DOENÇAS TRANSMISSIVEIS As doenças transmissíveis eram as principais causas de morte nas capitais brasileiras na década de 30, respondendo por mais de um terço dos óbitos registrados nesses locais. As melhorias sanitárias, o desenvolvimento de novas tecnologias como as vacinas e os antibióticos, a ampliação do acesso aos serviços de saúde e as medidas de controle, fizeram com que esse quadro se modificasse bastante até os dias de hoje. PREVENÇÃO O enorme êxito alcançado na prevenção e controle de várias dessas doenças, que hoje ocorrem em proporção ínfima quando em comparação com algumas décadas atrás, não significa que foram todas erradicadas. Essa é uma falsa percepção e uma expectativa irrealizável, pelo menos em curto prazo e com os meios tecnológicos atualmente disponíveis. Situação Epidemiológica das Doenças Transmissíveis no Brasil A situação das doenças transmissíveis no Brasil apresenta um quadro complexo, que pode ser resumido em três grandes tendências: doenças transmissíveis com tendência descendente, doenças transmissíveis com quadro de persistência, e doenças transmissíveis emergentes e reemergentes. Doenças transmissíveis com tendência descendente Esse grupo de doenças encontra-se em franco declínio, com reduções drásticas de incidência. CONTROLE DAS DOENÇAS TRANSMISSIVEIS COM TENDENCIA DESCENDENTE As estratégias do Ministério da Saúde para esse grupo de doenças visam à manutenção da situação de controle ou mesmo a erradicação, quando esta é factível. Para o êxito dessas estratégias, o Ministério da Saúde tem investido no fortalecimento da capacidade dos municípios e estados de detectarem rapidamente os casos suspeitos e adotarem medidas eficazes de bloqueio, dentre outras ações de vigilância epidemiológica. Também tem investido no aumento da cobertura vacinal de rotina - para que se atinjam níveis adequados em cada um dos municípios, e na adoção de estratégias específicas, como vacinações casa-acasa, intensificações e campanhas de vacinação. Doenças imunopreveníveis São aquelas preveníveis por vacinas. DOENÇAS TRANSMISSÃO AGENTE PORTAS DE ENTRADA VIAS DE ELIMINAÇÃO Difteria direta:secreção rinofaringe indireta:objeto contaminado secreção de orofaringe bacilo Corynebacterium diphtheriae individuo suscetível (o simples contato) vacina tríplice bacteriana (DTP) Coqueluche secreção da orofaringe (tosse, espirro e ao falar) Bordetella pertussis individuo suscetível (o simples contato) DTP (também) Poliomielite pessoa a pessoa,objetos contaminados Triatoma oral vacinação Sarampo secreção dos olhos,nariz e garganta,ou gotas de saliva gênero: Morbilivírus vias respiratórias vacinação Rubéola secreções bucais ou nasais gênero:Rubivírus mucosa respiratória vacinação Raiva Humana mordidas, lambidas e arranho de mamíferos gênero: Lyssavírus lesões na pele vacinação anti-rábica Doença de Chagas é feita pelo inseto Triatoma (barbeiro) Trypanosoma cruzi Pele (fezes do inseto) eliminação do inseto transmissor (inseticida) Hanseníase pelas vias aéreas (contato freqüente) Mycrobacterium leprae a pele, os olhos e os nervos ambientes limpos e bem arejados Febre Tifóide ingestão de água ou alimentos contaminados Salmonella typhi saneamento básico inadequado práticas higiênicas, seleção de alimentos Filariose picada de mosquitos:Culex, Anhpheles,Mansonia e Aedes parasitas nematódeos pele combater os insetos transmissores Peste roedores silvestres,pulgas Yersinia pestis pele e trato respirat. controle dos roedores Tétano acidental:bacilo tetânico; neonatal:cordão umbilical Clostridium tetani ferida aberta DPT EXEMPLOS Difteria A difteria é uma doença transmissível aguda, toxi-infecciosa, causada por bacilo toxigênico que freqüentemente se aloja nas amígdalas, na faringe, na laringe, no nariz e, ocasionalmente,em outras mucosas e na pele. Toxina do bacilo Corynebacterium diphteriae ,causadora da Difteria. Rubéola A rubéola foi introduzida na lista de doenças de notificação compulsória no Brasil somente na segunda metade da década de 90. Em 1997, ano em que o país enfrentou a última epidemia de sarampo. Doenças transmissíveis com quadro de persistência PORTA DE ENTRADAS PARA ESSE TIPO DE DOENÇA Urbanização acelerada sem adequada infra-estrutura urbana, alterações do meio ambiente, desmatamento, ampliação de fronteiras agrícolas, processos migratórios, grandes obras de infra-estrutura (rodovias e hidroelétricas). DOENÇAS TRANSMISSÃO AGENTE PORTAS DE ENTRADA VIAS DE ELIMINAÇÃO Malária picada de mosquitos (Anopheles) parasitas ( gênero Plamodium ) pele(individuo susceptível) eliminação dos mosquitos Tuberculose dissemina através de gotículas no ar(tosse) Mycobacterium tuberculosis vias respiratórias vacinas BCG Meningite direto:secreção da garganta ou do nariz Neisseria meningitidis o nariz, a boca e a garganta vacinação Leishmaniose Visceral picada de um mosquito Leishmania donovani individuo susceptível