Intoxicações agudas

Propaganda
INTOXICAÇÕES AGUDAS
Eduardo Hecht
HRAS
Setembro 2010
www.paulomargotto.com.br
Hospital Regional da Asa Sul/SES/DF
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Responsáveis por um grande número de atendimento
nos PSI e internações em UTI
Dados (EUA): 2.220.000 casos por ano. 65% em <19
anos
Quase metade dos casos registrados nos CIAT
(Brasil) correspondem a faixa etária < 18 anos
75% casos são devido a ingestão do tóxico
Medicamentos e produtos sanitários são as principais
causas
Quase todos ocorrem no ambiente doméstico
Trato gastrointestinal,pulmões e pele são as principais
vias de absorção
Intoxicações agudas
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Fatores associados na faixa etária pediátrica:
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Curiosidade natural da criança
Descuido ou negligência dos familiares
Propaganda indevida dos produtos
Falta de leis adequadas no controle da venda
Hábitos de automedicação da família
Facilidade de consultas com “farmacêuticos"
Abuso de drogas
Sugere Intoxicação:
Quadro neurológico de instalação súbita
em paciente até então sadio
Distúrbio GI inicial que melhora rapidamente,
seguido de sinais sistêmicos (metais,
paracetamol)
Sintomatologia semelhante e simultânea em
outros membros da família
Alterações bizarras: Hálitos, cor da urina ou
pele
Cianose sem comprometimento
cardiorespiratório: Metemoglobinemia.
Intoxicações agudas.
Como agir?
Conhecimento do que foi ingerido,
quando e quanto
 Suspeita do tóxico pela anamnese e
confirmação pelo exame físico(lembrar de
algumas síndromes tóxicas)
 Diagnóstico laboratorial quando possível
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Rotina para atendimento
Anamnese:
História detalhada, colher informações de testemunhas, mesmo se
crianças
Solicitar que os familiares tragam o material responsável pela
intoxicação
 Verificar Sinais vitais,temperatura, cor da pele e unhas
 Oximetria de pulso
 Exame físico completo: retirar roupas e objetos contaminados,
higiene ocular e da pele quando indicados:
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◦ Diâmetro pupilar, reflexo fotomotor, orofaringe, hálitos, odor, nível de
consciência, padrão ventilatório e respiratório, grau de hidratação,
perfusão tecidual
Exames laboratoriais: Dx, eletrólitos, função renal, hepática,
hemograma, coagulograma, gasometria
Raios X conforme necessidade
Exames toxicológicos
Obter informações do produto via SAC e/ou CIAT
Manejo
Estabilização
 Descontaminação
 Remoção do tóxico absorvido
 Uso de antídotos específicos
 Tratamento sintomático e de suporte
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1. Estabilização
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ABC da ressuscitação:
◦ Manter via aérea pérvia, fornecer oxigênio, RCP se
necessário.Controle de saturação e monitorização
cardíaca
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Decúbito adequado
Aquecimento
Correção de volume e de distúrbios
hidroeletrolíticos
Drogas vasoativas
Medidas neuroprotetoras
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Coma e convulsões→ UTI
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2 .Descontaminação
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Medidas que previnem ou atenuam a exposição
do organismo ao tóxico
◦ Esvaziamento gástrico
◦ Xarope de ipeca, carvão ativado, laxantes
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Lavagem gástrica de preferência na primeira hora
após ingestão, mas pode ser realizada
independente do tempo em que tenha ocorrido a
ingestão, de preferência até 4 horas do acidente.
Em caso de quantidades excessivas este tempo
pode ser estendido.
Carvão ativado em casos potencialmente fatais e
na primeira hora
BOM SENSO no uso de SNG
Descontaminação

Tóxico em contato com a pele: Lavagem
corporal com retirada das vestes e
cuidados principalmente em regiões
orificiais, olhos e cabelos, orelhas, região
retro-auricular, umbigo, região genital,
axilas e região sub-ungueal
Descontaminação - Êmese

