TOXICOCINÉTICA Prof. Dr. Vitório dos Santos Junior FONTE: UNICAMP CENTRO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA FASES DA INTOXICAÇÃO Toxicocinética Dose do agente químico administrada Toxicodinâmica Agente Químico no Local de ação Resposta Tóxica Relaciona a dose-externa com a quantidade enviada ao órgão-alvo Relaciona a dose-interna com a resposta do órgão-alvo Biodisponibilidade - Depuração Ativação - Destoxificação Meia-vida - Acúmulo Citoproteção - Homeostase FASES DA INTOXICAÇÃO Local de exposição: pele, trato GI, trato respiratório, placenta Toxicante A L Absorção Distribuição para o alvo Ativação C A N Eliminação pré-sistêmica Excreção Destoxicação C E Toxicante Final Molécula-alvo (proteína, lipídio, ácido nucléico e macromoléculas) ou sítioalvo de ação Toxicodinâmica Ação do organismo; agente tóxico sobre o O agente tóxico interage com os receptores biológicos no sítio de ação e desta interação resulta o efeito tóxico. Principais mecanismos em Toxicologia Inibição irreversível de enzimas Inseticidas organo-fosforados inibem irreversivelmente a acetilcolinesterase (AChE). Impedem que a acetilcolina (Ach) seja degradada em colina e ácido acético, após transmitir o impulso nervoso através da sinapse. Acúmulo de Ach os efeitos tóxicos decorrentes deste acúmulo. Inibição reversível de enzimas Anti-metabólitos quimicamente semelhantes ao substrato normal de uma enzima. AT é captado pela enzima não consegue ser transformado por ela interrompe reações metabólicas essenciais para o organismo. O próprio organismo ao final da exposição é capaz de revertê-la, em velocidade não muito lenta. Seqüestro de metais essenciais Vários metais atuam como cofatores em vários sistemas enzimáticos, como por exemplo os citocromos, envolvidos nos processos de oxiredução: Fe, Cu, Zn, Mn e Co Alguns ATs podem atuar como quelantes ligam ou seqüestram os metais impedem que eles atuem como cofatores enzimáticos. Ex.: ditiocarbomatos. Ligam-se a metais formam complexos lipossolúveis impedem a ação enzimática. Interferência com o transporte de oxigênio Hemoglobina (Hb) constituída de uma parte protéica (globina) e outra não protéica (hemeFe2+ ligada a quatro moléculas de protoporfirina) Ferro 6 valências restam ainda 2 uma é ligada à globina formando a hemoglobina outra (a 6a) é ligada ao O2 (HbO2) Interferência com o sistema genético Ação citostática Alguns agentes tóxicos impedem a divisão celular interfere no crescimento do tecido. Distintos mecanismos inibição enzimática, encaixe entre as duplas hélices do DNA (alquilantes) ou intercalaram-se entre as base de cada hélice e inibem o crescimento celular usadas no tratamento do câncer (não tem ação seletiva) Ação mutagênica e carcinogênica Ats alterarem o código genético se ocorrer em células germinativas efeito mutagênico. Dificuldade de identificar esses ATs Ação carcinogênica ATs provocam alterações cromossômicas reprodução acelerada células alteradas Mecanismo não totalmente conhecido duas fases distintas: fase de iniciação, promoção. - Iniciação AT promove alteração no DNA origina a célula neoplástica (período de latência) Teratogênese ação tóxica de xenobióticos sobre o sistema genético de células somáticas do embrião/feto desenvolvimento defeituoso ou incompleto Interferência com as funções gerais das células - Interferência com o transporte de oxigênio e nutrientes para as células AT se acumula na membrana impede passagem destes nutrientes Células mais sensíveis SNC Interferência com a neurotransmissão Inibição enzimática ATs atuam nos neurotransmissores présináptico, sináptico e/ou pós-sináptico Ex.: Bloqueio na síntese ou metabolismo de neurotransmissores (mercúrio) Inibição da liberação pré-sináptica dos neurotransmissores (toxina botulínica Clostridium botulinum) Estimulação da liberação de neurotransmissores (anfetamina) Irritação direta dos tecidos ATs reagem quimicamente no local de contato irritação, efeitos cáusticos ou necrosantes Pele, mucosas do nariz, garganta e trato pulmonar boca, Ex.: gases irritantes (NO2, lacrimogênicos (acroleína, Br, Cl) olhos, Cl) e Alergia química (sulfonamidas) Após absorção do xenobiótico pelo organismo e ligação com a proteína formando o antígeno Histamina e bradicinina responsáveis pela sintomatologia alérgica Importância Fornece a base para interpretação dos dados