eliminação dos mosquitos Febre Amarela Silvestre picada do mosquito transmissor Flavivírus pele (individuo suscetível) vacinações Hepatite A via oral-fecal vírus HVA individuo suscetível vacinação Esquistossomose pela água Schistosoma mansoni pele e os olhos campanhas e saneamento adequado Leptospirose penetração na pele bactéria Leptospira pele e tecidos lesados controle de roedores Tracoma olho para olho,ou objetos contaminados Chlamydia trachomatis os olhos hábitos higiênicos EXEMPLOS Malária A malária acometia cerca de seis milhões de brasileiros por ano na década de 40, em todas as regiões. As mudanças sociais ocorridas e o intenso trabalho de controle desenvolvido por meio da Campanha de Erradicação da Malária possibilitaram o relativo controle da doença, que passou a apresentar uma ocorrência de menos de 100 mil casos anuais e restringindo-se espacialmente, às áreas de proximidade da floresta, na Amazônia Legal. Mosquito Anopheles,transmissor da malária. Meningite O termo meningites designa um quadro caracterizado por processos inflamatórios das meninges* que podem estar relacionados com uma grande variedade de agentes, infecciosos (vírus, bactérias, fungos e protozoários) ou não. Para a saúde pública são relevantes as meningites infecciosas, causadas por agentes etiológicos transmissíveis. O quadro clínico da doença pode variar de acordo com a etiologia, mas em geral a doença é grave e pode evoluir para óbito. A meningite é uma inflamação das membranas que recobrem e protegem o sistema nervoso central localizado no cérebro que recebem o nome de ‘meninges’. TIPOS DE MENINGITE As meningites bacterianas e virais são as mais importantes, na perspectiva da saúde pública, pela magnitude de sua ocorrência, potencial de transmissão, sua patogenicidade, e relevância social. Dentre as primeiras, merecem destaque as meningites meningocócicas, as meningites por pneumococo, meningites por Haemophilus influenzae tipo b e a meningite tuberculosa. CURIOSIDADES Alguns países chegam a apresentar uma incidência anual O Brasil registrou uma grande epidemia de doença meningocócica na década de 70, que teve seu epicentro em São Paulo, mas que se alastrou por todo o país. Na época foi realizada uma grande campanha nacional de vacinação de toda a população com a vacina antimeningocócica AC. Possivelmente pelo efeito combinado de dois fatores, a utilização da vacina e o esgotamento de suscetíveis, a epidemia foi controlada. * Meninges são membranas que envolvem as estruturas anatômicas componentes do sistema nervoso central. ** A doença meningocócica manifesta-se, geralmente, sob a forma de meningite ou como infecção generalizada. *** No primeiro ano da implantação a faixa etária foi para menores de dois anos. Doenças transmissíveis emergentes e reemergentes Um terceiro grupo de doenças expressa, em nosso país, o fenômeno mundial de emergência e reemergência de doenças transmissíveis. Para o propósito do presente documentos, serão consideradas algumas doenças transmissíveis que foram introduzidas ou ressurgiram no país nas últimas duas décadas, que é o período de análise que está sendo considerado para as doenças transmissíveis. Destacam-se o surgimento da aids no início da década de 1980; a reintrodução da cólera, a partir do Peru, em 1991; e a epidemia de dengue, que passou a constituir-se no final da década de 90 em uma das maiores prioridades de saúde pública no continente e no país. DOENÇAS TRANSMISSÃO AGENTE PORTAS DE ENTRADA VIAS DE ELIMINAÇÃO AIDS sexualmente,transfusão de sangue contaminado vírus HIV mucosas ou feridas cutâneas preservativos,troca de agulhas Cólera ingestão de água ou alimento contaminado Vibrio cholerae individuo suscetível saneamento básico adequado Dengue picada do mosquito (Aedes aegypti) vírus Flaviviridae pele (individuo suscetível) eliminação dos mosquitos Hantavirose ratos silvestres (fezes,urina ou saliva) hantavírus lesões na pele (individuo suscetível) evitar contato e eliminar os ratos Febre Maculosa Brasileira pelos carrapatos Rickettisia rickettsii pele (individuo suscetível) eliminação dos carrapatos EXEMPLOS Aids Preocupante é a crescente incidência da aids em relação à faixa etária de 13 a 19 anos em adolescentes do sexo feminino. Tal fato é explicado pelo início precoce da atividade sexual em relação aos adolescentes do sexo masculino, normalmente com homens com maior experiência sexuais e mais expostos aos riscos de contaminação por DST e pela aids. Camisinha,método de prevenção da aids. Dengue A dengue tem sido objeto de uma das maiores campanhas de saúde pública realizadas no país. O mosquito transmissor da doença, o Aedes aegypti, que havia sido erradicado de vários países do continente americano nas décadas de 50 e 60, retorna na década de 70, por falhas na vigilância epidemiológica e pelas mudanças sociais e ambientais propiciadas pela urbanização acelerada dessa época.