FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA CAMPUS DE ROLIM DE MOURA DEPARTAMENTO DE AGRONOMIA RELATÓRIO FINAL EFEITO DA LÂMINA DE IRRIGAÇÃO EM DUAS ESPÉCIES DE CAFÉ, CONILON (COFFEA CANEPHORA) E ARÁBICA (COFFEA ARABICA), NAS CONDIÇÕES DO ESTADO DE RONDÔNIA Bolsista: Geraldo Souza Ferreira Filho Orientador: Prof. Dr. Silvestre Rodrigues Rolim de Moura - RO Julho de 2009 FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA CAMPUS DE ROLIM DE MOURA DEPARTAMENTO DE AGRONOMIA Efeito da lâmina de irrigação em duas espécies de café, conilon (Coffea canephora) e arábica (Coffea arábica), para as condições do Estado de Rondônia Relatório final Bolsista: Geraldo Souza Ferreira Filho Orientador: Prof. Dr. Silvestre Rodrigues Relatório final apresentado ao PIBIC, relativo aos procedimentos executados durante os doze meses vigente da bolsa. Rolim de Moura - RO Julho de 2009 Agradecimentos A Deus, que nos protege e ilumina nos momentos necessários. Aos meus pais, pelo apoio constante em minha vida. Ao professor Dr. Silvestre Rodrigues, pela orientação e compreensão. A companheira de projeto café Waldiane Araujo de Almeida, pela colaboração. À Universidade Federal de Rondônia (UNIR) e ao PIBIC\UNIR, pela oportunidade de realizar este trabalho. Enfim, agradeço a todos, que direto ou indiretamente, contribuíram para que este trabalho viesse a ser realizado. MUITO OBRIGADO! “O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que elas acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.” (Fernando Pessoa) SUMÁRIO RESUMO....................................................................................................................................6 INTRODUÇÃO .........................................................................................................................7 REVISÃO DE LITERATURA...................................................................................................8 A cultura do café.........................................................................................................................8 Expansão da cafeicultura e sua importância...............................................................................8 Necessidades hídricas...............................................................................................................10 Zoneamento climático...............................................................................................................11 Irrigação....................................................................................................................................12 Irrigação por gotejamento ........................................................................................................13 Objetivos...................................................................................................................................16 MATERIAL E MÉTODOS .....................................................................................................17 Localidade.................................................................................................................................17 Implantação e condução do experimento e tratos culturais......................................................17 Delineamento experimental ....................................................................................................18 Parâmetros avaliados.................................................................................................................18 Manejo da irrigação .................................................................................................................18 RESULTADOS E DISCUSSÃO..............................................................................................20 Altura de plantas ......................................................................................................................20 Diâmetro da copa .....................................................................................................................21 Diâmetro do caule ....................................................................................................................22 Número de ramos plagiotrópicos..............................................................................................23 Considerações Finais.................................................................................................................23 CONCLUSÕES.......................................................................................................................24 Referências................................................................................................................................25 ANEXOS .................................................................................................................................31 Resumo A irrigação é uma realidade em diversas regiões onde o déficit hídrico é elevado em grande parte do ano, por outro lado existem dúvidas relacionadas à regiões onde este déficit é limitado, observando-se grande demanda por informações sobre a viabilidade da cafeicultura irrigada nestas condições. Este trabalho tem como objetivos estudar os efeitos da irrigação por gotejamento, no desenvolvimento vegetativo do cafeeiro, o experimento foi conduzido no campo experimental do curso de Agronomia da Universidade Federal de Rondônia em Rolim de Moura- RO. O sistema de irrigação adotado é irrigação localizada por gotejamento. O delineamento é em bloco casualizados com três tratamentos e três blocos com 4 parcelas subdivididas igualmente, (arábica e conilon), cada parcela têm 10 plantas, com seis para avaliação, totalizando 120 plantas. Para cada bloco há uma parcela irrigada com 100% da lâmina, 50% da lâmina e a 0 % lâmina a ser irrigado. A melhor lâmina de irrigação para a altura e diâmetro da copa foi de 128%, 135% e149%, 169%, para o arabica e conilon respectivamente. Já para o diâmetro da copa e número de ramos laterais não houve diferença entre 50% e 100%. Para todos os parâmetros a irrigação mostrou superior ao não irrigado. Por outro lado, pode ser observado que o café conilon teve um desenvolvimento superior ao café arabica para as mesmas condições de umidade, confirmando assim sua aptidão para a região. Palavras chaves: café, irrigação, lâmina de água. 1.0 Introdução O café é uma bebida aromática, de forte sabor, apreciada por grande parte da população global. No Brasil, cerca de 94% dos habitantes têm o hábito de tomar café e o consumo cresce a cada ano, o que faz agregar mais valor e aumentar a demanda deste produto no mercado (INTERSCIENCE, 2007). O atual padrão de