não é livre, ele era antiliberal, antidemocrata e a favor da Monarquia Absolutista. • Pacto social era a base do Estado Totalitário: modo de governo autoritário que controlava as tendências anti-sociais do homem. – Influenciou a Psicanálise; • Natureza egoísta e interesseira do homem. Empirismo: Escola britânica • John Locke: – Um dos principais representantes do Empirismo. – A mente ao nascer é uma tábula rasa: • Todo o conhecimento é adquirido através da experiência. – Sensações e percepções: • Os conteúdos da mente são adquiridos das impressões sensoriais do mundo externo e interno. – Memória e os princípios associação de idéias: • Similaridade (lembranças análogas e semelhantes). • Contigüidade (proximidade no tempo e no espaço). – Influenciou o Estruturalismo no séc. XX. Empirismo: Escola britânica • George Berkeley: – Todo o conhecimento vem através dos sentidos. – Ser consiste em ser percebido. – Uma idéia é representada pela imagem (atributos: cor, forma, movimento). – Pode haver pensamento se imagem? • David Hume: – Ceticismo: duvidou de tudo. – Só se pode conhecer aquilo que é passível de observação e experimentação. – Psicologia do senso comum: aceitar o mundo externo tal e qual como ele é percebido (observação ingênua). Empirismo: Escola alemã • Gottfried Wilhelm Leibniz: – Mônadas: • O mundo (homem) é constituído de elementos simples ou átomos imateriais que representam cada um o universo inteiro. – O nível perceptivo mais alto é o da apercepção: • Apercepção: sem reflexão, sem consciência, como vestígios ou formas subliminares de gostos, imagens e impressões. • Formulou a doutrina do inconsciente, que foi depois retomada pela Psicanálise. – Posição intermediária: empirismo x nativismo: • A mente seria como um mármore com nervura (nasce-se com tendências, pré-disposições, inclinações) que serão desenvolvidas através do processo de aprendizagem. Empirismo: Escola alemã • Emanuel Kant: – A capacidade de perceber é inata. – Fenomenologia: • A natureza jamais será conhecida em si mesma como realmente é, mas apenas como o fenômeno aparece na experiência. – Finalismo: princípio de causa e efeito: • O conhecimento só poderá vir através de suas manifestações. – Psicologia empírica: • Nem o mundo, nem o eu, podem ser conhecidos pela mente humana em sua verdadeira natureza, pois o seu conteúdo não pode ser reduzido a termos quantitativos. Empirismo: Escola alemã e pensamento crítico • Johann Friedrich Herbart: – Teoria da Inibição das Idéias: • As idéias mais fortes, devido à carga emocional, tendem a se conservar em nível consciente. As idéias mais fracas (massa aperceptiva) ficam no subconsciente aguardando uma oportunidade para ascender ao nível consciente. • Retomada pela Psicanálise. – Psicologia aplicada à educação (a aula). • Crítica de Christian Wolff: – Idealista e racionalista (oposição a Kant): • O conhecimento da alma é possível através do exercício da razão pura. – Retarda a evolução da Psicologia como ciência.