Deve ser considerada se o tóxico ingerido promover risco de
morbidade significativa ou mortalidade, salvo suas contraindicações:
◦ Sensório diminuído, cáusticos,hidrocarbonetos ou
derivados de petróleo, menores de 6 meses(aspiração),
doença respiratória grave, diátese hemorrágica,agitação
psicomotora ou crise convulsiva.
Folclóricas: Estímulo mecânico da faringe, solução de sal e
água quente, clara de ovo crua
Êmese
Xarope de ipeca: uso controverso. Induz vômitos em 15 min.com apenas
uma dose. Deve ser mantido fora da ação da luz. Evitar em casos de
ingestão de cáusticos, hidrocarbonetos e crianças em depressão do
SNC ou crises convulsivas
Eficácia imprevisível mas pode remover 30-40% do tóxico se ingerido até
uma hora após intoxicação.Após a primeira hora cai muito sua eficácia
Dose: 7,5 a 15 ml
Oferecer 200-250 ml de água 5 min. após Ipeca. Dose pode ser repetida
uma vez após 20 minutos da primeira se criança não tiver vomitado
Manter criança em decúbito elevado para evitar aspiração
Não aplicar junto com carvão ativado pois este perde sua eficácia
Efeitos colaterais: diarréia, letargia ou irritabilidade, diaforese e febre.
Descontaminação- Lavagem
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Requer presença de médico. Tem capacidade de remover 30-40% do
tóxico ingerido
Pode ser usado em crianças menores de 6 meses, diferentemente do Ipeca
Não indicado em intoxicação por cáusticos, com diátese hemorrágica e
convulsões ou em tóxicos com grandes partículas
Pode ser usado SF ou água
Usar sonda lubrificada, de maior calibre possível
Iniciar o procedimento aspirando o conteúdo gástrico. Introduzir e retirar
50-100 ml por vez até obtenção de líquido claro
Volumes adequados: de 500 ml até 4 litros
Após 4 horas não tem eficácia, exceto em intoxicações por salicilatos e
anticolinérgicos, substâncias que retardam o esvaziamento gástrico.
Proteger a via aérea em pacientes com depressão do sensório =
INTUBAÇÃO
Fixadores

Leite
◦ Largo uso popular
◦ O leite não é bom agente antitóxico
◦ O leite pode favorecer a absorção de vários
tóxicos potentes como os inseticidas
◦ O leite retarda a progressão do conteúdo
gástrico para o duodeno e assim a sua
administração pode ser útil para uma criança
que logo a seguir será submetida a lavagem
gástrica
Fixadores

Carvão Ativado
◦ Pó preto vegetal com grande poder de adsorção. Os tóxicos adsorvidos são
firmemente retidos durante sua passagem pelo estômago
◦ É eficaz para todos os produtos químicos exceto cianetos, ácidos minerais,
bases fortes, sulfato ferroso, lítio e hidrocarbonetos.
◦ Eficaz em salicilatos, acetoaminofeno, barbitúricos, fenitoínas, antidepressivos
tricíclicos, bloqueadores de canal de cálcio e várias outras medicações
◦ Em intoxicações por drogas de liberação entérica em grande quantidade pode
se utilizado até 24 horas após.
Dose em crianças: 0,5 a 1 g/kg a cada 4 horas, conforme necessidade,(varia de
acordo com o tóxico) por SNG, misturado com 100-200 ml de SF, deixando
SNG fechada por cerca de 15 min
Usá-lo de preferência após lavado gástrico. Maior eficácia na primeira hora após
intoxicação.
75% eficácia na primeira meia hora. 35% após primeira hora.
Mínimos efeitos adversos: a administração VO rápida pode provocar vômitos e
engasgos. Doses repetidas podem provocar constipação.Sua aspiração não é
pior do que a absorção do tóxico
Catárticos salinos
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Estão rotineiramente indicados após o carvão
ativado por propulsionarem o material ingerido
ou o complexo carvão-tóxico com mais rapidez
para o TGI
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◦
◦
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Sulfato de magnésio
Sorbitol
Lactulose (15 ml a cada 6 horas)
Manitol (50 ml a cada 6 horas)
Contra-indicações:
◦ Íleo paralítico
◦ Diarréia grave
◦ Trauma abdominal
3) Remoção do tóxico
3.1) Renal

Diálise peritoneal: a lentidão em que elimina o tóxico limita
muito o seu uso, mas é de fácil execução e menos dispendiosa.

Hemoperfusão:Processo que promove a depuração fazendo o
sangue passar através de uma coluna de resinas não iônicas ou
microcápsulas de carvão ativado. É a mais eficaz, elimina com
grande rapidez, mas não permite correção simultânea dos DHE.
Efeitos colaterais: Plaquetopenia ,hipotensão e hipocalcemia

Hemodiálise: sua eficiência depende do peso molecular do tóxico
e da sua ligação com as proteínas plasmáticas(quanto mais
ligadas, menos são removidas) e da solubilidade da toxina em
água. Permite a correção simultânea dos DHE. É cerca de 9 vezes
mais eficaz que a diurese forçada
◦ Recurso utilizado em intoxicações graves em doses
potencialmente letais, com deterioração clinica importante,
comatosos profundos, em pacientes com pneumonia
aspirativa
Remoção(Depuração) do tóxico