consumo aliado às novas tecnologias de produção faz da cafeicultura uma atividade de grande importância para o agronegócio brasileiro, devido a sua capacidade de gerar divisas, empregos e de fixar a mão-de-obra no campo. Estima-se que cada hectare com cafeeiros produtivos gere 2,3 empregos diretos e 4,0 indiretos (ALVES, 1999). Sobre aspecto econômico, a cafeicultura constitui uma das mais importantes atividades agrícolas do país desde o século passado e, até poucos anos, foi explorada quase exclusivamente em áreas não irrigadas. As mudanças no perfil da cafeicultura brasileira na última década potencializaram a busca de sistemas altamente tecnificados, que incorporam avanços técnicos e uma gestão empresarial, tanto em nível de pequenos, quanto de grandes cafeicultores. Dentre estes avanços destaca-se a utilização da irrigação, que pode proporcionar menores riscos e maior eficiência na utilização e aplicação de insumos, além de maior produtividade e melhor qualidade do produto (MANTOVANI, 2000). A irrigação mostra-se cada vez mais importante tanto em áreas de maior escassez hídrica quanto em regiões de altos índices pluviométricos desde que tenha um manejo adequado. O plantio de café no Brasil está geralmente situado em regiões em que as condições climáticas e o balanço hídrico são favoráveis, regiões com estiagem prolongada foram marginalizadas para a prática da cafeicultura, porém com o progresso técnico-científico e a utilização de práticas agrícolas modernas como a irrigação essas regiões já estão sendo incorporadas para o plantio de café tanto para C. arabica quanto para C. canephora. Nos últimos anos a cafeicultura é uma das principais culturas irrigadas do país com alta produtividade, diminuindo riscos de quebra de produção, oportunidade de aplicação de insumos e melhorando a qualidade final do produto. O uso da irrigação e seu correto controle em regiões aptas para o cafeeiro têm crescido atualmente devidos especialmente à ocorrência de queda de produtividade, que pode estar relacionada a curtos períodos de déficits hídricos (veranicos) em fases de necessidade de água da cultura (agosto a novembro). O suprimento de água em quantidades e intervalos corretos pode ocasionar grandes aumentos de produtividade na lavoura cafeeira, além de menores perdas para a planta. A irrigação na cafeicultura é uma técnica que vem sendo utilizada há muitos anos, mas só a partir da década de 90 vem se expandindo em diversas regiões brasileiras onde ocupa cerca de 10% da área plantada o que corresponde a 8,7% da área irrigada no país totalizando 200.000/ha distribuídos, principalmente, nos estados do Espírito Santo (60 a 65%), Minas Gerais (20 a 25%) e Bahia (10 a 15%), (EMBRAPA, 1999). A irrigação tem por objetivo fornecer quantidades adequadas de água às plantas, para evitar déficit hídrico que pode afetar tanto o desenvolvimento das fases fenológicas quanto a produção da cultura (GOMIDE, 1998). Ainda são poucas as informações sobre o melhor suprimento de água no cafeeiro não existindo critérios definitivos de manejo da irrigação, no que se refere a dois fatores: quando irrigar (turno de rega fixo ou variável) e quanto irrigar (lâmina total necessária). Ambos requerem o conhecimento do sistema solo-água-planta e atmosfera. 2.0 Revisão de literatura 2.1 A cultura do café O café é uma planta de porte arbustivo, da família das rubiáceas e do gênero Coffea, o qual compreende aproximadamente 100 espécies já descritas pela ciência (FAZUOLI, 1986). Mas, somente duas destas espécies, Coffea arabica L. e Coffea canephora, têm importância econômica, as quais são designadas comumente de “café arábica” e “café robusta”, respectivamente (MENDES e GUIMARÃES, 1996). Aproximadamente 70% do café comercializado no mundo provêm de cultivares da espécie Coffea arabica L. (CÉSAR, 2007). No Brasil, 77,1% do total de sacas colhidas na safra 2006/07 foram de café arábica (COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO, 2006). Em muitas lavouras espalhadas pelo Brasil, o cafeeiro apresenta grande variabilidade em termos de produtividade. Nos locais onde é cultivado a produtividade assim como a qualidade do café são, entre outros fatores, diretamente afetados pelas variações na disponibilidade de água no sistema solo-planta-atmosfera (CAMARGO, 1992; MAIA, 2004). 2.2 Expansão da cafeicultura e sua importância O café penetrou no Brasil, em Belém, estado do Pará, por intermédio de Francisco de Mello Palheta. Rapidamente expandiu-se pelo Maranhão, Bahia, Rio de Janeiro e região do Vale do Paraíba, até finalmente, chegar a São Paulo e Minas Gerais, por volta de 1825 (CÉSAR, 2007). Desde o período colonial do Brasil, a cafeicultura tem contribuído com a fixação do homem no campo, melhoria de renda e qualidade de vida de pequenos produtores. Hoje, o agronegócio café é uma atividade mundialmente promissora, sob o aspecto econômico, por movimentar 90 bilhões de dólares por ano, e social, por empregar cerca de 500 milhões de pessoas (8% da população do planeta), da produção ao consumo final (GRISI, 2006). O café é cultivado em cerca de 70 países, ocupando em torno de 12 milhões de hectares. É uma das bebidas mais populares do mundo, apesar de ser apreciado por apenas 19% da população global (ZAMBOLIM, 2003). Mesmo sendo baixo o percentual de consumidores, CÉSAR, (2007) considera o café a mais importante “commodity” do comércio mundial de produtos agropecuários, representando uma importante fonte de renda em países da África, Ásia e América do Sul, principalmente no Brasil e na Colômbia. Atualmente, o Brasil lidera a produção mundial, com aproximadamente 30% do total produzido, e Minas Gerais é o estado que detém a maior produção, seguido dos estados do Espírito Santo, São Paulo, Bahia, Paraná e Rondônia (COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO, 2008). A produção brasileira, assim como a mundial, poderia ser mais expressiva, caso não fossem as condições desfavoráveis ao cultivo, particularmente o limitado suprimento de água. Para Rondônia a cultura do cafeeiro é de relevada importância na economia servindo de renda para milhares de família além de fixar o homem no campo. Desde a sua implantação no Estado, a cafeicultura se desenvolveu em regiões aptas para o café Conilon (C. canephora), e inapta para o Arábica (C. arabica) em termos climáticos e baixa altitude, torna necessária a adoção de novas tecnologias de cultivo especialmente a irrigação. Rondônia com uma área de 165 mil hectares e uma produção de 2,1 milhões de sacos beneficiados constituídos exclusivamente pelo café conilon (robusta) (ABIC, 2007), configura no ranking nacional como o sexto maior produtor de café beneficiado e