toxicológicos; Auxilia na determinação do risco; Estabelece procedimentos para previnir; Auxilia no desenvolvimento de tratamentos; Auxilia no desenvolvimento de drogas e pragicidas. Toxicante Alcance do órgão-alvo Interação com a molécula-alvo Alteração do ambiente biológico Disfunção Celular, injuria Toxicidade Dano Barreiras Absorção X Eliminação Pré-sistêmica Absorção: transferência de um agente químico do local de exposição para a circulação sistêmica Eliminação: • Mucosa gastrointestinal • Figado • Pulmões • Efeito adverso nos órgãos envolvidos na eliminação Barreiras Distribuição para o alvo X longe do alvo Facilitadores: • Porosidade do endotélio • Transporte através da membrana • Acúmulo em organelas • Ligação intracelular irreversível Transporte Passivo Difusão Facilitado Ativo Barreiras Distribuição para o alvo X longe do alvo Dificultadores: • Ligação com proteínas plasmáticas • Barreiras especializadas (porosidade cerebro) • Sítios de armazenamento • Associação com proteínas intracelulares • Exportação pelas células Barreiras Excreção X reabsorção Vias de excreção e reabsorção • Fígado e Rim Barreiras Toxicação X Destoxificação Biotrasformação e formação de substâncias secundárias Toxicante final pode ser mais ou menos tóxico Contaminantes Toda a substância química é potencialmente tóxica Se este potencial vai ou não se transformar em risco depende da: Dose recebida Sensibilidade do receptor a concentração recebida Via de contato Conceitos Intoxicação: conjunto de sinais e sintomas que demonstra o desequilíbrio orgânico promovido pela ação de uma substância tóxica. Estado patológico Classificação Duração da exposição: Curto Prazo (intoxicação aguda) • Menor tempo de exposição (<24h) • Absorção rápida • Efeito rápido (morte ou cura) Classificação Duração da exposição: Médio prazo (intoxicação subaguda) • Freqüentes ou repetidas por vários dias • Efeito médio: sintomas demoram semanas para aparecer Classificação Duração da exposição: Longo prazo (intoxicação crônica) • Exposições repetidas durante longo período (anos) • Os sintomas aparecem em dois mecanismos distintos: Classificação Acumulação Absorção Acumulação Acumulação = Absorção - Excreção Excreção Acumulação Limiar do efeito tóxico Início das Alterações bioquímicas e fisiológicas D Morte C A T1 B T2 T3 Concentração Aparecimento dos sintomas T4 Efeito T5 Exemplo DDT Exposiçào prolongada Acumulo no tecido adiposo sem aparente efeito metabólico Jejum – Mobilização do tecido adiposo Efeito tóxico no sistema nervoso central Classificação Adição Efeito tóxico causado por exposições repetidas Sem acumulação Adição Morte Surgimento dos sintomas Alterações bioquimicas e fisiológicas se acentua a cada exposição C B A T1 T2 T3 T4 T5 T6 Concentração T7 T8 Efeito T9 T10 T11 Exemplo Dissulfeto de Carbono (CS2) – usado em defensivos agricolas e fabricação de celofane, rayon e viscose Provoca impotência e pode aumentar a taxa de colesterol no sangue Classificação Quanto a Intensidade: Letal Grave Moderada Leve Classificação Quanto a fase Subclínica – antes dos sintomas Clínica – após sintomas Caracterização Local ou sistêmico Local: Região do primeiro contato – substâncias corrosivas e agentes irritantes Sistêmico: absorção e distribuição Caracterização Imediato ou Retardado Imediato: Logo após a exposição Retardado: Depois de um lapso de tempo • Exemplo: efeito carcinogênico (10 a 20 anos) Caracterização Reversível ou Irreversível Reversível: Cessa após a exposição Irreversível: Se mantém mesmo após a exposição • Exemplo: Danos neurais, Mutações, Cirrose Hepática Caracterização Morfológicos, Funcionais e Bioquímicos Morfológicos: Mudanças no tecido- Ex: Necrose e Neoplasia (irreversível) Funcionais e Bioquimicos: Anteriores as mudanças morfológicas (reversíveis) – Ex: inibição colinesterase organofosforados Caracterização Somáticos e Germinais Somáticos: Vida vegetativa Germinais: Reprodução, integridade de descendentes Caracterização Reações Alérgicas e Idiossincráticas Reações alérgicas (hipersensibilidade): • contato com o toxicante leva a sensibilização prévia a ele ou outro toxicante semelhante. • Reação de antígeno-anticorpo • Curva Dose/resposta atípica Caracterização Reações Alérgicas e Idiossincráticas Reações Idiossincráticas: • Determinada geneticamente • Reatividade anormal ao agente químico • Sensibilidade