Aumentar sua excreção:
◦ Fornecer grandes quantidades de água em
paciente consciente(poliúria aquosa)
◦ Diurese osmótica: Manitol. Em desuso, pouco
eficaz e com diversos efeitos colaterais
◦ Furosemida: 1- 2 mg/kg
◦ Fases rápidas com SF
Antídotos
Benzodiazepínicos
◦ Flumazenil 0,01 mg/kg,(0,1 ml/kg) podendo ser
repetido a cada 3-5 min. até reversão do quadro.
Dose máxima de 1mg. Bloqueio eficaz dos BZD por
ocupar seus sítios receptores. Raramente causa
arritmias cardíacas. Doses podem ser repetidas se
quadro retornar(meia vida mais curta).
 Morfina e Fentanil:
◦ Naloxona Criança até 5 anos 0,1 mg/kg repetir a
cada 3 min. até reversão. Criança acima de 5 anos fazer 2
mg/dose repetir a cada 3 min. até reversão. Pode repetir
doses a cada 20 minutos se quadro retornar. Efeitos
colaterais (raros): arritmias, edema agudo e convulsões.

Tóxico
Clínica
Tratamento
Antído
Ácido Valpróico
Tremor, Nistagmo,
miose, coma,Acidose
Lavado Gástrico,
carvão (várias doses),
Hemodiálise
Naloxone
Descongestionantes
(Nafazolina,
Fenilpropanolamina)
Hipertensão,
bradicardia, sudorese,
arritmia, excitação do
SNC, convulsões
Lavado gástrico,
carvão ativado,
diazepan se
convulsões, HV,
cuidados de suporte
Não existe
Paracetamol
N+V, sonolência,
hepatotoxicidade,
letargia, coma
Lavado gástrico,
carvão ativado
N-acetilcisteína 140
mg/kg + 15 doses de
70 mg/kg 4/4 horas
Tóxico
Clínica
Tratamento
Antídoto
Salicilatos
Hiperpnéia,Vômitos,
Acidose Metabólica,
choque
Lavado gástrico,
carvão ativado,
alcalinização urina,
diálise
Não existe
Haloperidol
(Haldol®)
Síndrome extrapiramidal
Organofosforados
(Anticolinérgicos)
Sudorese,
sialorréia,N+V,
agitação, cólicas,
incontinência
urinária,
hipersecreção
brônquica
Biperideno
(Akneton®) 0,04
mg/kg repetir em 30
min S/N
Descontaminação da
pele, esvaziamento
gástrico
Atropina 0,01-0,05
mg/kg IV a cd 15 min
até reversão ou
sinais de
atropinização
tóxica(taquicardia e
midríase)
Tóxico
Clínica
Tratamento
Antídoto
Cumarínicos
(Raticidas)
Hemoptise,
Hematúria, epistaxe,
hemorragia GI,
choque
Lavado gástrico,
carvão ativado. Não
provocar êmese
Vitamina K, doses
subsequentes
conforme TAP
Metoclopramida
Miose, tremor, Sd
Lavado gástrico,
Extrapiramidal
carvão ativado
(discenesias,
opistótono, espasmos,
crises oculógiras)
Diversos
Metemoglobinemia:
Choque, cianose, Ins.
Resp., cefaléia,
arritmias, taquicardia,
sangue de cor
achocolatado
Lavado gástrico se
tóxico ingerido
Biperideno
Azul de metileno +
Ácido ascórbico
Tratamento sintomático
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Cuidados com analgesia: mascarar ação
depressora do SNC do tóxico
Hidratação
Antitérmicos usuais não são eficazes nas
hipertemias tóxicas. Preferir medidas físicas
Analgésicos, sedativos e tranquilizantes podem
potencializar ação dos agentes tóxicos
Correção dos distúrbios hidroeletrolíticos e
ácido-básico
Controle das funções renais e hepáticas
Equívocos de condutas em
intoxicações agudas

No diagnóstico:
◦ Procedimentos agressivos em crianças com
produtos pouco tóxicos
◦ Não levar em conta a possibilidade de
reaparecimento dos sintomas (inseticidas)
◦ Atraso no atendimento do paciente
◦ Desconhecer os principais sinais e sintomas
◦ Não pensar em intoxicações em caso de
doença sem diagnóstico
Equívocos

No tratamento
◦ Fazer atropinização insuficiente
◦ Tentativa de achar antídoto para toda
intoxicação
◦ Uso inadequado da SNG, não levando em
conta o calibre, a técnica, assim como as
complicações por ela produzida
Outras medidas
Avaliação psicologia ou psiquiatria
 Comunicação ao Conselho Tutelar:
Notificar!!
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CIAT
CEATOX BRASILIA 08006446774
 CEATOX HC-SP 08000148110
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