o segundo maior produtor de café robusta, ficando atrás apenas do Espírito Santo. O café é o principal produto agrícola do Estado empregando mais de 180 mil pessoas a produção vem de pequenas propriedades com baixa produtividade não ultrapassando 11sacas por hectares (COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO, 2008). Devido a fatores como sistema de cultivo pouco racional, práticas inadequadas, elevados custos de insumos e da mão-de-obra, baixa fertilidade dos solos, indisponibilidade de crédito, veranicos, cafezais decadentes, entre outros. Tais fatores, aliados a baixa qualidade do produto (muitos defeitos), têm feito com que os cafeicultores do estado sejam pouco competitivos em relação aos produtores de outros estados do País. 2.3 Necessidades hídricas A água é de vital importância no ciclo de qualquer cultura, pois é o principal fator responsável pela absorção e transporte de nutrientes. Para um bom desenvolvimento vegetativo e frutificação, o cafeeiro necessita de água facilmente disponível no solo. Os fatores que interferem na disponibilidade de água, os climáticos são os mais relevantes, principalmente a precipitação e a temperatura (VILELLA, 2001). O déficit hídrico limita o desenvolvimento do sistema radicular do cafeeiro, especialmente as raízes absorventes, reduzindo a absorção de nutrientes e, conseqüentemente, o crescimento da parte aérea e a produção de grãos, efeito deletério para a cultura. Estes efeitos foram constatados por Matiello e Dantas (1987), ao observarem que plantas bem supridas de água apresentaram sistema radicular bem desenvolvido e proporcional ao volume de sua parte aérea, quando comparadas com plantas não irrigadas. Por outro lado, a ocorrência de chuvas o ano todo, como acontece na Colômbia e na Costa Rica, não permite que as gemas florais experimentem um período de repouso, o que é indispensável para uma floração sincronizada e frutificação uniforme, não verificando nestes locais o fenômeno da bianuidade. Conseqüentemente, a colheita torna-se mais trabalhosa, tendo que ser realizada de forma seletiva, já que existem frutos em diferentes estádios na mesma planta (RENA e MAESTRI, 1986). Diversos trabalhos indicam que a baixa disponibilidade de água no solo afeta os processos fisiológicos associados à produção de biomassa e, conseqüentemente, a produtividade do cafeeiro. Embora seus efeitos dependam da duração, intensidade e estádio fenológico da cultura, o déficit hídrico limita o crescimento vegetativo, formação e maturação dos grãos (CAMARGO, 1987; MAIA, 2004). Sempre que a água das chuvas não for capaz de atender a demanda da planta, e a disponibilidade estiver baixa provocando redução no desenvolvimento, é necessário fazer a aplicação de água de irrigação para atender as necessidades hídricas da planta. A exigência do cafeeiro em umidade do solo é bastante variável, de acordo com as fases do ciclo da planta. Segundo Camargo (1987), o ciclo fenológico do cafeeiro no centro-sul do Brasil é bem definido e compreende quatro fases distintas: florescimento na primavera; expansão rápida (chumbinho) e enchimento de grãos no verão; maturação no outono; abotoamento e dormência no outono/inverno. No estádio de pré-florescimento, entre os meses de junho e setembro, a falta de água pode provocar a má formação dos botões florais, bem como a queda destes (SOARES et al., 2005). O abortamento da florada, englobando botões florais não abertos, flores abertas e formação de “estrelinhas”, é um fenômeno típico e marcante do déficit hídrico elevado, atingindo valores superiores a 50% (BATISTELA SOBRINHO et al., 1985). Matiello et al. (1995) observaram, em cafeeiros Coffea arabica e Coffea canephora, o abortamento de botões florais após chuvas insuficientes de 3,0 a 8,0 mm, que provocaram o crescimento inicial dos botões, que não chegaram a se abrir, secando logo em seguida. Em experimentos já realizados, o uso de irrigação diminuiu o percentual de flores “estrelinhas” de 57% a menos de 5%, ou até os valores praticamente nulos (RENA e MAESTRI, 1986). Na fase chumbinho (outubro a dezembro), o déficit hídrico atrasa o crescimento dos frutos, podendo ocasionar a sua queda ou pequeno crescimento do pergaminho, resultando em “peneira baixa”, ou seja, grãos depreciados para comercialização (CAMARGO, 1987). O tamanho final do grão cereja depende acentuadamente da precipitação ocorrida entre 10a a 17a semanas após o florescimento, período este considerado de expansão rápida do fruto (RENA e MAESTRI, 1987). De janeiro a março, dependendo da intensidade, o déficit hídrico pode causar a má formação de grãos, resultando em alto percentual de frutos chochos ou mal granados (MIGUEL et al., 1976, CAMARGO, 1987). Este último autor observou, em Campinas (SP), que a supressão de água durante a granação foi responsável por um índice de chochamento de grãos de 45%. Nos estádios de maturação e abotoamento (abril a junho), o déficit hídrico não afeta a produtividade do ano, porém prejudica seriamente a produção do ano seguinte. Por outro lado, durante a fase de dormência (julho a setembro), a deficiência hídrica pode até ser benéfica, pelo fato de condicionar um florescimento abundante após chuvas ou irrigações, no final da fase, proporcionando uma frutificação e maturação uniforme na safra seguinte (CAMARGO, 1987). Karasawa et al. (2002), estudando o efeito de diferentes épocas de irrigação sobre a qualidade da bebida do café, na região de Lavras - MG observaram a influência não só no aumento da produtividade, mas também na qualidade de bebida. 2.4 Zoneamento climático Embora seja cultivado em regiões com pluviosidade entre 750 e 2500 mm, como no Quênia, onde chove apenas 800 mm, e na Índia, onde a precipitação anual supera 2000 mm, as melhores condições para o cafeeiro arábica e o conilon correspondem a chuvas variando de 1200 mm a 1800 mm para o arábica e até 2400 mm para o conilon (TOMAZIELLO et al., 1999). No Brasil, o café arábica foi inicialmente cultivado em áreas próximas ao litoral, por razões de conveniência (transporte, portos), mas logo se percebeu que em locais de maior altitude, onde a temperatura média anual é ligeiramente mais baixa, ele se desenvolvia melhor (LEITE, 2002). Isso fez com que o café se expandisse pelo interior, porém encontrou, em muitos locais, a escassez de água como um fator limitante. Assim, houve a necessidade de mapear as áreas conforme sua aptidão à cafeicultura, em função da deficiência hídrica e temperatura média anual. Conforme o zoneamento climático realizado pelo Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café (2007), são consideradas aptas ao cultivo, áreas com déficit hídrico anual inferior a 150 mm e temperatura média anual (Tma) entre 18 e 23,5ºC, ficando a faixa ideal, segundo vários autores, entre 19 e 21ºC (MATIELLO et al., 1974; CAMARGO). Considera-se ainda, aptas com irrigação, áreas com Tma entre 23,5 e 24ºC e déficit hídrico anual superior a 150 mm, e inaptas, áreas de Tma inferior a 18ºC ou superior a 24ºC. Já para o conilon as regiões consideradas aptas aquelas de altitude menos elevada e, portanto com a temperatura mais alta o déficit hídrico tem que ser inferior a 200 mm e temperatura media anual (Tma) entre 24 e 26 °C. Em Rondônia, o cultivo do café arábica é considerado inapto devido à elevada temperatura e apto para o cultivo do conilon mesmo tendo um período de estiagem considerável. Alves (1999) alerta que os veranicos não precisam ser longos para causarem prejuízos à cultura. Poucos dias de estiagem podem comprometer a produção, a exemplo dos dias em que ocorre a antese (abertura das flores), que tem duração de três a sete dias. 2.5 Irrigação A irrigação é uma técnica utilizada há muito tempo, para fornecer suficientemente água às plantas em períodos de estiagem. Além de aumentar a produtividade das culturas, esta prática pode proporcionar a obtenção de um produto diferenciado, de melhor qualidade e com perspectiva de bons preços no mercado (SOUZA, 2001). No Brasil, a irrigação no cafeeiro teve início em meados de 1946, através do Instituto Agronômico de Campinas, na região de Ribeirão Preto (SP). Os primeiros sistemas foram às irrigações por sulcos e por aspersão convencional. Nessa época, o manejo da irrigação não era o mais adequado, pois muitos cafeicultores procediam a “irrigação de socorro ou salvação”, apenas nos meses mais críticos, geralmente agosto e setembro (SANTINATO, 2001). A partir da década de 60, vários tipos de sistemas pressurizados foram utilizados na cafeicultura, como a irrigação por canhão, autopropelido, aspersão em malha, tubos perfurados ou “tripa”, pivô central, através do plantio circular de café, e mais recentemente, no início dos anos 90, o sistema por gotejamento. A definição de sistemas de irrigação mais adequados ao cafeeiro tem sido amplamente discutida. Por se tratar de uma prática relativamente nova na cafeicultura, a escolha do sistema deve ser criteriosa, levando em conta os aspectos técnicos, econômicos e operacionais. Essa escolha depende do tipo de solo, topografia do terreno, tamanho da área, fatores climáticos, manejo e espaçamento da cultura, e principalmente, disponibilidade de água (MANTOVANI, 2000). Os sistemas em que a água é aspergida na forma de chuva, não são recomendados para a cultura do cafeeiro, por apresentarem altas perdas de água por evaporação ou deriva em condições climáticas adversas, durante o trajeto das gotas no ar. Outra limitação dos sistemas por aspersão é o alto consumo de energia para bombeamento, além de molharem a parte aérea das plantas, propiciando ambiente favorável a doenças fúngicas (BERNARDO, 1995). O pivô central, por exemplo, tem sido utilizado com destaque em lavouras no Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba. Ultimamente, tal equipamento tem passado por uma evolução, substituindo os “sprays” convencionais por emissores do tipo LEPA – Low Energy Precision Application, que significa Aplicação Precisa com Baixo Consumo de Energia. O uso de emissores LEPA reduz o consumo de água e energia em aproximadamente 25% e os tratos culturais em 21 a 24%, comparando-se aos emissores convencionais (SANTINATO, 2001). Mas, diante da escassez hídrica e da possibilidade de cobrança pelo uso da água na agricultura (Política Nacional de Recurso Hídrico), a utilização de emissores LEPA pode não ser o sistema mais adequado para o cafeicultor, já que existem sistemas que apresentam menores perdas de água por evaporação. Dentre os sistemas localizados, a microaspersão não é recomendável para a cultura do café, pelo fato do alcance do jato de água ser influenciado pela “saia” do cafeeiro. Por sua vez, os sistemas por gotejamento são mais indicados, devido sua uniformidade e eficiência relativamente alta (SANTINATO et al., 1996). 2.6 Irrigação por gotejamento Um dos aspectos que possibilitou o avanço da cafeicultura irrigada é a disponibilidade de sistemas de irrigação mais modernos a preços cada vez mais competitivos. Entretanto, em face de ausência de resultados de pesquisa a implantação e principalmente o manejo dos sistemas de irrigação têm sido realizados de forma empírica e desordenada, havendo uma necessidade de se estudar o real benefício desta prática e as melhores alternativas de sistema de irrigação e manejo. A irrigação por gotejamento compreende os sistemas em que a água é aplicada diretamente sobre a região radicular, em pequena intensidade e alta freqüência, de modo que a umidade do solo se mantenha sempre próxima à capacidade de campo (SOUZA, 2001). A aplicação de água, na irrigação por gotejamento, é sob a forma de “ponto fonte”, ficando a superfície com uma área molhada de forma circular, delimitada pela frente de molhamento. O volume de solo úmido assemelha-se a um bulbo, que varia conforme a textura do solo. Quando os emissores são próximos uns dos outros, forma-se uma faixa úmida contínua. Nesse sistema, somente uma pequena porção da superfície do solo é molhada, reduzindo as perdas de água por evaporação (CÉSAR, 2007). Segundo Gomes (1999), em uma instalação de irrigação por gotejamento, praticamente não se perde água no percurso desde o ponto de abastecimento até a saída dos gotejadores. O manejo da irrigação com aplicações freqüentes condiciona o solo a manter-se com teor adequado de água, favorecendo o desenvolvimento da cultura e consequentemente possibilitando maior produtividade. Os sistemas de irrigação que aplicam água de forma localizada se caracterizam pela economia de água, pela pequena utilização de mão-de-obra, pelo grande potencial de automatização, pela manutenção de elevados níveis de água no solo para melhorar o desenvolvimento das culturas, pela possibilidade de se adequar às condições de solos pedregosos, rasos e topografia acidentada, pela possibilidade de aplicação de produtos químicos em solução na água de irrigação e pela redução dos riscos de contaminação das culturas. Apontam ainda como vantagens a economia de fertilizantes, aumento em produtividade, uniformidade de aplicação da água, elevada eficiência do sistema, da baixa perda por percolação e por evaporação, bom controle do volume de água a ser aplicada em cada irrigação, da possibilidade de ser utilizada com água salina ou em solos salinos, eliminação dos perigos da erosão do solo Martins et al (2001). Todas essas vantagens são razões pelas qual a utilização destes sistemas tem crescido no Brasil. Por outro lado, esse sistema apresenta algumas limitações, sendo a exigência de água limpa uma delas. Isto requer a instalação de filtros, a fim de evitar ou minimizar o entupimento de emissores. Em virtude da formação do “bulbo molhado” no solo, as raízes das plantas tendem a se concentrar nessa região, diminuindo a exploração de nutrientes em outras regiões e a estabilidade das plantas a ventos fortes caracterizando desvantagens (BERNARDO, 1995). Uma das inovações em sistemas por gotejamento é o surgimento de emissores autocompensantes, que propiciam uma vazão relativamente uniforme ao longo da linha lateral, sem grande influência de variações na pressão. Um dos reais benefícios, quanto ao uso destes emissores, é que permitem a instalação de linhas laterais mais longas (SANTINATO, 2001). O uso da técnica de irrigação, por gotejamento superficial ou subsuperficial, em cafeeiros possibilita produções significativamente superiores aos cafeeiros não irrigados. Na ausência da prática da irrigação em áreas aonde o déficit hídrico chega a comprometer a produção, o país deixaria de produzir de 2 a 2,5 milhões de sacas beneficiadas por ano. No Brasil a produtividade média das lavouras de café está entre 10 à 20 sacas de café beneficiado por hectare, sendo considerada boa quando superior a 20 sacas/ha. Vários autores constataram aumento significativo na produtividade em cafeeiros irrigados, quando comparados a cultivos não-irrigados (FERNANDES et al., 1998; ANTUNES et al., 2000). Matiello e Dantas (1987), Santinato et. al. (1996) e Faria et al., (2000), encontraram, respectivamente, incrementos na produtividade de 49%, 48%, 54% e 69% em cafeeiros irrigados, quando comparados com cafeeiros não irrigados, em várias regiões do Brasil. Considerando a fase inicial de formação do cafeeiro, a lâmina ótima para o crescimento vegetativo tem variado bastante em muitos ensaios, indo desde 60% (VILELA et al., 2001) até 140% da ECA (GERVÁSIO, 1998). Este último autor verificou, em casa de vegetação, em Lavras (MG), que o aumento da umidade do solo acelerou o desenvolvimento inicial do cafeeiro Icatu MG-3282. Com a lâmina de 140% da ECA, obteve os melhores resultados para o número de ramos plagiotrópicos, número de entrenós no ramo ortotrópico, diâmetro de caule, altura de planta, área foliar e comprimento de raízes. Mesmo com tantos trabalhos já realizado a controvérsias quanto à lâmina real a ser aplicada exigindo mais pesquisa para a sua determinação nas áreas produtoras de café. 3.0 OBJETIVOS Esse trabalho tem por objetivo avaliar o desenvolvimento vegetativo das duas espécies de café (arábica e conilon), sob diferentes lâminas de irrigação. Analisar o efeito da espécie na resposta a diferentes lâminas de aplicação de água. Analisar qual a melhor lâmina de água aplicada. 4.0 MATERIAL E MÉTODOS 4.1 Área de estudo O experimento está é realizado em cultura de café com irrigação localizada por gotejamento, localizado no campo experimental da Faculdade de Agronomia da Universidade Federal de Rondônia - UNIR, localizada no município de Rolim de Moura RO (latitude 11°, 34’ 5” e longitude 61°, 41’ W e altitude de 277m). O clima é tropical quente e úmido com estação seca bem definida (junho a setembro) e com chuvas intensas nos meses de novembro a março sendo a precipitação media anual de 2250 mm (Marinalva, 1999). 4.2 Implantação e condução do experimento Para a implantação do experimento, foram feitas amostragens e análises químicas e granulométricas de solo nas camadas de 0 a 20 cm e de 20 a 40 cm de profundidade. O solo não precisou ser corrigido antes do plantio, pois já se encontrava com saturação de base elevada chegando a 60%. As análises foram realizadas no Laboratório de Solos da própria Universidade. Em seguida, foi realizado sulco de 40 cm que recebeu calagem e adubação fosfatada e de cobertura (N-K), a calagem e as adubações foram realizadas de acordo com análise de solo e baseada nas Recomendações para uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais - 5ª aproximação (Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais 1989). Houve a dessecação das plantas invasoras, mantendo essa como cobertura do solo logo em seguida, as mudas transplantadas estavam no estágio de onça, ou seja, com dois pares de folha refletindo um bom desenvolvimento inicial cujo plantio ocorreu em Dezembro de 2007. Durante a fase de condução do experimento foi realizado um acompanhamento sistemático dos tratos culturais utilizados, como: adubação, calagem, desbrota, aplicação de defensivos (herbicidas, inseticidas e fungicidas) de acordo com a recomendação para a cultura (EMBRAPA café 2008). Nas adubações de cobertura, em pós-plantio, aplicou-se 15 g de K2O e 4,0 g de N por planta, utilizando como fontes o cloreto de potássio e o sulfato de amônio. As adubações de formação (1º e 2º ano após o plantio) foram realizadas conforme a Comissão de Fertilidade de Solos do Estado de Minas Gerais – CFSEMG, 5ª Aproximação (GUIMARÃES et al., 1999). As plantas invasoras foram manejadas por controle cultural (capina e roçagem) nas entrelinhas, conforme o nível de infestação. O controle de pragas e doenças foi efetuado conforme a necessidade, ao se observar os primeiros indícios nas plantas. Para as pragas, foram aplicados os inseticidas, deltametrina + triazofós (0,5 L ha-1 do produto Deltaphos EC), cloridrato de cartap (1,0 kg ha-1 de Cartap BR 500). Para as doenças, foram aplicados os fungicidas maconzeb (manzat) e tebuconazole (Folicur PM). 4.3 Delineamento experimental e tratamento Os tratamentos foram distribuídos em delineamento em blocos casualizados com três tratamentos e três blocos com 4 parcelas subdivididas, (arábica e conilon). Cada parcela têm 10 plantas sendo aproveitas seis para avaliação, totalizando 120 plantas sendo metade arábica e metade conilon em 360 m² a área total do experimento. O espaçamento utilizado foi 1.0 m entre plantas e 3.0 m entre fileiras. Os tratamentos definidos são controle (0%), 50% e 100%)de lâminas de água. Porcentagem calculada a partir da Evapotranspiração real da cultura (ETc) definida pelo Balanço Hídrico Climatológico, Camargo (1989). Os dados climáticos necessários ao cálculo da lâmina e do balaço hídrico foram monitorados diariamente através de uma estação climatológica de referência do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) modelo Micrometos localizada nas dependências da Faculdade de Agronomia da Universidade Federal de Rondônia - UNIR, em Rolim de Moura RO. A reposição da água no solo foi feita com base na umidade do solo e estimativa da evapotranspiração diária. 4.4 Implantação e descrição do manejo de irrigação utilizado Está implantado um sistema de irrigação por gotejamento, do tipo pressiorizado. A pressão de serviço do equipamento é de 10,0 mca a vazão de cada emissor é de 2,4 L/h. O espaçamento entre emissores é de 0,3m com 3,0 m entre linhas laterais. A captação é feita por recalque, utilizando-se uma bomba elétrica para a irrigação. Os gotejadores são ligados à linha principal através de perfurações na mesma, onde se encaixam os conectores. A filtragem é feita através de um filtro de disco. O volume de água aplicada em cada tratamento foi calculado por meio da somatória da porcentagem de evapotranspiração do balaço hídrico a cada dia o tempo por posição foi feito por meios de registros. Sendo o turno de rega fixo a cada 2 dias, ficando a evapotranspiração no período de estiagem 3,0 mm/ dia. Analise de dados foram submetidos a teste de média, em seguida, aplicou-se a análise de variância (teste F), e o teste de Tukey a 5% da probabilidade, sendo usado o software SISVAR para os cálculos das médias. Os parâmetros significativos foram submetidos à análise de regressão polinomial, estimando-se, então, a lâmina ótima para cada característica avaliada. 4.5 Parâmetros avaliados O crescimento vegetativo do café foi avaliado mensalmente a partir dezembro de 2007. As características vegetativas avaliadas e metodologias adotadas foram às seguintes: perpendicular às linhas de plantio; - com paquímetro, a uma altura de 5 cm em relação à superfície do solo; - Números de ramos plagiotrópicos. 5.0 RESULTADOS E DISCUSSÃO Ao final de 18 meses de condução do experimento, todos os parâmetros de crescimento da cultura apresentaram diferenças significativas em função dos tratamentos ao nível de 5% (*) da probabilidade. A irrigação suplementar faz necessária sempre no período de maior demanda hídrica coincidente com o período de estiagem, que vai de maio a outubro onde as chuvas não são suficientes para atende as exigências hídricas da planta. Resultados obtidos por Gervásio (1998) indicam maior desenvolvimento inicial do cafeeiro sob condições de maior umidade do solo proporcionada pelo uso de irrigação. Esse fato pode ser explicado pela maior absorção de nutrientes e água vitais ao desenvolvimento das plantas. Comparando as duas espécies, foi possível constatar que o conilon foi o que apresentou os melhores resultados para as diferentes lâminas aplicadas, confirmando sua aptidão para a região, podendo ser adotado pelos os produtores. Já o arábica apesar de mostra resultados satisfatórios em relação ao crescimento inicial pode-se observar os efeitos das altas taxa de temperatura verificada na região, provocou sintomas atípicos a cultura como intensa brotação, redução no tamanho da área foliar e abortamento de flores significando prejuízos as futuras colheitas. 5.1 Altura de plantas O cafeeiro continuou seu desenvolvimento mesmo sem irrigação (lâmina 0%), no entanto observa-se a superioridade da irrigação (figura 1). Dada à significância da influência do fator lâmina de irrigação, através da derivação da equação de regressão foi possível encontrar que a melhor lâmina foi de 128% e 135% da evapotranspiração real da cultura (ETc) para o conilon e arábica respectivamente. Este resultado corrobora com Gervásio (1998), encontrou que a melhor lâmina de irrigação para a altura de planta do cafeeiro foi a de 140% da evapotranspiração da cultura. O melhor desenvolvimento do conilon é por esta implantada em uma região apta ao seu cultivo não sendo afetado pelas condições edafoclimáticas esse bom desenvolvimento vai refletir em boas produtividades futuras, mostrando plantas muito vigorosas. Já o café arábica teve seu desenvolvimento inferior ao do conilon, mas seguindo as mesmas tendências onde a irrigação mostra-se superior ao não irrigado. Essa diferença pode ser explicada por esta em uma região inapta ao seu cultivo devido às exigências climáticas, sendo prejudicado pela alta temperatura (CAMARGO; PEREIRA, 1990), apresentando redução de área foliar, folhas miúdas, internódios curtos e lançamento intenso de brotações o que não e comum para a espécie além de abortamento de flores, prejuízo para futuras colheitas. Segundo Thomaziello et al(1999), a temperatura média anual ideal varia entre 18 e 23,5ºC. Acima dessa faixa é considerado inapto ao cultivo do arábica. Figura 1: Representação gráfica da altura da planta (julho de 2009), em função da lamina de irrigação, para as espécies conilon e arábica no município de Rolim de Moura, RO. 5.2 Diâmetro da copa Observando-se os dados, pode-se concluir que à medida que houve um aumento na lâmina de irrigação aplicada, aumentou-se o diâmetro de copa, através da derivação da equação regressão foi possível encontrar que a melhor lâmina foi de 149,36% da evapotranspiração real da cultura (ETc) para o conilon e 169,11% (ETc) da o arábica (figura 2). Esses resultados concordam com Rotondano (2004), encontrou uma lâmina média de 150% para um maior diâmetro de copa. Porém Teodoro et al. (2003), verificou que a melhor lâmina a ser aplicada para se ter um maior diâmetro de caule do cafeeiro é a de 134,10%. Confirmando assim os resultados aqui encontrados. O maior diâmetro da copa do conilon é devido ao seu sistema de condução que é multicaule (4 haste) o que proporciona uma maior área da copa, diferente do arábica que é monocaule, sendo uma característica inerente da planta. Figura 2: Representação gráfica do diâmetro da copa (julho de 2009), em função da lamina de irrigação, para as espécies conilon e arábica no município de Rolim de Moura, RO. 5.3 Diâmetro de caule De forma similar a altura, diâmetro médio da copa o diâmetro do caule houve efeito significativo da irrigação em relação ao não irrigado. A irrigação proporcionou um incremento médio de 63,29% e 80,19% para o arábica e o conilon respectivamente, comparando com o não irrigado (figura 3), comprovando os benefícios dessa tecnologia. Esses dados vêm confirmar os trabalhos realizados por Gervásio (1998) e Alves (1999), que também verificaram menor diâmetro de caule na ausência de irrigação. Figura 3: Representação gráfica do diâmetro do caule (julho de 2009), em função da lâmina de irrigação, para as espécies conilon e arábica no município de Rolim de Moura, RO. 5.4 Números de ramos plagiotrópicos Os números de ramos plagiotrópicos é um importante parâmetro a ser avaliado em experimentos com o cafeeiro, pois é um indicativo da produtividade, uma vez que a quantidade de ramos laterais significa maior quantidade de ramos secundários e terciários, aumentando a quantidade de gemas e a área produtiva da planta. A irrigação proporcionou um incremento médio de 62,29% e 75% para o arábica e o conilon respectivamente, comparando com o não irrigado (figura 4). Rotondano (2004) confirma em seus resultados que à medida que aumentamos a lâmina aplicada, tem-se um aumento nos números dos ramos plagiotrópicos. Vilella (2001), afirmou que para se atingir um maior número ramos plagiotrópicos deve-se trabalhar com a lâmina de 100%. O arábica apresentou maior números de ramos isto ta ligado a sua fisiologia, pois esta espécie apresenta menor porte e por isso se ramifica mais, além da influência das altas temperaturas que provoca a emissão de mais ramos, diferentemente o conilon por ser multicaule apresenta arquitetura maior e consequentemente menor numero de ramos laterais (adaptado da EMBRAPA Café, 2009). Figura 4: Representação gráfica dos números de ramos laterais (julho de 2009), em função da lâmina de irrigação, para as espécies conilon e arábica no município de Rolim de Moura, RO. 6.0 Considerações Finais O café arábica possui um alto valor no mercado internacional, porém não se sabe qual a produtividade e qualidade deste café produzido na região Norte. No estado de Rondônia os produtores de café optam por cultivar o café conilon, por suportar mais a seca do que o café arábica. No entanto, pode-se constatar que, nas condições presentes, o uso da irrigação desde o plantio do cafeeiro até a fase de desenvolvimento vegetativo proporcionou maior desenvolvimento das plantas, independentemente da espécie. O tratamento sem irrigação apresentou os menores resultados para todas as características avaliadas, a lâmina média de 100% de irrigação proporcionou o melhor resultado médio para as características vegetativas avaliadas, mas quando se faz a derivação da regressão observa-se essa lamina superior a 100%, indicando a necessidade de se realizar outro experimento com maior número de lamina de irrigação. Conclusão Nas condições em que o experimento foi realizado, concluiu-se que: 1. Em todas as avaliações, a irrigação influenciou o desenvolvimento vegetativo; 2. Em média, os maiores valores de altura de plantas, diâmetro de copa e de caule, números de ramos plagiotrópicos foram obtidos quando se aplicou as lâminas de irrigação; 3. O conilon mostrou-se mais eficiente do que o arábica no uso da irrigação; 4. A irrigação não amenizou os efeitos das altas temperaturas para o arábica, tendo o seu desenvolvimento prejudicando; 5. O tratamento sem irrigação apresentou os menores resultados para todas as características avaliadas; 7.0 Referências Associação Brasileira da indústria do café (abic). Disponivel em:<htt// www.abic.com.br> acesso em junho de 2009. ALVES, M. E .B. Resposta do cafeeiro (coffea arabica) a diferentes lâminas de irrigação e fertirrigação. 1999. 94 f. Dissertação (Mestrado em solos e Nutrição de Plantas)Universidade Federal de Lavras, 1999. http://www.coffeebreak.com.br/ocafezal.asp?SE=8&ID=335. acesso em janeiro de 2009. BATISTELA SOBRINHO, I.; MIGUEL, A. E.; MATIELLO, J. B. Efeito da irrigação suplementar na estação seca no desenvolvimento e produção de café arábica na região de Alta Floresta, MT. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PESQUISAS CAFEEIRAS, 12, 1985, Caxambú, MG. Resumos... Caxambú: IBC, 1985. p. 191-193. BERNARDO, S. Manual de irrigação. 6. ed. Viçosa: UFV, 1995. p. 531-589. CAMARGO, A. P de. Aptidão climática para qualidade da bebida nas principais regiões cafeeiras de arábica no Brasil. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PESQUISAS CAFEEIRAS, 18., Araxá, 1992. Trabalhos... Araxá: IBC, 1992. p. 70-74. CAMARGO, A. P de. Balanço hídrico, florescimento e necessidade de água para o cafeeiro. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DE ÁGUA NA AGRICULTURA, 1987, Campinas. Anais... Campinas: Fundação Cargill, 1987. p. 53-90. CENTRO DE INTELIGÊNCIA DO CAFÉ. Aspectos botânicos: botânica do cafeeiro. Disponível em: <http://www.cicbr.org.br/cafe-aspectos.php>. Acesso em: 05 jan. 2009. CÉSAR A. S.; Resposta do cafeeiro (Coffea arábica) a diferentes lâminas de irrigação por gotejamento. 2007. Dissertação de mestrado. Universidade federal de Uberlâdia .2007, 81p. Disponível em: <http://www.cpa.unicamp.br/cafe/MG_menu.html>. Acesso em: 15 nov. 2008. COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO. Cafés do Brasil: safra 2006/2007, terceiro levantamento. Brasília: MAPA, ago. 2006. CONSÓRCIO BRASILEIRO DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DO CAFÉ. Zoneamento climático da cultura do café (Coffea arabica L.) no estado de Minas Gerais. Disponível em: <http://www.cpa.unicamp.br/cafe/MG_menu.html>. Acesso em: 15 nov. 2008. CAMARGO, A. P. de; PEREIRA, A. R. Prescrição de rega por modelo meteorológico. Campinas: Fundação Cargill, 1990. 27 p. FARIAS, M. A.. Cafeicultura empresarial: produtividade e qualidade – irrigão na cafeicultura. Manoel Alves de Faria , Fátima conceição Rezende – Lavras: UFLA FAEPE: 112 P. 2000 FAZUOLI, L. C. Genética e melhoramento do cafeeiro. In: RENA, A. B.; MALAVOLTA, E.; ROCHA, M.; YAMADA, T. (Ed.). Cultura do cafeeiro: fatores que afetam a produtividade. Piracicaba: Associação Brasileira para Pesquisa da Potassa e do Fosfato, 1986. p. 87-113. FERNANDES, A.L.T.; SANTINATO, R.; SANTO, J.E.; AMARAL, R. Comportamento vegetativo-produtivo do cafeeiro Catuaí cultivado no oeste baiano sob irrigação por pivô central. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE PESQUISA EM CAFEICULTURA IRRIGADA, 1., 1998, Araguari. Anais... Uberlândia: UFU/DEAGO, 1998. p.40-44.Disponivel em:<> http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S000687052002000100013&script=sci. acesso em julho de 2008. GERVÁSIO, E. S. Efeito de diferentes lâminas de água no desenvolvimento do cafeeiro (Coffea arabica L.) na fase inicial de formação da lavoura. 1998. 58 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Agrícola) - Universidade Federal de Lavras, Lavras, 1998. Disponível em: <>http://www.coffeebreak.com.br/ocafezal.asp?SE=8&ID=335> acesso em julho de 2008. GOMES, H. P. Engenharia de Irrigação: Hidráulica dos Sistemas Pressurizados, Aspersão e Gotejamento. 3 ed. Campina Grande: UFPB, 1999. 412 p. Disponível em:> http://www.coffeebreak.com.br/ocafezal.asp?SE=8&ID=335> acesso em julho de 2008. GOMIDE, R.L. Monitoramento para manejo da irrigação: Instrumentação, automação e métodos. In: FARIA, M.A. de; SILVA, E.L. da; VILELA, L.A.A.; SILVA, A.M. da (eds) Manejo da Irrigação. Lavras, UFLA/SBEA, 1998. p.133-238. Disponível em:<> http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S000687052002000100013&script=sci_arttext&tlng=ac esso> acesso em julho de 2008. GRISI, F. A. Relações hídricas, bioquímicas e anatômicas de mudas de café (Coffea arabica L.) ‘Catuaí’ e ‘Siriema’ submetidas a déficit hídrico. 2006. 59 p. Dissertação (Mestrado em Agronomia) - Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2006. Disponível em<>http//www.bcv.gov.br >acesso em jan 2009 INTERSCIENCE. Projeto: tendência de consume – IV, preparado exclusivamente para cafés do Brasil e InterScience. Disponivel em: http://www.abic.com.br/arquivo/pesquisa/novpdf Acesso em: 05 fev. de 2009 KARASAWA, S. Crescimento e produtividade do cafeeiro (Coffea arabica L. cv. Topázio MG-1190) sob diferentes manejos de irrigação localizada. 2001. 72p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Agrícola). Universidade Federal de Lavras, 2001. Disponível em: <>http://www.coffeebreak.com.br/ocafezal.asp?SE=8&ID=335> acesso em julho de 2008. MANTOVANI, E. C.; SOARES, A. R. Irrigação do cafeeiro: informações técnicas e coletânea de trabalhos. Viçosa: Associação dos Engenheiros Agricolas de Minas Gerais: UFV, DEA, 2003, 260p. (Boletim). Disponível em:www.biosciencejournal.ufu.br: acesso em julho de 2009. Marialva ,V.G. Diaguinostico socioeconômico: Ji –Paraná. Porto Velho, SEBRAERO,1999,76 p MARTINS, C.P.; VILELA, L.A.A.; GOMES, N.M.; FERREIRA, M. A. Manejo da irrigação do cafeeiro (Coffea arabica L.) desde a fase inicial de formação. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE PESQUISA EM CAFEICULTURA IRRIGADA, 4, Araguari,MG, Anais... p.33-35, 2001. MATIELLO, J.B.; DANTAS, F.S. Desenvolvimento do cafeeiro e seu sistema radicular, com e sem irrigação, em Brejão (PE). In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PESQUISAS CAFEEIRAS, 1987, Campinas-SP. Anais... 1987. p.165-166. MATIELLO, J. B.; MIGUEL, A. E.; VIEIRA, E.; ARANHA, E. Novas observações sobre os efeitos hídricos no pegamento da florada de cafeeiros. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PESQUISAS CAFEEIRAS, 21., 1995, Caxambú, MG. Resumos... Caxambú: IBC, 1995. p. 60. MENDES, A. N. G.; GUIMARÃES, R. J. Cafeicultura empresarial: produtividade e qualidade (genética e melhoramento do cafeeiro). Lavras: UFLA/FAEPE, 1996. 99 p. MIGUEL, A. E.; REIS, G. N. dos; MATIELLO, J. B. Influência do déficit hídrico em diferentes períodos após a floração, no rendimento e na qualidade do café In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PESQUISAS CAFEEIRAS, 19., 1993. Três Pontas, MG. Anais... Rio de Janeiro: MAARA/PROCAFÉ, 1993. p. 9-11. NETAFIM. Cultivos: café. Disponível em: <http://www.netafim.com.br/1123/>. Acesso em: 09 jun. 2006. RENA, A. B.; MAESTRI, M. Fisiologia do cafeeiro. In: RENA, A. B.; MALAVOLTA, E.; ROCHA, M.; YAMADA, T. Cultura do cafeeiro: fatores que afetam a produtividade. Piracicaba: Associação Brasileira para Pesquisa da Potassa e do Fosfato, 1986. p. 13-85. RIBEIRO, A. C.; GONTIJO, P. T.; GUIMARÃES, V. H. A. Comissão de fertilidade do solo do Estado de Minas Gerais / Recomendação para o uso de fertilidade em Minas Gerais – 5a aproximação / v.- Viçosa MG. p 359.1999 ROTONDANO, A. K. F. Desenvolvimento vegetativo, produção e qualidade dos grãos do cafeeiro (Coffea arábica L.) sob diferentes lâminas de irrigação. 2004. 60 p. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2004. Disponível em: <http://www.fertirrigacao.com.br/artigos_cafe01.htm>. Acesso em: 06 junho. 2008 SANTINATO, R.; FERNANDES, A. L.T.; FERNANDES, D. R. Irrigação na cultura do café. Campinas: Ed. Arbore. 1996. 146 p. SOUZA, G. F. Estudo comparativo técnico-econômico do café irrigado por aspersão por pivô central e em malha e irrigação localizada por gotejamento e tripa. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE PESQUISA EM CAFEICULTURA IRRIGADA, 5., 2002, Araguari, MG. Anais... Uberlândia: UFU, 2002. p. 52-57. SANTINATO, R.; FERNANDES, A. L. T.; DUARTE, A. P.; SEIXAS, L. Efeito da irrigação por “tripa” na formação e produção do cafeeiro na região do cerrado de Patos de Minas, MG. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PESQUISAS CAFEEIRAS. 28., 2002, Caxambú, MG. Trabalhos apresentados... Caxambú: MAPA/PROCAFÉ, 2002. p. 110-111. SANTINATO, R.; FERNANDES, A. L. T.; FERNANDES, D. R. Irrigação na cultura do café. Campinas: Arbore, 1996. 146 p. SOARES, A. R.; MANTOVANI, E. C.; RENA, A. B.; COELHO, M. B.; SOARES, A. A. Avaliação do efeito da aplicação de diferentes lâminas de irrigação na produtividade do cafeeiro para a região do cerrado de Minas Gerais. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE PESQUISA EM CAFEICULTURA IRRIGADA, 7., 2005: Araguari. Anais... Uberlândia: UFU, 2005. p. 50-53. TEODORO, R. E. F.; MELO, B. de; SEVERINO, G. M.; FERREIRA NETO, J. G.; FERNANDES, D. L.; SANCHES, A. A. Efeito de lâminas crescentes de irrigação no desenvolvimento e produção do cafeeiro (Coffea arabica L.), BRASILEIRO DE PESQUISA EM CAFEICULTURA IRRIGADA, In: SIMPÓSIO 6, 2003, Araguari. Anais... Araguari: ICIAG-UFU, p 120–124. 2003. Disponível em: <> http://www.scielo.br > acesso em julho de 2008. THOMAZIELLO, R. A. OLIVEIRA, E. G. de; TOLEDO FILHO, J. A. de; COSTA, T. E. da. Cultura do café. Campinas: CATI, 1999. 77 p. (Boletim técnico, 193). ZAMBOLIM, L. (Ed.). Produção integrada de café. Viçosa: DFP/UFV, 2003. 710 p. VILELLA, W. M. da C. Diferentes lâminas de irrigação e parcelamento de adubação no crescimento, produtividade e qualidade dos grãos do cafeeiro (Coffea arabica L.). 2001. 96p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Agrícola) - Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2001. Disponível em: <http://www.coffeebreak.com.br>. Acesso em julho de 2008. ANEXOS: Plano de trabalho e cronograma: -revisão bibliográfica aprofundada sobre o tema proposto; -instalação das covas e tratos culturais e plantio; -instalação do sistema de irrigação; -acompanhamento periódico da cultura implantada; -analise dos dados preliminares (1°ano); -avaliação dos resultados (1° ano); -análise do solo e correção caso necessário (2° ano); -avaliação do sistema de irrigação (2° ano); -coleta de dados (2° ano); -colheita caso necessário (2° ano); -análise dos dados (2° ano); -avaliação dos resultados finais; 2007 ATIVIDADES - - Aquisição e montagem dos - - - - A S O N D X X X X X X X X X equipamentos Revisão bibliografica 2008 ATIVIDADES Limpeza J F M e X X X X X X A M J J X X X X X X X X X X X X A S O X X N D X X preparo da área Projeto Implantação do X X projeto Adequação do manejo de X irrigação Avaliações preliminares Analise dos dados X do 1° ano Avaliação dos resultados Tratos culturais X X Verificar sistema X de irrigação 2009 Atividades J F M A M J J A S O N D Divulgação X X X X dos resultados Avaliação do X X X X X X X dos X X Avaliação dos X X X X X sistema de irrigação Coletas de dados Colheita, caso X possivel Análise dados resultados Elaboração do final relatório